terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Mercado negro da Venezuela trai Maduro

Mercado negro da Venezuela trai Maduro

O sonho começou em Dezembro de 1998 com a eleição de Hugo Chávez, sob a forma de um socialismo peculiar que foi rapidamente denominado de Chavismo e acarinhado por quase todos os Venezuelanos. Especialmente por aqueles que pertencem atualmente ao círculo de amigos que hoje (des)governa a Venezuela.
Como sempre, a cópia é pior do que o original e o sucessor de Chávez, Nicolás Maduro, conseguiu piorar a espiral económica mortal da Venezuela, bem patente nas taxas de hiperinflação que envergonham qualquer socialista e até alguns comunistas.
Como se sabe, fazer estimativas económicas é sempre um desafio enorme para os economistas, tendo tantas vezes falhado na previsão de taxas de inflação em economias normais e estabilizadas. Imagine-se a dificuldade em prever o quer que seja na Venezuela…
O FMI estimou uma fantástica taxa de inflação de 2.500.000% no final de 2018 e estima uns inacreditáveis 10.000.000% para 2009. Apesar de ser virtualmente impossível prever a magnitude e direção da hiperinflação, como a história tem demonstrado, o FMI continua a tentar…
Independentemente do seu valor ser mais ou menos espetacular, o que se sabe é que apenas foram registados 58 episódios de hiperinflação registados historicamente, sendo o fenómeno da Venezuela especial por tamanha longevidade. O episódio de hiperinflação da Venezuela já dura há 27 meses, tendo apenas 4 episódios durado mais tempo na história económica mundial.
Como é bem patente nas notícias atuais, os EUA têm vindo a apertar o cerco económico à Venezuela, tendo privilegiado a guerra económica à ação militar, até agora. A situação piorou bastante após o embargo total à Petróleos de Venezuela desde 28 de Janeiro, a única fonte de moeda estrangeira do país.
Ao mesmo tempo que Washington declarou guerra económica, Caracas anunciou que iria proceder a uma desvalorização cambial do Bolívar, numa tentativa de alinhar o seu valor oficial com o valor do mercado negro, que é o único mercado livre na Venezuela. Com este anúncio, a taxa de câmbio oficial Bolívar-Dólar disparou e ultrapassou a taxa do mercado negro, causando grandes implicações para os apoiantes de Maduro.
O prémio do mercado negro ajuda a perceber a importância e a relação entre as taxas de câmbio oficial e do mercado negro. Desde Novembro 2018 o prémio do mercado negro tem sido positivo quase todos os dias, significando que os Venezuelanos estão dispostos a pagar um prémio para comprar dólares no mercado negro, em contraste com aqueles que têm a sorte (ou o privilégio) de comprá-los ao câmbio oficial.
Para os privilegiados, apoiantes e aliados de Maduro, o prémio significa que podem comprar dólares baratos à taxa de câmbio oficial e revendê-los imediatamente no mercado negro, encaixando o prémio nesse processo capitalista.
Ao manter a taxa de câmbio oficial artificialmente sobrevalorizada através de controlos políticos, o regime de Maduro conseguia restringir o acesso às reservas de moeda estrangeira da Venezuela ao seu círculo de amigos, garantindo lucros significativos sem risco.
Mas a partir de 29 de Janeiro, a abundância para os leais aliados e apoiantes de Maduro dramaticamente desapareceu, pois o prémio do mercado negro tornou-se negativo. Isto significa que os participantes do mercado livre esperam que o Bolívar se valorize em relação ao Dólar, havendo quem esteja disposto a pagar um prémio para comprar bolívares no mercado negro.
As boas notícias são que tudo isto indica que os agentes do mercado negro antecipam o fim da espiral de morte económica da Venezuela. Chávez deve estar a dar voltas no túmulo ao sonhar que será o mercado negro a libertar a Venezuela do seu socialismo peculiar. Graças a Maduro...

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