Director: Lourenço Jossias | Editor: Nelo Cossa | Maputo, 15 de Janeiro de 2019 | SAI ÀS TERÇAS |Ano XI | Nº 606
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Gove
autorizou
e depois
mentiu
Manuel de Araújo toma posse ou não?
O Conselho Constitucional validou no ano passado as elei- ções autárquicas de Quelimane e declarou, consequentemen- te, o cabeça-de-lista Manuel de Araújo edil, faltando apenas
tomar posse. No entanto, o Tribunal Administrativo consi- derou procedente a decisão do Conselho de Ministros para a
perca de mandato de Manuel de Araújo. Pode ou não Ma- nuel de Araújo tomar posse?
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Em Mudumeia vive-se uma vida tão
pesada como as areias que lá se extraem
Renamo procura
sucessor de Dhlakama
na Gorongosa
50,00MT
2 Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
Manuel de Araújo
poderá tomar posse?
Perdiz elege sucessor
de Dhlakama
A Renamo elege entre os dias
15 e 17 o sucessor de Afonso
Dhlakama, cargo que até aqui é
ocupado interinamente por Ossufo Momade. As candidaturas
para a presidência da Renamo
serão submetidas em sede do
congresso, porém, Ossufo Mamade, Manuel Bissopo, Hermínio Morais e Elias Dlhakama já
manifestaram publicamente que
irão concorrer.
Na agenda do congresso, que
inicia esta semana, consta, para
além da eleição do novo presidente da Renamo, a eleição do
Conselho Nacional, a apresentação pela Comissão Política das
actividades dos últimos cinco
anos e a eleição da nova Comissão Política.
Segundo José Manteiga, em conversa com a nossa reportagem,
são esperados cerca de mil pessoas, destas 700 delegados e 300
convidados.
Na sua explicação, o número de
delegados por província será proporcional à população de cada
província, pelo que as províncias
do Norte e Centro terão grande
representatividade, chegando as
províncias da Zambézia e Nampula a ter 80 delegados cada.
Do VI Congresso, que decorre
de 15 a 17 de Janeiro em Gorongosa, sairá o sucessor de Afonso
Dhlakama, que será igualmente
o candidato do partido nas eleições presidenciais de Outubro.
Recentemente, aquando da reunião do seu Conselho Nacional,
a Renamo definiu que o sucessor
de Afonso Dhlakama deve ter
nacionalidade originária moçambicana, ter ocupado a função de
Secretário-geral, ter 15 anos de
militância e ser membro idóneo e
de reconhecido mérito. Além disso, o próximo líder deve ser uma
figura que combateu pela Renamo na guerra civil dos 16 anos,
que opôs o braço armado do partido e as forças governamentais.
Entretanto, estes são requisitos
que o candidato Elias Dhlakama, oficial na reserva das Forças
Armadas de Defesa e Segurança,
não tem.
destaques
Paquistanês detido por tráfico de drogas a pedido dos EUA
As autoridades moçambicanas detiveram na semana passada, o paquistanês Tanveer Ahmed
procurado, nos Estados Unidos da América, por tráfico de drogas.Entretanto, Ahmed acabava
de ser absolvido por um tribunal de Cabo Delgado, por não ter encontrado evidências do seu
envolvimento num caso relacionado com o tráfico de drogas
O Conselho Constitucional validou no ano
passado as eleições
autárquicas de Quelimane
e declarou, consequentemente, o cabeça-de-lista
Manuel de Araújo edil,
faltando apenas tomar
posse. No entanto, ainda
no ano passado, mas
depois do CC, o Tribunal
Administrativo considerou procedente a decisão
do Conselho de Ministros
para a perca de mandato
de Manuel de Araújo. Agora está instalada a questão: pode ou não Manuel
de Araújo tomar posse?
Abanês Ndanda
Afinal, o Tribunal
Administrativo já tinha decidido sobre o
recurso do edil
de Quelimane, Manuel de
Araújo, antes mesmo do final do ano passado. O Tribunal Administrativo decidiu,
por unanimidade, considerar
improcedente o recurso de
Manuel de Araújo contra a
perca de mandato decretada
pelo Conselho de Ministros.
O Conselho de Ministros,
órgão tutelar das autarquias
locais, tinha decidido favoravelmente ao pedido da
Assembleia Municipal de
Quelimane para a perca de
mandato de Manuel de Araújo, por se ter filiado na Renamo, partido diferente do que
o fez eleger nas autárquicas
de 2013. Manuel de Araújo
tinha sido eleito pelo Movimento Democrático de Moçambique, MDM.
A decisão do Tribunal Administrativo data de 21 de Dezembro passado e considera,
no essencial, “não haver fundamento legal para censurar
a decisão recorrida, vertida
na deliberação do Conselho
de Ministros, aprovada pelo
Decreto número 50/2018, de
20 de Agosto”.
Contactado pela nossa equipa de reportagem sublinhou
que vai e deve, sim, tomar
posse e fundamenta essa
posição no estipulado na
Constituição da República
no sentido de as decisões do
Conselho Constitucional serem de cumprimento obrigatório por todos os cidadãos
e instituições, para além de
não serem passíveis de recurso, o que vale dizer que o
acórdão do CC prevalecerá
sobre qualquer outra decisão.
Também antigo Ministro das
Finanças, Tomás Salomão,
defendeu, no último final-
-de-semana, um julgamento
exemplar para Manuel Chang
que se encontra privado de liberdade na África do Sul.
“Manuel Chang é detido na
África do Sul. Eu não estou
preocupado com o facto de
onde ele vai ser julgado. Não
me preocupa isso. Ele vai ser
julgado, quer seja em Moçambique, quer seja na África
do Sul, quer seja nos Estados
Unidos, quer seja em Haia, ele
vai ser julgado em algum sítio,
e é bom que seja julgado. Para
que isto sirva de exemplo e de
referência, para que coisas destas não se repitam”, disse Tomás Salomão falando na Rádio
Moçambique.
De acordo com Salomão, “para
além de julgar, garantir que
estes bens sejam recuperados
e amanhã, eventualmente, vamos discutir se sim ou não,
Moçambique tem alguma coisa a pagar ou não. Se calhar
chegamos à conclusão de que
nós não temos nenhuma dívida a pagar, não temos nada
a pagar. Nós como país, nós
como cidadãos deste país, isto
é o que eu penso, é a minha
opinião pessoal e que a justiça
seja feita”.
Salomão manifestou-se altamente indignado principalmente pelo facto de que “na qualidade de tesoureiro público,
tesoureiro de erário público,
esta figura é absolutamente
proibida, repito: absolutamente proibida em mexer, tirar,
usufruir de qualquer bem pertencente ao erário público para
benefício pessoal, é absolutamente proibido”.
Na colocação do antigo Ministro das Finanças, o mais
importante neste momento é
que as instituições da justiça
trabalhem para que o que foi
desviado possa voltar para o
país e, a posterior, ver se há
ou não necessidade de o país
ser imputado ao pagamento
das dívidas. Aliás, é, de acordo
com o esclarecimento judicial
do assunto que se ficará efectivamente a saber se o país deve
ou não algo. Abanês Ndanda
“A Constituição da República de Moçambique é clara.
O número 1 do artigo 247
da CRM determina que os
acórdãos do Conselho Constitucional são de cumprimento
obrigatório por todos os cidadãos, instituições e demais
pessoas jurídicas, não são
passíveis de recurso e prevalecem sobre outras decisões”, posicionou-se Manuel
de Araújo.
No entanto, o jurista, administrativista e académico moçambicano Eduardo
Chiziane entende que Manuel de Araújo, eleito como
cabeça-de-lista da Renamo
para o Conselho Autárquico
de Quelimane nas eleições de
10 de Outubro último, “em
princípio não poderá tomar
posse em virtude de à data
das eleições estar em situação de inelegibilidade, por
ter concorrido por um partido diferente do que o elegeu
em 2013’’.
Ainda assim, Chiziane sublinha haver, obviamente,
uma série de aspectos a considerar, nomeadamente se a
decisão do Conselho Constitucional, que validou as
eleições de Outubro, se sobrepõe às outras, incluindo
a do TA, bem assim a possibilidade de um acordo de
cavalheiros.
Manuel de Araújo Tomás Salomão defende
julgamento exemplar para Chang
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente 3
O Parlamento Juvenil (PJ),
num documento assinado
por David Fardo, presidente
daquele movimento, é pela
extradição do antigo ministro das Finanças, Manuel
Chang, e todos os outros envolvidos na implantação de
empresas improdutivas. No
documento, intitulado “Da
hipoteca à extradição”, aquele movimento defende, para o
futuro, a criação de medidas
de responsabilização e destituição política do Executivo
por crimes económicos desta
natureza.
No entender do PJ, é preciso
que Moçambique desenvolva
instituições de gestão de finanças públicas mais robustas, para prevenir e penalizar, de maneira fortemente
dissuasora, actos semelhantes
no futuro, através da criação
de medidas de responsabilização e destituição política do
Executivo por crimes económicos desta natureza.
Para já, de acordo com aquele movimento, esta luta em
que o país se encontra, não
deve terminar sem resultados
e, para tal, encoraja o processo corrente de responsabilização com a extradição de todos os implicados no processo
ora divulgado pela Justiça
federal americana.
“Nem que tenhamos que
marchar todos os dias não
nos cansaremos, até conseguirmos controlar os guardiões da Constituição e fiscalizar a quem elegemos para
fiscalizar a Justiça. Os jovens
neste país já foram baptizados de apóstolos da desgraça,
geração de capotagem, advogados de agendas externas,
seguidores de uma fábrica de
sonhos inalcançáveis e muito
mais, que nenhum apelido
novo nos será ofensivo”, lê-
-se no documento de quatro
páginas, onde este movimento presidido por David Fardo
lista uma série de acções que
o PJ desenvolveu com vista
a pressionar as autoridades
para responsabilizar criminalmente os lesa-pátrias.
De 2015 a 2019 Fardo lembra
que o PJ exigiu internamente,
sem resposta, e perante intimidação e combate que estas
dívidas ilegais fossem retiradas da Conta Geral do Estado e que o VTB da Rússia, o
Credit Suisse e o Grupo Privinvest assumam 50 porcento
de responsabilidade sobre o
valor da dívida, considerando que mesmo conscientes
do perfil de risco de Moçambique, da inviabilidade das
empresas auditadas e da ilegalidade da operação entraram
no negócio da hipoteca de
uma das nações mais pobres
do mundo, a modelo do mapa
cor-de-rosa.
Outra observação do PJ é que
os reguladores das jurisdições,
por onde se realizaram e por
onde transitaram os recursos
financeiros movimentados pelos promotores e fornecedores
envolvidos nesta fraude, publiquem o paradeiro dos valores extraviados e penalizem a
prática fraudulenta e criminosa envolvida nas operações de
contratação da dívida.
PJ defende extradição de
Chang e todo o regime
A distribuição de tarefas,
no histórico rombo financeiro de Moçambique,
indica que Gregório Leão
José, antigo director dos
Serviços de Informação
e Segurança do Estado
(SISE), é quem formulou
o pedido a Manuel Chang,
então ministro das Finanças. Ernesto Gove, na
qualidade de Governador
do Banco Central, é quem
deu a autorização. Isso
contraria a sua versão
dada a jornalistas de que
a instituição que dirigiu
durante uma década
desconhecia os empréstimos.
Nelson Mucandze
Gregório Leão
José formulou
o pedido de empréstimo de dinheiro, por sua
vez, Manuel Chang, então
ministro das Finanças, deu
garantias do Estado e Ernesto
Gove, na qualidade de Governador do Banco Central, autorizou e emitiu um documento a favor.
Mas, quando foi abordado pelos jornalistas, em princípios
de 2016, o antigo Governador do Banco de Moçambique
disse a jornalistas que a instituição que dirigiu durante
uma década desconhecia os
empréstimos contraídos secretamente e sem a autorização
da Assembleia da República,
como manda a Constituição
do país.
A recente detenção de Chang,
na África de Sul, tende a motivar as autoridades judiciais
a trazer, embora em fragmentos, os detalhes do plano maquiavélico, que defraudou o
Estado em mais de dois mil
milhões de dólares americanos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) fez questão
de anunciar, num esforço de
mostrar que está a trabalhar,
que tem 18 arguidos em conexão com a dívida pública.
Mas, no seu expediente, remetido ao Tribunal Administrativo (TA), a PGR solicita
a responsabilização financeira
de 16 gestores públicos, que
intervieram directamente na
celebração e gestão de contratos de financiamento das
dívidas contraídas pelas empresas ProIndicus, EMATUM
e MAM nos bancos Credit
Suisse e VTB Capital.
Neste expediente está claro
que o pedido para a emissão
de garantias foi formulado
pelo então director-geral dos
Serviços de Informação e Segurança do Estado, violando
por isso a Lei de Probidade
Pública. Mas, para a obtenção de empréstimos Chang
teve que emitir garantias,
sob forma de avales, correspondentes aos empréstimos
obtidos. Estes empréstimos
beneficiaram das autorizações
do Governador do Banco de
Moçambique, Ernesto Gove.
A emissão das garantias feita
por Chang foi precedida de
pareceres favoráveis de Isaltina Lucas Sales e Piedade
Macamo, directora nacional e
adjunta do Tesouro, na época, do director de Inteligência
Financeira do SISE, António
Carlos do Rosário, que também era Presidente do Conselho de Administração (PCA)
das três empresas, e de Henrique Álvaro Cepeda Gamito,
que desempenhava as funções
de assessor do ministro das
Finanças.
Para além dos acima citados, na mesma lista constam
os nomes de Victor Bernardo, Eugénio Henrique Zitha
Matlhaba, Raúfo Ismael Irá
e Manuel Gopo, todos administradores da ProIndicus;
Ivone Lichucha, Agi Anlaué,
Hermínio Lima Alberto Tembe, Henrique Álvaro Cepeda
Gamito e Cristina Matavel,
Dívidas ocultas: Gove autorizou e depois mentiu
“No dia 15 de Março de
2016, numa reunião na cidade de Nova Iorque, nome rasurado, juntamente com outros, forneceram informações
falsas aos investidores sobre
a situação económica de Moçambique, os níveis de endividamento e ainda sobre as
capacidades e intenções para
cumprir as obrigações do
empréstimo da EMATUM, e
induziu-os a trocar os títulos
do tesouro”, lê-se na acusação judicial norte-americana.
Não estão claros, na acusação, os nomes dos moçambicanos que participaram
nesta reunião com os investidores americanos em Nova
Iorque, mas é verdade que
estes são assuntos exclusivos
do Ministério de Economia e
Finanças (MEF), que desde
2015 é dirigido por Adriano
Maleiane, que está neste momento na longa marcha de
reestruturação da dívida pública, para ser paga, quando todas as forças vivas da
sociedade dizem que ela não
deve ser paga, por razões
que todos conhecemos.
É que, segundo o MEF, o
acordo preliminar de reestruturação dos títulos de
dívida soberana mantém-se,
apesar de a Justiça norte-
-americana ter apresentado
provas de ilegalidades na
contratação dos empréstimos. “O Governo fez essa
proposta e, independentemente de qualquer coisa,
essa proposta mantém-se”,
disse à Lusa o porta-voz do
Ministério da Economia e
Finanças, Rogério Nkomo.
Moçambique forneceu falsas informações
aos investidores americanos
todos da EMATUM; Nazir
Aboodacar , Raúfo Amade Irá
e Agi Anlaué, administrador
executivo, todos da MAM. As
três empresas nunca funcionaram plenamente, mas os referidos gestores, acomodados
em cargos de administração
executiva e não executiva, gozavam de mordomias consideradas exageradas.
O documento remetido ao
TA pela PGR lembra que os
suspeitos abusaram de fundos
públicos, fazendo pagamentos
indevidos, financiando projectos sem concurso público, assinando contratos sem a aprovação legal do TA e usando
dinheiro do empréstimo para
outros fins. Eles também se
recusaram a cooperar com a
auditoria solicitada pela PGR
e executada pela Kroll.
Ernesto Gove
4 Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
destaques
África Austral vai continuar a crescer em 2019
O crescimento económico da África Austral deverá registar um abrandamento no quarto trimestre de 2018, mas ainda assim vai manter-se forte, em linha com o comportamento recente
para 2019, revela Capital Economic.
Ramaphosa em Maputo
com detenção de
Chang na mesa
A detenção, na África do Sul,
do ex-ministro moçambicano
das Finanças, Manuel Chang,
foi um dos um dos tópicos em
discussão num encontro, esta
segunda-feira, em Maputo,
entre os presidentes Cyril Ramaphosa e Filipe Nyusi. A detenção do sul-africano Andre
Hanekom em conexão com os
ataques na província de Cabo
Delgado é um outro assunto
que não escapou da agenda
dos dois estadistas.
O anúncio do encontro foi
feito pela ministra dos negócios estrangeiros sul-africana
Lindiwe Sisulu, num encontro com jornalistas, no qual
abordou as recentes eleições
no Congo Democrático e Madagáscar e a presença do país
no Conselho de Segurança da
ONU, a partir deste mês, segundo avança VOA.
As autoridades moçambicanas
tinham anteriormente afirmado que não tinham sido informadas pela África do Sul da
detenção de Manuel Chang e
da existência de um mandado
de captura contra o ex-ministro.
Sisulu disse que essas questões
deverão ser esclarecidas no encontro entre os dois chefes de
estado.
Chang foi detido, no dia 29 de
Dezembro, a pedido das autoridades judiciais dos Estados
Unidos onde faz face a diversas acusações de fraude, suborno e lavagem de dinheiro no
processo das “dívidas escondidas”.
Eles discordam da validação
da detenção de Manuel Chang,
a alegada recusa em obterem,
da Procuradoria, informações
mais detalhadas sobre as acusações e o valor da caução colocada na categoria cinco do
direito criminal sul-africano.
A defesa quer que a caução
seja tratada no direito comum
e mesmo assim considera que
Chang não cometeu nenhum
crime no território sul-africano
e, por isso, quer a revisão das
três decisões
Mudumeia: A zona isolada onde a vida é tão
pesada como as areias que lá se extraem
Chama-se Mudumeia, uma
aldeia agora fantasma,
onde todos têm medo de
chegar, por milhares de
motivos. Se os que foram
reassentados em Nwahamuza, outro ponto a
norte de Chibuto, têm os
seus murmúrios, os que
ainda residem nela estão
na pior situação, quase
esquecidos. A água é
muito mal fornecida pelos
chineses, sobre a energia
eléctrica, ninguém mais
tem esperança.
Abanês Ndanda
Quem pensa que
Mudumeia fica
a longínquos
quilómetros da
cidade de Chibuto está enganado. Pela saída mais curta, são só dez quilómetros ou menos de Chibuto
para a zona das operações da
empresa chinesa. A saída da
cidade é feita por ruelas de
numerosas curvas, típicas
de cidades de pouco ordenamento territorial. No limite
da cidade, a paisagem humanamente despovoada é feita
maioritariamente de cajueiros,
algumas mangueiras e poucos
canhoeiros, usando uma estrada de areia totalmente desarranjada. Depois, cerca de dois
quilómetros se faz em estrada
terraplenada, concebida para
a circulação dos poeirentos camiões que transportam areias,
maquinarias ou trabalhadores
para a mina de areias pesadas.
Apesar de, nas suas comunicações, a empresa relatar um
cenário de total satisfação, as
mais de 200 famílias transferidas de Mudumeia para
Nwahamuza, têm os seus murmúrios contra a mineradora
chinesa Ding Sheng. As comunidades acusam, por exemplo,
a empresa de não ter pago
indemnizações justas aquando
do seu reassentamento.
São ao todo 229 famílias em
Mudumeia, como diz a população, mas que na verdade
a aldeia comporta famílias
das comunidades de Mudada,
Mudumeia, Mutsikwane, Mabekwane e Savene, abrangidas
pela área das areias pesadas,
que foi concedida pelo Governo à empresa chinesa Ding
Sheng, no distrito de Chibuto,
na província de Gaza.
Julião Macuácua, chefe de
uma das famílias reassentadas,
reclamou que os valores pagos
na indemnização não foram os
mesmos, comparando com as
indemnizações pagas aos residentes de outra área do distrito, onde foram construídas
uma fábrica e casas para os
reassentados.
Alda Tovela, que conversou
com a nossa reportagem durante os 29 minutos que durou
a viagem da cidade de Chibuto a Mudumeia, contou que a
sua família foi uma das indemnizadas, porém reclamou o
facto de o valor pago pela indemnização pela ocupação das
machambas ter sido irrisório.
“Yhú! Quanto, não posso dizer, mas nós que só tínhamos
machambas o valor que recebemos é irrisório. Na tradução
literal, não chega a sítio nenhum”, disse a residente, cuja
residência tivemos a oportunidade de visitar, cerca de 2 quilómetros a sul da exploração.
A nossa equipa de reportagem
escalou Mudumeia e encontrou uma zona fantasma, onde
na verdade as grandes vítimas
são as poucas famílias que lá
restaram nas terras que não
interessaram aos exploradores
das areias pesadas.
Há mais mulheres e muito
poucos homens em Mudumeia,
tanto que na viagem de ida e
volta na carrinha do senhor
M´hlongo, além do motorista
(M´hlongo) e do seu cobrador
de palmo e meio, o único homem era o nosso repórter.
Uma das passageiras, que se
identificou apenas por Delfina, confessou o medo de
atravessar a zona despovoada, contando haver relatos de
violações de mulheres que se
atrevem a fazê-lo.
“Eu nunca tentei atravessar
esta zona de cajueiros. Assusta muito porque as famílias
que viviam aqui foram todas
transferidas para Nwahamuza”, relatou a companheira de
viagem.
Pela dispersão das famílias
mostra que quase não haverá
um sistema de abastecimento
de água para beneficiar todas
as pessoas remanescentes de
Mudumeia, sendo que entre
as pelo menos dez famílias que
se encontram a sul do perímetro de exploração e as que se
encontram a norte do mesmo
não são menos de 8 quilómetros. O mesmo se pode dizer
sobre as hipóteses de uma rede
de energia eléctrica.
Além de cajueiros, mangueiras e canhueiros, não habitações ladeando a picada para Mudumeia
Quando se pode ver algumas casas, são auténticas ruinas: desabitadas
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente 5
A água é fornecida a partir de
uma fontenária colocada ao
lado da vedação da área de
exploracao no lado norte.
O Magazine visitou a mesma
e acompanhou o drama das
mulheres de todas as idades,
que para encher um bidão de
25 litros com o líquido precioso precisam esperar longos 10
a 12 minutos, para depois percorrer distâncias que chegam a
atingir 2 quilómetros.
Era cerca das 16 horas, a água
que jorrava na única torneira
para a comunidade, para além
de ter sabor, é muito quente.
“Estás a admirar? Esta água
é assim e a bebemos assim”,
disseram as senhoras que se
encontravam a tirar água, ao
mesmo tempo que gargalhavam acerca do espanto da nossa equipa de reportagem.
O valor das indemnizações
proposto pela empresa é o mínimo estipulado por uma tabela aprovada pelo Governo,
equivalente a 12 mil meticais
por cada cajueiro, e, ao que o
Magazine ficou a saber, a empresa, de capitais maioritariamente chineses, pagou o mínimo estabelecido. O problema,
que alguns dos reassentados
colocam, sobretudo os que não
foram reassentados em virtude
de só terem sido afectadas as
suas machambas, tem a ver
com o facto de nas machambas haver poucas árvores.
Neste momento, na zona de
reassentamento a empresa
chinesa Ding Sheng ainda
não construiu o regadio para
o sustento das famílias, nem
um local para o pastoreio dos
animais.
A lei moçambicana também
exige a construção de uma escola técnica.
O negócio está a produzir
resultados positivos
Em comunicado envia -
do ao Magazine Independente, a empresa assume
que o empreendimento
de areias pesadas da empresa moçambicana Ding
Sheng Minerais, no Chibuto, está a produzir resultados considerados positivos,
que correspondem ao projecto inicialmente elaborado pelos seus accionistas,
o Grupo AFFEC (China),
com 85 porcento do capital,
e a EMEM – Empresa Moçambicana de Exploração
Mineira, SA, com os restantes 15 porcento.
Esta é uma avaliação feita
pelo Conselho de Administração da EMEM – Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, em visita
efectuada no último mês
do ano passado, que incluía
uma escalada à planta de
ensaio de processamento de
minérios actualmente a produzir 1.000 toneladas por
dia e as áreas.
De acordo com o projecto
inicial deste empreendimento, a Ding Sheng Minerais
irá instalar duas plantas de
processamento de minérios,
cada uma com capacidade de 10 mil toneladas por
dia, altura em que a empresa terá empregado cerca
de cinco mil trabalhadores
efectivos, dos quais 80 porcento serão cidadãos de nacionalidade moçambicana.
Actualmente, a Ding Sheng
Minerais tem cerca de mil
trabalhadores ao seu serviço. Quanto ao escoamento
dos minérios processados
a partir das areias pesadas
de Chibuto perspectiva-se a
construção de uma estrada
a partir da mina até Chongoene, onde se projecta a
construção de um porto específico para a exportação.
O Conselho de Administração da EMEM, Empresa
Moçambicana de Exploração Mineira, SA, visitou
na quinta-feira, dia 06 de
Dezembro de 2018, este
empreendimento de areias
pesadas de Chibuto. As sessões de trabalho realizadas
tiveram como principal objectivo aproximar as partes
interessadas para um melhor conhecimento mútuo
no desenvolvimento deste
empreendimento e para a
criação de uma estratégia
de actuação coordenada e
integrada nas estruturas sociais e públicas do distrito
de Chibuto.
Liderada pelo Presidente do
Conselho de Administração
da EMEM, SA, Dr. Celestino Pedro Sitoe, a delegação
desta empresa moçambicana era composta pelo Administrador-executivo para
o pelouro de Administração
e Finanças, Daniel Frazão
Chale, e pelo Administrador-executivo para o pelouro Técnico-Operacional,
Eduardo Alexandre, fazendo ainda parte uma equipa
de técnicos jurídicos e de
comunicação.
A delegação da EMEM, SA
teve a oportunidade de visitar a planta de ensaio de
processamento de minérios,
actualmente a produzir
1.000 toneladas por dia, e
as áreas sociais, que estão
a merecer uma dedicada
atenção por parte da Ding
Sheng Minerais, SA.
Em reunião com os representantes dos accionistas foram definidas novas prioridades em relação a questões
operacionais e sociais. De
acordo com o projecto inicial deste empreendimento,
a Ding Sheng Minerais, SA
irá instalar duas plantas de
processamento de minérios,
cada uma com capacidade de 10 mil toneladas por
dia, altura em que a empresa terá empregado cerca
de cinco mil trabalhadores
efectivos, dos quais 80 porcento serão cidadãos de nacionalidade moçambicana.
Actualmente, a Ding Sheng
Minerais, SA tem cerca de
mil trabalhadores ao seu
serviço.
Quanto ao escoamento dos
minérios processados a partir das areias pesadas de
Chibuto perspectiva-se a
construção de uma estrada
a partir da mina até Chongoene, onde se projecta a
construção de um porto específico para exportação.
No que aos reassentamentos respeita, o comunicado
refere que cerca de 290 casas T3, das 494 previstas no
projecto, já foram ocupadas
por famílias reassentadas.
“As residências recebem
energia eléctrica e beneficiam do fornecimento gratuito de água, através de
um sistema de bombagem,
tratamento e distribuição
de água, que beneficia ainda a população da Vila de
Chibuto. Na nova área residencial existem cinco salas
de aulas provisórias e um
bloco administrativo. Igualmente, numa fase provisória
está em funcionamento um
centro de saúde. Essa área
contempla ainda uma igreja
e um posto policial”, refere o comunicado que temos
vindo a citar.
É preciso muita paciência para encher um bidão de 25 litros na única torneira (quente) de Mudumeia
Dona Delfina confessa o medo para atrvessar o “deserto” e partilhou com o Magazine algumas histórias
Entrada principal da zona de exploração da chinesa Ding Sheng
6 Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
Alberto Lote Tcheco
opinião
Sobre a religião política, seus
adoradores e consequências(Conclusão)
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Revisão: Cipriano Siquela e Paulo Jossias
Colaboradores: Isaura Pinto e
Simeão Cuamba
Claro que não deviam ser e muitos não são, agindo pela objectividade e exprimindo o que lhes
vai na alma e na cabeça, sem um
compromisso filial e religioso para
com os seus deuses políticos.
Mas existem outros tantos cuja
opinião é dependente da vontade
dos seus deuses. É interessante e
até piedoso acompanhar quanto
um jornalista religioso e adorador de deus (presidente), partido
e governo se meta em malabarismos interrogatórios e selecções de
ângulos de abordagens jornalísticas para exprimir a sua fé para
com os seus deuses, reformulando
e reorientando a pergunta entrevistadora para ajudar e forçar o
entrevistado a conclusões conformadas com a doutrina e fé dos
seus deuses partidários e governamentais (do jornalista). É interessante e até piedoso ver e ouvir
um analista adorador, servindo-se
dos seus dotes intelectuais bem
patentes, a meter-se em discursivisações malabaristas, manuseando com extraordinária competência, para racionalizar e tornar
inteligível a sua fé para com os
seus deuses. Muitos destes, jornalistas e analistas políticos, são
portadores de muitos e altos diplomas e funções universitários e,
não se podendo colocar a questão
da qualidade da educação recebida, pode-se questionar a questão
ética dos mesmos, o que não é
menos prejudicial do que quem
tenha sofrido uma baixa qualidade de educação.
É bastante desanimador sintonizar o aparelho (tv e rádio), assim como folhear um certo jornal
para se informar melhor sobre
um determinado assunto público
e deparar com a cara ou nome
de um reconhecido analista adorador, muitas vezes até dogmático, que nada mais acrescenta do
que repetir os mesmos versículos
de sacralidade e omnisciência
do seu deus, não acrescentando
mais nada aos seus interlocutores,
numa atitude bizarra que até os
seus deuses se envergonham. É
que uma vez, um nosso ex-chefe
de Estado afirmou que sintonizava a BBC para se informar de
assuntos deste seu próprio país.
Como se pode explicar este fenómeno senão pelo facto de os adoradores cometerem excessos que
até prejudicam os seus deuses?
Percebe-se este zelo esmagador
dos adoradores da Religião Política, o que é explicado pela pretensiosa expressão de ser “mais papista que o Papa”. Também, um
grande jornalista revelou, em público, que o servilismo jornalístico,
de isenção da objectividade e da
crítica aos desuses é mais da responsabilidade dos próprios adoradores dogmáticos, contando que,
em discussão com uns colegas
quando negavam a publicação
duma peça jornalística porque feriria o ministro de tutela, quando
a mesma foi publicada, o ministro
elogiou o texto e o seu escriba.
Por estas atitudes de se transformar a política em religião quem
sofre são os próprios deuses adorados que não encontram nenhum espaço crítico por quem
seja seu membro, fazendo com
que este deus (chefe partidário
e/ou governamental) se engane,
julgando-se imaculado, omnipotente e omnisciente para, depois,
de repente, se descobrir fraco e
bastante errado nas suas decisões.
Os jornalistas e analistas exercem o seu poder e influência não
pela adoração, mesmo que sejam
efectivamente funcionários ou
agentes, pois, dessa forma, estão a
concorrer para o enfraquecimento
do seu próprio partido, presidente
Trimestral
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4000,00MT 2500,00MT
4.000,00MT 2500,00MT
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e/ou governo.
Os chefes lúcidos têm de ser vigilantes para com estes adoradores
da Religião Política associados na
sua pessoa e partido, pois, além
do grande prejuízo que podem
fazer cegueira da sua fé, podem
até ser agentes do inimigo para
os destruirem. O inimigo pode
introduzir um adorador (agente
infiltrado) que passe todo o tempo em preces que adormeçam o
seu chefe, exactamente para este
cometer erros e ser derrubado, ao
mesmo tempo que tecem intrigas,
junto do chefe, contra quem seja
crítico a este.
Mandela, um dos homens lúcidos deste planeta, apreciava ser
criticado. Escreve que “nas reuniões [das instituições partidárias,
governamentais, etc.], afirmei
muitas vezes que não queria camaradas fracos ou marionetes que
aceitassem qualquer coisa que eu
dissesse, pelo simples facto de eu
ser presidente… Fiz apelo a um
relacionamento saudável, que nos
permitisse abordar as questões,
sem hierarquias, mas em pé de
igualdade, em que cada um dos
camaradas pudesse expressar os
seus pontos de vista sem receio de
vitimização ou marginalização”.
E conta, sem complexos, como ele
aprecia os que o criticam: “Walter Sisulu e Khatrada [meus amigos e camaradas de prisão] têm,
em comum, uma característica
que faz parte da nossa amizade
e que eu valorizo muito: … nunca
hesitam em criticar os meus erros
e, ao longo da minha carreira política, têm sido o espelho através
do qual me posso ver a mim próprio”.
Noutra ocasião, Mandela informa sobre a crítica e autocrítica
a que fora sujeito: “O Executivo
admoestou-me e fez-me notar que
as atitudes impulsivas a que tinha
apelado eram não só prematuras
como perigosas… Reconheci a justeza da censura e daí em diante
advoguei publicamente a política
de não-violência”.
Se os chefes, para o seu endeusamento, rodearem-se dos “yes
man”, o seu fim será inglório. E
um dia vamos saber que a CIA e
outros aparelhos securitários, em
vez de se servirem dos desgastantes e violentos recursos militares,
assim como de algumas ONGs
para executar e derrubar os governos, se servem de adoradores
religiosos camuflados em jornalistas e analistas políticos para atingirem os seus objectivos, em operações pouco dispendiosas, pois se
tratará de pagar bem uns poucos
figurantes (jornalistas e analistas
políticos) para rezarem ladainhas
de omnisciência e omnipotência
dos seus chefes para estes adormecerem confiantes e acordarem
derrubados.
São estas as consequências da
prática da Religião Política praticada pelos adoradores desta nova
ciência.
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente 7
Congresso que se
espera de mudança
Lucílio Gomes, 42 anos depois(1)
Oito meses após a morte do
presidente do maior partido na oposição, Afonso
Dhlakama, vítima de doença, a Renamo vai de 15 a
17 de Janeiro realizar o seu
VI Congresso, na serra da
Gorongosa, seu bastião, na
província central de Sofala.
Mais de 500 pessoas, entre
delegados e convidados nacionais e estrangeiros, testemunham a partir de hoje
o VI Congresso da perdiz,
numa altura em que se avizinham as quintas eleições
gerais desde que Moçambique se tornou num Estado
de direito democrático.
O VI Congresso da Renamo, que tem como um dos
pontos de agenda a discussão aberta da vida do
partido e a elaboração da
estratégia para a participação nos pleitos que se avizinham, vai igualmente eleger
os novos membros dos órgãos do partido, nomeadamente a Comissão Política,
o Conselho Nacional, a direcção das delegações provinciais, e não só.
O momento mais alto deste congresso, que se raliza
44 anos depois da fundação
da Renamo e sem Afonso
Dhlakama, será a eleição de
um novo presidente do partido, cujo escrutínio interno
se espera bem disputado, a
avaliar pelos canditados que
publicamente se apresentaram, cada um a seu jeito,
como certos para liderar o
maior partido na oposição
em Moçambique.
Trata-se do coordenador
interino, Ossufo Momade,
Elias Dhlakama, irmão do
falecido presidente da perdiz; Manuel Bissopo, actual
Secretário-geral da Renamo, Hermínio Morais, quadro sénior e comandante da
guerrilha da Renamo durante a guerra civil.
Olhando para o número de
candidatos e potenciais figuras adivinha-se uma eleição renhida, uma vez que
cada um, no seu momento,
marcou a sua trajectória no
partido, embora desde a expulsão de Raul Domingos
do partido, nos últimos 10
a 15 anos, a liderança de
Afonso Dhlakama não dava
margem para o aparecimento de um sucessor.
É que Raul Domingos, antes de ser expulso da Renamo em 2000, naturalmente se vinha firmando como
delfim de Afonso Dhlakama.
Era rotulado interna e externamente como o número
dois na Renamo, título conquistado graças ao seu percurso no partido. Com o seu
afastamento o vazio em termos de sucessores foi engolido pela carismática e destacável liderança de Afonso
Dhlakama.
Hoje, a Renamo, órfão do
seu líder, deve reeguer-se e
continuar com a sua luta de
alcançar o poder. Mas para
se chegar ao poder é preciso
ter um líder capaz, inspirador e influencidor de mudanças.
Espera-se que dos quatro
candidatos que se apresentam como certos para liderar a Renamo saia aquele que seja escolhido pela
maioria dos congressistas.
O candidato ganhador não
precisa decalcar o estilo de
liderança de Afonso Dhlakama, mas sim se apropriar
da causa-maior que é a de
alcançar o poder.
Ao novo líder espera-se
igualmente que dê continuidade ao diálogo político
com o Governo da Frelimo
para o alcance da paz efectiva. Aliás, o novo líder da
Renamo, antes de tudo,
deve fazer tudo ao seu alcance para que a família renamista se reencontre, uma
vez que esta eleição interna,
vista como histórica, dividiu o partido. Urge rapidamente ao novo presidente
da Renamo reunir os membros para a causa-maior,
porque as eleições que se
avizinham são cruciais para
quem quer chegar ao poder
e governar.
editorial
O Victor Marrão ligou-me
e disse-me tinha alguém
que me queria ver. Eu disse tudo bem digam a hora
e local que eu lá vou. E assim foi… Ao fim do dia fomos nos encontrar no Maria
Café. 42 anos depois eu, Lucílio Gomes e Victor Marrão
os três juntos. Fiquei curioso
da estória dele e do que ele
achou de Tete 43 anos depois… o seu objectivo principal era visitar a campa
do irmão falecido e enterrado em Tete. Vamos ouvir
a estória dele na primeira
pessoa: “Chamo-me Lucílio
Gomes da Fonseca, nasci em
Chicumbane, Gaza, no dia 9
de Junho de 1945. Vim para
Tete em 1955, com quase 10
anos porque o meu pai foi
transferido por motivos políticos para Tete. Tete era
conhecida por a terra dos
mortos-vivos. Os teus pais
chegaram em 1955. O meu
pai trabalhava nas Obras
Públicas, era conhecido pelo
Gomes das Obras Públicas.
Era mecânico. A minha mãe
era doméstica. Chamava-se
Isaura da Conceição Dias.
Eramos 5 irmãos. Em 1948
há um militar que descobre
a garganta de Cahora Bassa e transmitiu ao Administrador local da localização
daquela garganta para ser
aproveitada. Posteriormente,
havia um Engenheiro chamado Perdigoto juntamente
com o Engenheiro Godinho
sobrevoaram o local e começaram a fazer estudos e
pesquisas. Na altura estava
a ser construída a barragem
do Karibe. A partir de 1964
começaram a ser criadas as
infra-estruturas para apoio à
construção da barragem sob
a direcção do Sr. Eng. Castro Fontes, com escritórios
em Lisboa no Ministério do
Ultramar. Foi criado o GPZ,
Gabinete do Plano do Zambeze, e deu-se início ao recrutamento do pessoal técnico e
administrativo para o apoio
da construção da barragem.
Criou-se um bairro conhecido por bairro do GPZ onde
ficaram alojados todos os
técnicos. Entre 1964 e 1968
foi criada uma sociedade
com a designação de ZANCO com administradores
de várias nacionalidades, os
quais prepararam o início da
construção da barragem. Em
1968 todos os equipamentos
necessários, nomeadamente
material pesado foram enviados para Cahora Bassa a
partir da Beira por via terrestre e que demorava quatro
dias a chegar. No Songo foram criadas infra-estruturas
necessárias nomeadamente,
hospital, bancos, casa para
os médicos, cantina para albergar cerca de 10 mil pessoas. Os turnos da construção
da barragem eram de 24 horas, com uma percentagem
grande de trabalhadores designados por marteleiros (os
que partiam pedra). O início
da construção da barragem
veio valorizar Tete, permitindo a pavimentação das ruas,
da estrada de Tete – Beira,
a estrada de Tete – Songo e
a ponte Samora Machel foi
inaugurada em 1972. Com
isto houve um grande incremento na parte económica
com inauguração de casas
comerciais, stand de automóveis, etc. Tete passou a ser
visitada por cidadãos estrangeiros de África e do resto
do Mundo. Na altura a barragem de Cahora Bassa foi
considerada uma infra-estrutura das melhores do Mundo
pelo aproveitamento que fez
da garganta e tudo indicava
que seria o maior fornecedor
de electricidade de África.
Sobre as Minas, tenho a dizer que as Minas de Moatize
foram “descobertas” nos anos
40 e foi contratado pelo Governo Português um Consórcio Americano para estudo
económico e de viabilidade
das minas. Feito o estudo o
Consórcio informou o Estado
Português que a sua viabilidade era grande e que estariam disponíveis para explorar o minério na proporção
de 60% para eles e 40% para
Portugal. O Governo de Salazar recusou, eles queriam
o inverso. Entretanto foi
construída a Vila de Moatize. Com a recusa do Governo Português os americanos
abandonaram o projecto e
regressaram aos EUA. No
início dos anos 50 foi constituída uma sociedade com
capital estrangeiro francês.
Era uma sociedade limitada
cuja designação passou a ser
conhecida por Carbonífera de
Moatize.
Estórias
Isaura Macedo Pinto
estorias.da.isaura@gmail.com
8 Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
Universidades proliferam sem
observância de normas
Jornalista encarcerado
no quartel em Cabo
Delgado
Já lá vão duas semanas que
Amade Abubacar, jornalista
da Rádio Comunitária de Nacedje, em Cabo Delgado, foi
detido pela Polícia da República de Moçambique (PRM),
supostamente por ter fotografado centenas de famílias que
estão a abandonar as aldeias
remotas do distrito de Macomia, devido à intensificação
dos ataques armados.
Naldo Chivite, do Fórum Nacional das Rádios Comunitárias (FORCOM), disse em
conversa com o Magazine Independente que esta detenção
constitui uma grave violação
do artigo 48 da Constituição
da República de Moçambique
(CRM), que, logo no número
um, aclara que “todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade
de imprensa, bem como o direito à informação”.
De acordo com o FORCOM,
“achamos que é uma grande
violação dos direitos humanos. Estamos preocupados
porque isso está a acontecer
com grande incidência nos últimos tempos”.
Enquanto isso, o MISA-Moçambique diz em comunicado de imprensa que ficou a
saber, através de fontes militares, que Amade Abubacar se encontra encarcerado
no Quartel Militar das Forças Armadas da Defesa de
Moçambique, no distrito de
Mueda.
No comunicado, emitido na
semana passada, entende que
Abubacar está ilegalmente
detido, pois o prazo para ser
apresentado ao juiz de causa,
que é de 48 horas, foi largamente violado.
Por seu turno, a Amnistia Internacional apela às autoridades moçambicanas a libertar
imediata e incondicionalmente o jornalista Amade Abubacar da detenção arbitrária
pelas forças militares e pôr
termo à crescente repressão
dos jornalistas.
nacional
Três mortos e um ferido em ataque de grupo armado
Um grupo armado matou três pessoas, incluindo uma por decapitação, e feriu gravemente uma
quarta, durante um ataque na noite de quinta-feira da semana passada à aldeia de Manilha, distrito de Mocímboa da Praia, norte de Moçambique, segundo Angola Press, citada pela Lusa.
Em Gaza e Tete, pelo
menos quatro escolas
do ensino superior que
funcionavam sem alvará
não poderão leccionar
no presente ano, por não
reunirem os requisitos
mínimos e estarem em
desconformidade com
o decreto que regula o
licenciamento e funcionamento das escolas do
ensino superior. Por outro
lado, o Magazine tem
conhecimento de escolas
que com conhecimento
das delegações provinciais laboram sem alvará.
Nelson Mucandze
Há muito que a
proliferação de
instituições de
ensino superior
em Moçambique
é assunto de debate nos hotéis
da capital. Entretanto, com o
encerramento de uma e outra escola e estudantes a ser prejudicados o debate aumenta.
Em 2010, por exemplo, o ministério que superintende o ensino superior, hoje Ministério
da Ciência e Tecnologia, Ensino
Superior e Técnico-Profissional,
fiscalizou instituições de ensino
e deu um prazo de cinco anos
para que as suas sedes e as delegações resolvessem as anomalias detectadas, que passam pela
falta de alvarás, precariedade de
infra-estruturas, falta de laboratórios, bibliotecas e docentes não
qualificados, problemas que, de
acordo com o corpo docente, descambam na falta de pagamentos.
Quase oito anos passaram e quase nada mudou, havendo instituições que não têm metade deste tempo mas já funcionam sem
alvará. É que as 52 instituições
do ensino superior reconhecidas
pelo Governo foram criando delegações em diferentes províncias
sem a devida autorização.
Apesar da falta de vontade em
denunciar por parte do ministério, a nossa reportagem soube
que, na província de Gaza, a
Escola Superior de Economia e
Gestão (ESEG), Unidade Orgânica de Chókwè, conforme lê-se
no ofício nr 909/MCTESTP/
GM/820/2018, de 12 de Dezembro, não pode desenvolver actividades a partir de 2019 e deve
“responsabilizar-se pelos direitos
dos estudantes, corpo docente e
técnico administrativo”.
A razão é que não possui os requisitos mínimos para o funcionamento e está em desconformidade com o preceituado
no Decreto nr 46/2018 de 1 de
Agosto - Regulamento de Licenciamento e Funcionamento das
Instituições de Ensino Superior,
assim, “não se autoriza a emissão
do Alvará”, mas não se explica
como funcionava sem Alvará.
Ainda em Dezembro passado,
o mesmo tratamento foi dado
à Unidade Orgânica do Instituto Superior Monitor (ISM) e à
Unidade Orgânica de Instituto
Superior de Gestão de Negócios
(ISGN), ambas de Xai- Xai, na
província de Gaza.
Em Tete, a delegação do Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças (ISGECOF) não
deverá funcionar este ano. Em
causa está a falta de requisitos
para o efeito, já que aquela instituição vem operando em desconformidade com o preceituado no
Regulamento de Licenciamento e
Funcionamento das Instituições
de Ensino Superior (Decreto nº
46/2018, de 1 de Agosto).
O facto surge no âmbito de um
trabalho de monitoria que está
a ser feito pelo ministério que
tutela o ensino superior, relativamente à regularização de alvarás das instituições de ensino
superior (IES).
Mas não são só instituições do
ensino superior que trabalham
à margem, as instituições do
ensino técnico-profissional também seguem a máfia das universidades, é o caso do Instituto de Ciências de Saúde Tenha
Esperança, (Insiste), em Cuamba, na província do Niassa.
Uma pergunta que não encontra resposta é como é que as
delegações provinciais autorizam o funcionamento destas
instituições sem Alvará, documento que autoriza a abertura
das portas das instituições de
ensino. Mas o problema não se
limita na sua posse, há escolas
que depois de serem atribuídas
o Alvará introduziram novos
cursos e não actualizaram a sua
documentação.
Cerca de 132 instituições do ensino superior foram fiscalizadas,
tendo os técnicos constatado
que 28 não possuíam as mais
elementares condições para funcionar. No caso de Tete, além
do ISGECOF, das restantes 27
IES que foram inspeccionadas
há outras a serem alvo de encerramento a breve trecho.
Lembre-se que apesar desse
universo das IES, nenhuma
universidade consta das 100
melhores de África no último
ranking.
Um total de 75.268 pensionistas
do Sistema de Segurança Social Obrigatória será submetido
à Prova Anual de Vida (PAV)
2019, cuja cerimónia de lançamento teve lugar na semana passada, na cidade da Matola, província de Maputo.
A decorrer até ao dia 10 de Abril
de 2019, a Prova Anual de Vida,
prevista no nº 1 do artigo 83 do
Regulamento da Segurança Social Obrigatória, aprovado pelo
Decreto nº 51/2017, de 9 de
Outubro, é um acto através do
qual o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) comprova
a existência física do titular da
pensão de modo a manter o direito ao recebimento da respectiva prestação mensal.
Para o efeito, o INSS criou brigadas técnicas, que estarão instaladas durante este período em
locais previamente indicados,
nomeadamente nas cidades e nos
distritos para o atendimento dos
pensionistas.
Para a realização da PAV, os
titulares das pensões, designadamente os pensionistas de velhice,
de invalidez e de sobrevivência,
devem ser portadores do bilhete de identidade e do cartão de
pensionista.
A cerimónia de lançamento foi
dirigida pelo presidente do Conselho de Administração (PCA)
do INSS, Francisco Mazoio, que,
na ocasião referiu que, mais do
que comprovar a existência física
do titular da pensão, este exercício evita eventuais pagamentos
indevidos dos benefícios relativos
aos pensionistas.
Segundo o PCA do INSS, dos
75.268 pensionistas registados a
nível nacional, 29.300 são de velhice, 1.391 de invalidez e 44.577
de sobrevivência, aos quais o
INSS garante continuar a introduzir políticas e programas que
assegurem o seu conforto e bem-
-estar.
“A Prova Anual de Vida é um
acto de aproximação constante
entre o INSS e os seus utentes,
que, ao longo das suas vidas, deram muito para que hoje, tanto
eles assim como os seus familiares, não estejam em situação de
desprotecção porque souberam
fazer as suas poupanças”, referiu
Francisco Mazoio.
Mais de 75.000 pensionistas
submetidos à Prova Anual de Vida
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente Em foco 9
No dia 15 de Janeiro deste ano,
portanto hoje, o
Presidente Filipe Nyusi completa quatro anos de governação. Faltam precisamente
doze meses para o fecho do
mandato de cinco anos que o
povo moçambicano conferiu
ao jovem engenheiro.
Para assinalar estes quatro
anos de governação o nosso
Jornal ouviu personalidades
que acompanham no dia-a-
-dia a actividade governativa, muitos dos quais fazem
parte e conhecem as dinâmicas inerentes.
O balanço que fazem é positivo. Assinalam que muito
podia ser feito se a conjuntura fosse outra, e nós concordamos com essa análise. Há
números e outros dados que
comprovam que há obra feita.
Na verdade, o Presidente
Nyusi tenta fazer o seu melhor, juntamente com o seu
Governo. Desde 2015 quando
herdou a governação que os
contextos em que actua são
difíceis. Desde as calamidades naturais, e teve que gerir
as crises económicas provocadas internamente ou internacionalmente. Nyusi faz das
tripas o coração, lutando por
resultados melhores que atenuam o sofrimento das populações.
E como se diz na gíria, Nyusi está a fazer omeletes sem
ovos, o que é obra. E como
se vê, saem ovos de qualidade.
Sem muito dinheiro, há estradas em construção um
pouco por todo o país. Há
hospitais e postos de saúde
que se erguem. Há escolas a
serem erguidas e equipadas
com os poucos recursos de
que o país dispõe.
Há salários, poucos, é verdade, a serem pagos em devido tempo aos milhares de
funcionários do Estado. Há
um país a andar, apesar de
o mesmo possuir inúmeros e
poderosos inimigos que lhe
querem travar, conforme se
vê pela violência armada injustificada em Cabo Delgado.
Finalmente, há paz no país,
que se espera dure para sempre.
Portanto, nesta casa também achamos que o balanço
dos quatro anos de Governo
Nyusi é positivo. Aguardemos que o ritmo e sinais positivos sejam continuados nos
próximos 12 meses e o ciclo
governativo feche bem, até à
realização das eleições de Outubro próximo.
Há desafios enormes pela
frente. É por isso que o país
precisa de liderança forte.
Mesmo nas famílias há, todos
os dias, desafios por enfrentar. Por isso desejamos muita força ao Presidente Nyusi
e ao seu Governo, pois um
sistema político estável está
em condições de pensar melhor para o seu povo.
Lourenco Jossias
Filipe Nyusi: Quatro anos de obra
feita num contexto difícil!
10 Em foco Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
PM diz que o mérito pelo sucesso é do
povo que se empenhou na produção
O Primeiro-ministro Carlos
Agostinho do
Rosário não
tem dúvidas
de que o balanço dos primeiros quatro anos do presente
quinquénio é positivo.
Para Do Rosário, o sucesso
se deve a uma combinação
benéfica de factores, nomeadamente uma direcção focada nos objectivos, um povo
trabalhador e confiante.
Diante dos tempos complicados por que se passou,
salienta o dirigente, que por
um lado “temos a sorte de
ter um bom comandante”.
“Por outro lado, o sucesso se deveu ao empenho da
população e ao acato das
mensagens de apelo para
o aumento da produção e
da produtividade. A isto
se associa a confiança que
a população depositou no
Governo, a paciência e a
compreensão, sobretudo nos
momentos difíceis”, salienta
o Primeiro-ministro.
Num outro ponto, Do Rosário refere-se à combinação
de esforços que foram sendo
feitos para o incentivo de
iniciativas de produção, “sobretudo a produção agrária,
para onde soubemos fazer
com que toda a população
pudesse ter comida. Toda
gente pegou na enxada,
quando há produção os
preços baixam e todos nós
sentimos os efeitos. A par
disso definimos outras áreas
estratégicas como a energia,
sem esquecer os aspectos
monetários, como baixar a
inflação, em coordenação
com o Banco de Moçambiaque”, explicou Carlos Agostinho do Rosário.
Em termos económicos, o
crescimento económico de
2018 estima-se em cerca de
4%, o que marca uma inversão da tendência negativa
registada nos últimos três
anos.
Esta cifra coloca a economia moçambicana como
uma das que mais cresce
na região austral, ocupando
Receitas só cresceram nos
últimos quatro anos e a despesa baixou
De acordo com o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane,
as receitas do Estado não pararam de crescer nos primeiros quatro
anos do actual ciclo governativo e as perspectivas são ainda melhores
para 2019. A título ilustrativo, se em 2014, último ano do anterior quinquénio,
as receitas foram de 156 mil milhões de meticais, em 2015 as receitas se mantiveram nesse nível. Porém, em 2016 cresceram para 166 mil milhões, em 2017 passaram para 186 mil milhões e em 2018 atingiram 223 mil milhões de meticais.
No ano passado, de acordo
com dados da Fazenda nacional, a despesa corrente ficou
nos 184 mil milhões, isso produziu um saldo corrente de
39 mil milhões de meticais.
No que diz respeito à contenção, que tem vindo a ganhar
tónica, se em 2014 a despesa do Estado representava
43.1% do Produto Interno
Bruto (PIB), em 2015 baixou
para 34%, em 2018 situou-se
nos 30.5% do PIB.
Ainda no campo das finanças
públicas foram aprimorados
os mecanismos, alargando-se
a base tributária. Isso permitiu aumentar a arrecadação
de receitas na ordem de 152
milhões de meticais, correspondentes a cerca de 68% da
previsão anual.
Introduziu-se o catálogo de
bens e serviços, o cadastro
de empreiteiros, fornecedores de bens e prestadores de
serviços e fixamos os preços
de referência do mercado,
sendo que com esta e outras medidas se pretende aumentar a competitividade, a
transparência nos processos
de aquisição e no relacionamento entre o Estado e
o sector empresarial, sobretudo no cumprimento das
obrigações contratuais das
partes.
assim o sétimo lugar, numa
média regional de 3.55%.
Em termos de valorização
da moeda, Do Rosário disse que “após termos atingido um nível de inflação, no
pico da crise, de 25.27% em
2016, no terceiro trimestre
de 2018 a inflação registada foi de 4.89%, mantendo-
-se assim a tendência de
estabilização alcançada em
2017, onde a inflação foi de
5.67%”.
Carlos Agostinho do Rosário
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente Em foco 11
Vuma considera que 2018 é ano de
recuperação e que 2019 será melhor
O Presidente do Conselho Directivo da Confederação das
Assossiações Económicas de
Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, centra a sua avaliação na estabilidade macro-
-económica e estabilidade
político-militar. Em relação ao
ano de 2018, Vuma o descreve como de recuperação, sendo
verdade que os resultados de
tal recuperação poderão vir a
ser sentidos pelo grosso dos cidadãos em 2019 corrente.
Quanto à estabilidade macro-
-económica, “não é fácil fazer
uma inversão inflacionária de
cerca de 30% para menos de
5% em dois anos, sem apoio
directo dos parceiros de cooperação”.
Em suma, Agostinho Vuma
considera que a situação económica do país mostra uma
recuperação. “Nós advogamos
por medidas e reformas do
lado da consolidação fiscal,
mas também do lado da política monetária, e tenho dito,
muitas vezes, que se olharmos
para aquelas medidas que foram implementadas pelo Banco de Moçambique vimos a
introdução de taxa indexante
única para a taxa de juro e
também vimos a taxa de referência que foram essenciais
para rediuzir a taxa de juros”,
salientou Agostinho Vuma.
“Quando nós fazemos a avaliação económica de um país
muitas vezes podemos trazer
esses números, são dos economistas e eu não sou, mas o
que precisamos saber é qual é
o impacto na vida real. Eu diria, nós classificamos o ano de
2018 como o ano de recuperação económica, entretanto,
esta recuperação económica
resolveu o ciclo de inflação,
mas ainda não trouxe liquidez
nas empresas. As empresas
continuam com problemas de
liquidez, como efeito dominó,
não temos dinheiro no cidadão, não há ainda liquidez na
praça”, avaliou o ano recém
findo de 2018, esclarecendo
que o fim pretendido com
todas as medidas de melhoria da economia é que haja
comida na mesa do cidadão,
o que poderá vir a acontecer
este ano.
A Saúde é dos sectores que
mais cresceram nos últimos
quatro anos. A expansão
da rede sanitária, a construção e apetrechamento de
laboratórios e armazéns de
medicamentos e material
médico são a parte mais visível dessa evolução.
Para a ministra da Saúde,
Nazira Abdula, os quatro
anos foram marcados por
grandes realizações.
Esta é, aliás, a prossecução do Plano Quinquenal
do Govermo 2015-2019 que
prescreve, no pilar II - Desenvolvimento do Capital
Humano e Social - a prestação de serviços sociais
básicos de qualidade e acesso equitativo à educação,
cuidados de saúde, água,
saneamento e habitação.
Nesta prioridade, o objectivo estratégico é expandir o
acesso e melhorar a qualidade dos serviços de Saúde,
reduzir a mortalidade materna, a morbi-mortalidade
por desnutrição crónica, a
malária, tuberculose, HIV,
doenças não transmissíveis
e preveníveis.
De acordo com a ministra
da Saúde, Nazira Abdula,
“todos os investimentos
neste sector estão a ser realizados tendo como fim
último a melhoria de qualidade e acesso universal aos
cuidados de saúde em Moçambique”.
Rede sanitária é a face mais
visível do crescimento do
sector da Saúde
Neste quinquénio, Moçambique expandiu a rede sanitária
em 156 novas unidades para
a oferta de cuidados de saúde
mais diferenciados à população
moçambicana.
No conjunto das unidades que
entraram em funcionamento
de 2015 a 2018 destacam-se o
Hospital Central de Quelimane, o primeiro construído de
raiz no período pós-Independência; a implantação, também
de raiz, do primeiro serviço de
radioterapia em Moçambique,
em Maputo, a inauguração dos
hospitais distritais de Mapai,
Manhiça, Monapo e Memba.
“Uma avaliação preliminar dos
quatro anos de implementação
do Plano Quinquenal mostra
que foram construídos 152 centros de saúde, tornando o serviço de saúde mais acessível e
mais próximo a mais de dois
milhões de moçambicanos”,
considera Abdula.
Estes investimentos do Governo moçambicano e parceiros de
cooperação reduzem as distâncias a percorrer para as unidades sanitárias para menos de
12 quilómetros contra os anteriores 13.
A inauguração do Hospital
Central de Quelimane, por
exemplo, permitiu que toda
a zona Norte tivesse mais um
hospital de referência e de valências especializadas, o que se
está a traduzir na redução da
pressão sobre os hospitais centrais de Nampula, Beira e Maputo.
Apenas a título ilustrativo, o
Hospital Central de Quelimane diminui a sobrecarga sobre
os outros hospitais centrais
em cerca de 1200 cirurgias de
grande vulto por ano, o que,
acima de tudo, concorre para a
melhoria de qualidade de vida
e de saúde da população.
Esta unidade hospital tem
também o mérito de reduzir o
impacto familiar e económico
das transferências e baixar a
morbi-mortalidade pelo acesso
imediato aos cuidados especializados.
Construídas 156 novas unidades sanitárias
Agostinho Vuma
Nazira Abdula
12 Em foco Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
Qual é a
avaliação
global que
faz da governação
do Presidente Nyusi nos
primeiros quatro anos
do seu mandato?
T om á s M a t o l a ( TM )
– No meu ponto de vista, a
avaliação global da governação do Presidente Nyusi nos
primeiros quatro anos do seu
mandato é muito positiva,
sobretudo tendo em conta as
condições em que encontrou
o País e o ambiente adverso
(interno e externo) em que
teve que trabalhar durante
estes quatro anos. Ora vejamos, o Presidente Nyusi, inicia o seu mandato em 2015
num contexto de muitas adversidades, nomeadamente,
económicas, financeiras, políticas, geopolíticas e sociais,
caracterizado por choques
externos, mormente, a desaceleração da economia global, a fortificação do dólar
com impactos negativos nas
economias emergentes e em
desenvolvimento, a queda
dos preços das mercadorias
com impactos devastadores
nas economias exportadoras
de matérias primas como é o
caso de Moçambique, queda
do apoio directo ao Orçamento Geral do Estado entre outros.
Estes choque exógenos resultaram em choques internos
nos principais indicadores de
desempenho, nomeadamente,
na queda das Reservas Internacionais Líquidas (RILs),
Depreciação da moeda doméstica e consequente aumento
do custo das importações, o
que acelerou o crescimento
da inflação por via da inflação importada, tendo muito
rapidamente atingido os dois
dígitos. Como forma de mitigar ou conter a contínua aceleração da inflação, o Banco
central viu-se obrigada a iniciar um ciclo de política monetária restritiva, através do
aumento das taxas de juro de
referencia, que chegaram a registar uma variação de mais
de 1000 pontos base num espaço de menos de dois anos.
Com estas medidas que impactaram de forma significativa e imediata o custo do
dinheiro, o crédito a economia reduziu drasticamente e
as dificuldades instalaram-
-se no seio do sector privado, em particular nas Micro,
Pequenas e Médias Empresas
- MPME’s. Como consequências inevitáveis, a deterioração do défice da conta corrente, a queda das exportações,
e, entre outas, a queda da
oferta e da demanda agregadas, desembocaram numa
desaceleração da actividade
económica, duma economia
que nos últimos dez anos até
então, crescia em média,
cerca de 7.4%, um patamar
acima da média da África
subsaariana.
Mas por outro lado, e no
mesmo período (2015 e
2016) o País enfrentava
uma instabilidade político-militar e calamidades naturais que, por
sua vez, devastaram e
sobretudo amputaram
significativamente os
esforços governamentais e privados dos
moçambicanos.
Foi nesse contexto
que, o Presidente
da República e o
seu governo tiveram que governar
e se reinventar
para ainda assim, encontrar
soluções para
a melhoria da vida dos moçambicanos tal como foi o
seu compromisso a quando a
tomada de posse como Presidente da República de Moçambique.
Mas concretamente,
pode enumerar algumas
medidas que perante
estas adversidades, foram
tomadas pelo Presidente
e o seu Governo, e que na
sua óptica foram determinantes para reverter a
tendência das coisas de
modo que, agora, passados quatro anos, se possa
fazer uma avaliação positiva conforme refere?
TM – Num contexto tão adverso quanto o descrito, a astúcia e criatividade do Presidente e do seu governo foram
determinantes. No domínio
político, a coragem, humildade e perspicácia com que o
Presidente lidou com a crise
político-militar nas negociações com o líder da Renamo, foram sobremaneira
determinantes para o restabelecimento da Paz, e com a
Paz, o reatamento da circulação de pessoas e
bens, entre as três regiões do
País, relançou a comercialização e a produção nacional, assegurando assim a cobertura
da demanda doméstica pela
oferta doméstica e, reduzindo,
consequentemente as importações de bens básicos produzidos no País.
No domínio económico, as
medidas tomadas pelo governo de relançamento da produção nacional, mas sobretudo
a forma como o Presidente
emitiu e propagou a mensagem, merecem grande realce.
A grande campanha do Presidente e seu governo de relançamento da produção nacional, foi determinante para o
aumento da produção nacional, que melhorou o nível de
cobertura
da demanda
domést i c a e
consequente
substituiç ã o d a s
importações com impactos na redução
da inflação.
Em particular, a aposta do
Presidente na promoção da
agricultura, como a base para
o desenvolvimento do País,
foi muito determinante para o
aumento da produção de alimentos, cujo preço tem maior
peso na estrutura da inflação de Moçambique, o que
uma vez mais, foi crucial na
redução da inflação para um
dígito em 2018. No domínio
da política fiscal, os reajustamentos fiscais, com destaque
para as medidas de contenção
implementadas com sucesso
pelo Ministério da Economia
e Finanças, nomeadamente,
redução da despesa pública,
aumento da base tributária,
melhoria
dos serviços de
colecta
fiscal para
o aumento
da receita,
num con -
t e x t o e m
que o País
apenas vive das suas receitas
fiscais, sem quaisquer apoios
de doadores e com limitações
significativas para o endividamento, quer interno, quer
externo.
No que diz respeito a política monetária, as medidas de
política monetária adoptadas
pelo Banco Central e que encontraram resposta do lado
da política fiscal e do sector
real (sector produtivo), surtiram efeitos que culminaram
com o restabelecimento dos
principais indicadores macroeconómicos, nomeadamente,
a redução e estabilização da
taxa de câmbio, a redução
para um dígito e estabilização da inflação e da inflação
esperada, a recuperação proPCA do BNI faz uma avaliação positiva da governação de Nyusi
Tomás Rodrigues Matola, Presidente do Conselho de Administração e da Comissão
Executiva do Banco Nacional de Investimentos – BNI, em entrevista ao nosso jornal,
deu nota positiva à governação do Presidente Nyusi nos primeiros quatro anos do
seu mandato, nos vários domínios, com destaque para o domínio económico-financeiro e social. Acompanhe a seguir as partes mais importantes da conversa.
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente Em foco 13
PCA do BNI faz uma avaliação positiva da governação de Nyusi
nunciada das reservas internacionais líquidas (RILs) que
passaram de cerca de dois
meses em 2015/2016 para cerca de 6 meses em 2018, e com
isso, a reversão da tendência
de política monetária, de restritiva, para expansionista,
caracterizada pela redução
continua das taxas de juro
de referencia com impactos
na redução das taxas de juro
activas praticadas ao público,
reduzindo assim o custo de financiamento. Coma redução
do custo de financiamento,
as perpectivas de aumento de
crédito a economia são altas
o que aumenta as expectativas de crescimento económico
através do relançamento da
produção e da actividade económica do geral.
De forma
concreta, pode enumerar
as realizações que considera relevantes e de realçar nestes quatro anos
do Presidente Nyusi?
TM – Entendo que foram
várias as realizações nos vários domínios no âmbito do
Plano Quinquenal do Governo (PQG), por isso, apenas
tentarei, repito, tentarei destacar algumas que na minha
óptica foram determinantes
para o sucesso da governação
do Presidente, mesmo num
ambiente de adversidades, e
passo a apresentar:
I. Quanto a Promoção de emprego e melhoria da produtividade e da
competitividade, gostaria
de destacar:
• Criação de cerca de
1.300.000 postos de trabalho
em todo o país, contribuindo
para a melhoria da renda e
bem-estar das famílias.
• Registo de incremento na produção agrícola em
cerca de 28%, com a produção de 3,2 milhões de toneladas de cereais na campanha
2017/2018 contra 2,5 milhões registadas na campanha
2014/2015, tendo a produção
de caju passado de 81 mil
Ton na campanha 2014/2015
para 140 mil na campanha
2017/2018, o que representa
um crescimento de 72.8%.
• Na produção pecuária houve um aumento de
1,86 milhão de bovinos em
2015 para 2,02 milhões em
2018, correspondentes a
9% de crescimento.
• Foi lançado
o programa SUSTENTA em 2017
enfatizando a importância da agricultura familiar
que representa
23% do PIB
nacional e
por ser fonte de rendimento e
sustento
de mais
de 70%
da população,
tendo beneficiado mais de 30
mil indivíduos em 2018.
• O BNI, um Banco de
Desenvolvimento e de Investimento do Estado com a função de implementador da política de desenvolvimento do
Governo, implementou entre
2017 e 2018 o Projecto FAE
– Financiamento ao Agronegócio e Empreendedorismo,
que financiou mais de 100
projectos de Micro, Pequenas
e Médias Empresas e Jovens
empreendedores recém graduados das ecolas técnico-profissionais, que geraram mais de
mil empregos.
• Prosseguiu a implementação da politica de aceleração da bancarizaçao rural,
através do projecto um distrito, um Banco que permitiu
aumentar a cobertura de distritos com um balcão de 55%
para 71%, sendo a meta de
100% em 2019.
• No sector de turismo
destaca-se o incremento de
2601 camas, resultantes de
um investimento na ordem de
42 milhões de USD.
• No sector da industria importa registar os avanços significativos na industrialização, com particular
enfoque para o agro negocio
que materializa a visão de
construção de cadeias de valor produtivas. São exemplos
a construção da refinaria de
Xinavane (capacidade para
90 mil Ton), duas fabricas de
processamento de caju (10000
Ton) e fabrica de produção
de semente de algodão ( 50
Ton/dia, 5000 litros de óleo).
II. No Domínio de
Desenvolvimento de infraestruturas socioeconómicas, na minha avaliação,
tenho a destacar:
• A Conclusão das
obras de asfaltagem do troço
Maputo-Ponta de Ouro, incluindo a ponte Maputo-Katembe, consolidando a ligação
Sul/Norte através da estrada
N1 mais a extremo sul Ponta
de Ouro.
• A Conclusão das
obras de construção de 13
pontes na estrada Ile-cuamba,
ligando Zambézia e Niassa.
• A Conclusão da asfaltagem da estrada Mandlakazi-Nwadjahane-Macuacua-35km importante para
impulsionar o desenvolvimento turístico na região.
• A Conclusão da estrada Lichinga-Litunde e
da ponte sobre o rio Lunho,
considerada ponte da vida no
distrito do Lago em Niassa.
• A Conclusão da construção da Central Termoelétrica de Ciclo Combinado de
Maputo, a gás natural com
capacidade de 110 megawatts, cobrindo 255 das necessidades da região
• O Lançamento do
programa nacional Energia
para todos, visando acelerar
a eletrificação para cobertura
universal, ate 2030, através
da rede nacional, fontes renováveis fora da rede.
• A Inauguração da
maior fábrica de processamento de grafite de melhor
qualidade do mundo, no distrito de Balama, província de
Cabo delgado, num investimento de 128 milhões de dólares, empregando cerca de
1500 trabalhadores.
• A negociação de investimento de cerca de 26 biliões de dólares nos próximos
cinco anos, na área de hidrocarbonetos com o acordo financeiro para a concretização
do projecto de gás natural
liquefeito, na Bacia do Rovuma.
III. No sector de
Transportes e comunicações, registei, com satisfação:
• O reforço da frota de
transporte publico com a distribuição de 380 novos autocarros, cobrindo cerca de 280
mil passageiros/dia equivalente a 80% da actual procura,
prevendo se a disponibilização
de 1000 unidades ate final do
quinquénio;
• A Abertura e entrada de duas novas companhias
aéreas na aviação civil, concorrendo para melhoria de
serviços, redução de tarifas e
aumento de utentes; e
• Nas telecomunicações
destaca-se a instalação de televisão satélite em 500 aldeias
e consolidação do projecto de
migração de Televisão Analógica para Digital.com este
projecto espera-se aumentar a
cobertura e qualidade do sinal
de televisão de 50% para 70%
da população, entre outros.
IV. Relativamente ao
Desenvolvimento do Capital Humano e social, avaliei
positivamente o seguinte:
• A expansão da rede
escolar, incremento do efectivo escolar do Ensino Técnico, contratação de cerca de
30 mil professores de 2015 a
2018;
• A alocação de cerca
de 250 mil carteiras, de um
total de 700 mil previstas ate
ao final do quinquénio, retirando do chão cerca de um
milhão de crianças;
• A aprovação da nova
Lei de Revisão do Sistema
Nacional de Educação passando o ensino primário de
sete para seis anos, alargando
a educação obrigatória ate a
nona classe;
• Na saúde, a expansão da rede sanitária com a
construção novas unidades
sanitárias e introdução de novos serviços especializados e
incremento da capacidade logística de medicamentos com
a construção do armazém regional de Nampula; e
• A construção e reabilitação de 8500 fontes de
agua e 110 sistemas de abastecimento de agua nas zonas
rurais que beneficiam mais de
2.800.000 pessoas.
V. Finalmente, mas
não menos importante, no
domínio da consolidação
da unidade nacional, paz
e soberania, entendi que
as accoes do presidente
merecem destaque no
seguinte:
• Realização de festivais e feiras desportivos e culturais destacando se as províncias de Nampula, Niassa e
Sofala e Maputo, como forma
de consolidar a identidade
cultural dos moçambicanos;
• A conquista da paz
quase duradoira e na fase de
implementação do acordo
sobre o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração
social e enquadramento nas
Forças FADM dos guerrilheiros da Renamo;
• O consenso alcançado
sobre a descentralização da
Administração Publica que
resultou na revisão pontual
da Constituição da Republica
e demais legislações sobre os
órgãos autárquicos e locais.
Quais são as suas últimas
considerações?
TM – Com os elementos que
apresentei, considero que o
Presidente Nyusi teve um
desempenho muito positivo
nos primeiros quatro anos
da sua governação, sobretudo tendo em conta as adversidades em que ele governou
e tem estado a governar. Por
outro lado, gostaria de destacar que, para o sucesso da
governação do Presidente, ele
precisa do apoio e entrega de
todos moçambicanos ao trabalho e sentido de responsabilidade e autoestima. O Presidente precisa do apoio de
compatriotas que acreditam
que só nós moçambicanos podemos mudar este País para
o nível e qualidade que pretendemos, independentemente das nossas diferenças e das
nossas origens, pois, somos
todos moçambicanos.
Tomás Rodrigues Matola
14 Em foco Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
A expansão da
rede sanitária e
o reforço de tratamento especializado foram
naturalmente acompanhados
pela disponibilização de mais
meios auxiliares de diagnóstico e tratamento das diversas
patologias nas unidades hospitalares.
Com efeito, o Ministério da
Saúde instalou 64 novos laboratórios em todo o país,
investimento que reduziu a
sobrecarga dos laboratórios
em cerca de 20% e baixou o
tempo de espera.
É também de realçar a instalação de equipamento de biologia molecular no Hospital
Militar de Maputo e no Centro de Saúde Eduardo Mondlane, na cidade de Pemba.
Este investimento contribuiu
para o aumento da capacidade de testagem e redução do
tempo de resposta laboratorial de 30 para 15 dias.
Nos últimos quatro anos, o
MISAU apetrechou os laboratórios do país com 812
microscópios LED e 101 aparelhos GeneExpert de alta
sensibilidade para diagnóstico precoce da tuberculose.
Meios auxiliares de diagnóstico
Serviços especializados: outra grande conquista
Fora das infra-estruturas, a Saúde regozija-se
também por ter conseguido resultados satisfatórios nos serviços especializados. Referimo-nos,
por exemplo, ao funcionamento de dois serviços
de hemodiálise, nomeadamente em Nampula e
Beira.
“Estes equipamentos elevaram em 30 pacientes
a capacidade instalada de tratamento, reduzindo a transferência de pacientes para a cidade de
Maputo, a única cidade até então com condições para a hemodiálise”, considera a ministra.
Os novos equipamentos instalados na Beira e
em Nampula permitem, também, que os doentes
que haviam mudado de residência para a capital
do país, a fim de aceder ao tratamento, voltem
ao seu meio familiar.
No mesmo período, o MISAU
introduziu e expandiu tecnologias simplificadas para o
diagnóstico precoce do HIV
em crianças expostas.
“No âmbito do combate ao
cancro da mama foram colocados 3 mamógrafos no
Hospital Central de Maputo,
Hospital Geral de Mavalane e Hospital Provincial de
Tete”, frisou Nazira Abdula
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente Em foco 15
Depois de muito
investimento na
prospecção do
gás na Bacia do
Rovuma, 2019
poderá ser o primeiro ano de
loiros. Quem o diz é o Presidente do Conselho de Administração da ENH - Empresa
Nacional de Hidrocarbonetos,
Omar Mithá.
De acordo com Mithá, os últimos 4 anos foram de muito sacrifício, mas felizmente
resultaram. Mithá começa
a sua análise abordando as
áreas em que dirige, frisando que “em relação a área
em que estou inserido penso
que os resultados são positivos, porque pela primeira
vez Moçambique entrou na
área do LNG e na rota do
gás mundial, por ter feito a
decisão final de investimento
em 2016, em investimentos
de cerca de sete mil milhões
de dólares”.
Mithá diz que há condições
criadas para que este ano
dois grandes projectos de
investimento no gás, nomeadamente um cujo o operador é a Anadarko e um outro desenvolvido pela ENI,
avancem. A decisão final de
investimento indica que Moçambique definitivamente
entra no mundo do LGN na
costa oriental de África e vai
oferecer gás a todo o mundo.
“Contra todas as adversidades, primeiro do ponto de
vista de “back ground”, em
que experimentamos uma
recessão económica em 2015
e 2016 e do ponto de vista
de natureza política, vimos
que foi possível estabelecer
a paz, em relação aos ciclos eleitorais tudo correu
bem nas autárquicas, para
as eleições gerais, tudo isso
indica que decorrerão dentro da normalidade, estamos numa situação em que
Moçambique continua a ser
atracção de investimento estrangeiro, não só para o sector de hidrocarbonetos, mas
em todos os outros sectores”,
disse.
Mithá acrescenta que há uma
certa inversão das taxas de
juros de inflação e todos os
indicadores macroeconómicos estão a estabilizar-se, incluindo as situações relativas
ao endividamento externo, a
balança pública e também a
balança de pagamentos.
Para 2019, Mithá perspectiva, em particular no seu sector, o alcance do maior saldo
jamais feito por um país na
África subsaariana em termos de investimentos, portanto, o investimento acumulado de 2019 até 2014 poderá
rondar os cerca de 50 mil milhões de dólares, assim começa em 2019 um salto muito
grande para Moçambique.
Os investimentos no sector
do gás irão igualmente promover o desenvolvimento da
indústria petroquímica em
Moçambique e vai gerar um
enorme aumento das receitas
do Estado, bem como incrementar os níveis de crescimento do Produto Interno
Bruto e inverter o actual
quadro deficitário da balança de pagamentos de Moçambique.
2019 poderá ser ano de
loiros no sector do gás
Omar Mitha
16 Em foco Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
Os quatro anos de Nyusi em imagens
Em quatro anos, Filipe Nyusi palmilhou o País do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico. Houve províncias que receberam a visita do jovem Engenheiro num ano por umas duas
ou três vezes. Pode-se dizer que Nyusi é dirigente que gosta de controlar a execução das
tarefas no terreno, não se ficando pelos relatórios.
A imagem de um PR em campos agrícolas, a lançar pedras para a construção de infra-estruturas, a dialogar com as forças vivas da sociedade como por exemplo polícias ou professores,
a visitar reservas naturais e a dirigir reuniões com quadros de diferentes sectores marca a
governação Nyusi.
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente 17
Aniversariantes
Envie a tua foto e mensagem até às 12 horas de cada quarta-feira, ou contacte Adelina Pinto pelos
telemóveis 827870008, 820152830 e 877684840 ou ainda pelo e-mail: adelinap33@gmail.com ou WhatsApp 842793140
Hoje é o dia da tua
chegada ao mundo,
por isso, é o dia do
teu aniversário!
Mais um ano
de incríveis
f e l i c i d a d e s
passou, felizmente tem sido
assim desde o
teu nascimento,
que veio alegrar
os corações de todos nós. Contemplar
o teu crescimento, a tua
evolução, tem sido a maior de todas
as bênçãos para nós. Feliz aniversário
filho.
Hoje, quero te transmitir, com alegria,
a minha pura
e sincera amizade, manifestando a
gratidão que
tenho pelas
coisas boas
que fizeste.
Sem dúvida,
és a pessoa
que me conhece
melhor e, por isso,
quero agradecer-te e
mostrar-te o como estou feliz por
participar no teu aniversário. Espero estar sempre ao teu lado e
felicitar-te pela passagem de mais
um aniversário.
Que maravilha! Podermos já comemorar
o teu aniversário.
O teu sorriso é
tudo o que precisamos para
sermos felizes
e sabemos que
enquanto tivermos isso, somos capazes de
enfrentar qualquer tempestade,
porque amar-te nos
cria forças para tudo. O teu bem-estar e
a tua felicidade são os nossos objectivos
principais na vida, porque queremos
ver-te a crescer forte e saudável.
Desejamos-te que
encontres novas
amizades, que
p o s s a m s e
juntar a nós
na próxima
celebração.
Feliz an -
iversário!
Que o céu te
cubra com
as bênçãos de
Deus para continuares a ser uma
pes - soa ímpar, uma colega
sincera. Falar de te, é falar de optimismo,
de paz, de alegria, porque tu sabes viver e
inspirar exemplos de uma vida bem vivida
como poucos o sabem fazer. Parabéns!
Aprecie o teu jardim pelas
flores, nunca pelas folhas caídas. Viva cada
minuto da tua vida
como se fosse o viver eternamente.
A cada hora que
passar não a conte
pelos ponteiros de
relógio mas, sim,
pelo pulsar do teu
coração. Ao longo da
tua existência conte a
tua idade pelos amigos que
conquistas e nunca pelos anos que vives.
Lipinga, que Deus,
na sua infinita
bondade, te
conceda todas as bênçãos que
o teu coração deseja. Que
c r e s ç a s
profissiona l m e n t e ,
s o b r e t u d o
espiritualmente. Parabéns
amado! Números
6:24. Nádia
Marques.
Era um sonho antigo,
um sonho que vivia
nos nossos corações desde que
chegaste a casa,
esse sonho foi realizado e superou todas as expectativas. Nós
te agradecemos
muito, pois a felicidade que trouxeste
para as nossas vidas
é única e incomparável.
Alegra-nos ajudar-te no teu
crescimento e no processo de
aprendizagem, porque é a maior
de todas as bênçãos.
Hoje é dia de grande
festa e de recordação de
t o d a s a s
e m o ç õ e s
que vives
h á a n o s .
Uma nova
vida chegou
para completar a tua
f e l i c i d a d e e
um amor infinito
nasceu. O aniversário, na vida de
alguém, é sempre um marco importante, principalmente para a
família e amigos, porque mesmo
com a maturidade ainda te faltas
muita coisa para compreender.
Parabéns colega.
Ana Rita
Nataniel Júnior
Adelino
Elsa Salomão
Delinha Mavildo
Carmelinda
18 Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
AUTORIDADE TRIBUTÁRIA DE MOÇAMBIQUE
Gabinete de Planeamento, Estudos e Cooperação Internacional
2ª JORNADAS CIENTÍFICAS
Convite para Apresentação de Propostas de Trabalhos de Investigação
Lema: Implicações dos Benefícios Fiscais na Mobilização das Receitas do Estado.
DATA: 8 de Novembro de 2019
A Autoridade Tributária de Moçambique informa aos interessados e ao público em geral que irá realizar as segundas jornadas científicas no dia 8 de Novembro de 2019, no Anfiteatro do Edifício Sede da AT, sito na Av.
25 de Setembro nº 1235, 1º andar, tendo como lema: Implicações dos Benefícios Fiscais na Mobilização das
Receitas do Estado.
Com o advento da Constituição da República de Moçambique em 1990, o Estado moçambicano não só promove
e apoia a participação activa do empresariado nacional no processo de desenvolvimento e da consolidação do
país na economia como também garante o investimento estrangeiro, no quadro da Política Económica de atracção
de Investimento.
Foi neste âmbito que através da aprovação da Lei n° 3/93, de 24 de Junho, Lei de Investimentos (LI) e do respectivo Regulamento, aprovado pelo Decreto nº 43/2009, de 21 Agosto e da Lei nº 4/2009, de 12 de Janeiro,
que aprova o Código dos Benefícios Fiscais (CBF), estabeleceu-se um ambiente de negócio atractivo favorável
aos potenciais investidores, nacionais e estrangeiros.
Neste âmbito, aos investimentos em apreço estão asseguradas garantias traduzidas em protecção pelo Estado,
consistindo em direitos de propriedade, incentivos fiscais e aduaneiros, repatriamento de capital investido e lucros obtidos.
Do ponto de vista fiscal foram concedidos benefícios que se traduzem em incentivos ou privilégios fiscais, significando medidas de carácter excepcional que implicam entre outras a isenção total ou parcial, a redução do
montante a pagar dos impostos em vigor, amortizações aceleradas e crédito fiscal por investimento, com o fim de
favorecer as actividades de reconhecido interesse público, bem como incentivar o desenvolvimento económico
e social do país.
No pacote dos BFs definidos no âmbito do Código dos Benefícios Fiscais, a Lei de Investimentos concede incentivos fiscais a investidores nacionais e estrangeiros para projectos implementados em Zonas Francas Industriais,
Zonas Económicas Especiais, Zonas de Rápido Desenvolvimento e para outros regimes específicos do mesmo
instrumento normativo fiscal, sem descurar os benefícios concedidos nos impostos directos e indirectos.
Na atracção de investimento reside grande parte das esperanças de crescimento económico futuro de Moçambique,
mas também da arrecadação de recursos necessárias para equilibrar as contas públicas.
De 2007 a 2016, a despesa fiscal em média foi de 14,3%, de acordo com o mapa abaixo indicado.
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15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente 19
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Na actualidade, alguns académicos, a Sociedade civil, ONGs e estudantes, apresentam-se questões triviais tais como:
i) Será que os impactos económico e social resultantes dos benefícios fiscais não constituem mais-valia para o desenvolvimento
do país?
ii) Não há necessidade de racionalizar os benefícios fiscais face à despesa fiscal?
iii) Na época contemporânea são ainda benefícios fiscais ou malefícios?
É, neste âmago que são convidados todos os interessados a apresentar propostas de trabalhos que versem sobre o tema supracitado, não
se limitando aos seguintes subtemas:
a) Eficiência e Eficácia do Código dos Benefícios Fiscais;
b) Convenções para evitar a dupla tributação.
Os interessados em apresentar propostas de trabalhos de pesquisa, devem manifestar a sua intenção, enviando projectos de pesquisa, em
documento físico ou em formato electrónico pdf, até ao dia 11 de Março de 2019, para o seguinte endereço electrónico: direccaopoliticatributaria@gmail.com.
Os projectos não devem exceder 1500 palavras ou quatro páginas, em formato de letra Times New Roman; tamanho 12; espaçamento de
1,5 e devem conter a seguinte estrutura:
i) Título do trabalho;
ii) Nome(s) dos autores;
iii) Sumário executivo, breve introdução, objectivos do trabalho, fundamentação da relevância do tema, problema, revisão da literatura,
hipóteses, metodologia e referência bibliográfica.
A AT nomeará um júri aquem caberá seleccionar as dez (10) melhores propostas de trabalhos, cujos autores serão notificados até 19 de
Abril de 2019, por via electrónica (e-mail) onde o júri irá comentar para efeitos de prosseguimento da pesquisa.
Os trabalhos finais, não mais de (15.000 palavras) deverão ser submetidos em quatro (4) exemplares, até ao dia 20 de Agosto de 2019,
ao Gabinete de Planeamento, Estudos e Cooperação Internacional, em formato pdf, e por via do e-mail facultado, acompanhado de um
breve curriculum vitae dos autores, que não deve exceder uma página. Os proponentes devem assegurar que os seus trabalhos não foram
objecto de plágio.
Até ao dia 30 de Setembro de 2019, os autores dos dez trabalhos finalistas serão notificados sobre a avaliação final e os dois melhores
que apresentarem elevados padrões de qualidade técnico científico serão seleccionados pelo júri para apresentação em sessão pública no
decurso das 2ªs jornadas científicas e posterior publicação numa das edições do Boletim da AT. A Autoridade tributária atribuirá prémio
aos melhores trabalhos.
Os interessados devem possuir no mínimo, o nível académico de licenciatura e disponibilidade para apresentar presencialmente os resultados das suas pesquisas no decurso das 2ªs jornadas científicas da AT, podendo ser funcionários da Autoridade Tributária de Moçambique.
Encoraja-se a participação de Académicos, incluindo professores e estudantes dos níveis de Mestrado e Doutoramento.
A avaliação do júri independente, irá ponderar a qualidade do sumário executivo, enquadramento e clareza do tema, identificação do
problema, clareza dos objectivos, metodologia, revisão da literatura, relevância e clareza do tema, colocação dos argumentos, capacidade
de síntese, conclusões, recomendações, contributo científico do trabalho para a AT, citações apropriadas e referência bibliográfica.
Para mais informações contactar a Direcção de Política Tributária, junto do Gabinete de Planeamento, Estudos e Cooperação Internacional,
Edifício Sede da AT, sito na Av. 25 de Setembro nº 1235, 6º andar, ou através do e-mail:direccaopoliticatributaria@gmail.com
Maputo, 18 de Dezembro de 2018
20 Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
cultura
Carla Maciel publica “Teoria e a Pesquisa na Interpretação de Conferência”
O Centro Cultural Português, em Maputo, acolheu o lançamento da obra intitulada a “Teoria e a Pesquisa na
Interpretação de Conferência”, da autoria de Carla Maciel, que descreve o conhecimento teórico e a pesquisa
que é desenvolvida e realizada pelos estudantes do curso de Mestrado na Universidade Pedagógica.
Mafalda: 50 anos de
feminismo em tirinhas
O personagem de Quino convida à reflexão sobre o machismo
e o papel da mulher nas suas
aventuras com Susanita, Libertad e sua família.
Mafalda é um personagem que
nasceu há mais de 50 anos, mas
as suas reflexões não deixam de
ser actuais. Desde a sua concepção, Mafalda tem sido reflexiva
e combativa em questões como
maternidade, guerra e infância.
Mafalda, feminino singular é a
nova compilação das tirinhas
de Quino da editora espanhola
Lumen, que pretende mostrar o
que faz do personagem um ícone
de luta das mulheres.
Lola Albornoz, editora da Lumen e responsável pela antologia, explica à Verne que a ideia
desta selecção surgiu com a imagem de Mafalda em faixas durante a manifestação feminista
de 2018 na Espanha. “No trabalho de Quino há muita reflexão
que pode contribuir para o movimento feminista”, comenta.
Quino declarou recentemente a
sua afinidade com a luta feminista: “Sempre acompanhei as
causas de direitos humanos, em
geral, e dos direitos das mulheres, em particular, a quem desejo sorte nas suas reivindicações”.
O editor do livro diz que a primeira coisa que se pensa sobre
Mafalda é de que representa a
menina que não pára de protestar e desafiar o status quo, mas,
para Albornoz, o feminismo
nas tirinhas não é tão simples:
“Mafalda, sua mãe, e suas duas
amigas Susanita e Libertad nos
ajudam a ver que há muitos tipos de feministas e mulheres. Se
Mafalda é o estado reivindicativo do feminismo recente, a sua
mãe e Susanita são as mulheres
no passado. E Libertad vem de
uma família onde a mãe trabalha e a sua visão é completamente futurista”.
Entre cerca de 2.000 tirinhas
publicadas por Quino desde
1963, Albornoz diz que não foi
difícil encontrar material suficiente para compor um volume
de 140 páginas sobre as reflexões de Mafalda sobre o papel
das mulheres e críticas ao machismo.
Actriz Melanie de Vales
descobre o outro lado de si
Melanie de Vales, que
recebeu o prémio de melhor actriz jovem africana,
numa entrevista ao Magazine, mostrou-se bastante optimista em relação
ao novo desafio na vida
profissional. Ela descobriu
que pode emprestar o
seu talento à música. A
residir actualmente em
Luanda, devido a mais um
contrato profissional, De
Vales diz que a música
é um acréscimo na sua
carreira profissional e
promete conciliá-la com
o cinema. Acompanhe a
seguir os excertos mais
interessantes da entrevista.
Adelina Pinto
O ano 2018
fechou com
o início de
uma nova
carreira musical. Como te sentes ao
abraçar um novo desafio
profissional?
Sinto-me muito feliz, gosto
de desafios, por isso quando me foi proposto imaginei
que isso fosse difícil porque
eu venho do cinema, agora
com uma nova carreira, apesar de ter sido aluna na Escola Nacional de Música por
sete anos não sabia se estava
preparada. Com esta carreira venho ao novo país que é
Angola e também uma nova
cultura, apesar das suas diferenças, veio a distância para
com a minha família e amigos, mas veio muita maturidade e muita coisa boa. Descobri uma nova Melanie que
estou a gostar de a descobrir.
Ao apostar na carreira
musical tiveste alguma
influência de amigos ou
familiares?
Eu sou sobrinha da Ivete
Vales, que é saxofonista em
Moçambique, e de Laison
Vales, que é pianista, arquitecto do Museu Nacional
das Pescas. O pai da minha
mãe, Carmona Vales, toca
piano. Portanto, é uma coisa
que tem muito a ver com a
família, fora disso, acho que
essa foi a maior influência
que podia ter tido porque
cresci numa família que faz
de forma profissional a música. E eu cantava na família,
não de forma profissional,
apesar de estar na Escola
de Música. Entretanto, devo
dizer que tive o apoio da família, amigos e também de
pessoas que não conheço,
mas que foram à minha página para me darem todo o
apoio do mundo.
Quais são as suas expectativas neste novo
desafio e o que promete
aos fãs?
Em relação às expectativas,
ainda estou aqui a descobrir
isto…risos. Espero que tudo
dê certo, obviamente espero
que as pessoas gostem, tenho
mais músicas por lançar, espero que sejam também bem
recebidas. Estou feliz, porque
a primeira música foi muito
bem recebida. Espero que
gostem das outras.
Ao abraçar a música
pretende deixar a carreira
de actriz? Se não, como
relacionar essas duas áreas que requerem muito
de si?
Não vou abandonar a carreira de actriz, simplesmente
como eu disse foi um novo
desafio e uma nova descoberta e nunca pensei em deixar
o cinema, não. Pretendo conciliar as duas, é uma coisa
que está acordada com a minha agência, ambas as profissões devo conseguir abraçar.
Quando for a altura do cinema a música tem que cooperar e vice-versa, portanto,
estamos a ver se conseguimos
fazer isso para o final deste
ano.
Fale-nos dos novos desafios profissionais para o
ano de 2019...
Os novos desafios para o
ano 2019 é descobrir aquilo
que é o meu “eu” na música,
que é o meu lugar, eu acho
que é mais porque estava
muito focada no cinema e
ainda estou. Mas, agora na
Melanie de Vales
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente 21
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A Escola Comunitária Luís Cabral – ECLC deseja aos seus
alunos, pais, encarregados de educação e ao público em geral
Ano Novo Lectivo 2019
Aproveita este meio para informar que ainda renova-se matrícula
e que ainda há vagas para matricular novos ingressos da 6ª,
7ª, 8ª, 9ª, 10ª, 11ª e 12ª
classe por 600,00 meticais.
Informa – se ainda que os alunos da 7ª, 10ª e
12ª classesfazem exames na própria Escola
Comunitária Luís Cabral. Pode-se obter mais informações
na Secretaria da escola, sita na sede do bairro Luís Cabral,
entrando a partir da Junta ou Maquinag ou contactar através dos
telemóveis: 847700298 ou 826864465 ou ainda 871232355.
Matrículas para 2019
Exames das 7ª, 10ª e 12ª classes nesta ECLC
nova realidade ainda estou
a descobrir como me posicionar, ou melhor, o novo desafio para o ano 2019 é como
me posicionar ainda no cinema e também na música.
Com vários estilos musicais por que optaste por
kizomba ao lado do Puto
Português?
Porque é um estilo que gosto e as pessoas em volta de
mim vêem e gostam. Com
o Puto Português, porque é
uma pessoa que já grava há
muito tempo, pois surgiu
esta oportunidade. Porque
não?
Durante a produção dos
filmes em que Melanie faz
parte alguma vez pensou
em desistir por não conseguir interpretar algum
personagem?
Já, mas sempre fui persistente. Nunca me quis deixar abater, nem pensar que
aquilo não vai dar muito certo, não. Obviamente quem
come, come tudo, mesmo os
professores ou qualquer pessoa tem um dia difícil. Mas
pensar em desistir não, porque gosto, é algo que motiva acordar todos os dias,
preparar-me para ir trabalhar, adoro o meu trabalho,
por mais difícil que seja, por
mais investigação requerida
de mim, por mais trabalhoso
que seja eu gosto e vou continuar. Muitas vezes fico até
muito tarde, a tentar decorar
roteiros. Acontece!
O seu talento percorre o
mundo. O que tem a dizer
sobre isso?
A nível internacional, o que
tenho simplesmente a dizer
é de que agradeço a Deus,
aos meus pais, todas as produções e todos os realizadores que acreditaram em
mim. Agradeço, também, as
pessoas que as conheci em
festivais e, não só, porque
aprendo interpretando todos
os dias e com todo o mundo.
O prémio é uma coisa que
não esperava, mas me sinto
feliz por ter esse reconhecimento. Eu com 23 aninhos…
risos, já correspondo a uma
coisa destas, só de imaginar
que não tenho muito a dizer,
mas é gratificante e é bom
saber que de alguma forma
eu pude mostrar aos meus
pais aquilo que eu gostava e
podia ser a minha profissão
ou o meu trabalho. Qualquer
pessoa na área de trabalho
merece reconhecimento.
Recentemente recebeste
o prémio de melhor actriz
jovem africana. Com o
prémio sente-se realizada? Porquê?
Eu não posso mentir, me
sinto realizada, mas procuro
sempre mais e mais. Portanto, eu procurava um dia, mas
não tão já, conseguir aquilo
que é considerado o Óscar
africano. Mas agora vamos
procurar outras coisas, lucrar
mais e mais.
Sendo cidadã moçambicana qual é o seu grande
sonho?
O meu grande sonho é deixar
um marco, acima de tudo
deixar um legado e conseguir
mostrar para o mundo que
o cinema, em Moçambique,
é bom, que nós sabemos fazer, simplesmente não temos
a oportunidade, porque não
temos dinheiro. Se houver
dinheiro nós faremos os melhores filmes, confio nas histórias, guiões e nos filmes
moçambicanos que já vi, eu
tenho a certeza que Moçambique consegue realizar.
O que pode estar a falhar
na cultura moçambicana
sobre a divulgação das artes a nível internacional?
Infelizmente a falha se deve
à falta de infra-estruturas.
Nós precisamos de alguém
que nos faça caminhar. Eu,
particularmente, tive a sorte
de ter uma mãe que quando
fui ao cinema e quando faço
os meus contratos é a pessoa
que sempre me auxiliou nisso, bate com o pé, dizendo
que isto não Melanie, isto
sim. E se pudéssemos ter
uma instituição em Moçambique que pudesse auxiliar
os artistas acho que iria ajudar muito, não sei em relação aos outros, mas eu estou
a começar a entender sobre
os aspectos legais, estou a
entender hoje.
O que mais gosto de fazer é a arte, é interpretar.
Precisamos de leis que nos
ajudem a ter visibilidade, é
uma coisa que infelizmente
não temos. Nós não temos
indústria de entretenimento, então o povo consome
literalmente aquilo que é
feito por nós. A primeira
coisa que se devia fazer é
criar uma mentalidade de
consumir aquilo que é feito
por nós, antes de consumir
aquilo que vem de fora, isso
vai ajudar a criar uma indústria.
22 Magazine independente Terça-feira | 15 de Janeiro 2019
Antigo internacional sul-africano Phil Masinga morre
O antigo futebolista internacional sul-africano Phil Masinga, que jogou no Leeds e no Bari, morreu este domingo aos 49 anos, vítima de cancro. O anúncio foi feito pela Federação de Futebol Sul-africana, referindo
que o ex.futebolista morreu na sequência de “uma doença relacionada com cancro”. Masinga ficou conhedesporto cido por um golo ao Congo em 1997, que apurou os ‘bafana bafana’ pela primeira vez para um Mundial. LUSA
Ronaldo e Modric
podem reeditar
parceria na Juventus
A Juventus protagonizou a principal transferência do ano de
2018 ao tirar Cristiano Ronaldo
do Real Madrid, e agora pode
tirar outra estrela da equipe merengue, o meio-campista e atual
melhor jogador do mundo, Luka
Modric.
De acordo com informações TV
italiana “Mediaset”, a Velha Senhora tem o desejo de contratar
Modric e reeditar a dupla de
tanto sucesso na Espanha e já
contactou inclusive o empresário português Jorge Mendes, que
cuida da carreira de CR7.
Os rumores de uma possível saída do jogador croata são cada
vez mais frequentes desde a
campanha do jogador durante a
Copa do Mundo na Rússia. Antes da Juventus , a Inter de Milão tentou levar o jogador, mas
ele foi convencido pela direcção
do Real Madrid a permanecer no
clube.
A temporada de 2018 foi a melhor da carreira do meio-campista, que foi campeão da Liga
dos Campeões e vice-campeão
mundial com a Croácia, um feito inédito para o país. As boas
atuações renderam a ele os prêmios de melhor jogador do mundo pela Fifa e da Bola de Ouro,
entregue pela revista ‘France
Football’.
Em entrevista a um jornal de
seu país, o Sportske Novosti,
Modric criticou a ausência de
Cristiano Ronaldo e Messi nas
premiações, que foram injustos
em sua opinião.
“Eu não posso falar sobre as razões pelas quais alguém não aparece para uma cerimônia de premiação, é a escolha deles, não faz
sentido, parece? Você está votando e as recompensas valem apenas quando ganham”, afirmou o
jogador.
“É injusto para com os outros
jogadores e para aqueles que votaram, que os nomearam nos últimos dez anos, e também para
o futebol e torcedores, mas cada
um age da maneira que acha
apropriado”, completou Modric.
IG São Paulo
Chelsea bate Newcastle e
consolida quarto lugar na Inglaterra
O Chelsea venceu no último final de semana, em
casa, o Newcastle por 2-1,
em jogo da 22ª jornada da
Liga inglesa de futebol, e
consolidou o quarto lugar
da tabela classificativa,
aproveitando a derrota
do Arsenal.
O espanhol Pedro,
aos nove minutos, e o brasileiro William,
aos 57, deram a
vitória aos ‘blues’, anulando
o golo de Clark, aos 40, que
então empatava o encontro
para os ‘magpies’.
Os comandados de Maurizio
Sarri reforçaram o quarto lugar, com 47 pontos, mais seis
do que o Arsenal, que perdeu
em casa do West Ham (1-0)
e está mais longe dos lugares
de acesso à Liga dos Campeões.
A vitória ‘suada’ do Chelsea
permite-lhe ainda colocar
pressão ao Manchester City,
segundo com 50 pontos, e
Tottenham, terceiro com 48.
Já a equipa do espanhol
Rafa Benítez somou o sexto
jogo sem vencer em todas
as competições, o quinto na
‘Premier League’, e continua
em zona de descida, em 18º e
antepenúltimo lugar, com 18
pontos.
O campeonato continua a ser
liderado pelo Liverpool, que
venceu na sexta na deslocação ao terreno do Brighton
graças a um penálti do egípcio Mohamed Salah, levando
a equipa de Jürgen Klopp
aos 57 pontos no topo da tabela.
O Burnley recebeu e venceu
o Fulham por 2-1, depois de
ter estado a perder, e subiu
ao 15º posto, com 21 pontos, enquanto os londrinos
seguem em 19º e penúltimo
lugar, já a cinco pontos dos
lugares de permanência.
Apesar da assistência do português Ricardo Pereira para
o golo do nigeriano Ndidi,
aos 58 minutos, o Leicester
saiu derrotado da recepção
ao Southampton, que jogou
a segunda parte com dez jogadores e teve Cédric Soares
em campo a partir dos 57.
O jogo entre o Cardiff e o
Huddersfield terminou sem
golos, enquanto o Crystal
Palace foi derrotado em casa
por 2-1 pelo Watford, em que
Domingos Quina foi suplente
não utilizado.
A meio da semana passada,
o Barcelona tinha tropeçado
em Valência contra o Levante (derrota por 2-1 na 1.ª
mão dos “oitavos” da Taça
do Rei), mas neste domingo os catalães voltaram ao
bons resultados e seguraram
os cinco pontos de vantagem
sobre o Atlético de Madrid
na liga espanhola. Em Camp
Nou, Luis Suárez bisou no
triunfo contra o Eibar, mas o
destaque vai para mais uma
proeza de Lionel Messi: o argentino apontou o seu 400.º
golo no campeonato espanhol.
Com cinco triunfos consecutivos na prova, o Barcelona
nem precisou de se empenhar
muito para manter o Atlético de Madrid a cinco pontos
e dilatar para oito a vantagem sobre o Sevilha, que,
com André Silva no “onze”,
perdeu em Bilbau contra o
Athletic: 2-0, com um bis de
Iñaki Williams.
Em Camp Nou, Ernesto Valverde voltou a apostar em
Philippe Coutinho e o brasileiro teve um papel decisivo
no primeiro golo dos catalães, marcado por Suárez aos
19’. A vantagem do Barcelona não mudou o ritmo da
partida, quase sempre lento,
e até ao intervalo houve poucos motivos de interesse.
Na segunda parte, mesmo em
tarde de pouca inspiração,
Messi fez história: após passe
de Suárez, o “10” do Barcelona fez o golo 400 no campeonato espanhol. Sem que
o Eibar conseguisse esboçar
qualquer reacção, os “blaugrana” foram gerindo o ritmo
e chegaram ao terceiro, novamente apontado por Suárez.
Público PT
Lionel Messi chega aos 400
golos na liga espanhola
Por seu turno, o Arsenal perdeu por um golo sem resposta na visita ao West Ham, e
já não ganha um jogo fora
de casa para a Liga inglesa
de futebol desde Novembro,
podendo ser alcançado no
quinto lugar pelo Manchester United, que se desloca no
domingo a Wembley para defrontar o Tottenham.
LUSA
15 de Janeiro 2019 | Terça-feira Magazine independente 23
Numa altura em que o
clube acaba de ascender
ao escalão máximo de futebol nacional, o Moçambola, às custas da falta
de fair-play da Associação
Desportiva de Macuácua,
o presidente do Clube
Desportivo de Maputo
revela que o clube vai
arrendar, a longo prazo,
um complexo desportivo,
bem como apresentar o
projecto de futebol do
clube.
Elísio Muchanga
S
em no entanto revelar o local, muito
menos os montantes
envolvidos, o presidente do Clube
Desportivo de Maputo, Inácio
Bernardo, assegura que o clube jamais irá fazer jogos em
campos emprestados porque
tem em manga, nos próximos
dias, arrendar um complexo
desportivo onde o clube possa
jogar e funcionar o departamento de futebol.
Segundo Inácio Bernardo, que
falava ao Magazine, momentos depois da apresentação de
Artur Semedo como novo treinador do clube, em detrimento do anterior, assegura que
apesar dos problemas que apoquentam o clube desde o passado a esta parte, este está em
condições de disputar a maior
prova do futebol moçambicano na presente temporada.
“O Desportivo já tinha tomado uma decisão, que era separar a gestão do futebol das
outras modalidades e neste
momento estamos a sustentar
o futebol com fundos próprios,
porque nas condições que temos no clube não há capacidade para tal, mas com o apoio
de alguns patrocinadores estamos claramente em condições
de disputar o Moçambola”,
disse.
Bernardo afirma que na verdade o clube precisa de se
sustentar, de estar bem e se
classificar muito bem. “Não
queremos viver aquela situação anterior em que subimos
de divisão para voltar a descer
de novo, queremos subir para
ser consistentes, para que nos
futuros anos possamos voltar
àquilo que sempre foi o nosso
legado, que é disputar o título
ano a ano”, salientou.
Sobre a contratação do mister Semedo, o presidente do
clube justificou a aposta neste
por ser alguém que conhece o
Desportivo, e, entre as competências ao nível de treinamento, Semedo é quem conhece o
futebol do Desportivo, conhece
a realidade do clube e sabe o
que o clube precisa, contando
que ele se apaixonou pelo projecto apresentado.
Já no que tange à situação financeira do clube, o presidente
assumiu que o clube continua
deficitário, está a se trabalhar
para sustentar o clube, mas
relativamente ao futebol a coisa vai ser totalmente diferente,
explica, assegurando que este
vai ter uma gestão separada
do clube e isso vai tornar o
clube sustentável.
“Na Assembleia-Geral, em
Dezembro, aprovamos a inclusão das Sociedades Anónimas
Desportivas (Sades), este processo de gestão de futebol vai
de acordo com os princípios da
SADE, estamos a começar a
preparar a SADE e as pessoas que agora entraram na exploração do clube estão claras
que caminham para aquilo que
serão as suas participações na
Inácio Bernardo, presidente do Clube Desportivo de Maputo
Depois de ter esticado a época 2018 até início de Dezembro, devido à participação
nas Afrotaças, nomeadamente na Liga dos Campeões,
onde foi afastado ainda na
pré-eliminatória pelo Nkana Red Devils, da Zâmbia,
a União Desportiva (UD) do
Songo está de volta ao trabalho, com vista à nova temporada nas competições internas, mas também a pensar
nas competições africanas,
edição 2019/2020.
Liderados por Nacir Armando, os campeões moçambicanos começam a trabalhar
amanhã, 16 de Janeiro, no
Estádio da HCB, na vila do
Songo, quartel-general da
equipa.
Para esta temporada, a UD
Songo conta com 10 novos
jogadores que vão reforçar
a equipa e ajudar a colectividade a atingir os seus objectivos, tanto no plano doméstico como no externo,
designadamente a revalidação do título, a conquista da
segunda Taça de Moçambique e a qualificação para a
fase de grupos da Liga dos
Campeões 2019/2020.
No grupo dos reforços contam-se Telinho, Bheu, Infren,
Sunday e Amarashi, que já
jogaram pela União Desportiva do Songo contra os zambianos do Nkana Red Devils,
para a Liga dos Campeões,
assim como Áureo (Ferroviário da Beira), John Banda
(Ferroviário de Nampula),
Agenor (1º de Maio de Quelimane) e Comissário (Desportivo de Nacala).
Para além destes, a turma
do Songo conta ainda com os
regressos de Boné, que esteve emprestado ao Desportivo
de Nacala, Terence, que estava ligado ao Ferroviário de
Nacala, e Norberto, também
conhecido por Betão, que
no ano passado alinhou pelo
Ferroviário da Beira, por empréstimo.
Com este plantel crescem as
expectativas em relação aos
objectivos traçados pelo clube, que perdeu dois jogadores importantes: Mano, experiente central, de 36 anos,
que regressou ao Desportivo
de Maputo, onde se formou,
e Lau King, que se transferiu
para o Amora, do Campeonato de Portugal (terceiro
escalão). A União Desportiva de Songo acomula dois
títulos consecutivos da maior
prova de futebol moçambicana, o Moçambola, havendo a
esperança de revalidar o título.
A Bola / Redacção
UDS abre os portões
amanhã com 10 reforços
própria SADE.
O presidente prometeu que
esta semana o clube irá apresentar o projecto de futebol,
que inclui o plantel, os seus
novos reforços, a casa do clube, considerando que este não
tem campo actualmernte, e
desta vez quer fazer um aluguer de longa duração de um
complexo desportivo onde as
equipas do clube possam treinar, assim como ter no local o
departamento de futebol.
GDM aposta no aluguer de complexo desportivo
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Administrativos e
Comerciais
Email:
Multimediacomercial18@gmail.com
Telemóvel:
820152830/847684840
“Desportivo precisa de um
treinador estruturante como eu”
Rua da Concórdia (Oliveira) n°38; 1° andar único, no bairro da Malhangalene “A”, na cidade de Maputo.
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Após ter ficado quase
uma época sem clube,
Artur Semedo, sobejamente conhecido por
mister Semedo, volta
aos alvi-negros para
mais uma vez tentar lutar pelo título na maior
prova futebolística
do país. Entretanto, o
mister diz voltar ao clube porque existe uma
relação afectiva e este
precisa de um trinador
estruturante como ele.
Elísio Muchanga
A contratação
de Semedo,
que foi apresentado aos
a d e p t o s e
massa associativa semana
finda, tem como grande
objectivo a luta pelo título,
bem como a manutenção
na maior prova de futebol
nacional.
“Aceitei o desafio porque
existe uma relação afectiva
com o Desportivo”, disse
o treinador, durante a sua
apresentação, para em seguida justificar ainda o seu
regresso aos alvi-negros com
o facto de que “este é um
momento especial do Desportivo, é um momento de
renovação e o Desportivo
precisa de um treinador estruturante como eu, e nesta
perspectiva estamos alinhados”, frisou Semedo.
Destemido, Semedo, e no
seu estilo característico,
manda uma mensagem aos
gestores do futebol, frisando
que “espero que daqui para
frente não encontre os empecilhos que tenho encontrado na minha trajectória,
nem as adversidades que tenho sido vítimas delas e que
possa projectar o Desportivo para altos cometimentos,
como é o desejo de todos os
membros e simpatizantes
do clube”.
Os adeptos, por sua vez,
são unânimes sobre o regresso do mister Semedo
ao clube, havendo os que
referem que “um bom filho
sempre volta a casa” e com
ele esperam que o Desportivo consiga se posicionar na
tabela classificativa durante
o campeonato e atingir os
lugares cimeiros.
“Sabemos que a equipa precisa de uma nova dinâmica,
uma reconstrução e com
Semedo sabemos que isso
é possível, desde 2006 não
ganhamos nada, e ele agora
tem a oportunidade de reconstruir a equipa e atacar
o título”, disse Jorge Francisco, um dos adeptos do
clube.
O técnico já esteve no
Desportivo de Maputo em
2003, 2009, 2012 e 2013,
passou ainda pelo Ferroviário de Maputo em 2004 e
2005, Maxaquene, em 2007
e 2008, Liga Desportiva de
Maputo, entre 2010 e 2011,
e União Desportiva do Songo, entre 2015 e 2016, onde
conquistou títulos pelos clubes por onde passou.
Em 2012, Artur Semedo
não conseguiu manter a
equipa no Moçambola, tendo assumido o compromisso de descer com a equipa
para a divisão de honra no
ano seguinte. Mas com garra e determinação, o técnico
conseguiu devolver a equipa
ao escalão máximo do futebol moçambicano em 2014,
tendo abandonado a equipa no ano seguinte, após
garantir a manutenção no
Moçambola 2015.
O Desportivo de Maputo já
conquistou o campeonato
nacional (Moçambola) por
seis vezes (1977, 1978, 1983,
1988, 1995 e 2006) e volta à
elite do futebol moçambicano com o propósito de assegurar a manutenção e lutar
pelo título.
Artur Semedo
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