sexta-feira, 25 de maio de 2018

“Marcelino dos Santos e os donos da situação é que mataram Eduardo Mondlane”


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Artur_vilankulo'Josina Machel era uma mulher como outras. Foi uma combatente comum. Tornou-se importante porque casou com Samora Machel"
'As matanças a que assistimos hoje são a continuação da cultura de assassinatos dos comunistas que tiraram a vida de pessoas como Uria Simango e Joana Simeão"
Por André Mulungo
Chama-se Artur Lambo Vilankulo, é moçambicano, e ac­tualmente vive nos Estados Unidos da América. Artur Vilankulo foi locutor fundador do programa ”A Voz da Frelimo”, na Radio Tanzânia, durante a luta de libertação nacional.
Durante uma das suas visitas a Mapu­to falou ao “Canal de Moçam­bique", tendo dito que Mar­celino dos Santos e "os donos da situação” são os responsáveis pela morte de Eduardo Mondlane. Artur Vilankulo diz que a História não pode ser branqueada. Afirma que Mondlane não é fundador da FRELIMO e que Josina Ma­chel era uma mulher comba­tente comum que se tornou importante por ter casado como Samora
Des­creve as matanças que aconte­cem na actualidade, incluindo os atentados contra Afonso Dhlakama, como a continuação da prática de assassinatos que caracterizou a Frelimo antes e depois da Independência Nacional.
Artur Vilankulo viveu na casa "Changombe”, na Tan­zânia, juntamente com Sa­mora Machel. Joaquim Chissano. Armando Guebuza, João Munguambe, Mariano Matsinhe, Lopes Tembe, Marcelino dos Santos, Jor­ge Rebelo, Óscar Monteiro, Artur Murupa, Gabriel Simbine e José Moiane.
Acompanhe; a seguir, a entrevista a Artur Lambo Vilankulo.
Canal de Moçambique (Canal) — Não pegou em armas mas através do seu programa na rádio contribuiu para o processo de libertação do pais. Depois de libertarem o país, viveram o que sonharam durante a luta contra o colonialismo?
Artur Vilankulo — Uma das minhas grandes tristeza é que quando estava na rádio, a minha missão era dizer que a FRELIMO era um movimento de libertação de Moçambique e que, depois da Independência, o povo é que vai decidir o que quer, se será democracia tradicional ou ocidental. Dizia também que, depois da Independência, o governador seria eleito na sua própria província.
Canal  - O  que falhou?
Artur Vilankulo — Não sei. O que posso dizer é que, depois, adoptou-se o comunismo. Há um grupo de pessoas que se diziam moçambicanos não africa­nos. São esses os principais res­ponsáveis pela implantação do comunismo. Trata-se de Marce­lino dos Santos, Jorge Rebelo, Óscar Monteiro, Sérgio Vieira e outros. A este grupo chamavam os "os donos da situação".
Canal — Samora Machel não fazia parte deste grupo? Até porque, em 1977, o Es­tado moçambicano foi de­clarado marxista-leninista.
Artur Vilankulo - Samora Machel nunca foi comunista. A prova disso é que, mais tarde, aceitou visitar os EUA. Visitou Inglaterra e acatou o convite do Papa. Até para ser presidente Samora foi forçado, para evi­tar que Marcelino assumisse a presidênciaSamora nunca foi marxista, É preciso entender  uma coisa, quando falam os da Frelimo. A Frelimo I é de Eduardo Mondlane e Uria Simango. A Frelimo II é composta por Marcelino dos Santos, os donos da situação e outros que vieram mais tarde. Estes senhores eram maus. Os soldados brancos, quando eram encontrados, no tempo da primeira Frelimo eram levados para a Argélia, mas com a Frelimo II, eram assassinados. As matanças são a marca dos comunistas. Não tenho nada contra o comunismo. Só acho que o comunismo foi mau para Moçambique. Os que implantaram este sistema destruíram as tradições, incluindo o sistema de líderes tradicionais.
Canal — Porque chamaram ao grupo de Marcelino dos Santos “os donos da situa­ção"?
Artur Vilankulo - Depois da morte do presidente Mondlane, passaram a controlar tudo e assassinaram muita gente. Em I974? Pedro Mondlane sugeriu que os movimentos de libera­ção deviam unir-se para conver­sar com os portugueses, Joana Simeão apoiou, mas a proposta foi rejeitada pelos sectores ra­dicais da Frelimo. Depois desta proposta, foram todos assassinados. Entre os funda­dores, apenas escaparam Lopes Tembe e João Munguambe. Uria Simango, que dizem que era não revolucionário, foi ree­leito vice-presidente da FRELIMO em 1968, em Niassa, quando o presidente Mondlane foi reeleito. Marcelino dos San­tos não foi eleito nada, depois de ter sido afastado do cargo de chefe das Relações Exteriores, em 1967. E alguém tinha que ir.
Canal - O que é que quer dizer com “tinha que ir"? Pode explicar?
Artur Vilankulo — Quando morre o presidente Mondlane, Uria Simango faz uma carta com o título "Situação sombria na Frelimo”. Marcelino dos Santos é um dos responsáveis pela morte do presidente Mondlane. Depois foi preso. Em 1965, como chefe das Relações Exteriores, foi á Assembleia Geral das Nações Unidas, À margem desse encontro, reu­niu com alguns moçambica­nos mistos e brancos e disse: '"Nós podemos governar o país, mas os pretos não podem”. Eu levantei-me e disse: “Não sou misto, sou Vilankulo" De imediato, mandou-me sair da sala, depois de ter corrido com alguns negros que se encontravam na sala. Em Maio de 1967, foi afastado do posto de chefe das Relações Exteriores. E isto foi suficiente para  os donos da situação matarem o presidente Mondlane. Na altura, havia duas bombas, uma para matar o reverendo Uria Simango e outra para matar o presidente Mondlane.
Canal — Qual é a sua ver­são sobre o local da morte de Mondlane?
Artur Vilankulo – A FRELIMO tinha um escritório em Dar es Salaam que se encontrava na Av. Kwane Nkrumah. Não morreu no escritório. Se fosse no escritório, muita gente teria morrido. O presidente Mondlane tinha um escritório privado em Orstbay. O escritório poten­cia a Betty King, secretária da Janet Mondlane. a esposa do Dr Mondlane. O Dr. Mondlane foi para esse escritório para ter privacidade porque, na altura, havia uma pequena confusão no escritório da FRELIMO. Os guerrilheiros andavam a procura do Dr. Mondlane para denunciar matanças de inocentes dentro da FRELIMO. Uma moça chamada Panela, namorada do Marce­lino, é que levou a encomenda.
Canal - Que memórias lhe ocorrem da época da luta de libertação?
Artur Vilankulo — Sinto muito, porque a maior parte das pessoas que eu conheci foi as­sassinada. Lázaro Kavandame é de Cabo Delgado, fez muito para receber os moçambicanos que passaram de Cabo Delgado para a Tanzânia. Para a guerra começar, foi graças a ele, mas foi assassinado pelos donos da situação, as pessoas que destruí­ram a FRELIMO por dentro. Os donos da situação seguiram muito o método de Lenine e Estaline. As matanças a que as­sistimos hoje, as tentativas de matar Afonso Dhlakama. são a continuação da cultura de as­sassinatos do passado por parte daqueles que não aceitam o pen­sar diferente. O padre Mateus Gwengere encorajou muitos jovens a sair de Moçambique para Dar es Salaam para estu­dar. Houve ajuda aos estudan­tes moçambicanos no Mozambican Institute, que foi o que foi graças à dona Janet Mondlane. Ela fez um trabalho muito bom no Mozambican Institute e apoiou o marido, Mondlane, como presidente da FRELIMO.
Canal - Disse que quem fundou a OMM foi a mulher de Uria Simango. Quando fa­lamos do Dia da Mulher Mo­çambicana, a figura principal é Josina Machel. Quem foi Josina Machel?
Artur Vilankulo — Josina Machel só passou a ser im­portante porque se casou com Samora Machel. Antes disso, era uma combatente como outras mulheres que partici­param na luta de libertação. Foi combatente como outras senhoras. Eu respeito-a como mulher mas a História deve ser dita como ela é. Não podemos mudar a História para fa­vorecer a quem quer que seja.
"A Frelimo apropriou-se do nome do movimento"
“A Frelimo de 1977 apropriou-se do nome do movimen­to de libertação- a FRELIMO. A Frelimo é um partido político e não deve ser confundida com a Frente de Libertação de Mo­çambique. Quando estávamos em Dar es Salaam, chamávamos um ao outro “irmão”, e  não "camarada".
Na Frelimo I éramos nacionalistas, e não camaradas, O sistema do partidarismo é contra o nacionalismo e é mau para a família, porque, quando um individuo não é da Frelimo, afasta-se, por­que as pessoas foram educadas que somos todos camaradas, camarada irmão, camarada avó. camarada esposa, cama­rada chefe, camarada presiden­te, camarada ministro, e isto afecta muito o sistema hoje."
Artur Vilankulo nasceu no distrito de Massinga, na pro­víncia de Inhambane. Actualmente, vive nos Estados Unidos da América. É veterano da luta de libertação nacional. Foi membro da Assembleia Muni­cipal de Maputo (2003-2004), foi deputado da Assembleia da República, de 2004 a 2009, pelo círculo eleitoral de Inhambane. É doutorado nas áreas de re­lações internacionais, organizações transnacionais, diplomacia e negociações internacionais na Universidade de Columbia e na Universidade de New York City.
Artur Vilankulo contou que foi vítima de sete ten­tativas de assassinato, sen­do três em Moçambique e quatro em Dar es Salaam.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 23.05.2018
NOTA: Quem acompanha o MOÇAMBIQUE PARA TODOS sabe que a Frelimo mente. Onde estão os verdadeiros historiadores?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE

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