Conflito entre o edil Manuel de Araújo, da RENAMO, e membros das bancadas da FRELIMO e do MDM pára Assembleia Municipal da capital provincial da Zambézia. Políticos envolvidos dizem que situação é grave.
O conflito político que se instalou em Quelimane continua sem solução aparente.
Segundo Joaquim Maloa, membro da Assembleia Municipal de Quelimane pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o edil Manuel de Araújo, da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), quer que os membros se reúnam para aprovar algumas atividades - incluindo as propostas orçamentais para 2019.
Mas as duas bancadas que compõem o órgão - nomeadamente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do MDM - dizem não.
Joaquim Maloa descreve esta situação como grave.
"É uma situação um pouquinho triste. Neste preciso momento, nós não podemos ir à sessão. Ele [Manuel de Araújo], publicamente, já se retirou do MDM. Agora é adversário do MDM. Então, estamos nesse conflito," descreve.
"Para mim não há condições - porque ele já não é membro do MDM. Neste preciso momento, o manifesto eleitoral que ele estava a defender é da RENAMO. Acabou sendo eleito presidente pela RENAMO. Apesar de que, foi eleito em 2013 pelo MDM. Então, aí há conflito. Psicologicamente, como é que vai sentar-se com os membros da FRELIMO e do MDM?" questiona o político.
Raíz do embate
O desentendimento entre Manuel de Araújo e as bancadas da FRELIMO e do MDM, em Quelimane, resultou da transição repentina de Araújo, do MDM para RENAMO a 20 de Julho - três meses antes das eleições autárquicas.
Domingos de Albuquerque, presidente em exercício da Assembleia Municipal de Quelimane, também diz que a atual situação é grave e confirma que as reuniões previamente marcadas foram temporariamente suspensas.
"A situação está péssima, porque os eleitos estão sem salário. O sentimento é de tristeza. O Conselho Municipal tem que vir à assembleia dizer o que se está a passar e o que está a acontecer," critica.
"É de lamentar porque, por ano, temos cinco sessões por realizar. Já realizamos três, faltam duas. A quarta sessão devia ter sido realizada no dia 12 de setembro. Por causa da suspensão do mandato do edil de Quelimane, estamos parados. Aguardamos a informação da tutela administrativa, que até agora não se pronunciou," lamenta Albuquerque.
Rijone Bombino, chefe da bancada da FRELIMO, pede a intervenção das autoridades de direito para mediar o conflito.
"Nós não sabemos exatamente o que é que está a acontecer. A ser assim, significa que alguma coisa não está bem dentro dos órgãos de Justiça ou órgãos que deviam comunicar à Assembleia Municipal a real situação atual. Eu não sei se é de lei, se a lei ainda não definiu nada, ou se é alguma possibilidade de favoritismo. Não sei. Não é possível realizar sessão sem que o órgão municipal esteja em funcionamento," explica.
"Até hoje não está decidido se nós temos que fazer sessão a contar com a perda de mandato. Isso vai afetar até certo ponto o funcionamento do município, até a própria assembleia," avalia.
Edil segue "tranquilo"
O edil Manuel de Araújo, diz que a situação está controlada. Araújo interpôs recursos contra a decisão do Conselho de Ministros pela perda do seu mandato e apresentou-se ao Tribunal Administrativo para esclarecer os problemas que surgiram quando se filiou à RENAMO sem terminar o seu mandato pelo MDM - partido pelo qual governava o município de Quelimane desde 2013.
Neste momento, Araújo aguarda a decisão final do Tribunal Administrativo.
"Eu recebi uma notificação, cerca de um mês atrás, do Conselho de Ministros e, a partir daí, nós intentamos uma ação, submetemos o nosso posicionamento. O processo está encaminhado. Fizemos aquilo que é a nossa parte e estamos tranquilos," afirma.
A Assembleia Municipal de Quelimane é constituída por 39 membros: 26 do Movimento Democrático de Moçambique e 13 membros pela bancada da FRELIMO.
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- Data 01.11.2018
- Autoria Marcelino Mueia (Quelimane)
- Assuntos relacionados Armando Guebuza, Daviz Simango, Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Manuel de Araújo, Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Moçambique, Eleições em Moçambique, Filipe Nyusi, Parque Nacional da Gorongosa, Gaza
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