A SIMO terá de desembolsar, para a implementação da solução Euronet, perto de 7 Milhões de USD, mais 2 Milhōes do que a BizFirst estava a cobrar para licenciar de forma vitalícia o software Bizswich, que estava na posse da Interbancos. Os 7 milhões de USD correspondem ao valor total do contrato proposto com a Euronet Worldwide e engloba “um licenciamento perpétuo, manutenção e suporte, implementação, bem como os custos de deslocação e hospedagem dos recursos da Euronet”. Os dados constam de um “memo” a que “Carta” teve acesso. O documento mostra, em detalhe, os contornos do caso e as opções avaliadas pela SIMO quando em Abril iniciou contactos com outros provedores do serviço.
A solução Bizswich esteve em funcionamento na Interbancos durante o período em que a instituição operou em Moçambique. No documento, a SIMO diz que o software fazia parte dos activos adquiridos com a aquisição da Interbancos. Quando a SIMO engoliu a Interbancos, ela assinou com a BizFirst uma adenda ao contrato de manutenção com validade até Junho de 2019. Mas essa adenda apresentava limitantes. O software só podia estar instalado nos servidores da Interbancos em Maputo e o SIMO só podia aceder ao Software se celebrasse com a BizFirst um novo contrato de licenciamento para a licença de utilização vitalícia do software no valor de 5 Milhões de Euros sem período de exclusividade. Opcionalmente, um acordo contemplaria uma licença de utilização vitalícia do software com período de exclusividade de 3 anos no valor de 2 Milhões de Euros.
Os gestores do SIMO não gostaram destas propostas e partiram ao ataque: encontrar um provedor alternativo. A busca começou em Abril. Por convite, foram contactadas a Progressoft da Jordânia, a OpenWay da Rússia e a Euronet dos EUA. Durante os meses de Maio e Junho, a SIMO manteve discussões técnicas com as 3 provedoras. A empresa jordana exigia pouco mais de 1 milhão de USD para implementar a sua solução. A Open Way não apresentou nem proposta técnica nem financeira.
A solução Euronet começou a ser tratada em finais de Junho. No passado mês de Outubro houve viagens e workshops diversos onde a solução foi apresentada. A Euronet submeteu uma proposta técnica e financeira em finais de Outubro. A SIMO optou por esta proposta pois ela apresentava produtos ainda não implementados em Mocambique como é o caso do contactless. A SIMO também considerou positivo o facto de a Euronet apresentar serviços adicionais que o software da Bizfirst não apresenta, nomeadamente: certificação UnionPay (Acquiring e Issuing), certificação Mastercard Acquiring e Issuing), certificação Dinners (Acquiring) e certificação Amex (Acquiring). Por outro lado, em termos de terminais de pagamento ATM e POSs, a solução apresenta a funcionalidade de remote key load, fazendo com que as chaves criptográficas dos terminais possam ser carregadas sem custos de deslocação. A única desvantagem identificada foi que o preço do licenciamento e implementação era superior que o da Progressoft. Ou seja, o preço da Progressoft era estranhamente tão inferior. E a OpenWay nunca apresentou nada.
Ontem, “Carta” apurou que o Banco de Moçambique iniciou já contactos com a Euronet visando a sua contratação. Os contactos estão ainda numa fase preliminar mas confirmam o que o Governador do BM, Rogério Zandamela, foi dizer no Parlamento na semana passada: que estavam a caminho de Maputo consultores ligados a uma empresa, que não revelou, para estudar a alternativa ao apagão. Esse estudo já estava afinal em curso desde Junho. E, com a Euronet, só faltava a assinatura do contrato relevante. (Marcelo Mosse)
Publicado em Economia e Negócios
A AMECOM organiza esta tarde um debate sobre o sistema de pagamentos nacional, na ressaca do caso SIMO-BizFirsts. O evento, em parceria com a Associação Moçambicana de Bancos e a SIMO, servirá para uma discussão da problemática e a busca de soluções. Trata-se de um evento irrelevante pois a solução ja foi encontrada sem debate, como revela hoje a manchete da "Carta".
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