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Frelimo/Guebuza descarrila processo de paz
Filha de Mulémbwè condenada nos EUA
Acusada de “escravatura moderna”
Naíta Ussene
200,00MT
300,00MT
30,00MT
40,00MT
60,00MT
ALTERACÇÃO DE PRÉMIOS E PREÇOS DAS LOTARIAS A PARTIR DA 27ª EXTRACÇÃO
PRIMEIRO PRÉMIO
PREÇO PÚBLICO
BILHETE FRACÇÃO
NORMAL 2.000.000,00MT
ESPECIAL 2.500.000,00MT
SUPER TALUDA 4.000.000,00MT
150,00MT
Pág. 4
Págs. 2 e 3
TEMA DA SEMANA 2 Savana 29-06-2018 TEMA DA SEMANA
E
stá escaldante o clima político
em Moçambique, aquecido
com a recusa/chantagem
da bancada parlamentar da
Frelimo em viabilizar a realização
da sessão extraordinária da Assembleia
da República (AR), cujo
único tema era discutir e aprovar
as três leis eleitorais para conformá-las
com a revisão pontual da
Constituição, aprovada por consenso
na chamada casa do Povo. As
três propostas de lei foram submetidas
ao Parlamento pelo Conselho
de Ministros e a III sessão extraordinária,
com praticamente todos
os deputados movimentados para
Maputo, foi convocada pela Presidente
da AR, Verónica Macamo.
Esta quinta-feira, o habitual comunicado
das reuniões da CP (Comissão
Política) da Frelimo ignora
por completo o inacabado processo
de descentralização. O actual
clima lembra o boicote aberto da
CP em 2015, quando o presidente
Nyusi iniciou o seu diálogo político
com o líder da Renamo.
Na semana passada, a Frelimo,
através da sua poderosa chefe da
bancada, Margarida Talapa, uma
das reservas do guebuzismo no
Parlamento, condicionou a aprovação
das três leis aos “sinais de
desarmamento” da Renamo, uma
atitude que o maior partido da
oposição classificou de “chantagem”,
também através da sua chefe
da bancada, Ivone Soares.
À luz dos consensos alcançados no
âmbito do diálogo entre o Presidente
Filipe Nyusi e o malogrado
líder da Renamo, Afonso Dhlakama,
o parlamento aprovou, em
finais de Maio, a proposta de revisão
pontual da Constituição da
República que estabelece um novo
regime jurídico de eleição do presidente
do Conselho Municipal,
Governador provincial (a partir de
2019) e Administrador Distrital (a
partir de 2024).
Esta revisão pontual da CRM estabelece
um novo modelo de eleição
dos titulares daqueles órgãos,
no qual o cabeça de lista, do partido
político, coligação de partido
ou grupo de cidadãos eleitores que
obtiver a maioria dos votos passa a
dirigir o município.
É importante lembrar que um dos
ganhos de Filipe Nyusi em todo
o processo de descentralização/
desmilitarização, visto como um
símbolo de tolerância e “espírito de
abertura”, foi o diálogo directo com
Afonso Dhlakama, nas montanhas
da Gorongosa, através de conversas
por telefone.
Porém, ao ir à Gorongosa para avistar-se
com Dhlakama, num diálogo
a dois, Nyusi expôs-se a pressões,
sobretudo ataques internos, em que
os principais agentes de pressão
foram elementos ligados ao G-40,
um grupo de choque criado na administração
Guebuza.
Contudo, embora haja uma grande
envolvente de apoio a Nyusi em
relação ao diálogo com a nova liderança
da Renamo (Ossufo Momade),
o SAVANA apurou que a
iniciativa da bancada da Frelimo de
bloquear o processo no Parlamento
foi feita à revelia do Presidente do
partido, que estava em presidência
aberta pela província da Zambézia
na qualidade de Presidente da República.
“É o mesmo grupo (guebuzismo)
que está de volta e que sempre nutriu
um sentimento de reprovação
em relação ao modelo de diálogo
com a Renamo criado por Nyusi,
que é visto como estando a dar
muitas concessões à Renamo. O
Presidente está desolado, mas teve
de se posicionar do lado da sua
bancada no discurso que fez na
Praça dos Heróis (dia 25 de Junho)
para não dar a entender que há dissonâncias
e dois centros de poder”,
frisou uma importante figura da
Frelimo. Até há uma semana Nyusi
insistia que não podia ser resolvida
a questão militar sem o desarmamento
da Renamo. Porém, em nenhum
momento fez a ligação entre
o processo de descentralização e o
desarmamento da Renamo.
O “lobby das dívidas ocultas” ligado
ao guebuzismo relaciona a solução
negociada da paz a uma melhoria
da posição negocial de Nyusi com
a comunidade doadora e o FMI. A
solução do problema com a Renamo
poderia, na sua óptica, “fazer
esquecer” o dossier dos dois mil
milhões de dólares e a eventual
incriminação do antigo presidente
Armando Guebuza e dos seus colaboradores
próximos. Porém, não é
líquido que o grupo tenha garantias
plenas da actual presidência, aparecendo
a chantagem política como
uma forma de recordar a sua força
nas hostes da Frelimo.
Depois de ter sido publicada em
Boletim da República a revisão
pontual da constituição, fruto do
entendimento Frelimo-Renamo, a
sessão extraordinária complementava
o pacote legal com a aprovação
de várias leis ordinárias. Para o efeito,
a Comissão Permanente da AR
convocou, para os dias 21 e 22 do
mês em curso, a realização da sessão
extraordinária. As leis a serem
submetidas à sessão extraordinária
“foram mexidas” na I Comissão do
parlamento presidida por Edson
Macuácua, um fervoroso apoiante
de Guebuza e mentor do G-40.
Não obstante, quando todas as condições
estavam criadas, com os deputados
já na capital, depois de pagas
as passagens aéreas, subsídios,
entre outros custos e a 24 horas do
arranque da sessão, em orquestrado
golpe de teatro, o Primeiro vice-
-presidente da AR, António José
Amélia, anuncia o adiamento da
mesma, alegando questões organizativas.
Dois comandos na Frelimo?
Na verdade, o problema foi criado
pela bancada parlamentar da Frelimo
que, segundo soubemos, à revelia
do seu presidente, disse que não
fazia sentido mexer-se no pacote
eleitoral sem avanços no processo
de desmobilização, desarmamento
e reintegração (DDR).
Para Margarida Talapa, o seu partido
fez muitas cedências no processo
de descentralização e espera
que a desmilitarização sirva como
moeda de troca. Mas o SAVANA
soube e Ivone Soares confirmou,
para a bancada da Frelimo aprovar
a revisão pontual da Constituição
foi na base de uma “chantagem”
para que a Renamo votasse do lado
do partido governamental na questão
de Provedor de Justiça.
Talapa argumenta que não se pode
ir ao processo eleitoral com a Renamo
armada, de modo que seja um
processo livre, justo e transparente.
Este entendimento não é partilhado
pela Renamo que lembra que as
questões militares são tratadas pelas
lideranças e não no Parlamento.
Para Ivone Sores, não é possível
uma desmilitarização em pouco
tempo para que a revisão da legislação
possa avançar a nível da AR.
Os três instrumentos jurídicos em
causa são a proposta de lei 2/97 de
18 de Fevereiro, que estabelece o
quadro jurídico para a implantação
das autarquias locais, a proposta
de alteração da lei 7/97, de 31 de
Maio, que estabelece o regime de
tutela administrativa do Estado
a que estão sujeitas autarquias locais
e a proposta de revisão da Lei
7/2013, de 22 de Fevereiro, alterada
e republicada pela Lei 10/2014, de
23 de Abril, relativo à eleição dos
titulares dos órgãos das autarquias
locais, todas submetidas pelo Conselho
de Ministros ao Parlamento.
Eleições em risco
Contudo, os problemas com a realização,
semana finda, da III sessão
extraordinária da AR podem levar
ao adiamento das eleições autárquicas
marcadas para 10 de Outubro
próximo nas 53 autarquias do
país.
Para o professor de ciência política,
João Pereira, trata-se de um jogo
político, no qual, tal como a Renamo
tem recorrido à força das armas
como instrumento de pressão, a
Frelimo usa vias formais, neste caso
a AR, para desgastar a sua contraparte,
o que pode resultar em implicações
para o coordenador interino
da Renamo, Ossufo Momade.
O académico Eduardo Sitoe, próximo
da Frelimo, diz tratar-se de
manobras dilatórias de ambas as
partes que não estão a conseguir
operacionalizar o novo modelo de
eleição dos presidentes dos Conselhos
Municipais.
Uma fonte bem colocada na Comissão
Nacional de Eleições
(CNE) afiançou ao SAVANA que,
caso persista o adiamento da sessão
nos próximos 15 dias, o seu órgão
pode ser obrigado a submeter uma
proposta ao Conselho de Ministros
para remarcar uma nova data para a
realização do pleito.
“Seria praticamente impossível
realizar eleições a 10 de Outubro”,
rematou. Advertiu que quanto mais
tempo passar sem a aprovação dos
referidos instrumentos legais pela
AR, o processo eleitoral ficará
comprometido com sérios riscos de
passar para o próximo ano.
Recentemente, a CNE fez uma
adenda ao calendário eleitoral, alterando
as datas de inscrição dos
partidos que pretendem concorrer
nas eleições autárquicas que, inicialmente,
tinha de ser de 01 a 15
de Junho, passando para 15 até 29
Junho corrente.
Esta situação levou também à alteração
das datas de submissão das
listas dos candidatos para membros
das assembleias municipais, que
passou de 5 a 27 de Julho. No entanto,
o avanço deste processo está
refém da aprovação da Proposta
de Revisão da Lei que estabelece
o quadro jurídico para implementação
das Autarquias Locais e da
Proposta de Lei relativa à eleição
dos titulares dos órgãos das Autarquias
Locais.
“Deus não foi muito bom
connosco”
Para o docente universitário
João Pereira, a morte de Afonso
Dhlakama baralhou todo o processo.
“Deus foi menos bom para connosco.
Deveria ter deixado Dhlakama
vivo por mais 5 ou 6 anos para
resolver este problema, dado que
já havia um nível de confiança
entre ele e Nyusi”, disse.
Por Argunaldo Nhampossa
Margarida Talapa e Filipe Nyusi
-Guebuzismo ainda está vivo e dá cartas
-Eleições em risco
-CP da Frelimo ignora processo de descentralização
Ivone Soares
TEMA DA SEMANA Savana 29-06-2018 3
Para João Pereira, não restam dúvidas
que o processo seria complexo
ou controverso, porque se não foi
possível fazer o enquadramento dos
homens da Renamo em 10 ou 15
anos, não pode ser em dois ou em
três meses.
Pereira diz não saber se houve ou
não ilusão nas pessoas que estavam
a negociar o processo, porque
durante muito tempo, Dhlakama
clarificou que não havia nenhuma
relação entre o desarmamento e a
descentralização.
A Frelimo, prosseguiu, deve assumir
a responsabilidade deste
processo porque grande parte dos
homens da Renamo que estão nas
matas estavam enquadrados no
Ministério da Defesa, porém tempos
depois foram excluídos.
Mas, Pereira também questiona a
capacidade de absorção dos efectivos
da Renamo durante o enquadramento
e reintegração numa
altura de crise, pois ninguém sabe
quantos homens estão nas matas e
se as suas idades ainda permitem
integração na função pública ou
não. O SAVANA sabe que o efectivo
da Renamo é um misto de antigos
combatentes e jovens recrutas
treinados na Gorongosa a partir de
2013.
Pereira alerta que o grau de confiança
entre as partes é baixo quer
da Renamo para com as Forças de
Defesa e Segurança e vice-versa.
Pereira, que é também director executivo
da Fundação Masc, diz que
o adiamento da sessão faz parte do
jogo político.
“Da mesma forma que a Renamo
usa as armas como instrumento de
pressão para fazer exigências, a Frelimo
tem o parlamento para obter
ganhos políticos”.
Considera que esta pode ser uma
estratégia da Frelimo de desgastar
a sua contraparte o que pode criar
implicações ao novo coordenador
interino Ossufo Momade.
Explica que, durante muito tempo,
Dhlakama pressionou a eleições
dos governadores, tendo a Frelimo
cedido e agora pode se questionar
os motivos que levam a Renamo a
não ceder no processo da desmilitarização.
“Fazendo (a Frelimo) esta campanha
toda, é uma maneira de tirar o
apoio social que a Renamo tem na
zona centro e norte do país, mostrando
que a Frelimo nas condições
impostas pela Renamo, fazer
a descentralização e, contrapartida,
a Renamo não faz nada da desmilitarização”,
frisou, para de seguida
questionar o porquê da própria
Frelimo ter aceite a marcação da
sessão enquanto não havia consensos
entre as partes. Classificou
isto como “doloroso” tomando em
consideração que as sessões da AR
são bastante onerosas, numa altura
em que o país regista limitações financeiras.
Porém, Pereira descarta estarmos
em presença de uma estratégia da
Frelimo para adiar as eleições, ganhar
tempo ou procura de legitimidade,
visto que a Frelimo regista
níveis de impopularidade já mais
vista.
Argumenta que a Frelimo é uma
máquina eleitoral e tem uma estrutura
que quando chegam estes
períodos, todas as diferenças
e clivagens internas desaparecem,
pontificando a união, porque são
conhecidas as consequências da
perca do poder.
Diz ser normal que a bancada da
Frelimo tenha adiado a sessão sem
consultar o presidente, por se tratar
de um partido que não é homogéneo
e o presidente deve ser um gestor
dessas diferenças. O SAVANA
apurou que o boicote da Frelimo
caiu como um “balde de água fria”
na comunidade diplomática envolvida
no processo.
&3LQÁXHQFLRX
O docente universitário Eduardo
Sitoe também defende que a morte
de Dhlakama ocasionou mudanças
importantes na dinâmica das negociações
entre o governo e a Renamo.
Segundo ele, provavelmente a
Renamo ainda não encontrou uma
coesão perfeita entre a ala militar e
a civil que está na AR. Deste modo,
de desconfiança lado a lado.
Entende que a decisão da bancada
da Frelimo de adiar a sessão extraordinária
da AR foi influenciada
pela CP, alegando falta de clareza
da ala militar da Renamo que não
apresentou garantias efectivas de
que os compromissos assumidos
entre as lideranças iriam ocorrer
nos moldes acordados.
“Não é a imperiosidade que os processo
andem lado a lado, mas sim o
nível de confiança dos actores políticos
dentre si porque no contexto
em que DHL estava a negociar
com PR e tomando em conta a autoridade
que tinha perante os seus
homens e perante a ala civil, Nyusi
não tinha reserva que a palavra de
DHL era suficiente para avançar
com o processo. Agora Nyusi não
pode embarcar no processo sem
que haja uma liderança clara por
parte da Renamo. Não tendo essa
certeza Nyusi não pode enfrentar a
CP apontando que tem de avançar
nesses moldes”, frisou. A nova Comissão
Política da Frelimo, saída
do Congresso de 2017, continua a
ser uma “solução de compromisso”
de várias alas, não sendo um órgão
de confiança total do presidente do
Partido. Um comunicado da CP
emitido esta quinta-feira enfatiza,
por duas vezes, a ligação entre
desarmamento e desmilitarização,
ignorando por completo o trabalho
desenvolvido na AR em prol da
descentralização.
Sitoe recorda que havia cordialidade
e simpatia entre Nyusi e
Dhlakama e agora já não é o mesmo
ambiente, em parte porque o
novo dirigente interino da Renamo
tenta agir dessa maneira para
ganhar simpatia interna, quer se
legitimar internamente diante dos
seus militares, tem de aparecer
como um homem duro.
O director executivo do Centro
de Estudos de Democracia e Desenvolvimento
(CEDE) diz não
acreditar que este impasse beneficie
os dois partidos, porque quer
a Frelimo como a Renamo estão a
ter sérias dificuldades para operacionalizar
o novo modelo eleitoral.
É que, segundo Sitoe, aquele foi
um modelo de consensos, o mais
possível alcançado, mas a questão
de procurar por um cabeça de lista
aceitável para o partido e que seja
figura de respeitado mérito está a
mostrar-se extremamente difícil.
T
entando mostrar alinhamento
com a sua bancada
parlamentar, o presidente
da República, Filipe Nyusi
manifestou, esta segunda-feira,
no quadro das celebrações dos
43 anos da independência nacional,
disponibilidade de continuar
com as negociações com a
Renamo dando seguimento aos
consensos alcançados. Sublinhou
que o desarmamento, desmobilização
e reintegração dos efectivos
da Renamo constituem a
condição sine qua non para um
país democrático estável, pacifico
e não há alternativa a esse processo
porque deve começar já.
Sublinhou que com Dhlakama,
em vida, haviam identificado as
linhas de acção, a calendarização
do cronograma de implementação
e o preenchimento da conivente
orgânica relativa dos processo
de desarmamento.
Nyusi disse compreender que a
nova liderança da Renamo possa
necessitar de algum tempo para
se contextualizar sobre os passos
dados anteriormente no diálogo
do Dhlakama e, por isso, apela a
uma maior serenidade para que
com maior urgência haja desfecho
do dossier da paz e a reconciliação
entre os moçambicanos.
“Nós reiteramos o nosso inabalável
empenho para a par dos
avanços do processo de descentralização
prosseguir com o
diálogo para que as eleições de
Outubro próximo ocorram num
ambiente de paz e que com os
nossos irmãos, agora nas bases
da Renamo desarmados e com
a reintegração na sociedade em
progresso conforme acordado
em Namadjiua, em Gorongosa
no ultimo encontro”, assinalou.
Condição sine qua non
diz que isto significa que a ala militar
da Renamo não está totalmente
segura de que o pacote da desmobilização
vai avançar nos moldes em
que Nyusi e Dhlakama negociaram.
Segundo Sitoe, por outro lado, está
a Comissão Política (CP) da Frelimo
que também não tem certeza
de que, se a sua bancada do Parlamento
avançar com o processo da
descentralização, a ala militar da
Renamo vai ou não colocar outras
exigências além das já acordadas.
Estamos, de acordo com Sitoe,
um antigo estudante em Cuba,
numa situação em que a retirada de
Dhlakama de cena alterou a lógica
negocial e introduziu o elemento
Eduardo Sitoe
João Pereira
Bancada da Frelimo exige desmilitarização das tropas da Renamo antes de Outubro
TEMA DA SEMANA 4 Savana 29-06-2018
N
élia Angelina Mulémbwè,
filha do antigo presidente
da Assembleia da República
de Moçambique
e influente membro da Frelimo
Eduardo Mulémbwè, foi condenada
a seis meses de prisão por
prática de “escravatura moderna”,
refere um comunicado da Procuradoria
Distrital do Texas Oriental,
nos EUA.
O comunicado refere que Nélia
Angelina Mulémbwè foi sentenciada
no dia 20 de Junho, pela juíza
Márcia Crone.
A ré, 37 anos e residente em Dallas,
EUA, declarou-se, perante o tribunal,
a 20 de Fevereiro do ano em
curso, culpada pelos crimes de fraude
e uso ilegal de vistos e outros documentos.
A nota de imprensa adianta que,
de acordo com informações apresentadas
em tribunal, as forças da
lei e ordem norte-americanas receberam
denúncias de que Nélia
Angelina Mulémbwè mantinha
“cativa” no seu apartamento uma
cidadã moçambicana. Ao que o
SAVANA apurou junto de fontes
familiares, a queixa foi feira pelo
namorado, um norte-americano,
que terá ficado contrariado com as
humilhações infligidas por Nélia
Mulémbwè à cidadã moçambicana.
Antes de partir para os Estados
Unidos, a empregada doméstica, de
16 anos de idade, vivia no bairro
Luís Cabral, arredores da cidade de
Maputo.
Uma investigação das autoridades
norte-americanas apurou que a
vítima era empregada doméstica e
ama dos dois filhos de Nélia Angelina
Mulémbwè em Moçambique.
Em 2015, a acusada requereu um
visto para a vítima, declarando que
a mesma era estudante e que iria ficar
nos EUA um mês.
Nos EUA, a vítima dormia num
colchão no quarto dos filhos de
Nélia Angelina Mulémbwè e trabalhava
sem horários, até ser resgatada
por agentes federais em Junho
de 2017.
Ao longo deste período, a vítima
não recebeu nenhum pagamento
em troca, mas a sua família auferia
em Moçambique o equivalente a
70 dólares.
Nélia Angelina Mulémbwè foi
condenada ainda ao pagamento de
108. 699.25 dólares à vítima pelo
tempo em que esta trabalhou sem
receber.
Escravatura moderna
“Tráfico de mão-de-obra é escravatura
dos tempos modernos”, declarou
o procurador do caso.
O procurador prosseguiu dizendo
que “os casos envolvendo tráfico
para o comércio sexual parecem
chamar mais atenção, mas casos
em que as pessoas são obrigadas a
trabalhar a troco de nada estão a
tornar-se mais comuns”.
Estas situações, continuou, são a
negação de direitos humanos básicos
e as vítimas são particularmente
pessoas vulneráveis.
“As autoridades judiciais vão continuar
a investigar e levar à justiça
estes casos e esperamos que qualquer
pessoa que tome conhecimento
destas situações as denuncie”,
declarou o representante do Estado
no caso.
O caso de Nélia Angelina Mulémbwè
foi investigado pelo Gabinete
do Inspector-Geral do Departamento
do Trabalho, Departamento
do Estado dos Serviços de Segurança
Diplomática (DSS) e pelo
FBI (Federal Bureau of Investigation).
Filha de Mulémbwè condenada
à prisão nos EUA
Nélia Mulembwé condenada a seis de prisão por escravatura nos EUA
TEMA DA SEMANA Savana 29-06-2018 5
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6 Savana 29-06-2018 DIVULGAÇÃO SOCIEDADE
A liga dos Moçambicana dos Escuteiros acaba
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Liga dos Escuteiros de Moçambique
recebe apoio do Casino Polana
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SOCIEDADE Savana 29-06-2018 7
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8 Savana 29-06-2018 PUBLICIDADE SOCIEDADE
O
Estado moçambicano deve
29 biliões de meticais a fornecedores
e esse encargo
não está contabilizado na
dívida pública apurada pelo Banco
de Moçambique, disse esta segunda-feira
o ministro da Economia e
Finanças, Adriano Maleiane.
Presente na Praça dos Heróis, para
o acto solene de celebração do Dia
da Independência Nacional, Adriano
Maleiane foi confrontado pelos
jornalistas com a declaração na
semana passada do governador do
Banco de Moçambique, de que a
dívida interna divulgada não correspondia
à totalidade dos encargos
do Estado para com os credores internos.
O titular do pelouro da Economia e
Finanças admitiu que são 29 biliões
de meticais que o Estado tem a pagar
a 334 empresas, incluindo pequenas
e médias, pelo fornecimento
de bens e prestação de serviços.
Depois de um levantamento das
dívidas, prosseguiu Adriano Maleiane,
segue-se o processo negocial
visando a liquidação dos encargos.
Anotou que 1.7 biliões de meticais
foram inscritos no Orçamento do
Estado de 2018 para o pagamento
de dívidas a fornecedores que esperam
receber o seu dinheiro há mais
de 10 anos.
“Ao pagarmos as dívidas, as empresas
vão ter liquidez para funcionar
e para manter o emprego e a economia
voltará
a erguer-se”,
d e c l a r o u
A d r i a n o
Maleiane.
Mal
e i a n e
defendeu
que
o cumprimento
de obrigações
é essencial
para
q u e
o
Estado recupere a sua credibilidade
junto dos credores.
“Esta é a melhor forma de regularizar
o passado de modo a garantir
que o Estado seja um bom cliente,
seja aquele que impulsione a produção
e para que o fornecedor e empresário
nacional olhem para o Estado
como um cliente que se possa
confiar”, afirmou.
O ministro da Economia e Finanças
acrescentou que as dívidas correspondem
ao período entre 2007
e 2017 e estão a ser validadas pela
Inspecção Geral de Finanças.
Sobre a independência nacional, o
ministro da Economia e Finanças
declarou que o desafio que o país
enfrenta agora é a conquista da independência
económica.
Adriano Maleiane recordou que até
recentemente as despesas do Estado
eram suportadas na totalidade
pela ajuda externa, mas a criação de
capacidade de arrecadação de receitas
internas têm vindo a alterar
o cenário.
Na semana passada, o governador
do Banco de Moçambique manifestou
preocupação com o crescente
nível de endividamento público interno,
que já está nos 105 mil milhões.
Zandamela apontou os bilhetes
de tesouros e os adiantamentos do
Banco de Moçambique ao Governo
como causa do aumento da dívida
interna.
SOCIEDADE
Estado deve 29 biliões de meticais aos fornecedores
Por Argunaldo Nhampossa
O
Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José
Pacheco, desloca-se a Nouakhcott, República Islâmica da
Mauritânia, para participar na sessão ordinária da Conferência
dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana
(UA), nos dias 01 e 02 de Julho próximo, em representação do
Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi.
Na cimeira, que se realiza sob o lema “Vencer a Luta Contra a Corrupção:
Uma Via Sustentável para a Transformação de África” e
coincide com o 15º aniversário da adopção da Convenção da UA
sobre a Prevenção e Combate à Corrupção (AUPCC), os Chefes de
Estado e de Governo vão eleger quatro Juízes do Tribunal Africano
dos Direitos Humanos e dos Povos; cinco membros da Comissão
da União Africana do Direito Internacional; quatro Membros
do Comité Africano de Peritos sobre os Direitos e o Bem-estar da
Criança e nomear o Vice-Presidente do Conselho da Universidade
Pan-africana (PAU).
Os governantes irão também analisar a reforma Institucional da organização
e os relatórios do Presidente da Comissão da UA sobre a
questão do Sahara Ocidental, sobre a adopção da Zona do Comércio
Livre Continental Africana e sobre a situação relativa a paz e segurança
no continente.
A participação de Moçambique nesta reunião tem como objectivos
promover e defender os interesses nacionais no âmbito da cooperação
e Integração Continental; participar no debate sobre a boa governação
no continente com enfoque para o tema do ano; estabelecer
contactos bilaterais de modo a alavancar interesses comuns; avaliar
o impacto da implementação e execução dos projectos e programas
continentais; e acompanhar o desenvolvimento dos principais aspectos
políticos, económicos e sociais que assolam o continente.
O ministro Pacheco será acompanhado pelo ministro da Justiça
Assuntos Constitucionais e Religiosos, Joaquim Veríssimo e pelo
Vice-Ministro do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Oswaldo
Petersburgo. (Redacção)
Conferência da União Africana
Pacheco representa Nyusi
a voltará
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Adriano Maleiane
PUBLICIDADE Savana 29-06-2018 9
INTERNACIONAL 10 Savana 29-06-2018 T
odos os 23 candidatos
presidenciais às eleições
gerais previstas para o dia
30 de Julho no Zimbabwe
assinaram, na última terça-feira,
um pacto que compromete os
seus partidos a aderir a conjunto
de princípios que garantam uma
campanha livre de violência.
É a primeira vez na história eleitoral
do Zimbabwe que líderes
políticos assumem tal compromisso,
fazendo valer promessas
feitas pelo Presidente Emmerson
Mnangagwa de que as eleições
serão livres, justas e pacíficas.
A assinatura do pacto foi promovida
pela Comissão Nacional para
a Paz e Reconciliação (NPRC),
dirigida pelo Juiz ( Jubilado) Selo
Nare.
Falando na ocasião, Nare disse
que era responsabilidade de todos
os zimbabueanos trabalharem em
conjunto em prol do desenvolvimento
do país.
Este dia, acrescentou Nare, “marca
um passo importante na nossa
nação, uma vez que todos nós
juntamo-nos para colaborar nos
nossos esforços de contribuir para
uma paz e desenvolvimento sustentáveis”.
Acrescentou que “eleições pacíficas
são um ingrediente chave para
uma paz e desenvolvimento duradouros,
e a NPRC tem um papel
importante a desempenhar para
o alcance deste objectivo. Vamos
trabalhar juntos para a coesão social
e construção da nação. É nossa
responsabilidade como zimbabueanos
criar um compacto social
para o futuro”.
O Secretário-Geral da Zanu-
-PF, Obert Mpofu, que assinou
o documento em representação
do Presidente Mnangagwa, disse:
“Na minha capacidade como
Ministro do Interior, assumo que
o governo tudo fará para garantir
que as próximas eleições tenham
lugar num ambiente de paz, despidas
de qualquer vitimização,
molestamento e intimidação,
permitindo que todos os cidadãos
manifestem livremente a sua vontade.
Abrimos o espaço político.
Continuamos a receber observadores
de todo o mundo”.
Welshman Ncube, do MDC, disse
que a responsabilidade principal
de garantir a paz no país está
nas mãos do governo.
“Hoje é um dia aberto para o
nosso processo político. O dia
em que todos testemunhamos o
nosso compromisso para eleições
pacíficas, sem violência, livres e
justas”, disse Ncube.
Violet Mariyacha, líder do Movimento
Democrático Unido
(UDM), disse que “as mulheres
são fazedoras da paz, e estou satisfeita
por estar aqui hoje para
prestar este juramento de paz
como uma mãe. Não se poder alcançar
a paz através da violência”.
Falando em representação da
principal formação do MDC em
aliança com um grupo de outros
partidos, Morgan Komichi disse
que “a ideia da paz foi sempre o
objectivo da nossa nos últimos 20
anos”.
Acrescentou que o governo deve
respeitar os apelos do seu partido,
que incluem a retirada de militares
posicionados nas zonas rurais,
se as eleições tiverem de ser realizadas
num ambiente de paz.
Sublinhou ainda que a transparência
no que diz respeito a
assuntos relacionados com os
cadernos eleitorais e a impressão
dos boletins de voto é essencial
para evitar eleições contestadas.
Obert Gutu, em representação
de uma facção do MDC liderada
por Thokozani Khupe, disse
não haver necessidade “de nos
comportarmos violentamente uns
contra os outros. Afinal somos
todos um único povo”.
O pacto foi assinado apenas três
dias depois da explosão de uma
granada de mão num comício do
Presidente Mnangagwa realizado
no sábado em Bulawayo, a segunda
maior cidade do país, do qual
resultaram duas mortes e mais de
40 feridos.
De entre os feridos contam-se o
vice-Presidente, Kembo Mohadi,
e a Ministra do Meio Ambiente,
Oppah Muchinguri.
Dois dos feridos, em situação
grave, foram evacuados esta terça-feira
para tratamentos especializados
em Harare.
Zimbabwe
Candidatos assumem
compromisso para uma
campanha sem violência
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Localizado na Av. Lurdes Mutola, Magoanine
Perto da Paragem Fim do Muro
Contactos: 82 8815880/84 0651802
PUBLICIDADE Savana 29-06-2018 11
O Banco de Moçambique (BM) informa aos interessados e ao público em geral que as XI Jornadas Científicas da instituição terão lugar no dia 14 de
Junho de 2019, no seu Centro Cultural (CBM), sito na cidade da Matola, tendo como tema central “Fundos Soberanos em Moçambique:
Oportunidades e Desafios.”
Moçambique poderá tornar-se num dos maiores exportadores de gás natural, com a perspectiva de início de exploração deste recurso nos próximos
anos. Se por um lado tal exploração traz inúmeras oportunidades para o desenvolvimento do país, por outro encerra seus desafios. Parte desses
desafios, do ponto vista macroeconómico, são relativos à (i) maximização dos ganhos decorrentes da exploração de recursos naturais para as gerações
actuais e vindouras, tendo em conta que tais recursos são esgotáveis, e (ii) necessidade de acautelar-se o impacto do influxo de divisas sobre a taxa de
câmbio, termos de troca, competitividade do país e, portanto, de um possível efeito da doença holandesa ou dutch disease.
Neste âmbito, pretende-se com este tema reflectir e aprofundar o debate, os factos, conhecimentos e evidências sobre os fundos soberanos e os
desafios para a gestão macroeconómica num contexto de abundância de recursos naturais. Assim, o BM convida a todos os interessados a
apresentarem propostas de trabalhos de investigação versando sobre esta temática geral em referência, podendo focalizar, mas não se limitando, às
seguintes áreas:
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Os interessados em apresentar propostas de trabalhos de investigação sobre o assunto em referência deverão manifestar a sua intenção, enviando os
352.)'726 () 3)648-6% )0 *250%72 %7C %2 (-% 3 de Setembro de 2018, para o e-mail jocibam_2019@bancomoc.mz. A estrutura dos projectos deve
conter:
- 7E78/2 (2 75%&%/,2
-- 120)6 '203/)726 (26 %8725)6 ) '217%'726
iii) sumário executivo, breve introdução, objectivos do trabalho, fundamentação da relevância do tema, breve revisão da literatura, metodologia
% 6)5 6)+8-(% )
iv) referências bibliográficas.
O projecto não poderá exceder 1500 palavras (aproximadamente 4 páginas em formato de letra Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento de
1.5).
O BM recorrerá a um Júri externo que fará a selecção das dez (10) melhores propostas de trabalho cujos autores serão notificados a prosseguirem as
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da apreciação do Júri para efeitos de prosseguimento da pesquisa.
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apresentação em sessão pública no decorrer das XI Jornadas Científicas e posterior publicação numa das edições do Banco Central.
O BM atribuirá incentivos monetários aos autores dos trabalhos que serão seleccionados para apresentação nas Jornadas Científicas e reserva-se o
direito de publicação dos trabalhos que mesmo não tendo sido seleccionados para apresentação pública nas Jornadas, tenham sido considerados pelo
H5- '202 5)81-1(2 26 5)48-6-726 () 48%/-(%() 7C'1-'2 '-)17EJ'%6 3%5% 38&/-'%BA2
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suas pesquisas no decorrer das XI jornadas científicas, podendo ser trabalhadores do quadro de pessoal do Banco.
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económicas.
A avaliação do júri externo ponderará, entre outros aspectos, a qualidade do sumário executivo (ou resumo), enquadramento e clareza do tema,
identificação do problema, clareza dos objectivos do estudo, adequabilidade e clareza na descrição da metodologia usada, riqueza da revisão da
literatura, relevância e consistência dos resultados dos estudos, capacidade analítica e clareza na colocação dos argumentos, capacidade de síntese e
de redacção, pertinência das conclusões e recomendações, a qualidade e contributo científico do artigo, citações apropriadas e referências
bibliográficas adequadas ao tema.
As dúvidas que surgirem sobre este convite deverão ser submetidas, por correio electrónico, à Coordenação Científica do evento
(jocibam_2019@bancomoc.mz).
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PROMOVENDO A INCLUSÃO FINANCEIRA E A
VALORIZAÇÃO DO METICAL
XIªS
JORNADAS CIENTÍFICAS
CONVITE PARA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS DE TRABALHOS DE INVESTIGAÇÃO
Temática: “Fundos Soberanos em Moçambique: Oportunidades e Desafios”
Data de realização: 14 de Junho de 2019; Local: Matola (CBM)
12 Savana 29-06-2018 Savana 29-06-2018 17
NO CENTRO DO FURACÃO
Esta sexta-feira, 29, cumpre
o seu último dia como Alta
Comissária do Reino Unido
em Moçambique, para no
sábado, 30, partir de regresso ao seu
país. Três dias antes de terminar a
sua missão, Joanna Kuenssberg dava
uma entrevista ao SAVANA em
que, para além dos quatro anos e dois
meses de mandato, falou de temas
incontornáveis na actualidade nacional.
Decorridos três anos depois
da explosão do caso das dívidas ocultas
e um ano depois da conclusão do
relatório de auditoria da Kroll, Joanna
Kuenssberg vê, simplesmente,
falta de vontade para a responsabilização
dos indivíduos que conceberam
o esquema. Uma das mais críticas
diplomatas que o país conheceu,
Kuenssberg diz, mesmo sem citar
nomes, que é tempo de os partidos se
apresentarem ao lado do povo, numa
clara alusão à Frelimo. “A libertação já
não é suficiente para os milhões e milhões
de jovens que querem emprego,
querem escolhas profissionais e sociais”,
sentencia a diplomata britânica que
nota dificuldades de mudança nos
partidos de libertação.
Em Abril de 2014 iniciava o seu
mandato em Moçambique. Nesta
hora do adeus, que balanço dos quatro
anos e dois meses?
Foram anos muitíssimo interessantes
em várias perspectivas. Nem sempre
como tinha esperado quando me
candidatei para este posto nos finais
de 2012, num contexto muito diferente
do actual. Aprendi muito, fiz
muitos bons amigos, mas também
consegui, com a equipa do Governo
britânico aqui, avançar alguns pontos
da agenda comum entre o meu país e
Moçambique.
Como é que encontrou as relações
entre os dois países e em que nível
as deixa?
A nossa parceria no que tange à cooperação
é muito antiga e tem continuado.
Nas relações comerciais e
económicas, por exemplo, não existia,
antes de Abril de 2015, um empresarial
britânico-moçambicano. No
início, há três anos, começámos por
cerca de 23 empresas e agora há mais
de 100, o que mostra a amplitude e o
interesse que existe entre as empresas
britânicas num futuro mais próspero
de Moçambique.
Momentos marcantes?
Dois momentos, um no início e outro
no fim do meu mandato, marcaram-
-me bastante.
Quando cheguei, em Abril de 2014,
havia conflito no centro do país e, em
Maputo, havia negociações entre o
Governo, representado por José Pacheco
e a Renamo, por Saimon Macuiane,
que terminaram com o acordo
de Setembro (para a Cessação das
Hostilidades Militares) e, já no fim,
estamos numa nova versão das conversas
que dá optimismo para uma
conclusão rápida e, neste processo,
houve momentos em que o Reino
Unido e eu, pessoalmente, estivemos
envolvidos.
Em primeiro lugar, dia quatro de
Setembro de 2014, quando fiz parte
do grupo de chefes de missão,
quando fomos até Gorongosa para
acompanhar a saída do presidente
Afonso Dhlakama, da Renamo, e no
dia seguinte, ele e o então presidente
(da República, Armando Guebuza),
assinaram o acordo de Setembro.
Eu ainda estava muito nova aqui em
Moçambique, só cinco meses após a
minha chegada, mas durante a nossa
cavalgada, com muitas viaturas, vi a
reacção, em cada aldeia, das comunidades,
o seu interesse e o apetite
de ver esta personalidade (Afonso
Dhlakama), ouvir um bocado o que
ele estava a dizer. Eu senti que as
comunidades muito rurais e muito
longe das cidades e dos cidadãos
moçambicanos em geral, têm apetite
em pensar no futuro, em ter contacto
com as personalidades políticas
e ouvir, mas não só ouvir, mas também
poder falar e serem ouvidos. E é
muito importante pensar como será
possível dar voz a mais pessoas, por
exemplo, a juventude porque há uma
grande parte da população de Moçambique
que tem mais dificuldades
para ser ouvida.
E já quase no fim do meu mandato,
fui à cerimónia fúnebre do malogrado
Afonso Dhlakama, foi um momento
muito marcante pelo respeito
oferecido, por um lado, e aceite, por
outro, de reconhecer esta personalidade
incontornável na história desde
país jovem ainda, de ver o respeito da
guarda nacional e de ver a bandeira
nacional. Alguns meses antes eu
nunca teria pensado na possibilidade
de ver este cenário dos símbolos nacionais
presentes e do respeito com
que o chefe de Estado ouviu as intervenções
dos representantes da família,
do partido e da maneira como
ele falou, muito pessoalmente, sobre
o irmão como costumava dizer.
“Aeroporto de Xai-Xai
não é prioritário para
Moçambique”
O seu mandato em Moçambique
coincide com dois momentos na
liderança do Estado. É verdade que
chega já no fim da governação do
presidente Guebuza, mas terá sentido
alguma diferença com a ascensão
do presidente Nyusi?
É difícil comentar, de maneira pormenorizada,
sobre grandes diferenças
porque não tive muita experiência
com o antigo presidente. Eu não vivi
mais de alguns meses da liderança do
presidente Guebuza, apresentei as
credenciais e logo foi a busca da paz.
Mas com o presidente Nyusi tem havido
momentos diferentes: de muita
abertura, optimismo e muita participação
pela sociedade civil e dos cidadãos,
mas também houve momentos
mais fechados, com intimidações de
jornalistas ou representantes de um
partido ou outro. Tem havido momentos
que indicaram mudanças
dentro do partido do Governo. Por
exemplo, são interessantes algumas
mudanças nos aspectos do protocolo
do Estado: nas cerimónias na praça
dos heróis, por exemplo, o presidente
Nyusi simplificou processos, para
mudar um bocado a ordem protocolar,
mais como Estado do que partido,
o que pode mostrar o interesse
de ter Estado e partido, afastando a
presunção que podia ter prevalecido
numa altura antiga, em que Estado e
partido são a mesma coisa.
Alguma frustração de Moçambique?
Os moçambicanos têm várias frustrações
com o ritmo de evolução, especialmente,
voltando para esta questão
da bolha da juventude, que tem dificuldades
em ser ouvida. Quando falo
com os jovens, com a sociedade civil,
eles têm muitas ideias, actuação muito
concreta no terreno, num distrito
ou num sector, mas às vezes é preciso
ter um parceiro oficial no Governo, o
que pode ser uma barreira. Às vezes,
os procedimentos do Estado, em vez
de facilitar, parecem impedir avanços
e acções.
Então, ver pessoas com ideias, dinamismo,
mas com caminho interrompido
por razões nem sempre claras,
cria frustração.
Está a deixar um país que, esta segunda-feira,
completou 43 anos de
independência. Esta idade corresponde
ao nível de desenvolvimento
de Moçambique?
A guerra dos 16 anos interrompeu o
desenvolvimento socioeconómico e
desde 1992/3 tem havido evoluções
positivas em muitos indicadores socioeconómicos,
mas também nestes
últimos anos há muitos indicadores
que não mudaram muito, como a nutrição,
educação, acesso da menina à
escola, água e saneamento entre outras
áreas. Ainda há muito trabalho
para cumprir e parceiros como nós
e muitos outros querem ter um foco
mais claro sobre as prioridades. E a
regra normal num período de crise
é priorizar, priorizar e priorizar. Dizer
estas são as três ou quatro coisas
que vamos cumprir durante o período
da crise e dedicar maioria dos
meios para os cumprir e continuar a
lembrar todos sobre as prioridades e
sobre o que estamos a fazer para os
cumprir e limpar as coisas menos
prioritárias.
A priorização da paz é muito importante,
mas em alguns momentos
não houve uma priorização tão clara
e houve elementos um bocado de
confusão. Por exemplo, há um grande
debate sobre as infra-estruturas. Sim,
é preciso mais investimentos sobre
as infra-estruturas, mas eu não acho
que o aeroporto de Xai-Xai seja uma
infra-estrutura prioritária para Moçambique
neste momento, mas parece
que está quase no topo da lista
dos projectos que vão ser realizados.
Mesmo que seja um donativo da
China, o projecto vai desviar atenção
e recursos dos ministérios e da província,
só por existir. Então, a meu
ver, estradas ou pontes secundárias
poderiam responder melhor às necessidades
das comunidades ou também
ao tecido empresarial, que precisa de
mais infra-estrutura para cumprir os
objectivos de servir e fazer negócios.
Então, às vezes, há distracções infelizes
que enfraquecem esta priorização
sobre os sectores sociais.
eSUHFLVRGDUFRQÀDQoD
de que corrupção será
combatida
Numa entrevista ao SAVANA, em
Marco de 2017, dizia-se desiludida
pela tolerância à corrupção no país
e que o assunto das dívidas ocultas
devia servir como lição para o
reforço das medidas fiscais. Sente
que isso está a acontecer? Vê alguma
mudança na abordagem sobre a
corrupção, mas também em várias
vertentes que tem que ver com a
governação e o desenvolvimento do
país?
A corrupção é uma palavra de que
se fala muito mais, a partir do chefe
do Estado e reconhecer o fenómeno
já é bom. Houve alguns casos judiciários,
alguns julgamentos no sector
público, mas também no privado
como em bancos, em corrupção e
branqueamento de fundos e houve
também algumas mudanças legais
sobre branqueamentos, tudo isto é
bom. A minha impressão é que há
mais conversa entre entidades públicas,
sociedade civil e sector privado
sobre as responsabilidades de cada
um. Também trabalhamos muito
perto do Ministério da Economia
e Finanças sobre reformas dos sistemas
de investimento público ou
de gestão dos fundos públicos e há
avanços nesta área. Também temos
um novo quadro das empresas públicas,
que vai melhorar a transparência
da gestão das grandes empresas públicas.
Mas ao mesmo tempo que há
indicações duma evolução positiva,
há sempre potencial de atacar casos
que parece envolverem pessoas muito
bem posicionadas ou altamente
posicionadas e há muitas conversas
sobre os laços entre alguns malfeitores
de criminalidade organizada, por
exemplo, e alguns representantes da
elite e os riscos e a tentação podem
ser mais elevados no ciclo eleitoral,
quando o Governo quer mostrar resposta
concreta às necessidades dos
eleitores, quando o partido que governa
também quer ter fundos para
organizar as eleições. Há, contudo,
ainda um caminho a percorrer para
dar confiança ao cidadão de que os
casos de corrupção serão seguidos e
também é uma razão pela qual nós
estamos muito activos para melhorar
o ambiente de negócios. Ainda na semana
passada fechamos o programa
de E-BAU com o MIC (Ministério
da Indústria e Comércio) porque introduzir
mais transparência electrónica
reduz mais a possibilidade de
os funcionários discriminarem como
“vais me pagar por este serviço ou
não, senão não vou dar o formulário”.
Desbloquear impasse em
breve
No ano passado, foi indicada como
uma das diplomatas para integrar a
equipa de apoio ao diálogo. Como
foi esse mandato?
O grupo de contacto de embaixadores
foi concebido como um apoio
moral e também para sensibilizar a
próxima fase que será de implementação
do acordo, que vai precisar de
apoio concreto e de todo o tipo de
reconciliação. O Governo do Reino
Unido fica disponível a apoiar de
qualquer maneira quando soubermos
exactamente os pormenores do acordo,
pode ser militar, pode ser construção,
até porque também estamos
a rever a nossa actuação na cooperação,
tendo em conta o Censo do
ano passado, que mostrou cada vez
mais as necessidades das províncias
do norte, relativamente, às províncias
do Sul. Então, o nosso Ministério
de cooperação está a rever como o
Reino Unido vai rever este desequilíbrio,
há alguns programas que por
natureza estão acabando e estamos a
ver como é que podíamos privilegiar
alguns elementos que demonstram
que as províncias do norte são mais
afectadas nestes indicadores socioeconómicos
e isto pode estar ligado
à questão das zonas mais afectadas
pelo conflito.
Recentemente perdeu a vida um
dos protagonistas deste processo. O
que representa a morte de Afonso
Dhlakama neste processo de diálogo,
da paz, mas também para a democracia
moçam
bicana?
Ainda não sabemos completamente.
Eu estive na Beira nas cerimónias
fúnebres e ouvi uma vontade muito
construtiva de continuar nas conversas
e numa abertura da Renamo a
completar. Agora há muitos avanços
sobre mudanças constitucionais, temos
esta interrupção imprevista, mas
queremos ver em breve um consenso
para desbloquear este ponto e ver em
breve a desmilitarização, desarmamento
e reinserção, que é muito importante,
dos antigos combatentes da
Renamo nas Forças de Defesa e de
Segurança.
Os recados da Alta Comissária do Reino Unido sobre as dívidas ocultas na hora do adeus
Como é que tem acompanhado os
desenvolvimentos à volta do dossier
dívidas ocultas?
Temos a auditoria, é claro que há informações
que não foram fornecidas pelo Governo
ou pelas empresas públicas geridas por
entidades do Estado. A reacção do Governo de
dizer que nós não temos capacidade de responder,
de preencher estes buracos de informação,
que é só as entidades judiciais que vão descobrir
as informações, parece fugir dos factos. É
verdade que parte da responsabilização virá da
Procuradora-Geral da República, mas quando
o Governo não quer fornecer informações
relativamente básicas sobre o funcionamento
das empresas públicas, coloca questões sobre
a qualidade de governação do país. E também
esta palavra de responsabilização tem muito
potencial que vai para além da responsabilização
criminal. O Governo sempre fala da Procuradora-Geral
da República, mas também a
auditoria abordou muitas questões mais administrativas
como infracções de procedimentos
de gestão de empresas. Eu não sei…disseram
que o Tribunal Administrativo está a trabalhar
nesta área, mas não houve mais desenvolvimentos
sobre esta parte administrativa. Fala-se
do facto de que o indivíduo A já não está a
trabalhar no SISE, mas ainda é PCA das três
empresas, então, eu diria que a sua continuidade
na gestão das empresas mostra que não tem
havido responsabilização. Sim, há questões
jurídicas e administrativas, mas há também
questões de competências e, outra vez, vários
indivíduos indicados na auditoria que não tiveram
muito seguimento actos conscientes que
eles cometeram. Se o conceito de responsabilização
tem uma gama muito mais abrangente
do que só caso criminal/prisão, temos o risco
de distracção só de falar de responsabilização
penal enquanto há outras medidas sobre más
condutas que houve.
Já estamos no terceiro ano depois de o caso
ter sido despoletado em 2015, mas o respectivo
processo na PGR ainda está na fase de
instrução preparatória, sem nenhum arguido
sequer. Por outro lado, já passa um ano depois
da auditoria, mas também não há avanços.
Sai confiante de que a Justiça moçambicana
esclareça este caso?
Acho que já temos muito esclarecimento do
que aconteceu. Temos o relatório da Comissão
Parlamentar de Inquérito, temos a auditoria
da Kroll, então, há um entendimento bastante
aberto sobre os momentos mais importantes
nesta evolução das três empresas ao longo de
três anos.
A Justiça em Moçambique tem falta de meios
e, especialmente, neste contexto com grandes
desafios orçamentais cada vez maiores e,
como nós vimos em muitos outros casos
ao longo das décadas, há casos muito
famosos em que as instâncias
judiciais não conseguiram
cumprir a sua tarefa, pode
também ser por interferências
políticas
ou ameaças físicas.
Mas os cidadãos
moçambicanos não se devem distrair e terem
as mentes condicionadas às dívidas ocultas. Há
outras questões muito importantes para os cidadãos
terem uma conversa real sobre o futuro
do país agora, mas também o futuro dum país
que será muito mais próspero com muito mais
dinheiro que vai entrar nos cofres do Estado, e
seria melhor ter esta conversa antes da chegada
de todo esse novo rendimento do que esperar e
demorar mais tempo.
´$OLEHUWDomRMiQmRpVXÀFLHQWHµ
O relatório da auditoria traça muito bem o
perfil das pessoas e instituições envolvidas
neste negócio, nomeadamente, pessoas ligadas
aos serviços secretos e à alta governação
na altura. Acha que o partido no poder estaria
interessado em entregar estas pessoas para a
responsabilização, com o eventual risco de
isso provocar rupturas dentro do partido?
Até agora não temos indicações duma grande
vontade de ir até lá. Vamos ver, mas não há
até agora uma vontade de responsabilizar…eu
não posso citar ninguém porque não conheço
todos os indivíduos nomeados, mas não parece
haver muita vontade em responsabilizar os
indivíduos que conceberam este esquema. Eu
não posso dizer se seja questão de unidade do
partido ou outras questões,
mas estamos a entrar no
ciclo eleitoral e, a meu
ver, os ciclos eleitorais
podem ser
m o m e n t o s
muito relevantes
para
os partidos
políticos, seja
no poder ou na
oposição, reavaliarem
as prioridades
nacionais,
verem o contexto
e dizer como é que
irão se apresentar ao
lado do povo. É o momento
agora para cada
partido, antigo ou novo,
reavaliar como é que vai
persuadir o povo
moçambicano e
o eleitor moçambic
a n o.
H á
partidos mais antigos que os outros e pode
ser um momento para avaliar como é que eles
estão a reganhar este sentido de estar ao lado
do povo e isso pode criar ou não obrigações de
mudanças internas. Nós estamos a ver também
os países vizinhos, como Angola, onde o presidente
está a mexer muita coisa, também temos
um novo presidente na África do Sul, que está
a enfrentar grandes desafios dentro do partido
ANC, temos muito em breve as eleições no
Zimbabwe, então, os partidos de libertação,
nesta transição de geração dos antigos combatentes
para as novas gerações, devem colocar-
-se perguntas existenciais porque a libertação
já não é suficiente para os milhões e milhões
de jovens que querem emprego, querem escolhas
profissionais e sociais. Parece que estes
grandes partidos de libertação com conquistas
muito grandes e muito sérias do passado, às vezes
eles têm dificuldade em mudar a análise. A
libertação já não é uma questão. Moçambique
está livre há 43 anos, então, para a maioria da
população, é algo já concretizado e há outras
questões mais imediatas e importantes e serem
respondidas.
Qual é o ponto de situação para a retoma do
apoio ao orçamento do Estado? Coloca-se
em questão a hipótese de se retomar a qualquer
momento ou está tudo dependente da
responsabilização?
O FMI, em cada declaração, tem dito
muito claramente qual é a base para
conversas futuras sobre um novo
programa de financiamento e
os antigos parceiros do apoio
ao Orçamento também têm
dito que não vão recomeçar
o apoio ao Orçamento. Nós
mantivemos o nosso foco no
interesse sobre as pessoas
mais vulneráveis em Moçambique.
Não canalizando
fundos pelas entidades
governamentais, mas temos
continuado nossa actuação
na água e saneamento, na
resiliência climática, na saúde
materna, na educação, na nutrição
e muitas áreas de interesse de
desenvolvimento humano
e socioeconómico.
“Não há vontade em responsabilizar os indivíduos”
Por Armando Nhantumbo / Fotos de Ilec Vilanculos
“O Governo está a fugir dos factos”
q
resas mostra que não tem
ação. Sim, há questões
rativas, mas há também
ncias e, outra vez, vários
na auditoria que não tinto
actos conscientes que
conceito de responsabia
muito mais abrangente
nal/prisão, temos o risco
alar de responsabilização
utras medidas sobre más
ro ano depois de o caso
em 2015, mas o respecGR
ainda está na fase de
ia, sem nenhum arguido
do, já passa um ano deas
também não há avanque
a Justiça moçambiaso?
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podem ser
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muito relevantes
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no poder ou na
oposição, reavaliarem
as prioridades
nacionais,
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e dizer como é que
irão se apresentar ao
lado do povo. É o momento
agora para cada
partido, antigo ou novo,
reavaliar como é que vai
persuadir o povo
moçambicano e
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muito claramente qual é a base para
conversas futuras sobre um novo
programa de financiamento e
os antigos parceiros do apoio
ao Orçamento também têm
dito que não vão recomeçar
o apoio ao Orçamento. Nós
mantivemos o nosso foco no
interesse sobre as pessoas
mais vulneráveis em Moçambique.
Não canalizando
fundos pelas entidades
governamentais, mas temos
continuado nossa actuação
na água e saneamento, na
resiliência climática, na saúde
materna, na educação, na nutrição
e muitas áreas de interesse de
desenvolvimento humano
e socioeconómico.
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18 Savana 29-06-2018 OPINIÃO
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Administração
www.savana.co.mz
Cartoon EDITORIAL
Quem tudo quer,
tudo perde
S
ou Magnólia Quembo
Tongogara. Nasci num
lugarejo no interior do
distrito de Moatize, na
província de Tete. Esse lugar foi,
em tempos, chamado Vila Caldas
Xavier. Depois de 25 de Junho de
1975, passou a chamar-se Cambulatsitsi.
Acho que é um nome justo,
bonito, e faz-me lembrar o que
sou… tem origem e raízes plantadas
na terra.
Cambulatsitsi, na minha língua
materna, significa careca. Na verdade,
a paisagem de Cambulatsitsi
é dominada por um monte, que
tem nas encostas uma vegetação
perene e rasteira. Digo rasteira
por pensar, porque nunca fui até
lá. Mas a ideia que tenho é de que
a vegetação é rasteira e tem colorações
diferentes: são verdes, são
azuis, são amarelas, dependendo
do estado de espírito em que nos
encontramos.
Acontece que, no cimo, este monte
é completamente calvo, de pedra
lisa, que também tem cintilações
de cinzento claro em dias de sol, de
cinzento escuro em dias de chuva
(e chora!), e poderia mesmo dizer
de um vermelho denso, em noites
de lua cheia, mas isso é imaginação
minha.
Sou da Geração da Viragem.
Quando, em Outubro de 1992, se
assinou o Acordo Geral de Paz, eu
acabava de dobrar o cabo dos dezoito
anos. Em 1994, nas primeiras
eleições gerais, multipartidárias,
democráticas e essas balelas todas,
eu fui votar. Parecendo incrível, tive
a impressão de que, ao fazê-lo, estava
a carregar nos ombros o peso
do sonho de vinte ou vinte e sete
ou trinta milhões de pessoas iguais
a mim, mais velhas ou mais novas.
Então, nessa altura, fui, com a
cumplicidade do meu pai – cumplicidade
feita de silêncio –, vencer
a resistência da minha mãe, que
queria ver em mim uma filha ou
enfermeira ou professora, e porque
não mesmo doutora. Não fui por
aí! Matriculei-me no Instituto Industrial
de Matundo, onde fiz uma
carreira pouco vulgar: sou engenheira
mecânica auto. Fui embalada
pelo sonho transportado por expressões
tipo “empreendedorismo
jovem”, e alimentada, da vizinha
África do Sul, pelo sonho de Nelson
Mandela, naquilo que nem sei
se era sonho dele, que era o B.E.E.:
Black Economic Empowerment.
Voltei para a minha terra com o
meu diploma e cometi a asneira que
muitos da minha idade cometeram:
contraí um empréstimo bancário,
para aquilo que eu julgava ser
o meu sonho e de muitos, que era
ajudar Cambulatsitsi – o seu povo,
o seu bom nome, os seus desejos – a
erguer-se. Montei duas moageiras.
Não consegui pagar, porque entre o
sonho e a realidade existia a dívida
que eu tinha que pagar ao banco e
o salário que eu tinha que pagar aos
meus empregados, cuja maior parte
eram primos, sobrinhas, tios e por
aí adiante.
Estou a dizer isto agora, com este
ar de cambulatsitsi. Eu não sou
calva, porque é raro uma mulher
ser calva, mas tudo o que eu tinha
como vegetação na minha mente
jovem, crente e credora se desvaneceu,
como se desvanece a água
da chuva, quando cai sobre a careca
do monte que dá nome à vila
onde nasci, que nunca deixará de
ser vila, embora Matundo fique aí
a pouco mais de 30 km e a cidade
de Tete continue a ser aquele
buraco metido entre um caldeirão
de montanhas – uma cidade que,
invariavelmente, quando faz frio, é
porque tem uma temperatura mínima
de 30 graus, e dizem que Tete
é a tal província dos cinco cês, ou
seja: C de crocodilo, C de carvão,
C de cabrito, C de Cahora Bassa (e
agora também é acrescentado C de
campeão nacional de futebol).
Eu sou Magnólia Quembo Tongogara.
Sou jovem, sinto-me um
pouco desiludida com o projecto
de vida que alguns dos nossos dirigentes
nos deram. Acreditei muito
no projecto de plantação da jatrofa.
Então eu digo, na minha língua
materna: jatrofa eu já fui, dívidas
tenho eu por pagar. Mas acredito,
acredito porque ainda tenho forças
para lutar e hei-de conseguir.
Isto pode parecer uma paranóia.
Pode parecer; mas não é.
P
ara quem, talvez com alguma ingenuidade, acreditava que os moçambicanos
tinham finalmente visto a luz e decidido que o seu
futuro colectivo situava-se acima das suas querelas ideológicas, os
acontecimentos da semana passada no parlamento trataram de
mostrar que o caminho para a paz e reconciliação é ainda longo, e que
até lá chegarmos muita água terá passado debaixo da ponte.
Essa realidade foi trazida à superfície com a decisão da bancada da Frelimo
de boicotar a sessão extraordinária da Assembleia da República
que deveria proceder à revisão da legislação eleitoral, de modo a deixá-la
alinhada com as últimas alterações à Constituição da República.
No entendimento da bancada maioritária, o prosseguimento desta
agenda legislativa deve estar condicionado a um compromisso firme da
Renamo quanto à desmobilização dos seus guerrilheiros e subsequente
entrega das armas sob seu controlo.
Para a Frelimo, ao aceitar proceder à referida revisão da Constituição,
por exigência da Renamo, o governo que suporta deu provas bastantes
do seu empenho no processo de paz, gesto esse que deve ser correspondido
com actos concretos por parte da Renamo.
As negociações que têm sido dirigidas pessoalmente pelo Presidente da
República, em contacto directo com a liderança da Renamo, têm duas
componentes, nomeadamente o pacote sobre a descentralização, recentemente
aprovado pela Assembleia da República e promulgado pelo
Chefe do Estado, e a componente militar, cuja finalidade é a desmilitarização
da Renamo e a integração das suas forças residuais nas Forças de
Defesa e Segurança. Os que não couberem dentro deste processo terão
de beneficiar de um pacote de reinserção social.
Mas a Renamo tem demonstrado resistência nesta matéria, defendendo
que só aceitará desmobilizar os seus guerrilheiros depois da integração
dos seus oficiais em lugares do topo na hierarquia das Forças Armadas
e da Polícia.
A Frelimo, por seu lado, receia que a Renamo esteja a engendrar uma
estratégia de obter todas as concessões do lado do governo, mas mantendo-se
armada, para continuar a fazer outras exigências políticas.
Falando nas comemorações dos 43 anos da independência, o Presidente
Nyusi disse quer todos os entendimentos sobre questões militares estavam
reduzidos a escrito, e que eram do conhecimento de oficiais quer
do governo quer da Renamo, e ainda dos representantes do Grupo de
Contacto.
“Com o líder da Renamo (Afonso Dhlakama) já tinham sido identificadas
as linhas de acção, a calendarização do cronograma de implementação
e o preenchimento conveniente da orgânica resultante deste
consenso”, disse Nyusi.
Terá, por isso, causado alguma surpresa que havendo tais entendimentos,
a bancada da Frelimo, partido do qual Nyusi é Presidente, se apropriasse
do processo para fazer as suas exigências à Renamo.
É facto inquestionável que em processos democráticos não deve haver
partidos políticos com armas em punho. E nesse sentido, a Renamo deve
aceitar a inevitabilidade de ter de se desmilitarizar quanto cedo possível,
se quiser manter a sua credibilidade como força indutora da democracia.
Não pode ao mesmo tempo ser uma força democrática e militar.
Contudo, deve ser verdade também que, no caso em apreço, questões
de procedimento são cruciais para evitar qualquer tipo de ruído, ou até
mesmo confusão. Muitos cozinheiros estragam a sopa.
De qualquer modo, deve ter sido esta a razão que levou o Presidente
Nyusi a optar por este modelo de negociação directa com a liderança
da Renamo, um modelo que pode ter as suas insuficiências, mas que até
aqui parece ter sido capaz de produzir resultados.
Chegados a este ponto, é preciso que se diga, sem rodeios, que a actual
situação não favorece nem à Frelimo nem à Renamo. Está claro que
com apenas 103 dias antes das eleições autárquicas de 10 de Outubro, o
tempo para a realização de um processo credível começa a ser mais que
escasso.
Não será possível realizar as eleições sem a aprovação da legislação agora
pendente na Assembleia da República. Arrastar o processo por mais
tempo só resultará em mais um processo imperfeito, a receita perfeita
para mais conflito e instabilidade.
Há que colocar os interesses partidários, o espírito de tudo ou nada,
abaixo do mais supremo interesse nacional, que é o da paz, estabilidade e
progresso económico e social de todos os moçambicanos. Como diz um
provérbio popular, quem tudo quer, tudo perde.
Depoimento 29
Savana 29-06-2018 19
de um Estado degenerado, o que
permite que outros grupos possam
ocupar espaço que o Estado deveria
ocupar (Gurvich). Durante
muitos anos levamos o problema
da pobreza juvenil e não só como
um aspecto marginal do processo
geral do desenvolvimento de Moçambique,
mas o que a realidade
mostra é que as fracturas sociais
podem rapidamente justificar tendência
extremista ou facilidade de
adesão a grupos extremistas que
prometem tudo aquilo que o Estado
não consegue realizar. Nestes
termos, penso que o problema de
Cabo Delgado é, antes de tudo,
um problema da crise do Estado
e da sua legitimidade.
%LEOLRJUDÀDLQGLFDWLYD
A.Gramsci, Cahiers de prison. I. Cahiers
1, 2, 3, 4, 5, éd. R. Paris, Paris,
1996
Charles Wright Mills, L’imagination
sociologique, Paris, Éditions La Découverte,
2015.
Edgar Morin, Sociologie, Paris, Essai,
1994.
Ekpeyong Nkereuwem Stephen,
Youth radicalization and future of
the terrorismo in Nigeria
Eric Morier-Genoud, “ A prospect of
secularization? Muslim and political
power in Mozambique Today”, Journal
for Islamic Studies, 2007.
George Gurvitch, Traité de sociologie,
Paris, PUF, 1958.
*Doutorando em Ciência Política,
França.
OPINIÃO
586
Email: diariodeumsociologo@gmail.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
C
abo Delgado, e, portanto,
Moçambique, tem sido
notícia em quase todas as
partes do Mundo devido
à violência perpetrada por aqueles
que, recentemente, o historiador,
um dos melhores especialistas de
Moçambique, hoje, sobre questões
religiosas e não só , Eric Morier-
-Genoud, chamou de “membros
de Al sunnah wa jama’ah”.
Muitas são as análises que têm
sido feitas para compreender as
motivações que estruturam ou
possam explicar esta situação. Um
dos contributos escritos é o estudo
de Saide Habibe, Salvador Forquilha
e João Pereira que, explorativamente,
apresenta algumas
razões que podem explicar a situação
de Cabo Delgado, desde o
treinamento, as ligações externas,
as suas lógicas militares, etc. Este
estudo, longe de ser conclusivo,
permite colocar algumas questões
pertinentes sobre o como e o porque
deste fenómeno violento. Fora
este estudo, muitas são as abordagens
apresentadas, na esfera pública,
para a compreensão deste
facto que vão das abordagens securitárias,
religiosas, entre outras,
porém o que me parece faltar é,
sendo um fenómeno complexo,
a articulação das perspectivas da
sociologia, história e política que
nos pudessem ajudar a compreender,
por um lado, o perfil sociológico
das pessoas envolvidas e o
tipo de representação que têm de
si próprios dentro do tecido social
local e nacional, e, por outro lado,
interrogarmo-nos sobre o espaço
político da religião islâmica em
Moçambique e o tipo de escape
que pode representar num contexto
de miséria, ausência de protecção
social estatal e ausência de
estruturas inclusivas.
A este último aspecto Eric Morier
Genoud já tentou dar uma
resposta, em 2007, no Journal for
Islamic Studies, num artigo intitulado
“A prospect of secularization?
Muslim and political power in Mozambique
Today”. Não sendo o interesse
de entrar para o cerne do
artigo, importa dizer que o autor,
reconhecendo o crescimento da
importância política da religião
islâmica em Moçambique, mostra
as diferentes ambiguidades do
processo de politização dessa religião,
sobretudo, a partir dos finais
do anos 80, o que, certamente, nos
obriga a fazermos um esforço para
que a nossa imaginação sociológica
(Wrigth Mills) indague como
é que a mensagem político-social
desta religião pode ser usada para
mobilizar pessoas esfoladas pelos
problemas sociais crónicos.
Por isso que o que é interessante
na sua reflexão, que é o que retiro
como pista de reflexão, é se o
Governo de Moçambique terá
prestado atenção à rápida expansão
desta religião através de mesquitas,
sheiks vindos de diferentes
partes do mundo, com tendências
teológicas opostas ou houve desatenção
em relação a este processo
ou ainda se o mesmo se terá questionado
sobre as ligações entre
fracturas sociais e processos de
radicalização, se este for o caso.
Aliás, desenvolvendo pesquisas
sobre a província de Cabo Delgado,
e passando, vários meses, em
distritos como Montepuez, foi-
-me possível constatar entre 2015
e 2017, uma expansão rapidíssima
da construção de mesquitas e de
pessoas islamizadas neste distrito,
que demonstrava uma certa penetração,
antiga, mas revigorada nos
últimos anos, desta religião. É certo
que o problema não é a religião
islâmica, mas algumas orientações
ou exegeses teológicas que podem
induzir pessoas excluídas dos processos
sociais e políticos do desenvolvimento
a encontrar numa
certa forma de praticar e imaginar
o islão a resposta a muitos dos
seus problemas de ordem social ou
mesmo de participação do processo
de desenvolvimento.
É nesse sentido que penso que
um trabalho interdisciplinar poderia
ser útil para não só se saber
como erradicar este fenómeno,
mas igualmente compreender as
condições que estão à volta da
sua emergência e sua expansão
mais ou menos rápida desde 5
de Outubro de 2017 deste movimento
violento. Sabemos que
um dos problemas que tem sido
marca quase ontológica da história
de Moçambique é a violência,
guerras, com diferentes nomes. O
que tem sido menos dito é que são
poucas as guerras ou formas de
violência que conheceram verdadeiramente
fim. O que tem sido
feito, mormente, depois de proclamada
a independência, é remediar
as superfícies dos problemas, ou
seja, são poucos os problemas que
têm sido verdadeiramente tratado
com profundidade ou ao menos
levar-se a sério os diversos estudos
que têm sido feito sobre esses problemas.
É neste espírito de coisas
que me permito dizer que uma das
violências que têm permanecido
quase intacta durante esses anos
todos é o da exclusão. Para quem
conhece Cabo Delgado, seja na
parte sul seja parte norte descobre
rapidamente a miséria estrutural
que é característica dominante,
bem como noutras províncias de
Moçambique. Quando se está em
Montepuez ou Macomia constata-se
rapidamente que o Estado
não constitui nenhuma alternativa
para o progresso social. Muitos
dos jovens trabalham nas lojas dos
somalianos, nigerianos, tanzanianos
entre outros, como serviçais
ou pequenos escravos que trabalham
com as actividades directamente
manuais. Não é incomum
que parte destes jovens frequentem
as mesquitas, o que não constitui
um problema em si, mas o
teor que pode estar a ser ensinado
nessas mesquitas. Qual mensagem
político-religiosa tem sido transmitida?
O Estado deve procurar
ser perspicaz para responder a
estas questões porque senão corremos
o risco de nos encontrarmos
num verdadeiro contexto de guerrilha,
com teor religioso, tal como
ocorre na região do Sahel ou em
alguns países da África oriental,
que tendo, circunstancialmente,
negligenciado este tipo de movimentos,
viu-se confrontado a um
verdadeiro movimento de guerrilha
estruturado num discurso religioso.
Se considerarmos este fenómeno
profundamente complexo, é importante
que nos interroguemos
o que é pode justificar que jovens
ou adultos das regiões afectadas
por esta hecatombe vejam no terror
uma alternativa à sua afirmação
social. Se fizermos aquilo que
Edgar Morin chama de sociologie
du presente, podemos afirmar que
mesmo que haja factores externos
que possam impulsionar o
terrorismo nesta província, não
podemos igualmente negligenciar
a história da miséria e seus impactos
sociais em Moçambique.
Moçambique é atravessado por
desigualdades, miséria em massa,
porém ao mesmo tempo é um país
onde não é menos comum constatar
que pessoas com ligações
com o Estado, de forma directa ou
indirecta, vivam no fausto. Estas
fissuras sociais criam, certamente,
um vazio em termos de imaginação
do futuro ou ainda a vontade
social de continuar a ter uma existência
possível nas pessoas que são
atravessadas pela penúria. É nesse
sentido que penso que mesmo que
este problema esteja localizado,
por enquanto, na província de
Cabo Delgado, as condições para
que fenómenos similares tenham
espaço encontram-se em todas as
partes de Moçambique.
A Juventude e o problema
da radicalização em Cabo
Delgado
Trabalhos sobre radicalização na
Nigéria, Níger, Mali, Camarões,
Quénia, entre outros países, têm
mostrado que a radicalização
destes últimos constitui um dos
maiores problemas do mundo hodierno.
Este problema tem que ver
seja com a segurança nacional seja
com a segurança internacional.
Várias sãos as causas enunciadas.
Poderemos resumir o que a literatura
diz. Podem ser causas para
a radicalização as causas de ordem
psicológica, familiar, o meio social,
educação desestruturada, entre
outras causas. O que se pode
constatar na província de Cabo
Delgado, bem como em todo o
país, são jovens socialmente isolados,
desiludidos com a sua própria
existência. Estes jovens podem,
e pode ser esse o caso, olhar para
o extremismo como único mecanismo
de afirmação social e justificação
da sua própria vida. Se
entendermos radicalização como
nos diz Ekpenyong Nkereuwem
Stephen (2010) como o processo
através do qual um indivíduo
ou grupo adopta sucessivamente
ideias ou aspirações religiosas,
políticas ou sociais que rejeita ou
põe em causa o status quo, podemos
afirmar que os actuais focos
de violência em CD devem ser
olhados igualmente como crise do
Estado ou a displicência social e
política do Estado, enquanto comunidade
de destino. Esta situação
significa que o Estado não está
a ser capaz de ser um mecanismo
de integração social, política, económica
e mesmo civilizacional,
porque, quanto a este último aspecto,
o Estado não consegue ser
espaço hegemónico (Gramisc).
Naquela província, sem falar de
Estado falido socialmente, falaria
Por Régio Conrado*
Radicalismo religioso, político em Cabo
Delgado? algumas hipóteses compreensivas
Uma colecção internacional [9]
Nota:
Por
falha de
paginação,
houve
duas
gralhas
na coluna
da edição
anterior:
onde está 583
no topo direito
devia estar 585;
onde está [7] no
título devia estar
[8].
20 Savana 29-06-2018 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
A
questão do desarmamento não é
nova. Ganhou expressão significativa
no último trimestre de 2015,
na cidade da Beira, aquando da
operação de apreensão de armas na residência
do líder da Renamo. Na altura, segundo
a governadora H. Taipo, a operação
respondia àquilo que havia sido o “pedido
de toda a população de Moçambique” e que
era o início da resolução do impasse sobre
o desarmamento. Hoje, está claro que o impasse
prevalece, ou seja, defende-se o desarmamento
da Renamo antes das municipais
de Outubro assumindo que o pacote sobre
a descentralização já foi encerrado. A revisão
do pacote eleitoral, por força da bancada
maioritária, depende simplesmente da
desmilitarização da Renamo. Este conjunto
de situações interligadas sugerem, entre várias
questões, as seguintes: será que até Outubro
vai mesmo ocorrer o desarmamento
da Renamo? E se não acontecer, será que a
Leituras de um impasse
Renamo vai embarcar nas eleições de Outubro
antes mesmo da revisão do pacote eleitoral? Se
o impasse prevalecer haverá condições “limpas”
para que as eleições de Outubro ocorram sem
sobressaltos? Será simplesmente um apelo à flexibilidade?
Esta situação abre espaço a várias leituras. Pode
ser que, estrategicamente, o ponto resida em fazer
de tudo para enervar a Renamo ao ponto
de desarticulá-la, levando-a, por exemplo, a não
participar ou mesmo a participar a meio gás nas
eleições de Outubro. Não seria a primeira vez.
“Não participar” revela um refinado nível de
democracia e colhe forte admiração e simpatia
da Comunidade Internacional. Entretanto, internamente,
serão mais uns tantos anos debaixo
da “mudança na continuidade”, fazendo parecer
verdadeira a ideia “mil vezes repetida” que em
Moçambique não existe alternativa ao poder
político vigente. Culpado será o timoneiro da
Renamo, concorrente às Presidenciais. Uma segunda
leitura prende-se com a ideia de que o
pacote de descentralização é um processo que
“anda junto” com os assuntos militares. “Andar
junto” pode não significar necessariamente simultaneidade,
andar lado a lado. É muito comum
em Moçambique percebermos que ali vai
um casal. Mas um deles pode estar um pouco
mais adiantado que o outro o que não os inibe
de manter uma conversa agradável. Ou seja, o
pacote dos assuntos militares tem vindo a ser
tratado ao mais alto nível entre as hierarquias
do Governo/Frelimo e da Renamo. Nada obsta
que assim continue considerando o nível de
entendimento e de desenvolvimento. Aliás, o
que “stressou” o país política e economicamente
foram os assuntos militares agora sob chancela
de tréguas, muito bem recebidas por “toda a
população de Moçambique”. Oxalá a tinta que
chancela as tréguas não se desvaneça com estratégias
que descambam em “situações”.
É urgente que se conclua tanto o processo de
descentralização como o pacote dos assuntos
militares, pois “andam juntos”; cada um no seu
compasso, mas no mesmo caminho que
os levará a atingir a meta pretendida. O
sucesso no tratamento desses assuntos
eleva(rá), por tendência, a imagem dos
candidatos da Renamo às eleições de
Outubro, incluindo a do presidente do
partido. Uma terceira leitura: condicionar
a revisão do pacote eleitoral pode ser,
paradoxalmente, uma tentativa de elevar
o protagonismo do presidente interino da
Renamo, que se poderá revelar como um
interlocutor dócil e manobrável (o contrário
não deixa de ser válido). Qualquer
decisão tomada por Ossufo Momade,
que toma a desmilitarização como chantagem,
poderá ser crucial para que a sua
(des)continuidade ganhe conteúdo entre
os demais membros. São leituras; simplesmente
leituras possíveis. Veremos, nos
próximos desenvolvimentos qual delas
estará mais próxima da verdade.
O
que exacerba nestas decapitações, que
se noticia em Cabo Delgado, é a tremenda
facilidade com que se mata.
Quando se mata não é apenas sobre
o corpo que se exerce a violência, degolam-se
igualmente as representações. Decapitar é negar
um rosto, desorbitando o sentido que fazia,
o diálogo que podia propor. Esta é em primeira
instância uma violência contra as representações.
E em primeiro lugar contra as que o islão
alimenta de si e para si mesmo.
Por outro lado, crer que os cristãos são o alvo
é cair na ingenuidade, aqueles são o primeiro
pretexto – seguir-se-ão os outros, todos, pois
esta é uma cruzada da morte e a morte vicia-se
na crueldade.
A cruzada religiosa é uma máscara. De que, eis
a primeira questão.
Imagino os jovens de Cabo Delgado que neste
momento se sentem inermes no meio de
monstros que os cercam. O nazismo fazia às
escondidas, nos campos de concentração, o que
estes radicais fazem às claras, se possível com
publicidade, emprestando um intratável decoro
aos crimes históricos. O que espanta- a história
dos homens e das comunidades teve sempre infelizmente
este cariz- é que ocorra neste tempo.
E convém não assobiarmos para o lado. Estes
movimentos radicais só acham terreno fértil em
países onde se falharam duas coisas essenciais
ao desenvolvimento: a educação e o aplainamento
de extremados e indesejáveis desequilíbrios
sociais. Ou seja, em terreno, onde o poder
se exerce à antiga: com cinismo e como discricionária
vontade de alguns, e não como fruto
natural do governo se exercer apenas como um
facilitador que torna operativas as mediações
sociais.
Falo evidentemente das condições propícias
para a escalada, e da facilidade com que estes
movimentos se implantam no terreno, pois as
metástases do mal estão espalhadas globalmente
e há indeclináveis pontos de contacto subterrâneo
entre o actual fechamento da Europa
aos refugiados e estes viveiros latentes de novos
focos terroristas que se estabelecem a sul.
Estamos globalmente lixados, embora uns mais
do que os outros - os do Sul.
Entretanto, quem há dez anos se ria da estultícia
programática do Boko Haram tem de
admitir hoje, ainda que tolos continuem, que
dominam metade da Nigéria. Até pela razão
mais simples, que as autoridades, arrogantes,
nunca levam em conta: a anomia propaga-se de
forma mais fácil e rápida do que a ordem, que
exige gerações.
Por outro lado, não sei se - como sugeria Amade
Camal na semana passada, na entrevista a
este jornal- se se poderá dizer taxativamente
que estes terroristas não seguem princípios residualmente
islâmicos, ou se o empresário não
quis desviar o pensamento de uma ferida.
Já o poeta sírio Adonis (1930), educado no
Islamismo, no abrasivo Violence et Islam (Seuil,
Dec. de 2015), um livro de entrevistas, não
tem dúvidas sobre o carácter ferino do islão, e
denuncia a sua violência genética e o seu estado
de falência. Citando os textos dos Hadiths,
do Corão, dos Sutras, e “saturando-nos” com a
sua autoridade de um homem de dentro, Adonis
zurze quase envergonhadamente por ver a “sua”
civilização de quinze séculos definhar na pulsão
degenerativa do Daesh – um caso, diz, de “arteriosclerose”
religiosa.
Neste livro, previna-se, não encontramos um
ajuste de contas mas um homem que ama as
“fontes vivas” da cultura de onde emergiu – e
que lhe alimentou dezenas de livros – mas que
ama igualmente a verdade e que decepcionado,
faz uma análise da malograda Primavera Árabe,
diagnosticando um final triste para a cultura
que sempre almejou dignificar:
«O homem que se pensa mais vigoroso do que
a morte – porque se imagina a piquenicar
agradavelmente no paraíso – pratica a barbárie
sem medo ou sentimento de culpabilidade. Ele
simplesmente está separado da natureza e da
cultura. Vejo no Daesh o fim do Islão. Ē um seu
prolongamento, certo; sendo igualmente o seu fim.
Actualmente, sobre o plano intelectual o Islão não
tem nada a dizer. Nem élan, nem visão para
mudar o mundo, nem pensamento, nem arte, nem
ciência. Esta repetição é o próprio signo do fim.
(…) O Daesh não oferece uma nova leitura do
Islão ou a construção de uma nova cultura ou de
uma nova civilização. Antes é o encerramento, a
ignorância, o ódio do saber, o ódio do humano e da
liberdade. E é um fim humilhante!»
Evidentemente que, como um homem de bem,
e não como um tolo iconoclasta, Adonis não
confunde a fé dos seus membros com o anquilosamento
estrutural das instituições.
Mas acusa noutra passagem:
«O Islão matou a poesia. Este assassinato, com
efeito, é igualmente o da subjectividade, representa
o detrimento do indivíduo e da sua experiência de
vida em proveito da crença comum, a da Oumma
(a comunidade). O Islão rejeitou que a poesia
fosse um conhecimento e uma demanda da verdade.
Ele baniu-a e condenou-a. Ora, a poesia perde
todo o sentido se não for exactamente uma busca
da verdade. Posso mesmo dizer que a poesia é uma
desmontagem e um desmantelamento da religião,
tanto na sua crença como no seu conhecimento.
Ademais, é a poesia que diz a verdade. (…) Do
ponto de vista poético, a religião é um duplo niilismo:
dado que é uma destruição da beleza da existência
sobre a terra, querendo-a substituir por um
enchimento infinito de lendas em torno do paraíso.
A poesia tem a vantagem de afrontar directamente
a divindade sem se transformar numa outra religião.
Ela rechaça a ideologia. Como a mitologia,
antes questiona e abre e desdobra horizontes infinitos
para a busca.»
Saliente-se: este não é o livro de um ressabiado
mas apenas o de um homem que à submissão
prefere a inquirição e que não receia ferir-se no
acto de abordar a verdade.
Não será Adonis abusivamente generalista,
metendo debaixo da mesma redoma salafitas e
wahabitas e as demais correntes do Islão, moderadas?
Suspeito que sim.
O que não invalida o incómodo de se verificar
que nas últimas décadas o incremento do islão
tem tido a sombra dos petrodólares sauditas, de
feição wahabita, e que, com a multiplicação das
mesquitas e madrassas financiadas por essa via,
as expressões radicais se multiplicaram. Na Ilha
de Moçambique, um pequeno exemplo, já há
sinais de intolerância religiosa entre as diversas
confissões religiosas, tensão que não existia.
Como recorda Bernard Lewis, o maior historiador
recente sobre o Médio Oriente, “O ramo
wahabista do islão é muito fanático, até o ponto de
ser absolutamente intolerante, mas controla os lugares
santos do islão, Meca e Medina, o que o dota
de um enorme prestígio no mundo muçulmano.» É
de descurar, esta observação?
Imaginemos, agora para me servir de uma analogia
que faz o historiador, que o Ku Klux Klan
chegasse ao controle absoluto do Vaticano (ele
fala do Texas, por causa do petróleo) e tivesse à
sua disposição os meios de propaganda da Igreja
Católica para fazer proselitismo da sua muito
peculiar interpretação do cristianismo. Então
teríamos um equivalente aproximado do que
sucedeu no mundo islâmico moderno.
O que agora nos é dado a ver não é a evolução
natural do islão, mas sim o resultado de décadas
de radicalismo alimentado pelos sauditas. O
que acabou por ficar descontrolado.
Saber se os assassinos de Cabo Delgado são
muçulmanos ou se a falsa reivindicação é apenas
um álibi não esmorece uma questão co-
-lateral: que imagem quer hoje o islão dar de si
mesmo? Esta mesma questão, aliás, coloca-se às
três religiões do Livro, hoje em crise, mas, enfim,
estes crimes são reivindicados por supostos
salafitas.
Será um enorme equívoco ou um engodo, mas
o caos está instalado e entronca na questão de
se saber como reverter décadas de radicalismo
generosamente financiado. Julgo que esta operação
só poderá preceder do próprio mundo
islâmico. Este é o maior desafio que se coloca
hoje à nação islâmica e ao seu tecido intelectual.
Contrariar o diagnóstico de Adonis parece-me
uma nobre missão.
Os desafios religiosos
Savana 29-06-2018 21 PUBLICIDADE
22 Savana 29-06-2018 DESPORTO
O
presidente da Federação
Moçambicana de Atletismo,
Francisco Manhenche,
diz que ele e o seu
elenco estão a fazer omeletas sem
ovos, o que não é fácil. Outrossim,
explica que as portas da federação
estão abertas para todos, de tal
modo que não entende as críticas
feitas por algumas pessoas que,
num passado recente, acusavam
este organismo, via imprensa, de
estar em letargia. Seguem-se os excertos
da conversa.
Presidente, tomou posse em Setembro
do ano passado depois de
vencer as eleições tidas com as mais
renhidas na modalidade. Tendo em
conta as promessas feitas na altura,
que balanço tem a fazer?
-O balanço dos nossos trabalhos
é positivo porque se formos a ver,
ao longo deste tempo, infelizmente
os nossos fundos são magros,
até porque ainda não recebemos
financiamento do Fundo de Promoção
Desportiva e continuamos à
espera, dizia, cumprimos e estamos
a cumprir com o nosso programa.
As dificuldades são muitas, mas,
mesmo assim, estamos satisfeitos
com o nosso trabalho e repara que,
no mês antepassado, conseguimos
realizar os campeonatos regionais.
Tivemos de bater às portas aqui e
acolá e há que reconhecermos que
os próprios patrocinadores também
estão numa situação delicada.
Ou seja, continuam a lutar...
Bem, com o esforço dos meus colegas,
dos atletas e também do Comité
Olímpico estamos a conseguir
chegar a um bom porto até aqui.
Tivemos pequenos constrangimentos,
mas é normal numa casa
ver um filho que tem uma linha
de pensamento diferente e, nesses
casos, há que encontrar uma forma
muito delicada para fazer com que
ele perceba o erro que está a cometer,
porque há filhos que querem o
bem e há os que querem sempre o
mal. Mas como não é pelo mal que
vamos conseguir vencer, nós temos
de fazer tudo para todos sairmos a
ganhar, pois, se o desporto ganhar,
ganhará o país, ganhará a nossa
unidade em termos de cada um
compreender o outro e todos falarmos
a mesma língua.
Más línguas
Pode-se explicar melhor?
-Houve um tempo em que alguém,
não vou dizer o nome, foi a um
jornal e disse o que disse e, infelizmente,
alguns jornalistas repetiram
taxativamente aquilo que se disse,
sem nos ouvir, como mandam as
normas. Esses mesmos indivíduos
não pararam por aqui, também foram
ao Comité Olímpico e disseram
o que disseram.
O que disseram exactamente?
- Bem, eu não gosto de fazer muitos
comentários sobre isso, mas ao
Comité Olímpico foram dizer que
a Federação de Atletismo não funSituação
sombria na FMA
-Segundo Francisco Manhenche, aquele organismo ainda não recebeu fundos do FPD
Por Paulo Mubalo
cionava e que havia necessidade de
se encontrar uma forma para nos
retirar. Ora, nós fomos eleitos, não
fomos postos aqui e estamos a trabalhar
para o bem da modalidade,
estamos a trabalhar para aqueles
que nos elegeram e continuaremos
aqui até ao fim do nosso mandato.
Então, para si as pessoas que afirmaram
que a federação não está
moribunda estão a mentir?
-Assumimos que estamos a trabalhar,
que estamos a cumprir com
tudo o que programamos e, inclusivamente,
estamos a fazer muito
mais do que devíamos fazer. Já realizamos
uma formação de treinadores,
é verdade que a minha vontade
era que essa formação fosse para as
províncias, é para isto que estamos a
lutar; conseguimos mandar os atletas,
em coordenação com o Comité
Olímpico, para a África do Sul e
alguns já estiveram no Zimbabwe,
tudo na perspectiva de que consigam
mínimos para participarem
no campeonato africano. Inclusivamente,
mandamos um atleta para o
Botswana com idêntico objectivo.
No que toca à formação, já temos
alguma luz no fundo do túnel, pois
no próximo ano em princípio, porque
estamos em negociação, vamos
receber alguns voluntários que vão
orientar cursos a nível nacional.
Portanto, cumprimos com todo o
nosso pograma e sabemos quais são
os defeitos que a casa tem: estou a
falar de falta de pessoas formadas
para fazerem andar o atletismo.
Quanto é que a federação precisa
para poder funcionar sem muitos
sobressaltos?
-Bem, nós fizemos um orçamento
que dava acima de 30 milhões
de meticais, ou seja, para ser mais
preciso, precisaríamos, para a federação
poder funcionar sem muitos
sobressaltos, por aí 40 milhões de
meticais, mas nós sabemos que isso
não é possível e nem metade disso
conseguimos, nem um quarto,
se calhar, vamos conseguir. Mas
apesar disso, nunca deixaremos de
elogiar o governo se nos der esse
pouco.
Como é que a federação sobrevive
numa situação em que ainda não
recebeu dinheiro do FPD e o empresariado
raramente vos apoia?
-Eu tenho dito que nós somos do
atletismo e para o atletismo, nós
fazemos uma grande ginástica, mas
há um assunto que é meramente
nosso e o importante é que estamos
a conseguir fazer andar a modalidade.
Omeletas sem ovos
Insisto, como é que a federação
paga as contas correntes, como a
factura de energia, água, etc.?
-Quando chegamos aqui na federação
não havia energia, tivemos de
coordenar com a EDM, conseguimos
pagar a energia e, como vê, está
iluminada, também não tínhamos o
mínimo para fazermos os campeonatos
regionais, fizemo-los e estamos
agora a preparar o campeonato
nacional. Através do Comité
Olímpico participamos nos jogos
da Commonwealth e os atletas fizeram
o seu melhor, inclusivamente,
o Kurt Couto fez a sua melhor
marca do ano, tal como o Kélven.
Já a Salomé conseguiu bater o recorde
nacional. Portanto, fizemos
o sacrifício que qualquer indivíduo
que quer fazer omeletas sem ovos
não faz, e nós fizemos.
Presidente, quais são os critérios
para a indicação dos seleccionadores
nacionais?
-Há pessoas que gostam de meter
o pé onde não são chamadas, ou
tentam fazer a justiça naquilo que
acham que não é possível fazer. No
princípio eu disse que temos problemas
de pessoas formadas, porque
é preciso a pessoa estar formada.
Nós não vamos às cegas, dizer
fulano vai para o sítio x. Por exemplo,
agora, recebemos um convite
para participarmos num curso que
vai acontecer na Coreia, mandamos
a informação a todas as províncias
e, infelizmente, até ao momento
só recebemos uma comunicação,
os outros ainda não mandaram.
Portanto, para a federação não há
filhos nem enteados, todos são tratados
de forma igual, infelizmente
cada um comenta à sua maneira,
cada um tem a sua maneira de ajuizar,
mas nós somos pela unidade
nacional. Aliás, mesmo as províncias
que até hoje não apresentam
atletismo tratamo-las de forma
igual, de modo que possam fazer
crescer o atletismo.
CAA anuncia construção
de pista
Entretanto, o presidente da Confederação
Africana de Atletismo,
Hamad Kalkaba Malbou anunciou,
recentemente, na visita que efectuou
ao país, a construção de um
centro e pista de atletismo.
Na verdade, mais do que simples
palavras, o dirigente máximo da
CAA decidiu formalizar oficialmente
o projecto.
Recorde-se que num passado recente
o antigo presidente da Federação
Moçambicana de Atletismo,
Shafee Sidat, havia anunciado a
construção de um centro de alto
rendimento e uma pista para a zona
centro do país, projecto que mais
tarde foi entregue à consideração
do Comité Olímpico de Moçambique.
Paralelamente, na sequência da visita
daquela individualidade, esta
endereçou um convite a Shafee
Sidat, para este ocupar o cargo de
director do centro e ser membro da
Federação Internacional de Atletismo.
Sidat confirmou o facto ao SAVANA
mas não deu mais detalhes
sobre o assunto. Certamente que os
próximos dias serão esclarecedores.
Francisco Manhenche diz que a FMA
está a fazer omeletas sem ovos
Savana 29-06-2018 23 PUBLICIDADE DESPORTO
O Programa Agro-Jovem conta com mais quatro parceiros a partir deste ano (2018), somando-se assim 20 instituições de ensino superior e/
RXWpFQLFR SURÀVVLRQDOHPWRGRSDtV TXHLPSOHPHQWDPRSURJUDPD (VWDH[SDQVmRYLVDDXPHQWDUDDEUDQJrQFLDGRSURFHVVRGHSURPRomRGH
XPDQRYDFODVVHGHMRYHQVHPSUHViULRVOLJDGRVDRDJUR QHJyFLRHVHJXUDQoDDOLPHQWDU
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Agro-Jovem aprova novos parceiros de implementação
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#$ 43,
Estes novos parceiros foram seleccionados por uma comissão de avaliação da Gapi, com base em requisitos e critérios previamente anunciados, dentre os
quais se destacam a formação técnica relevante para o programa, a experiência e a abrangência.
O programa Agro-Jovem já vem sendo implementado desde 2016 em parceria com 16 instituições de ensino, com as quais continuaremos a cooperar ao
longo de 2018, nomeadamente:
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Desde o seu lançamento, a Gapi já aprovou e financiou cerca de 50 projectos com um valor toral na ordem dos de 30 milhões de meticais. Estas empresas da
iniciativa de jovens técnicos formados pelas escolas e universidades nossas parceiras geraram mais de 200 postos de trabalho para outros jovens. A Gapi tem
concebeu esta parceria com o objectivo de apoiar as instituições de ensino a estimular o empreendedorismo no seio dos jovens recém-formados em matérias
relevantes para o desenvolvimento de negócios com impacto positivo na segurança alimentar.
Com a expansão do programa, em 2017, e a inclusão de novas estratégias, como a introdução de mentores e a realização de roadshows informativos, a Gapi,
com o apoio financeiro da DANIDA (Agência Dinamarquesa para o Desenvolvimento), tem estado a facilitar o acesso ao financiamento de projectos a jovens
finalistas ou recém-graduados, dando assistência técnica e acompanhando os processos de elaboração dos projectos junto dos parceiros.
Para mais informação, queira por favor contactar agrojovem@gapi.co.mz, ou consulte a página www.agrojovem.co.mz
24 Savana 29-06-2018 CULTURA
Observador Rural Nº 63, com o título Participação das Mulheres em Projectos de Investimento
Agrário no Distrito de Monapo, da autoria de Aleia Rachide Agy (http://omrmz.org/omrweb/
publicacoes/or-63-participacao-das-mulheres-em-projectos-de-investimento-agrario-no-
-distrito-de-monapo/).
Este texto, procura descrever de que forma as mulheres participam em projectos de investimento
agrário, particularmente no sector do agro-negócio. Os dados recolhidos demonstram
que as mulheres encontram-se envolvidas, na sua maioria, no processamento
GHFXOWXUDVDOLPHQWDUHV 3DUWHGDVPXOKHUHVDSUHVHQWDGLÀFXOGDGHVHPFRQMXJDURWUDEDOKR
doméstico com o trabalho produtivo e a sua participação sociopolítica é quase que inexistente,
perpetuando-se, desta forma, a precariedade no trabalho e a segregação horizontal
por género.
O estudo foi realizado no distrito de Monapo, na província de Nampula, durante o ano de
2017.
===========================
Destaque Rural Nº 38, com o título Quanto custa a ponte da Catembe? da autoria de Yara
Nova e João Mosca (http://omrmz.org/omrweb/publicacoes/dr-38-quanto-custa-a-ponte-
-da-catembe/)
Este texto tem como objectivos analisar quais os custos de oportunidade da construção da
SRQWH0DSXWR &DWHPEH YHULÀFDQGRTXHLQYHVWLPHQWRVSRGHULDPWHUVLGRUHDOL]DGRVHP
GHWULPHQWRGHVWH TXHPVmRRVEHQHÀFLiULRVGHVWHLQYHVWLPHQWREHPFRPRTXDLVRVJDQKRV
económicos e sociais da infra-estrutura. Compara-se o valor da ponte com investimentos
alternativos em infra-estruturas da educação, saúde e habitação. Procura-se ainda deduzir
as motivações políticas desta escolha pública.
===========================
Boletim de Preços do mês de Maio, elaborado por Yara Nova, que inclui os preços dos produtos
mais consumidos pela maioria da população e que fazem parte do cabaz de compras
SDUDRFiOFXORGDLQÁDomR 2VSUHoRVVmRREWLGRVQRVSULQFLSDLVPHUFDGRVGDVFLGDGHVGH
Maputo, Beira e Nampula. Consulte o Boletim em http://omrmz.org/omrweb/publicacoes/
boletim-05-maio-de-2018/
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES DO OMR
Junho de 2018
O
concerto realizado no
dia 28 de Junho em curso,
no Cinema Scala, em
Maputo, protagonizado
pelo artista Wazimbo e a Banda
Kakana, abre portas para uma digressão
internacional, que levará
a Marrabenta a escalar Canadá,
Inglaterra, Portugal e África do
Sul, respectivamente.
Esta tournée configura a maturação
de um sonho iniciado no ano
de 2012, quando Wazimbo decidiu
voltar aos palcos internacionais,
participando em festivais e
outras plataformas internacionais,
com objectivo de divulgar e ajudar
a consagrar a música popular
moçambicana, particularmente a
Marrabenta, no panorama musical
internacional.
Em 2012, com vista à retomada
da sua internacionalização, Wazimbo
fez uma digressão que o
conduziu a Canadá, Portugal e
Brasil, onde deixou marcas que
não passaram despercebidas a
opinião de The Calgary Folk Music
Festival: “Wazimbo é um dos
cantores extraordinários do canto.
Ele pode fazer a voz enfumaçada
de Billy Hollyday’s, poderia fazêDigressão
Marrabentar com Wazimbo e banda kakana
-lo invocando instantaneamente
o auge dos clubes que em 1930
foram um sucesso.”
É nesse contexto de afirmação
da música moçambicana além-
-fronteiras que, “no fim da digressão,
ficou claro em mim que era
preciso apresentar um novo CD e
eu queria um CD que fosse para
“Arrebentar”, um CD “maningue
nice” no dizer moçambicano,
a fim de partilhar uma história
musical de Moçambique, unindo
gerações e apresentá-la ao
público além-fronteiras. A Marrabenta
comporta uma História
de um ritmo que surge dentro da
segregação colonial e, com a força
que carrega, abre portas para um
diálogo cultural, acabando por se
estabelecer como o ritmo de consenso
para uma identidade cultural
Moçambicana. Pessoalmente,
em casa, a Marrabenta sempre foi
o prato diário, daí que muito rapidamente
me identifiquei com ela
e, sendo africano, não foi possível
deixar-me absorver como músico
pela Waltz ou o Rock, senão pela
Marrabenta que hoje faz o meu
estilo de vida”, relevou Wazimbo.
Num cenário de desenvolvimento
musical africano e sendo moçambicano
com consciência de que a
Marrabenta sempre foi um ritmo
que envolve o homem e a mulher,
um ritmo de partilha, de estilos e
identidade, Wazimbo, em finais
de 2015, abraçou o sonho de catapultar
para novos patamares a
Marrabenta, tomando a iniciativa
de juntar-se à Banda Kakana,
partilha assim o palco com a jovem
e talentosa Yolanda Chicane,
para juntos “Marrabentar” em
CD, que será lançado no Canadá
durante a digressão. “Com o CD
Marrabentar, propomo-nos a trazer,
junto do tio Wazi, uma nova
abordagem na grande conversa
em torno da velha e nova geração
da música moçambicana, abrindo
espaço para que a juventude sinta
cada vez mais orgulho deste ritmo
e para que o mundo descubra
outras vozes, que o País produziu
depois da Independência Nacional”,
frisou Yolanda Chicane.
Este disco caracteriza-se por uma
tonalidade diferente da que Wazimbo
e Banda Kakana nos vêm
habituando, ressalvando a preservação
e a elevação do ritmo,
com objectivo de divulgá-lo pelo
mundo e imortalizar clássicos
moçambicanos como “Elisa Ngomara
Saia”, apresentando ainda
composições inéditas, numa
produção de Azarias Arone com
arranjos do Nelton Miranda, com
o primeiro a representar a nova
geração de produtores musicais.
Com Marrabentar, estamos diante
de um encontro de gerações,
trazendo à luz o passado, presente
e o futuro da Marrabenta.
Ainda de acordo com Wazimbo,
“Marrabentar não é apenas um
disco, é uma forma de contar a
História e revelar a identidade
cultural de um País, é como um
pai dando continuidade aos ensinamentos
para que os mais novos
não percam a sua identidade.
Agora também são os filhos a demonstrarem
o que aprenderam e
a garantir a preservação da tradição.
É ainda um convite expresso
para rebentar as cordas e estoirar
a voz, deixando para trás a inércia.
Agora, juntos iremos Marrabentar
para o mundo”, finaliza. A.S
I
naugura a 5 de Julho corrente,
pelas 18:00 horas, a exposição
individual intitulada “Traços”
do artista Butheca. A mesma
estará patente na Galeria Kulungwana,
na Estação Ferroviária de
Maputo, até ao dia 17 de Agosto
de 2018.
Moisés Ernesto Matsinhe Mafuiane,
Butcheca, realiza a sua
décima primeira exposição na
Galeria Kulungwana denominada
“Traços”, resultado de longos
anos de uma carreira artística autodidacta
que iniciou nos anos 90.
Butheca dedica-se, essencialmente,
à pintura apesar de trabalhar
igualmente diferentes técnicas e
suportes que fazem desde artista
um investigador incansável. As
suas obras são o reflexo de uma
permanente procura de novos
resultados e temas, mantendo-se
fiel ao percurso que o artista vem
estabelecendo ao longo de anos
de trabalho.
Segundo o curador Ulysses Oviedo
“tentando expressar o resultado
de algumas reflexões sobre a
obra de Butcheca, surpreendo-me
com a repetição de certas palavras
que sempre me acorrem ao tentar
analisar os seus trabalhos, como
rigor, construção, elaboração, objetividade.
Palavras que definem,
“Traços” de Butcheca
no Kulungwana
retratam e expressam realmente
os aspectos bem marcantes da sua
obra. Ao longo de vários encontros
tive a oportunidade de fazer
uma observação apurada deste
trabalho onde ressalta a vitalidade
do material, do tratamento plástico
e da textura visual, resultante
da articulação com uma actividade
intensa e incessante, totalmente
voltada, com exclusividade,
para a pintura”, explica.
Butcheca exprime-se pictoricamente
através dos elementos
plásticos convencionais: cor, desenho,
ritmo, composição e texturas,
integrados de forma harmónica e
em concordância com as normas
estéticas, que configuram a concepção
de cada uma das obras a
ser expostas. “Tenho a certeza
de que o resultado que hoje nos
apresenta é, sem dúvidas, um instante
culminante da obra de um
investigador plástico em plena
maturidade que merece pertencer
à jovem arte contemporânea
moçambicana que ficará para a
história. Tenho a certeza de que
continuará sendo um acérrimo
defensor da arte e estou também
seguro da sua perseverança neste
árduo trabalho. Só a própria arte
será testemunha e confirmará a
essência destas palavras”, finaliza
o curador da exposição. A.S
Wazimbo
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1277 DE JUNHO DE 2018
O ANTES...
E O DEPOIS, SEGUNDO AC.
PEOPLE IN NEED ( PESSOAS
NECESSITADAS), UMA ONG
CHECA SEDIADA EM PRAGA,
LANÇOU UMA CAMPANHA
BASTANTE CURIOSA...
2 Savana 29-06-2018 SUPLEMENTO Savana 29-06-2018 3
JÁ POR CÁ, IMAGINE SE NOSSA
"PILOTA" ADMIRA ANTÓNIO
TIVESSE O CÉREBRO TODO, O QUE
É QUE HAVERIA DE COMANDAR
Savana 29-06-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) A
informação certa é que a mulher referida pelo escritor Domi Chirongo é Carlota
Salomão. Ela é irmã da esposa do Domi, que se chama Rosel Salomão.
Ela é admiradora do escritor e jornalista, Fernando Manuel, que lançou, recentemente,
o livro de crónicas intitulado Missa Pagã. Outro facto é de o nome
do Domi ter sido escrito sem o “i” final, ou seja, Dom. Creio que ele ficou contente por
também o nome ser corrigido.
Estas informações foram me facultadas pelo filho de Fernando Manuel, Mauro Pindula,
que gentilmente efectuou uma ligação para mim com o propósito de partilhar
a veracidade da informação. Pelo gesto mando o meu gentil agradecimento. Não são
todos que têm este tipo de comportamento. Saber aceitar os nossos erros é uma atitude
humana que, ultimamente, é pouco vista na nossa sociedade.
Recentemente tive a oportunidade de estar numa conversa onde alguns dos intervenientes
foram alguns membros do partido do batuque e da maçaroca. No desenrolar
da conversa chegaram ao ponto de comentar que uma das exigências da Renamo para
a efectivação do processo de desmilitarização das forças residuais é incluir membros
da perdiz no Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SISE), hipótese que os
intervenientes da conversa batiam com o pé não ser possível de aceitar pelos camaradas.
Outro aspecto é que a Renamo duvida a quem estaria a entregar as armas. Estaria a entregar
ao Governo ou ao partido que dirige o Governo? Esta situação está muito longe
de se resolver. Os interesses políticos, particulares, estão acima de tudo.
Mesmo os quadros seniores da Frelimo demonstram que esta situação é uma pedra no
sapato dos membros com capacidade de decisão. Vejam que na conversa travada entre
os antigos estadistas moçambicanos, Armando Guebuza e Joaquim Chissano, a preocupação
é bem visível. Como se estivessem a comungar da ideia de que será muito difícil
sair desta situação sem ceder.
A ala feminina da agremiação dos camaradas procurou usar outra forma de disfarçar o
ar de preocupação perante a situação que o país atravessa com um acto de solidariedade.
Nestas situações tudo vale. Não é por acaso que Margarida Talapa, Chefe da Bancada
Parlamentar da Frelimo na Assembleia da República (AR), abraça Marina Pachinuapa,
coronel na reserva e combatente da luta de libertação nacional. Como se estivesse à procura
de uma ideia de como tratar a questão da desmilitarização na escolinha do barulho,
tendo em conta os conhecimentos de guerrilha da coronel na reserva.
Quando vejo esta terceira imagem, recordo-me de um aspecto contado por colega de
profissão. Ele conta que, recentemente, viu a escolta de Atanásio Mtumuke, Ministro
da Defesa Nacional, em direcção a uma loja de venda de aparelhos celulares. Todo
aquele aparato para ir comprar um aparelho celular. Não podia delegar a compra do
aparelho? Outras coisas que os dirigentes fazem só dá para rir. Não tem a noção do
congestionamento que provocam. Aqui é bem visível que o novo aparelho ainda está
dar dificuldades de manusear. Por isso pediu ajuda a Filipe Paúnde, ex-secretário geral
da Frelimo. Tecnologia não é para todos. Temos de saber aceitar.
Quando é para falar dos assuntos quentes depositados na instituição que dirige pouco
vimos em termos de procedimentos com vista a trazer a solução desses casos. Falamos
das dívidas ocultas e outros que são bem conhecidos que esperam soluções. Mas noutros
fóruns, Beatriz Buchilli, Procuradora-Geral, fala a torto e a direito sobre os variados
assuntos. O seu à-vontade fez com que Carlos Agostinho do Rosário, Primeiro-
-ministro, fechasse a boca com os dedos da mão para esconder a gargalhada iminente.
Como se estivesse a passar pela sua mente que quando é para falares sobre o que todos
querem saber entras em voltinhas. É a nossa realidade.
Tradicionalmente as cerimónias da Praça dos Heróis são frequentadas por políticos
e funcionários públicos. É raro ver cantores por lá e deve ser por isso que, para fazer
a diferença, Mc Roger nunca perde a oportunidade de estar. Mc não resiste ao ver o
microfone ao seu lado e deve estar a dizer a mamã Graça Machel que só faltou um dj
para que começasse a cantar patrão é patrão em pleno dia da independência nacional.
Não somos perfeitos
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF +VOIP EF t "/0 997 t /o
1277 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
A
CIF-MOZ, uma companhia
de cimento que até
ao mês passado era detida
em 99% pela SPI, braço
empresarial da Frelimo, vendeu
51% das participações por 85 milhões
de dólares à Compact Metal
Industries (CMI) de Singapura,
escreve o portal Zitamar.
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vendida por USD85 milhões
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25 de Junho na cidade da Beira
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Projecto da fábrica de cimento de Salamanga
Savana 29-06-2018
EVENTOS
13
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EVENTOS
A
Câmara de Comércio
Portugal Moçambique
(CCPM) apresentou, na
última quinta-feira, na
cidade de Maputo, o Anuário do
Estudante Moçambicano no Ensino
superior em Portugal, relativo
a 2017.
O Anuário resulta de um trabalho
conjunto entre a academia, os alunos
e o tecido empresarial dos dois
países e pretende fortalecer relações,
ao mesmo tempo que valoriza
o talento e o conhecimento no espaço
da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP).
O referido documenta apresenta-
-se como uma ferramenta importante
e indispensável na disseminação
do conhecimento, bem como
na aproximação das relações entre
os dois países.
Durante a sessão, foi também realizado
um debate subordinado ao
tema “A mobilidade do talento no
espaço da CPLP”, que teve como
oradores, a embaixadora de Portugal,
Maria Amélia Paiva, o PCE
do Millennium bim, José Reino da
Costa e Tomás Frade, country manager
da Murray e Roberts.
Na ocasião, Joaquim Tobias Dai,
vice-presidente da Direcção da
CCPM, enalteceu o facto de, este
CCPM lança “anuário de estudantes
moçambicanos em Portugal”
ano, uma estudante moçambicana,
Jackline Munguambe, ter sido
eleita Presidente da Associação
de Estudantes da Universidade de
Coimbra, uma das maiores e prestigiadas
instituições de ensino superior
de Portugal.
“Obviamente que este facto enche-
-nos de orgulho”, referiu aquele
responsável.
Além do Anuário, a Câmara de
Comércio aproveitou a ocasião
para apresentar o projecto “Cria
Rede”. Trata-se de uma plataforma
onde as empresas e entidades associadas
da CCPM poderão aceder
aos currículos dos alunos e, de forma
estruturada, contactá-los. Tem
como objectivo estreitar dinâmicas
entre a academia, as empresas, as
instituições e a sociedade, com a
missão de facilitar a identificação e
valorização de talento.
Para isso, aposta no apoio à integração,
ampliando o mercado de
trabalho e fortalecendo os mecanismos
de transferência de conhecimento.
Refira-se que a iniciativa contou
com o apoio do Millennium bim,
do Centro Cultural Português, do
BNI, do Optocento, da Bureau Veritas,
da Sociedade Rebelo de sousa,
da iconO2 e da Gestecla.
O
programa Agro-Jovem,
uma iniciativa da
Gapi-Sociedade de
Investimentos, conta,
este ano, com mais quatro
parceiros, perfazendo, deste
modo, 20 instituições de ensino
superior ou técnico-profissional
em todo o País, que
implementam o projecto que
visa apoiá-las a estimular o
surgimento de uma geração de
jovens empresários nas cadeias
Mais quatro instituições juntam-se ao Agro-Jovem
de valor do agro-negócio.
Os quatro novos parceiros do programa,
cuja expansão tem por objectivo
aumentar a abrangência
do processo de promoção de uma
nova classe de jovens empresários
ligados ao agro-negócio e segurança
alimentar, são a Universidade
Pedagógica, em Lichinga, na
província de Niassa, o Instituto
Agrário Bilibiza, em Quissanga,
na província de Cabo Delgado, a
Universidade Pedagógica, em Massinga,
província de Inhambane, e
a Escola Superior de Negócios e
Empreendedorismo, em Chibuto,
na província de Gaza.
Os novos parceiros foram seleccionados
por uma comissão de
avaliação da Gapi, com base em
requisitos e critérios previamente
anunciados, dentre os quais se destacam
a formação técnica relevante
para o programa, a experiência e a
abrangência.
Desde 2016 que a Gapi desenvolve
o programa Agro-Jovem, envolvendo
16 parceiros de implementação,
tendo até à data financiado cerca de
50 projectos com um valor total de
30 milhões de meticais.
As empresas resultantes das iniciativas
empreendedoras de jovens
técnicos formados pelas escolas e
universidades geraram mais de 200
postos de trabalho para outros jovens.
Com a expansão do programa, em
2017, e a inclusão de novas estratégias,
como a introdução de
mentores e a realização de roadshows
informativos, a Gapi,
com o apoio financeiro da DANIDA
(Agência Dinamarquesa
para o Desenvolvimento), tem
estado a facilitar o acesso ao
financiamento de projectos a
jovens finalistas ou recém-graduados,
dando assistência técnica
e acompanhando os processos
de elaboração dos projectos
junto dos parceiros.
14 Savana 29-06-2018 Savana 29-06-2018 15
DIVULGAÇÃO
Obrigado à todas, Obrigado à todos!
Juntos transformamos areia em pedra.
Parlamento Juvenil – o difícil parto de um sonho que não tardou em se
projectar na imagem viva e vibrante da coragem da juventude.
Juntos erguemos a voz dos excluídos!
Curvo-me diante de todos vós que têm contribuído sinceramente para a
IÅZUItrWVIKQWVITMQV\MZVIKQWVITLWParlamento Juvenil.
.IbMZLIR]^MV\]LM]UXWLMZMU5WtIUJQY]M
O futuro nos contempla…
Salomão Muchanga
Reunião Nacional da Frente Feminina 2013 Convenção Popular sobre as Dívidas Ilegais 2017
Marcha “Os Tiros não enfraquecem as liberdades”
- Cistac 2015
Com Ligas Juvenis dos partidos políticos na Conferência
Nacional sobre Paz e Prevenção da Violência Eleitoral 2014 Quartel General da Juventude - Sede do PJ Convenção sobre Juventude e Eleições 2009
Festival do Dia Internacional da Juventude 2017
Johana Kuensberg, Alta Comissária Britânica acompanhada
pelo Vice-Presidente da União Pan-Africana da Juventude e pelo
Presidente da Juventude no Parlamento Pan-Africano - CAJ 2015
Com lideranças comunitárias e religiosas em Cabo Delgado
Com Iraê Lundin, Severino Nguenha e Hermenegildo
Mulhovo no Pensar Moçambique 2016
Com as Coordenações Provinciais na Capacitação de
Quadros 2013
Com Pierre Buyoya (Antigo Presidente do Burundi) e Thabo
Mbeki (Antigo Presidente da África do Sul) na Conferência
Africana da Juventude 2015
Com Iraê Lundin (Diakonia) e Ulla Andrén (então Embaixadora
da Suécia) na inauguração da Sede Nacional 2013
Marcha pela paz e segurança 2013
Marcha pela Paz e cessação das hostilidades 2016
Marcha pela Paz e cessação das hostilidades 2016
Homenageadas no Grande Festival da Mulher 2012
Com Pedro Pires (Antigo Presidente do Cabo Verde) e Joaquim
Chissano (Antigo Presidente de Moçambique) na Conferência
Africana da Juventude 2012
Obrigado, Khanimambo, Nibonguile, Nakhensa, Zikomo Kuambire, Assante
Sana, Tathenda Kwene kwene, Maithabassa, Takuta e, Quiochukuro!
Savana 29-06-2018 EVENTOS
14
Um total de 58 funcionários
do INSS-Instituto Nacional
de Segurança Social,
incluindo quadros de diversas
instituições tuteladas pelo
Ministério do Trabalho, Emprego
e Segurança Social (MITESS),
beneficiou, recentemente, em Maputo,
de uma formação sobre auditoria
interna e detecção de fraudes
ou irregularidades.
Enquadrado no âmbito do Plano
de Formação de 2018 do INSS,
o curso, que teve uma duração de
cinco dias, teve por objectivo dotar
os funcionários de ferramentas que
lhes possibilitem detectar com facilidade
casos fraudulentos.
De acordo com Daniel Clemente,
chefe do Departamento de Recursos
Humanos do INSS, a formação,
que envolveu funcionários das áreas
de administração e finanças, auditoria,
contas correntes e inspecção,
decorre da recente detecção e suspensão
de 1.097 casos de irregularidades
processuais, no decurso do
processo de migração digital da informação
de pensionistas para uma
base de dados.
Durante a formação, orientada pela
Inspecção Geral das Finanças, os
promotores do evento solicitaram
à Comissão Interministerial para a
Promoção do Segredo do Estado a
introdução do módulo sobre inforCapacitados
quadros
anti-fraudes no INSS
mação classificada do Estado.
“Esta iniciativa visava dotar os participantes
de elementos essenciais
a ter em conta no tratamento de
toda a informação classificada do
Estado, pois, geralmente, os funcionários
têm estado a partilhar
documentos classificados por telemóveis,
o que é contrário à lei”,
explicou o chefe do Departamento
de Recursos Humanos do INSS.
Pretende-se com esta formação,
segundo realçou Daniel Clemente,
evitar a ocorrência deste tipo de situações
de risco, porque não fazem
parte da conduta dos funcionários
públicos: “A lei proíbe esta prática,
uma vez que a informação de carácter
restrito só pode ser partilhada
após uma prévia autorização”,
frisou.
Em jeito de balanço, Daniel Clemente
considerou terem sido alcançados
os objectivos preconizados,
uma vez terem sido partilhadas
questões relativas ao risco que se
tem registado em casos de fraude.
“Os funcionários beneficiários da
formação mostraram-se satisfeitos
por estarem agora munidos de
ferramentas que lhes vão auxiliar
em processos de auditoria interna e
detecção de fraudes, que antes não
tinham”, indicou, ajuntando que
“preparamos, deste modo, quadros
para lidarem com os desafios da
instituição nos próximos tempos”.
A
celebração, semana
finda, do dia mundial
do refugiado,
serviu de mote para
que a Agência das Nações
Unidas para os Refugiados
(ACNUR), em Moçambique,
procedesse à entrega de quatro
salas de aulas equipadas com
carteiras para a Escola Primária
Completa da Machava “A”,
localizada no Município da
Matola.
O investimento é da Associação
dos refugiados ruandeses
em Moçambique que, para
o efeito, alocou dois milhões
de meticais para melhorar as
condições de ensino para as
crianças que frequentam aquele
estabelecimento.
Na ocasião, o representante da
ACNUR, em Moçambique,
Hans Lunshot, apelou às outras
comunidades residentes
no país para trilharem pelo
Refugiados oferecem salas
de aulas na Matola
mesmo caminho, visto que a educação
é também importante para os
seus filhos e familiares.
Referiu que, com a entrega daquelas
quatro salas, os filhos dos refugiados
e não só têm a oportunidade
de prosseguirem com os estudos,
num cenário de melhores condições.
Segundo Lunshof, em Moçambique
vivem 26 mil refugiados
com destaque para burundeses,
congoleses, somalis e ruandeses,
sendo que outras nacionalidades
estão menor número. Apontou
que dois terços daquele total vive
em zonas urbanas como Maputo,
Matola e Nampula e tem bases de
subsistência. Acrescentou Lunshf
que paralelamente existe um outro
de cerca de um terço dos refugiados
que sobrevive graças ao apoio do
ACNUR e não só.
Por sua vez, a Cleophas Habijorenge,
presidente da Associação dos
Refugiados ruandeses em Moçambique,
disse que uma das vocações
da sua agremiação é a promoção
da convivência mútua com as populações
onde estiverem implantados
o que passa por dar
o contributo naquilo que foi
necessário para a melhoria das
condições de vida.
Explica que foi nestes termos
que optaram por construir
aquelas salas de aulas, pois
causava-lhes tamanha preocupação
ver crianças a estudar de
baixo de árvores e sentadas no
chão. Enquanto isso, a directora
da Escola Primária Completa
da Machava “A”, Nelita
Uamba, agradeceu o gesto aludindo
que vai contribuir para a
melhoria de desempenho dos
alunos, pois as aulas passarão a
decorrer debaixo de um tecto.
Aquele estabelecimento conta
com 2500 alunos divididos em
três turnos e distribuídos em
seis salas das quais quatro não
ofereciam condições. Assim,
assinalou Uamba que daqui
em diante todos os alunos vão
estudar em salas apropriadas e
sentados em carteiras.
A
Produções Conga, em
parceria com a Maningue
productions, promove,
nos próximos dias 13 e 14
de Julho, um evento denominado
“Noites do Índico (Maputo/Lisboa)”
na cidade de Lisboa, Portugal,
com o intuito de promover a
música e os músicos moçambicanos
além-fronteiras.
O evento terá lugar no espaço Lisboa
ao vivo na zona de Marvila, na
capital portuguesa. O espaço Lisboa
ao Vivo tem lotação para 1500
pessoas e é um verdadeiro espaço
de espectáculos de música ao vivo.
O elenco artístico é 100% moçambicano
e conta com artistas
residentes em Portugal como Ótis,
Costa Neto, André Cabaço, Hernâni
e Selma Uamusse e artistas
que vão de Moçambique como
Timbila Muzimba, Granmah,
Deltino Guerreiro, Assa Matusse
e Napalma.
O jovem músico Deltino Guerreiro,
que com o seu primeiro disco
de originais conseguiu implantar-
-se de forma robusta na esfera musical
de Maputo e noutros cantos
do país do mundo, leva a Portugal
o seu Eparaka. Já, os Granmah,
Artistas moçambicanos
actuam em Lisboa
donos de um dub misturado com
outras sonoridades, tem no “Got
to Move” estreado em grande em
termos discográficos e concertos.
É uma música fresca, que procura
espelhar um estilo de vida peculiar
de alguma juventude da cidade de
Maputo. Aliás, quem conhece o espaço
geográfico dos Granmah vai
perceber perfeitamente o que música
narra sobre a cidade das acácias
e sua gente. Os Timbila Muzimba
constituem uma banda já experiente
em matéria de digressões
na Europa, já actuaram em Portugal
e uma vez mais regressam para
integrar este elenco de luxo. Sãos
os guardiões das nossas identidades,
da espiritualidade que há nas
canções do povo de Moçambique.
As origens dos Timbila Muzimba
são inquestionáveis e têm merecido
respeito e reconhecimento dentro e
fora do país.
Paralelamente às actuações dos
nossos artistas, o espaço vai ter uma
zona dedicada a uma exposição/
venda de artesanato e roupa de estilistas
moçambicanos assim como
um espaço de bar com gastronomia
tradicional Moçambicana.
O evento tem o patrocínio do BCI
e o apoio da embaixada e do consulado
de Moçambique em Lisboa.
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F
oi lançada na nesta quarta-
-feira, em Maputo, com a
presença do Chefe de Estado,
Filipe Nyusi, de diversos
ministros e de altas personalidades,
a obra literária “Coronel Mateus
Óscar Kida – Na sua voz e na dos
seus camaradas e outros próximos”.
Da autoria do académico
Renato Matusse, o livro “aborda
o percurso de um combatente pela
independência de Moçambique,
desde a sua infância no longínquo
distrito do Lago, no Niassa, passando
pela sua adesão ao movimento
de libertação, onde foi um
chefe militar com uma competência
por todos reconhecida, até
ao cargo de ministro do Antigos
Combatentes, onde desempenhou
um reconhecido trabalho de reinserção
social dos desmobilizados
de guerra, com a criação do Fundo
da Paz e de Reconciliação Nacional”,
referiu, na sua intervenção, o
Presidente da Comissão Executiva
(PCE) do BCI, Paulo Sousa.
O Presidente da República, a última
personalidade a tomar a palavra,
valorizou “a honestidade e a sinceridade”,
do biografado, “relatando
peripécias que outros, nas mesmas
circunstâncias, omitiriam”.
“Ele integra a plêiade de homens e
mulheres de fibra que arquitectaram
a nossa unidade e criaram as
condições para nos libertarem do
regime colonial. Falando com ele é
como uma emersão num oceano de
história”, destacou Renato Matusse,
o autor do livro. Depois lembrou
o exímio diplomata que foi Mateus
Kida. “Nas relações com a URSS,
com a China, Tanzânia e Cuba. Foi
Kida lança livro de memórias
ainda buscar formas de desbloquear
o isolamento e o ostracismo a que
estava votado o contingente moçambicano
que estava na Líbia na
sequência do acordo de Incomáti.”
Já o biografado, depois de agradecer
a quem deu o seu contributo
para que a obra visse a luz do dia,
deixou um incentivo: “Era bom que
esses apoios que me deram continuassem
a dar a todos aqueles que
têm ideias de escrever para que enriqueçamos
a nossa história para as
gerações vindouras.”
José Albino Bata Tinga
(Ngoca)
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