Genro de Trump perde acesso a informações confidenciais na Casa Branca
Jared Kushner perdeu as credenciais de segurança que até agora lhe permitiam aceder a documentos ultra secretos do governo federal. A notícia foi avançada ontem pelo site "Politico" com base numa série de fontes informadas sobre o assunto, segundo as quais o genro e conselheiro do Presidente norte-americano, Donald Trump, bem como uma série de outros funcionários de alto nível da administração dos EUA, terão sido informados na sexta-feira sobre novas restrições no acesso a informações confidenciais e sensíveis, incluindo o briefing diário do Presidente.
O marido de Ivanka Trump e os outros assessores abrangidos pela decisão das agências federais tinham até agora o que é conhecido como 'credenciais Top Secret/nível SCI', que lhes garantiam acesso sem restrições a todo o tipo de informações confidenciais recolhidas pelas secretas norte-americanas. O Departamento de Justiça decidiu agora rever essas credenciais, barrando o acesso desses elementos a documentos ultra secretos. Apesar disso, o Presidente tem poderes para decidir unilateralmente com quem partilha informações confidenciais, incluindo com o seu genro, que Trump nomeou seu conselheiro de política externa apesar das regras anti-nepotismo que vigoram nos EUA.
Uma das coisas que terá motivado a decisão do Departamento de Justiça, avançou entretanto o "Washington Post", é o facto de Kushner manter há mais de um ano extensos contactos com as autoridades de quatro países — Emirados Árabes Unidos, China, Israel e México — governos esses que, segundo fontes federais sob anonimato, têm estado a debater as melhores formas de manipularem Kushner com base na sua inexperiência em lides políticas e nas dívidas que foi contraindo e acumulando com negócios nos EUA e no estrangeiro.
A retirada de credenciais a Kushner e a outros membros da administração Trump tem lugar no rescaldo de uma controvérsia envolvendo Rob Porter, ex-assessor do Presidente norte-americano que, este mês, foi obrigado a demitir-se face a acusações de violência doméstica por duas das suas ex-mulheres. No âmbito desse escândalo, foi revelado que Porter passou o último ano a ter acesso a documentos confidenciais apesar de não ter uma autorização permanente de segurança emitida pelo Departamento de Justiça para esse fim.
O FBI revelaria depois que tentou alertar a administração de Donald Trump sobre o passado de Porter durante as investigações proforma ao assessor, deixando nas entrelinhas que o Presidente e a sua Casa Branca não dão importância aos processos de segurança da agência federal sempre que um novo elemento é convidado a integrar uma administração.
As credenciais de segurança de Kushner são há muito objeto de controvérsia, depois de ter sido revelado que, durante essa avaliação, o genro do Presidente não foi transparente com as autoridades federais quanto a dezenas de participações financeiras numa série de empresas, da mesma forma que não revelou que tem estado em contacto com líderes e representantes de governos estrangeiros.
Entre as coisas omitidas por Kushner contam-se uma série de ligações à Rússia de Vladimir Putin, entre elas um encontro que manteve em dezembro de 2016 com Sergey Kislyak, à data embaixador da Rússia nos EUA, e uma outra reunião com o diretor executivo de um banco estatal russo que é alvo de sanções norte-americanas. O genro de Trump é ainda suspeito de ter tentado estabelecer um canal de comunicações secretas com o Kremlin.
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