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Escrito por Adérito Caldeira em 24 Abril 2018 |
Graças as elevadas taxas de juro que pratica e ao investimento na Dívida Pública Interna o Millenium Bim (MBim) voltou a obter a aumentar os seus lucros, “a margem financeira aumentou 24 por cento, totalizando 11.429 milhões de Meticais em 2017, face aos 9.187 milhões de meticais apurados em 2016”, pode-se ler no Relatório e Contas da segunda maior instituição financeira a operar em Moçambique que enquanto a sua carteira de crédito ao sector produtivo da economia reduziu em mais de 20 por cento aumentou em mais de 250 por centro a compra de Dívida Pública do Estado moçambicano.
Enquanto o povo luta para sobreviver a crise económica e financeira que afecta Moçambique desde a descoberta das dívidas ilegais os bancos comerciais fazem lucros bilionários aproveitando a Política Monetária que o Banco de Moçambique tem estado a implementar para conter justamente a crise.
Depois de ter ganho mais de 9 biliões de meticais no exercício de 2016, o primeiro ano da crise no nosso país, a margem financeira do Millenium Bim aumentou 24 por cento, “totalizando 11.429 milhões de Meticais em 2017” mais uma vez “impulsionada pelo efeito positivo da rentabilidade dos activos geradores de juros”, entenda-se Títulos da Dívida Pública Interna, e também pelo “reflexo das taxa directoras do mercado”, indica o Relatório e Contas da instituição financeira analisado pelo @Verdade.
No documento, tornado público semana passada, o MBim reconhece que “a evolução favorável da margem financeira deveu-se essencialmente a melhoria na rentabilidade do crédito a clientes e activos financeiros por efeito da subida da taxa, atenuado pelo aumento do custo dos depósitos”.
E a instituição financeira onde o Estado é accionista, a par do português BCP, esclarece que a sua carteira de activos financeiros que gerou os bilionários lucros é “essencialmente constituída por títulos emitidos pelo Estado Moçambicano, designadamente Bilhetes do Tesouro e Obrigações do Tesouro” que são indexados aos elevados spreads que o Millenium Bim, assim como outros bancos comerciais, mantêm.
Desde que o Banco de Moçambique obriga a banca comercial a divulgar os seus spreads que o MBim nunca os reduziu. Mesmo com a descida pelo quinto mês consecutivo da Prime Rate as taxas de juro desta que é a segunda maior instituição financeira no país continuam acima dos 30 por cento.
Millenium Bim apostou na compra da Dívida Pública de Moçambique para fazer lucro
O @Verdade apurou no Relatório e Contas que o Millenium Bim durante o último exercício económico ainda aumentou significativamente a sua carteira com Dívida Pública Interna tendo o “banco” comprado mais 250 por cento em Títulos do Tesouro, que de 8,8 biliões ascendem a 29,2 biliões de meticais, e as suas empresas subsidiarias “grupo” também compraram mais Bilhetes do Tesouro e Obrigações do Tesouro, aumentando de 9,5 biliões em 2016 para 29,7 biliões de meticais no passado.
Graças a esse investimento da Dívida Pública Interna, que recorde-se ultrapassou os 107 biliões de meticais no global, o activo total do MBim ascendeu a 134.9 biliões de meticais, em 31 de Dezembro de 2017, comparando com 133.7 biliões de meticais em 31 de Dezembro de 2016.
Aliás o documento analisado pelo @Verdade deixa evidente que o Millenium Bim apostou na compra da Dívida Pública de Moçambique para ganhar dinheiro em detrimento dos factores que deveriam ser geradores de receitas de um banco normal.
No ano de 2017 a carteira de crédito bancário ao sector privado do Mbim desacelerou 11 por cento e o crédito a clientes diminuiu em 22 por cento, “o que reflecte menor procura dos agentes económicos devido as elevadas taxas de juro no mercado interbancário”, indica o Relatório e Contas que refere ainda que a instituição financeira registou perdas nas comissões que cobra pelos serviços de crédito e garantias, nas operações de estrangeiro e mesmo em operações financeiras.
Um pedido de esclarecimentos do @Verdade não obteve resposta do Millenium Bim.
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