O Governador do Banco de Moçambique aproveitou uma aparição pública em Quelimane para dar o tiro final na nuca da sua credibilidade. Esta já andava de rastos. Zandamela em Quelimane deu a derradeira mostra do caótico registo da incoerência que tem marcado o seu consulado desde que chegou de Washington. Dias antes, ele tinha ido à Assembleia da República (AR) apresentar um plano de contingência para o apagão provocado pelo imbróglio entre a Rede SIMO e a BizFirst. Foi taxativo que a empresa portuguesa estava a ser descartada e que novos fornecedores para o relevante "software" da rede interbancária estavam a caminho de Maputo.
Na mesma altura em que ele falava aos deputados da AR, a SIMO estava reunida em Conselho de Administração, onde representantes da banca comercial deixaram claro que a solução imediata do apagão passava pelo pagamento à BizFirst. Foi esta mensagem que a banca comercial foi transmitir ao Primeiro-Ministro, nessa mesma terça-feira. À noite, a notícia de que chegara a um acordo para a retoma da BizFisrt correu viral. Os bancos tinham assumido uma posição de força, ultrapassando o ego repreensivo do Governador, um homem cuja relação com a banca comercial é marcada pela hostilização constante e pelo excesso de zelo no cumprimento das regras de Basileia.
Em Quelimane, enclausurado em seu “nemesismo” profundo, Zandamela decidiu barafustar contra a banca. Mas antes chamou a si a responsabilidade de ter sido dele a mão messiânica que safou o país da crise. Essa era uma mentira crassa. Não foi ele! A crise foi resolvida quando ele estava no parlamento apresentando uma medida que enfraqueceria terrivelmente nosso sistema financeiro. Uma medida decida em Oslo, onde ele obteve a anuencia do Presidente Nyusi. Mas era uma medida irresponsável. Em Quelimane ele se quis redimir. Mas saiu ridicularizado. Todos sabemos que sua solução apontava para o caos.
E como é sua praxe, voltou-se contra a banca comercial, exibindo a bandeira de um nacionalismo frugal. Disse que o ideal para Moçambique era que nossa banca devia ser cada vez mais moçambicana. Mas o que ele tem feito para que isso seja uma realidade? Nada! A intervenção do banco central no caso Moza, afastando a Moçambique Capitais (MC) da gestão sem ter no mínimo respondido aos seus pedidos de assistência de liquidez de emergência, foi uma oportunidade perdida. Ele podia ter demonstrado, desse dossier, o cometimento para com essa tal moçambicanização da banca, apoiando a MC.
Mas Zandamela olha para os moçambicanos, todos eles sem exceção, como uns “lobbistas” e corruptos. O cisma, no caso do apagão, reside nesse seu preconceito. Em Quelimane, fez uma intervenção marcada por uma retórica anticorrupção que não encontra expressão prática na sua ação. É de esperar que ele desencadeie desde já os mecanismos necessários para a clarificação judicial de quem são os atores da corrupção no caso BizFirst. Já chega de fala-fala barata e desse apontar dos dedos à improbidade alheia quando ele também não é uma flor que exala odores imaculados. Ele é o supra-sumo da incoerência.
Publicado em Textos de Marcelo Mosse
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