sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Venezuela. Os ativistas indígenas baleados pelo exército venezuelano na fronteira com o Brasil


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Confrontos entre soldados venezuelanos e civis levaram a 13 feridos e um morto. Lutavam para manter aberta a fronteira com o Brasil e permitir a entrada de ajuda humanitária.
Soldados brasileiros juntam mantimentos para enviar para a Venezuela
NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Image
Zorayda Rodriguez morreu no local, baleada pela polícia. Era vendedora de empadas. Rolando García, ferido, foi levado para o hospital, onde continua gravemente ferido. Eram marido e mulher, ativistas, com cerca de 40 anos, e indígenas da comunidade Pemon de Kumarakapay, e são as baixas mais recentes num país a ferro e fogo. Com um grupo local defendiam a entrada de apoio humanitário na Venezuela a partir do Brasil, avança o El Tiempo.
Os feridos mais graves foram levados para o Hospital Délio Tupinambá, no Brasil. Chegou a noticiar-se aí a morte de Rolando García, antes que pudesse ser transportado para o Hospital Geral de Roraima, com os restantes feridos. A família confirmou que o ativista continuava ferido, mas estado muito grave.
Os Pemon são uma comunidade indígena espalhada entre Brasil, Venezuela e Guiana. São conhecidos como Arecuna, Aricuna Jaricuna, Kamarakoto ou Taurepang. Os membros descendem de tribos das Caraíbas, não sendo mais do que 15 mil na Venezuela. Os Pemon vivem numa sociedade que se proclama igualitária e descentralizada, financiando atividades comunitárias na Venezuela através dos lucros da exploração petrolífera e do ecoturismo, como descrito na edição da Condé Nast Traveler dedicada ao grupo, em 2008.
O grupo vive na zona da Gran Sabana, um vasta planície marcada por conjuntos montanhosos e planaltos que incluem a maior cascata do mundo, as Cascatas dos Anjos. O grupo vive maioritariamente isolado, depois de tentativas de cristianização durante o século XVIII. Os indígenas não sobem as montanhas da região por considerarem que são território divino.
O Presidente de facto da Venezuela, Nicolas Maduro, anunciou que ia fechar a fronteira com o Brasil, impedindo a entrada da ajuda humanitária anunciada pelo presidente da Assembleia Nacional (e auto-proclamado Presidente interino do país) Nicolas Guaidó. Os indígenas terão tentado bloquear os militares que se dirigiam para o posto fronteiriço de Santa Elena del Uairén, explica o El Mundo. Em resposta, os soldados Fuerza Armada Nacional Bolivariana dispararam contra os civis, deixando pelo menos 13 feridos (três em estado grave) e dois mortos. Os militares permitiram a entrada de ambulâncias para transportar alguns dos feridos para o Brasil, avança o G1. Juan Guaidó pediu aos militares que apoiassem o povo venezuelano e mantivessem a fronteira aberta. Após os confrontos o grupo de ativistas Pemona capturou vários soldados, segundos jornalistas venezuelanos.

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