| Exmo. Sr. Presidente da República Filipe Jacinto Nyusi, escrevo-vos esta carta na esperança de que tudo esteja a correr bem da vossa parte. Eu me encontro na melhor forma possível de vida. Por muito tempo desejei escrever-vos mas não sabia por onde começar pois os assuntos eram (são) vários e a grandeza da vossa personalidade provocou um certo remorso da minha parte. Remorso este porque desde princípio da vossa governação o ouvi sendo chamado de pai e, é muito complicado um filho criticar o seu próprio pai. Hoje tomo a coragem de vos escrever porque a minha consciência compreendeu que não temos nenhuma relação de paternidade. Sr. Presidente, o motivo pelo qual vos escrevo, mesmo sabendo que está carta pode não chegar até vós, são os quatro ≈ cinco anos da vossa governação. A quando da vossa campanha eleitoral como um dos fortes candidatos à Presidência da República o slogan pelo qual vos identificava (farei o recordar caso vos tenha esquecido) é: “na minha cabeça só cabe a paz, a paz, a paz para todos os moçambicanos”. Este slogan encheu de esperança o povo moçambicano uma vez que o país vivia num clima de instabilidade política que se alastrou até ao início da vossa governação. O povo anseiava fervorosamente a paz de forma tal que merecestes a confiança do mesmo e vencestes as eleições de 2014. Sr. Presidente, durante a vossa campanha eleitoral vestistes-vos de várias cores, tanto culturais como religiosas. No que se refere as cores culturais, ouvi-vos dizer que eras de todos uma vez que vos identificastes como sendo de cada uma das províncias do nosso belo moçambique, e não só, mas também sentastes-vos numa esteira e com a mão comias chima. Do mesmo modo, fizestes na vertente religiosa, fostes às igrejas cristãs e muçulmanas (nas mesquitas). Sr. Presidente, quando tomastes posse prometestes mais uma vez trabalhar em prol da paz e foi neste dia em que dissestes que “o povo é o meu patrão”. Por este discurso, fostes destaque nacional e, queira também acreditar, internacional. Hoje vejo que de facto tínheis razão quando dizias que na vossa cabeça só cabia a paz para todos os moçambicanos. Note-se que realmente a paz dos moçambicanos era o vosso desejo de tal forma que muitos dos meus compatriotas corriam de um lado para o outro, com as suas trochas na cabeça a procura de sossego. Outros mereceram a paz eterna (e desde já que Deus os tenha em sua santa glória) e ainda outros encontram a paz sem tecto porque tudo lhes foi destruído nos conflitos militares. Realmente vejo que lutastes pela paz até que merecestes o Prémio Nobel da Paz, aliás, o Doutor Honoris Causa. A meu ver o teu slogan tinha todo sentido porque o único que tinha a paz eras tu e, por isso, a sua residência anda blindada de seguranças e agora que já tens a paz, previna-se Sr. Presidente porque a real guerra virá. Sr. Presidente, não podemos viver num isolamento social, devemos valorizar o aspecto comunitário. Repare que dissestes que o povo era o teu único e exclusivo patrão. Frase forte! O povo realmente é o teu patrão de tal forma que tu como empregado tens todo o cofre e administra todos os bens do teu patrão; fazes o que bem entendes, viaja como queres e para onde lhe apetecer, tipo um empregado de luxo jamais visto na história. O povo é o teu único e exclusivo patrão por isso que o povo anda com os bolsos vazios porque tem de pagar ao seu empregado pelos serviços prestados mesmo os mais obscuros como as dívidas ocultas. O povo realmente é o teu único patrão por isso vós tendes a autoridade de pôr e destituir quem quiseres do poder porque fazes a vontade do teu patrão. O povo é o teu exclusivo patrão por isso andam em My Love’s e discutem nos Dumbanengues enquanto tu fazes do avião uma morada. Na verdade, és um empregado que sempre sonhei ter e quem sabe, no futuro, ser. Sr. Presidente os problemas de corrupção, de raptos, dos assassinatos em série são os mais discutidos pelos parlamentares na vossa governação, que se passa? A oposição sempre questiona o Governo quanto à estratégia que está a adoptar contra o aumento da criminalidade. A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) apontou que se registam diariamente actos criminais macabros que a polícia afirma estarem a ser investigados, mas não são esclarecidos. Já a bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) quer saber o que o Governo está a fazer para lidar com o alegado clima de instabilidade que se regista no país caracterizado por raptos e assassinatos de cidadãos indefesos. Falas muito bem da descentralização do poder mas parece-me que no vosso governo o poder está claramente centralizado a não ser que vós tendes outro conceito de descentralização, é provável que seja isto e é por esta razão que não compreendo até hoje como aplicas. Talvez uma explicação de sua parte com factos reais me seria útil. Sr. Presidente, sei que és cristão o que não sei é se és praticante. Mas como cristão imagino que tens algum tempo para pegar e ler as sagradas escrituras. No livro do Profeta Habacuc Deus diz ao profeta: ai daquele que constrói uma cidade com sangue e assenta a cidade sobre o crime. Hab 2, 12. O nosso país está assentada sobre o crime (s), dia e noite são lágrimas sem fim, raptos, violações sexuais, agressões, assassinatos, etc. aonde vamos? O povo um dia vai esgotar-se. A paciência tem limites e a união faz a força e onde as pessoas se unem a coisa fica feia, recorde a greve de pão. Muito esperei da vossa governação, pensava que ela pudesse amainar a onda da criminalidade semeada pelo antigo governo. Por conseguinte, a criminalidade aumentou de forma exuberante no vosso governo. Note-se que é na vossa governação onde muitos que dirigiam alguma palavra contra a vossa Excia., um membro familiar vosso, um compatriota da frente ou contra o sistema da vossa governação foram sequestrados, torturados e assassinados de forma macabra, tornando a cidade de Maputo a mais sangrenta do país e um assassinato ainda mais grave foi do Edil de Nampula Muhamudo Amurane no dia 04 de Outubro, dia da paz. Será a vossa governação sadista? Sr. Presidente, é na vossa governação onde muitos moçambicanos foram impedidos de manifestar contra certas atitudes do governo, uma vez que a manifestação é um direito do povo. Mal que se anunciava uma manifestação, muito cedo já tinha os tanques de guerra nas principais vias das urbes. Frente a estes fenómenos o vosso governo não conseguiu, até então, esclarecer nenhum destes crimes, nem a Procuradoria nem a PRM (Polícia da República de Moçambique) ou mesmo a PIC (Polícia de Investigação Criminal) conseguiu esclarecer. Já vos questionastes o porquê disso? Temos uma Procuradoria ou “procuraria” (se fosse do meu interesse)? E a polícia que está vacinada com o discurso segundo o qual a polícia está a trabalhar no sentido de… será que as pernas da procuradora são tão esbelta que te enlouquece ao ponto de não conseguires exonera-la do cargo ou tomastes o chá de calcinha? Sr. Presidente, ao terminar a minha carta quero agradecer-vos pela coragem de estares onde estás pois este é um lugar para homens corajosos. Quero de igual modo agradecer-vos pela dedicação que tivestes, mesmo às ocultas, de encontrar-se regularmente com o então já falecido líder da RENAMO o General Afonso Dhlakama. Agradecer-vos também por continuares gastar o dinheiro com viagens, trazendo estrangeiros para exportarem o que é nosso, começando pela madeira e terminando no gás… Sr. Presidente, estou em crer que vós mereceis mais uma confiança do povo moçambicano, mas que seja de modo justo e realmente transparente, e se ganhares quero pedir-vos que na próxima governação governe por si, com seu ideias porque no meu entender, o sistema partidário tira-te muito do que és. Faça bem o seu trabalho e cumpra com as leis do país e isto vai criar um desenvolvimento comunitário, vos garanto. Pela vossa atenção, O meu muito obrigado. |
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