Ser Analista
Em Moçambique, dar opinião, à semelhança do jornalismo, é uma tarefa ingrata. Só alegra a quem a pratica. Mas so pratica bom jornalismo ou contribui com análises lúcidas os de coração grande e generoso, os sedentos por partilhar o pouco que sabem em prol de uma sociedade aberta e que discute alternativas.
Em Moçambique, dar opinião, à semelhança do jornalismo, é uma tarefa ingrata. Só alegra a quem a pratica. Mas so pratica bom jornalismo ou contribui com análises lúcidas os de coração grande e generoso, os sedentos por partilhar o pouco que sabem em prol de uma sociedade aberta e que discute alternativas.
O que se escreve e diz, o que se discute ou critica está longe de representar as contrapartidas pecuniárias. Faz-se por qualquer tipo de amor. Morre-se por isso mesmo, AMOR.
TU sais a televisão, exprimes tuas ideias, vilipendiado ou agraciado, é só isso. Os riscos, são todos teus. Podes ser apanhado, batido ou esbofeteado ao sair do estúdio, dias depois, ou no dia que quiserem. O negócio de BATER é comum entre nós. Bate-se aos amantes, ratpa-se devedores; os jagunços mandados pelos agiotas batem e ameaçam. Batem-se jornalistas. Até cortam língua.
É preciso respeitar os fazedores de opinião. Eles não são pagos. São mártires ambulantes. Se são pagos, o risco que correm está longe de compensar a ousadia. Todos comentadores têm fontes de rendimento próprias. Se vão à televisão, escrevem ou falam na rádio, fazem-no por conta e risco próprios.
Escrevo isso angustiado. E lembro-me como se fosse ontem quando um dia saí do estúdio de TV e encontrei o carro vandalizado (furaram os 4 pneus) . Quando escrevi uma carta elogiosa e dia seguinte perdi emprego, quando comentei sobre uma política e rescindiram contrato de consultoria.
Salema é o expoente de uma prática que já é regular entre nós. Morre-se de fome, a tiro ou envenado. Tudo por causa do poder das ideias.
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