Pensamos que acontece apenas com os nossos partidos em Moçambique: mas é uma doença generalizada. Transversal, como se diz no idioma dos que escrevem. Em todo o lado a regra é a mesma: os partidos nunca erram. Podem cometer falhas. Pequenas, sempre. Insuficiências, como dizíamos nos tempos. Mas errar nunca. E porque nunca erram não se sentem nunca obrigados a pedir desculpa. Acreditam os partidos que pedir desculpa os colocaria numa posição de enorme fragilidade.
O maior erro dos partidos talvez seja esse: o de se acreditarem infalíveis. E por isso nunca deverem desculpas a ninguém. A verdade é que um partido que viesse à rua, como a mais humana das humildades, para abertamente confessar uma falha, esse partido teria incorrido não numa fragilidade mas tinha dado uma prova de lealdade para com a verdade e para com as pessoas.
Esta generalizada arrogância tem o seu preço. Os partidos perdem credibilidade e as pessoas distanciam-se não apenas deles mas da própria política. A tragédia é esta: é que as pessoas podem desistir da política, mas o inverso nunca é verdade: a política nunca desiste das pessoas. E o risco é este: aos poucos a política ficará entregue aos que, de modo mentiroso, se dizem como não-políticos. E não há ninguém politicamente mais perigoso que aquele que se apresenta como sendo um não-político.
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