terça-feira, 24 de julho de 2018

Moçambique é a chave para a nossa estratégia de consolidação e crescimento na África Austral»


MATEUS ZIMBA

«Moçambique é a chave para a nossa estratégia de consolidação e crescimento na África Austral»

\\ TEXTO FILOMENA ABREU 
\\ FOTOGRAFIA JAY GARRIDO

Formou-se em Medicina Veterinária pela Universidade Eduardo Mondlane. Mas antes, esteve dez anos no exército moçambicano, onde exerceu funções como veterinário e também como gestor, fazendo parte do grupo de logística das Forças Armadas. Em 1991 rumou aos EUA e foi aí que se tornou Mestre em Gestão de Negócios. Regressou a Moçambique e, anos depois, em 1999, juntou-se à Sasol Petroleum Internacional, onde exerceu funções de diretor de Relações Governamentais, diretor de Relações Institucionais e Corporativas. Em 2007, tornou-se o terceiro diretor geral da empresa, o primeiro moçambicano a exercer essa função... até hoje. O homem certo para nos dar esta entrevista.
 
Que peso tem a Sasol na economia moçambicana?
Pode haver diferentes pontos de vista quando se procura quantificar esse peso. Posso é dizer que a Sasol foi que, em 2004, colocou Moçambique no mapa mundial de produtores de gás natural, à escala comercial.
Desempenhámos o papel de acreditar em Moçambique como um destino viável para o investimento, para o grande investimento estrangeiro, logo após a Mozal.
Desde então temos, de forma multifacetada, contribuído para criar empregos de qualidade. Como exemplo, no ano passado, ao expandirmos o gasoduto (147 km loop-line), demos trabalho (revestimento interno) a empresas nacionais, que, a partir de agora, estão qualificadas para trabalhar para outrem, usando padrões de segurança e qualidade internacionalmente aceites.
Para completar, somos contribuintes de relevância para o fisco, permitindo uma abrangência ainda maior do nosso impacto na economia de Moçambique.
Até que as reservas de gás do Rovuma sejam monetizadas, a Sasol terá um papel especial na massificação da indústria do gás no país.
«Ainda que a África do Sul seja a terra natal da Sasol, Moçambique é a ?terra do coração?»

A Sasol tem tido um papel activo na sociedade moçambicana, principalmente na área da educação. Porquê? Que novos esforços estão a ser feitos nesse sentido?Ainda que a África do Sul seja a terra natal da Sasol, Moçambique é a «terra do coração». E, assim, faz todo o sentido que participemos no melhoramento das habilidades do saber e do saber fazer. A escola profissional de Mabote, um investimento de cerca de $2.5 milhões, é um exemplo disso.
Não se pode ter sucesso ao longo de 60 anos, como é o nosso caso, sem investir no futuro, na juventude, no conhecimento. Somos hoje o presente e seremos o futuro. Temos sempre que investir no futuro. O conhecimento é o investimento que dá maiores e mais sustentáveis retornos.
Em 2013 estabelecemos, em conjunto com o Ministério dos Recursos Minerais, um programa de bolsas (30 por ano), que já abrangeu 60 estudantes, que se encontram hoje em Moçambique, Malásia e África do Sul, a estudar.
Em 2014 assinámos um acordo, com a Universidade Eduardo Mondlane, com vista a desenvolver habilidades no sector da energia, em particular downstream. 2015 é o ano de implementação desse acordo.
Numa acção conjunta, com o Ministério da Educação, a Sasol será a pioneira num programa de formação de professores nas áreas da engenharia, ciências, tecnologia e matemática (STEM), em Inhambane.

Quais os principais projetos que a Sasol tem em curso em Moçambique e no resto do mundo?Entre os muitos projetos em curso, estamos ativamente a avaliar a nossa participação na próxima ronda de leilão de blocos de exploração de hidrocarbonetos, lançado pelo governo moçambicano. Estamos ainda envolvidos na procura de oportunidades para a produção de eletricidade e químicos.
A Sasol detém 50% do gasoduto de Moçambique, tendo os governos, do país e da África do Sul, 25% cada. Esta infraestrutura, com três pontos de tomada em três províncias, tem permitido o crescimento do mercado de gás em Moçambique.
A Sasol Oil tem também 49% de participação na PeSS (Joint Venture entre a Petromoc e a Sasol), sendo que a Petromoc detém 51%. Com este veículo fornecemos combustíveis líquidos, e lubrificantes, por todo o país, e queremos continuar a crescer. Sermos ainda mais relevantes.
Moçambique é a chave para a nossa estratégia de consolidação e crescimento na África Austral, para construirmos e desenvolvermos uma posição estratégica na região.
Em termos globais, mantemos e consolidamos a nossa posição na África Austral. Nos Estados Unidos da América, no restante continente africano e um pouco por todo o mundo, o nosso objetivo é avançar em várias frentes, através de um pipeline de oportunidades criteriosamente escolhidas e projetos capitais cautelosamente priorizados.
Para conhecer os arguidos, recorde-se do caso da EMBRAER Aqui

Justiça 

A JUSTIÇA MOÇAMBICANA CONSTITUIU TRÊS ARGUIDOS NO CASO DE ALEGADA CORRUPÇÃO NA COMPRA PELAS LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE (LAM) DE DUAS AERONAVES À FABRICANTE BRASILEIRA EMBRAER.

Ant
Autor
  • Agência Lusa
A justiça moçambicana constituiu três arguidos no caso de alegada corrupção na compra pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) de duas aeronaves à fabricante brasileira Embraer, refere a Informação Anual da Procuradoria-Geral da República (PGR) moçambicana.
A informação, que será apresentada na quarta-feira pela Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, à plenária da Assembleia da República, refere que o processo-crime relacionado com o referido caso encontra-se em instrução preparatória. “Na sequência destes fatos, que teriam ocorrido entre 2008 e 2010, foi instaurado, em 5 de julho de 2016, um processo com três arguidos em liberdade, que se encontra em instrução preparatória”, indica o documento. Dadas as ligações internacionais do processo, prossegue o texto, a PGR acionou mecanismos de cooperação jurídica e judiciária com quatro países.
O documento declara que o esquema de corrupção terá envolvido o pagamento de 800 mil dólares (748 mil euros) aos três arguidos como condição para a Embraer vender as duas aeronaves à LAM. “Para lograr os seus intentos e perante a impossibilidade de a empresa estrangeira [Embraer] retirar tal valor dos seus cofres, [um gestor sénior da LAM] concertou com esta, com vista à sobrefaturação do custo das aeronaves, para que se beneficiasse da diferença resultante do preço real e do constante da fatura”, lê-se na Informação Anual da PGR.
A negociação, continua, envolveu a criação no estrangeiro de uma empresa que abriu uma conta bancária para onde foi transferido o valor do esquema de corrupção. “A aquisição das aeronaves foi efetuada com recurso a um empréstimo bancário, concedido por um banco moçambicano, mediante garantidas emitidas pelo Estado”, afirma a informação da PGR.
Documentos da justiça brasileira divulgados no final do ano passado revelam que a Embraer terá pagado 800 mil dólares a gestores da LAM e a um intermediário, também moçambicano, pela venda de duas aeronaves em 2009. O valor foi depositado numa conta, em São Tomé e Príncipe, de uma sociedade fictícia propositadamente criada para atuar no esquema de corrupção.
O alegado esquema de suborno faz parte de pagamento ilícitos que a fabricante brasileira terá efetuado em vários países e que obrigaram a Embraer a pagar 225 milhões de dólares (210,5 milhões de euros) à justiça norte-americana como parte de um acordo judicial para o encerramento do processo. A justiça norte-americana envolveu-se no caso pelo facto de algumas das contas usadas nos alegados esquemas de corrupção da Embraer estarem domiciliadas em solo americano.
Xihivele, termo xichangana (língua maioritariamente falada na província de Gaza), que em português significa literalmente ”rouba-lhe a valer”, é o nome da empresa criada por Mateus Zimba em São Tomé e Príncipe, para receber os USD800 mil de “pagamento de consultoria”. A 22 de Abril de 2009, a Embraer celebrou um contrato de representação comercial com a Xihivele- -Consultoria e Serviços Lda. O contrato, assinado por Luís Carlos Siqueira Aguiar e Flávio Rimoli, em nome de Embraer, foi assinado sete meses após a celebração do acordo de compra, mas antes da entrega da primeira aeronave E190. O contrato assinado com a empresa de Zimba autorizava a Xihivele a promover vendas do avião E190 ”apenas especificamente” para a LAM, embora a compra desses avi- ões tivesse sido contratada sete meses antes da assinatura do contrato de representação comercial”. Isto significa que a Xihivele não existia quando o contrato de compra e venda das aeronaves foi assinado. “O contrato com a empresa de Mateus Zimba afirmava falsamente que o trabalho de promoção de vendas havia começado em Março de 2008”, relata o documento. ”A Embraer prometeu, por esse contrato de representação comercial, pagar à empresa de Mateus Zimba USD400 mil por aeronave, exactamente o valor que José Viegas tinha dito anteriormente que aceitaria. Ocorre que nem Mateus Zimba nem sua empresa prestaram serviço a Embraer”, frisa o documento com o título ”termo de compromisso e ajustamento de conduta”. A Embraer revelou, em 2011, que estava a ser investigada nos EUA por possível violação da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior, uma lei anticorrupção que é aplicada com rigor. Como as acções da Embraer são negociadas em Nova Iorque e alguns dos pagamentos passaram pelos EUA, os norte- -americanos têm jurisdição para investigar a Embraer. Após a entrega das duas aeronaves, uma a 30 de Julho de 2009 e outra a 02 de Setembro do mesmo ano, a Xihivele apresentou duas facturas à Embraer, cada uma com o valor de USD400 mil. A primeira factura tinha a data de 15 de Agosto de 2009 e a segunda com 24 de Setembro do mesmo ano. Eduardo Munhos de Campos, um dos executivos da empresa, foi quem autorizou os pagamentos. A primeira tranche de USD 400 mil foi transferida a 31 de Agosto de 2009, da conta da Embraer no Citibank nos Estados Unidos para uma conta no Banco Internacional de São Tomé e Príncipe, para cré- dito numa conta na Caixa Geral de Depósitos em Portugal, de que era titular a empresa de Mateus Zimba. Mais tarde, 02 de Outubro de 2009, foram transferidos os restantes USD400 mil para a mesma conta em Portugal, valores que foram contabilizados pela Embraer como ”comissão de venda” e foram consolidados na contabilidade da companhia brasileira como ”despesas operacionais líquidas”. Em nota oficial publicada no seu site, em Setembro, a empresa brasileira “reconhece sua responsabilidade pela conduta de seus funcionários e agentes” nos casos investigados e acrescentou que “lamenta profundamente” o ocorrido. Antes da Embraer assumir a meia culpa, as autoridades moçambicanas já tinham mostrado a sua preocupação em relação à citação da LAM como parte de um negócio com nuances corruptas. Interpelado, há dias, pela imprensa moçambicana, o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, assegurou que as autoridades iriam trabalhar para apurar a veracidade das denúncias do pagamento de propinas a altos funcionários moçambicanos. “O Governo poderá, sem dúvida, aferir esses valores [das comissões], através dos relatórios, dos processos de aquisição [das aeronaves] e ver exactamente qual é a verdade que existe nessa informação”, afirmou Carlos Mesquita, em declarações aos jornalistas. Contactada pelo SAVANA, nesta quarta-feira em Maputo, à margem da segunda reunião nacional da Procuradoria Geral da República (PGR) e da Polícia de Investigação Criminal (PIC), Amabelia Chuquela, Procuradora-geral da Repú- blica adjunta, foi lacónica e frisou que a instituição ia se pronunciar em momento próprio, porque investigações continuam em curso. O Governo brasileiro considera que cabe à Procuradoria-Geral da República de Moçambique averiguar o alegado envolvimento de moçambicanos em actos de corrupção na compra de aviões pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) à fabricante brasileira Embraer. “Essa questão dos aviões da Embraer, neste caso em Moçambique, tem de ser tratada pelos seus canais oficiais, neste caso pela Procuradoria-Geral da República”, disse, em declarações aos jornalistas, o embaixador do Brasil em Moçambique, Rodrigo Soares, após se encontrar com o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.


O polémico negócio da venda pela companhia aeronáutica brasileira, Embraer, de duas aeronaves E 190 às Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) ainda vai fazer correr muita água por baixo da ponte, agora com a divulgação da identidade do “Agente C”, que recebeu subornos, canalizando-os depois para outras entidades e o envolvimento do então PCA, José Viegas. Trata-se de Mateus Lisboa Gentil Zimba, actual director da General Electric Oil & Gás em Moçambique desde Agosto do presente ano, tendo antes assumido o cargo de director-geral da petroquímica Sasol em Moçambique entre 2000 e 2016. Zimba, diplomado em medicina veterinária pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e com uma passagem de cerca de 10 anos pela logística das Forças Armadas mo- çambicanas, é o “Agente C”, que serviu de pivô para o encaixe fraudulento de USD 800 mil dólares de comissões no processo de aquisição de duas aeronaves Embrear para a LAM. Para a concretização da manobra, o Agente C criou uma empresa fantasma com sede em São Tomé e Príncipe, aí domiciliando a conta usada para a drenagem dos subornos. Dados contidos na correspondência trocada entre executivos da Embrear e depositados na Comissão de Mercados, Valores e Mobiliários do Brasil indicam que, no dia 22 de Maio de 2008, após três anos de aturadas negociações, a companhia aeronáutica brasileira conseguiu formalizar a proposta de venda de duas aeronaves de marca Embraer E190 à LAM, a um preço unitário de USD 32 milhões. A Embraer, uma das empresas mais conhecidas do Brasil, é a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo e emprega mais de 18 mil funcionários nas suas fábricas no Brasil, China, Portugal, França e Estados Unidos. Suas acções são negociadas na bolsa de Nova Iorque. No dia 11 de Agosto de 2008, o director de vendas da Embrear, Patrice Candaten, enviou um correio electrónico para Luiz Fuchs, vice- -presidente da companhia brasileira para Europa e Albert Philip Close, ex-gerente para área de defesa da empresa. No correio em causa, Candaten informa que, após a conclusão do negócio com a LAM, apareceu o moçambicano Mateus Zimba, “que não trabalhou nos esforços da venda”, a informar que actuaria como consultor na empreitada. “Na mesma oportunidade, Patrice Candaten propôs que eles `criassem alguma margem para comissões` para Mateus Zimba na formação do preço das duas opções subsequentes à venda”, relata o documento. Após alguns contactos, no dia 13 de Agosto de 2013, Fuchs enviou um email para Candaten, com cópia a outros funcionários da Embraer, relatando a conversa que teve com Zimba. Na referida conversa, Zimba precisou que, embora a companhia brasileira não tivesse previsto contar com um consultor, “nós gostaríamos de ter um gesto na entrega do primeiro avião”. Na mensagem enviada a Candaten, Fuchs informou que “temos (Embraer) de mostrar algum gesto e talvez o valor mencionado por Albert Close (50 a 80 mil dólares) acomodasse a necessidade”. Fuchs explicou ainda a Zimba como criar uma empresa na qual a companhia aeronáutica brasileira pudesse efectuar “supostos pagamentos de consultoria”. Explicou a Zimba sobre os procedimentos que devia seguir para ter o valor. Zimba foi aconselhado a registar uma empresa com nome, endereço e não ter a sua sede num paraíso fiscal. Porém, ao que o SAVANA apurou de uma fonte próxima destas operações, Mateus Zimba não actuou por conta própria neste negócios, mas a mando dos seus “patrões” e o dinheiro foi depois canalizado em 2009 para financiar campanhas eleitorais do partido governamental através do seu braço empresarial. O SAVANA tentou várias vezes chegar à fala com Zimba, mas sem sucesso. Uma comissão maior Segundo o documento, em resposta ao email de Fuchs, José Molina, vice-presidente da cadeia de suprimentos, aprovou a oferta de USD50 mil a Zimba por cada um dos aviões vendidos, com margem para negociar até USD80 mil. Aprovou igualmente que se pagasse entre 2 a 2.5% do preço de venda das duas opções se a LAM exercesse a previsão opcional de comprar outros aviões. Segundo a documentação na posse do SAVANA, a 18 de Agosto de 2008, Fuchs escreveu que ofereceu os USD50 mil a Zimba, mas relatou, em seguida, para Patrice Candaten, que percebeu que o antigo director da Sasol não achou nada simpático o valor e estava “esperando uma comissão muito maior”. “....ao ouvir o valor, insinuou que o cliente (LAM) poderia adjudicar o contrato para outra empresa”, sublinhou Fuchs. José Viegas entra em cena No dia 25 de Agosto 2008, José Viegas, então Presidente do Conselho de Administração (PCA) da LAM (cessou em Abril de 2011 e foi substituído por Teodoro Waty), também é citado no negócio das aeronaves, que culminou com luvas de USD800 mil. À Stv, na noite desta quarta-feira, Viegas disse que não tinha nada a comentar, sob alega- ção de que “não se lembrava, porque passava muito tempo”. No entanto, ao que apurámos, Viegas é citado entre os seus amigos que “está limpo” e que tratou tudo dentro das regras. Mas segundo o documento brasileiro, Viegas telefonou para Fuchs. Em mensagem electrónica, enviada a 25 de Agosto de 2008, Fuchs narrou para Candaten a conversa que manteve com Viegas. Disse que Viegas “frisou que tinha recebido comentá- rios muito desagradáveis de algumas pessoas sobre a proposta da comissão da Embraer”. “José Viegas indicou que algumas pessoas receberam a proposta da Embraer como um insulto e, de certo modo, teria sido menos ofensivo não propor nada, mesmo que isso não fosse aceitável”, narrou Fuchs. Perante a reacção de Viegas, o director adjunto da Embraer para Europa perguntou ao então PCA da LAM o que ele esperava da Embraer, ao que José Viegas respondeu que, naquelas circunstâncias, um milhão de dólares seria simpático. Luiz Fuchs achou o valor alto, mas depois de negociar, José Viegas “finalmente sugeriu que poderíamos nos safar com USD800 mil” em duas tranches de USD 400 mil. Fuchs alertou a Viegas que Embraer não tinha orçamento para “esse valor de consultoria”. Viegas não se terá sentido incomodado com a posição de Fuchs e sugeriu que o valor podia ser tirado da margem de lucro sobre as duas opções de compra das aeronaves. “Perguntou (Viegas) se o preço da aeronave poderia ser elevado”, sublinhou Fuchs, acrescentando igualmente que Viegas disse que não se sentia à vontade para discutir aquele assunto por telefone. O contrato de compra das duas aeronaves E190 foi rubricado a 15 de Setembro de 2008 pelo preço unitá- rio de USD32.690, mais um sinal de USD312 mil por um terceiro avião. O documento que temos estado a fazer referência lembra que José Viegas foi um dos três executivos da LAM que assinou o contrato pela companhia de bandeira moçambicana. Os outros dois não são citados no documento.
José Viegas e Mateus Zimba pediram suborno de um milhão de dólares mas aceitaram 800 mil dólares pela compra de aviões para as LAM
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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 01 Dezembro 2016
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@VerdadeO antigo presidente do conselho de administração(PCA) das Linhas Aéreas de Moçambique(LAM), José Viegas, e o antigo director da Petrolífera Sasol em Moçambique e actual Executivo Regional da GE Oil & Gás, Mateus Zimba, pediram um milhão de dólares norte-americanos de comissão a Embraer para adjudicarem a compra de duas aeronaves a empresa brasileira. A fabricante de aeronaves comerciais aceitou pagar 800 mil dólares de suborno e a companhia aérea de bandeira moçambicana adjudicou o negócio de cerca de 70 milhões de dólares norte-americanos.
Os actos de corrupção activa constam de um “Termo de Compromisso e de Ajustamento de Conduta” onde a empresa Embraer admitiu ao Ministério Público Federal e a Comissão de Valores Mobiliários do seu País ter pago o suborno pela venda de duas aeronaves em 2008.
Segundo o documento, datado de 6 de Outubro do corrente ano, após cerca de 3 anos de esforços da empresa brasileira para vender aeronaves às LAM foi formalizada uma proposta para a venda de “dois aviões comerciais pelo preço unitário de 32 milhões de dólares norte-americanos com uma opção para a compra de mais dois aviões pelo mesmo preço”.
Todavia o director de vendas do segmento de aviação comercial da Embraer, Patrice Candaten, foi contactado por pelo cidadão moçambicano Mateus Lisboa gentil Zimba que lhe informou que actuaria como “consultor no negócio”, embora nunca antes tivesse participado nas negociações.
O executivo da Embraer reportou a abordagem aos seus superiores propondo que fosse criada “alguma margem para comissões” para Mateus Zimba nas propostas futuras de venda de aviões às LAM. A empresa brasileira acabou por aprovar o pagamento de 50 mil dólares norte-americanos, que poderiam chegar a 80 mil, por cada um dos dois primeiros aviões que seriam vendidos a transportadora estatal moçambicana. Ficou ainda decidido, por parte da Embraer, que “se pagasse 2 a 2,5% do preço da venda das duas opções se a LAM exercesse a previsão opcional de comprar outros aviões”.
Apresentada a proposta de suborno, 50 a 80 mil dólares por avião, Mateus Zimba “insinuou que o cliente(as LAM) poderia adjudicar o contrato para outra empresa”, reportou o vice presidente da Embraer Europe, Luiz Fuchs, a 18 de Agosto de 2008.
José Viegas “perguntou se o preço da aeronave poderia ser elevado”
Entretanto o PCA da Linhas Aéreas de Moçambique, José Viegas, telefonou para o vice presidente da Embraer Europe e afirmou que “algumas pessoas receberam a proposta(de suborno) da Embraer como um insulto e, de certo modo, teria sido menos ofensivo não propor nada, mesmo que isso não fosse uma solução aceitável”.
De acordo com o “Termo de Compromisso e de Ajustamento de Conduta” que estamos a citar o vice presidente da Embraer Europe questionou ao presidente do conselho de administração das LAM o que esperava da Embraer e José Viegas respondeu que “nas actuais circunstâncias, penso que em cerca de um milhão de dólares”.
Os dois executivos negociaram e o PCA das LAM “finalmente sugeriu que poderíamos nos safar com 800 mil dólares”, reportou Luiz Fuchs que disse ter referido a Viegas que a Embraer não tinha orçamento para pagar esse montante de suborno ao que o gestor da transportadora moçambicana sugeriu tira-lo da margem de lucro e ainda “perguntou se o preço da aeronave poderia ser elevado”.
A 15 de Setembro de 2008, “a Embraer e a LAM firmaram contrato de compra e venda de dois aviões E-190 pelo preço unitário de 32.690.000 dólares norte-americanos, mais um sinal de 312 mil dólares por um terceiro avião. José Viegas foi um dos três executivos da LAM que assinaram o contrato pela empresa”, pode-se ler no documento das autoridades brasileiras que estamos a citar.
Dívida da compra dos Embraer´s mantém-se no BCI
@VerdadeQuando a primeira aeronave de fabrico brasileiro chegou a Maputo o jornal Notícias reportou que cada um dos dois aviões comprados, através de uma operação financeira montada pelo Banco Comercial e Investimentos(BCI), teriam custado cerca de 35 milhões de dólares norte-americanos.
Passados sete meses da assinatura do contrato de compra com as Linhas Aéreas de Moçambique, e antes da entrega da primeira aeronave, a empresa brasileira celebrou um contrato de representação comercial com uma empresa constituída por Mateus Zimba, sediada em São Tomé e Príncipe, a Xihivela Consultoria e Serviços Lda, onde prometeu pagar 400 mil dólares norte-americanos por cada aeronave entregue a transportadora estatal moçambicana.
“A Embraer entregou duas aeronaves à LAM entre 30/07/2009 e 02/09/2009. Na sequência da entrega de cada aeronave, a empresa de Mateus Zimba apresentou duas faturas à Embrael, cada uma no valor de 400 mil dólares norte-americanos, a primeira com data de 15/08/2009, e a segunda com data de 24/09/2009”, indica o documento assinado pelo Ministério Público Federal, pela Comissão de Valores Mobiliários e pela Embraer que refere ainda que os pagamentos foram efectuados através de transferências bancárias de uma conta da empresa brasileira nos Estado Unidos da América para outra titulada por Zimba na Caixa Geral de Depósitos em Portugal.
O @Verdade tentou contactar os dois moçambicanos visados mas ambos não atenderam as nossas chamadas telefónicas nem retornaram até ao fecho desta edição.
José Ricardo Zuzarte Viegas deixou de ser PCA das LAM em 2011. Até a altura a empresa que é estatal, pois o maior accionista é o Estado moçambicano através do Instituto de Gestão das Participações do Estado(IGEPE), nunca apresentou publicamente nenhum Relatório e Contas como a lei prevê.
Todavia o jornal Savana reportou nesse ano até 31 de Dezembro de 2010 a transportadora aérea devia ao Banco Comercial e de Investimentos(BCI) 95 milhões de dólares norte-americanos. Recentemente o mesmo semanário veiculou que a dívida das Linhas Aéreas de Moçambique no referido banco ascendia a 73 milhões de dólares norte-americanos.Jornal @Verdade
1 de Dezembro de 2016 · 

http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35/60301



José Viegas e Mateus Zimba pediram suborno de um milhão de dólares mas aceitaram 800 mil dólares pela compra de aviões para as LAM
VERDADE.CO.MZ



Mussa Cassam Tenho muita pena dos moçambicanos isto só demonstra uma parte dos roubos nos cofres do estado, nem quero imaginar os roubos nas altas esferas do governo de Guebusa e do Niuse e co!panhia
Gosto · Responder · 3 · 1 de Dezembro de 2016 às 13:28

1 resposta



Francelino Orlando Ringe Eu estou a entender de maneira diferente, estes senhores não roubaram nada apenas pediram comissão no negócio só e quem não faz isso? Se vos pedir que me arrajem Cliente para o meu celular vocês não vão adicionar alguns centavos no meu preço? É normal isso, diferentemente do estúpido do ex-presidente nosso que está bem claro que roubou,prontos falei
Gosto · Responder · 1 · 1 de Dezembro de 2016 às 15:15


Siamini Adelino Falou tudo e bem certinho
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 16:33


Ruy Sochanghane Ka Ferreira pois meu caro. falou certinho
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 19:28


Ilidio Dos Anjos Amigo eles roubaram sim, porque os aviões eram adquiridos por uma empresa só estado, tal empresa era dirigida por quem pediu a comissão e isso chama-se ABUSO DO PODER, de certo que você não gosta de ir ao hospital para ser atendido porque esta doente e a pessoa que você paga salário a partir dos impostos ainda te exija subornos para te atender e se não tiveres ele/a te atender mal e correr o risco de perder a vida só porque não tiveste dinheiro de suborno. LAM não é empresa privada é sim do estado e o dinheiro que compra os aviões é seu, é meu e é de todos nós que pagamos impostos.
Gosto · Responder · 2 · 1 de Dezembro de 2016 às 20:16


Ilidio Dos Anjos O acréscimo de 1000000 de dólares de suborno implicou mais dinheiro retirado dos cofres do estado, esse dinheiro não é da companhia Embraer, é nosso dinheiro mano.
Gosto · Responder · 1 · 1 de Dezembro de 2016 às 20:19


Heras Heras Heras Quanta inocência mano, esse dinheiro acrescido é nosso
Gosto · Responder · 1 · 2 de Dezembro de 2016 às 15:14


Josué Tambara Pensar custa
Gosto · Responder · 2 de Dezembro de 2016 às 15:22


Escreve uma resposta...





Ilidio Dos Anjos Vamos executar esses gajos, começando pelos avalizadores dos empréstimos para MAM, Proindicus e EMATUM. Todos devem ir mais cedo a cova pah.
Gosto · Responder · 3 · 1 de Dezembro de 2016 às 20:26


Novais Jose Angolano Angolano Osuor do povo de moz. Este tako...meu deus libertem- nos desses mal criados ladrões e inimigos do povo.
Gosto · Responder · 1 · 1 de Dezembro de 2016 às 16:23


Gil Lino Lino Ja fomos entregue a nossa propria sorte, ja estamos acomer o pao k odiabo amassou, ate parece uma comedia pa
Gosto · Responder · 2 de Dezembro de 2016 às 0:48


Noberdino Da Luana Efigénia Quero esse dinheiro de volta!
Gosto · Responder · 2 · 1 de Dezembro de 2016 às 12:06


Paulo Alberto Tomás Moçambique, o país da impunidade e rombos!

#PaísDoPANDZA
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 12:54


Imamo Abdull Estamos mal
Gosto · Responder · 2 de Dezembro de 2016 às 11:24


Edson Calisto Xerinda Essa gente cavou este país por baixo, assim estamos a desabar aos poucos.
Gosto · Responder · 1 · 1 de Dezembro de 2016 às 17:26

2 respostas



Sandu Clifton Nojento
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 13:43


Chande Cossa Todos ladrões cada qual rouba do seu jeito
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 18:39


Jorge Tovela Prendam esses criminosos
Gosto · Responder · 1 · 1 de Dezembro de 2016 às 12:26


Pedro da Silva Cadeia é pouco p o regime da FRELAMO. Execution is better.
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 13:47


Victor Rego Ja deviam xtar na cadeia
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 14:37


José António Albino PGR Tem Trabalho Aqui
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 14:53


Vam Luis Albano Esses estão a nos vender aos poucos meus brothers.
Gosto · Responder · 1 de Dezembro de 2016 às 13:38


Ruy Sochanghane Ka Ferreira Exmos Senhores do jornal, confesso de que gosto da vossa linha editorial, alias nao é a 1ra vez que o digo, mas gostaria que pusessem os pingos nos i's E apenas analisando os termos/vocabulos e os referidos contextos: Comissao é o mesmo que Suborno? Mais nao digo sob pena de ser mal compreendido..
Andre Berns ·
Segue o dinheiro! Os nossos ditos empresarios de successo, hmm...
Jamal Albano Cipriano Cipriano ·
Agora está na moda, para ser empresário deve roubar,kkkkkkkkk.
Dino Nhantumbo
E o que farao os nossos dirigentes de combate a corrupcao?
Antonio Lourenço ·
Muito esta dito!!! "a origem do queijo dos nossos concidadaos um gajo a matutar a brain"
Manuel Cardoso ·
Trabalha na empresa Estudante RS
As manobras vão se revelando. Assim se vai percebendo porque existe essa maldita crise que muito aflige a todos. Esperamos que as autoridades competentes se pronunciem, pois o povo merece e tem direito a tal
Jorge Trabulo Marques ·
Os atos de corrupção devem ser divulgados, seja onde for e doa quem doer - Fizeram muito bem em dar esta informação - Louvo a vossa coragem.No entanto, como reconhecerão, a vossa notícia é baseada em elementos que eu divulguei no meu site, no passado dia 8 de Novembro e que vos enviei por e-mail, os quais me fizeram perder várias horas de pesquisa, pelo que manda a elementar ética que se citem as fontes e não tiveram a gentileza de o fazer
http://www.odisseiasnosmares.com/.../altos-corruptos...
Henrique Jeremias ·
Exigimos a responsabilização imediata desses corruptos. Xihivela-Roube-o poxaaaa

Armenio Felix ·
kuando ha congresso do partido, aparecem com faces de santos e servidores publicos. com cancoes, palmas e exaltacoes de seus dirigentes. no final das contas.......

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