sexta-feira, 29 de junho de 2018

Agiu por vingança e mutilou os dedos. O que já se sabe sobre o suspeito do ataque ao jornal americano em Maryland


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O suspeito foi identificado como Jarrod W. Ramos, tinha um historial de rancor contra o Capital Gazette e mutilou os próprios dedos para dificultar a identificação.
O suspeito do tiroteio na redação do jornal diário Capital Gazette, identificado como Jarrod W. Ramos, tinha um historial de rancor contra o jornal e tinha mutilado os dedos no que os investigadores acreditam ter sido uma tentativa para dificultar a sua identificação. Segundo fontes policiais citadas pela revista Time, o suspeito foi identificado com recurso a tecnologia de reconhecimento facial. Com 38 anos, Jarrod terá agido por vingança.
Segundo o chefe da polícia local, William Krampf, Jarrod W. Ramos agiu premeditadamente e entrou no edifício com os alvos pré-definidos. “Ele procurou as suas vítimas enquanto caminhava pelo piso inferior”, afirmou. No entanto, as autoridades locais afirmam que não são ainda conhecidas as motivações para o ataque. Contudo, o jornal Baltimore Sun (do mesmo grupo que o Capital Gazette) avança que o suspeito guardava um “rancor de longa data” contra o jornal.
Em declarações a esta publicação, o ex-editor do Gazette Thomas Marquard afirma que o suspeito tinha um historial de ameaças ao jornal e aos jornalistas nas redes sociais. “Eu estava seriamente preocupado que ele nos ameaçasse com violência física ”, recorda. “Lembro-me de dizer aos nossos advogados: ‘Este é o tipo que vai entrar aqui e disparar’.”
Em 2012, Jarrod Ramos processou o colunista Eric Hartley e o ex-editor Thomas Marquart por causa de um artigo que o jornal publicou em 2011. Intitulado “Jarrod wants to be your friend” (“Jarrod quer ser seu amigo”), o artigo relatava como Jarrod tinha atormentado uma ex-colega de liceu depois tentar reconectar-se com ela no Facebook.
Em 2009, e durante quase um ano, Ramos terá enviado insistentemente mensagens à antiga colega, alternando entre pedidos de ajuda e insultos e dizendo-lhe para tirar a sua própria vida. Quando o tom das mensagens escalou depois de o ter bloqueado nas redes sociais, a mulher chamou a polícia. O caso acabou em tribunal e Ramos, até aí um funcionário do Secretariado Nacional de Estatística sem cadastro, declarou-se culpado.
Em 2013, Jarrod Ramos interpôs um recurso contra o Gazette e o tribunal voltou a dar razão ao jornal. No parecer citado pelo Washington Post, o juiz refere que Ramos demonstrava incompreensão sobre a lei da difamação e sentir-se-ia ofendido, porque o artigo era complacente para com a vítima do processo de assédio. “O apelante queria uma cobertura igual do seu lado da história. Ele queria uma oportunidade para colocar a vítima sob uma má luz, de modo a justificar e explicar porque fez o que fez.”
Ao Baltimore Sun, a tia do suspeito terá descrito o sobrinho como “muito inteligente”, mas “solitário” e alguém que “não era próximo de ninguém”. O ataque vitimou quatro jornalistas e um assistente de vendas e causou pelo menos dois feridos que necessitaram de ser hospitalizados que, entretanto, já tiveram alta.
No ataque, Ramos terá alegadamente usado uma caçadeira e granadas de fumo. No entanto, foi detido sem ter havido troca de disparos. Acusado formalmente de cinco homicídios qualificados, deverá ser presente esta sexta-feira a um juiz de Anápolis, capital do Maryland, que decidirá qual a pena que lhe aplicará.

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