terça-feira, 30 de janeiro de 2018

OVERDOSE DE PODER MUNICIPAL TERÁ INTOXICADO MANUEL TOCOVA?

KHOMALA por Vasco Fenita
Subsidio sobre tropeção do Galo na intercalar
Dissecados os prin­cipais contornos subjacentes ao de­sencadeamento do aluvião de turbulências que, no último trimestre do ano, se abateu sobre o município de Nam­pula, coarctando a vigorosa caminhada então em curso em prol do seu pleno desen­volvimento social e económi­co, o meu amigo Salustiano sugeriu-me que derivássemos os holofotes da nossa interac­ção sobre o também polé­mico Manuel Tocova, antigo presidente da Assembleia Municipal, que havia assu­mido interinamente a vaga­tura ocasionada pelo bárbaro homicídio que vitimou o edil Mahamudo Amurane.
Ao ser inteirado das prin­cipais incongruências per­petradas por Tocova, na sequência da sua ascensão provisória ao cargo de pre­sidente do Conselho Muni­cipal, Salustiano questionou se as suas acções incendiárias não teriam sido induzidas por impulsiva avidez me­diática agregada à represália decorrente da sua relação beligerante com o inditoso Mahamudo Amurane.
Torcendo o nariz num gesto de dúvida e observan­do-lhe, acto contínuo, que nos bastidores da própria au­tarquia transpiravam amiúde relatos da existência de duas alas diametralmente antagó­nicas (um afecto ao falecido edil e outro apegado à Toco­va) que, não raras vezes, se digladiavam em incendiários confrontos verbais, ateados quase sempre por razões apa­rentemente mesquinhas, irri­sórias até! “Por dá cá aquela palha”, como a gíria escarne­ce.
Aqui, o meu amigo Salus­tiano interpôs-se, observando que, consoante lhe foi dado a conhecer, o ambiente no seio do Conselho Municipal de Nampula começou a turvar progressivamente a partir da altura em que o então edil de Nampula, Mahamudo Amu­rane, decidiu romper, abrupta e unilateralmente, o cordão umbilical e institucional her­dado da cúpula do MDM, ao repudiar de forma intempesti­va o pacto que, alegadamente, lhe era imposto, consubstan­ciado em acções de “compa­drio” e subserviência, que, segundo aventava o próprio Amurane, descambariam, essencial e inevitavelmente, na drenagem sub-reptícia de fundos para provimento da sustentabilidade pecuniária dos cofres magnos do partido na Beira.
Retomo a narrativa, obser­vando que a hostilidade viria, obviamente, a agravar-se na sequência do hediondo ho­micídio de Amurane e na al­tura em que o então presiden­te da Assembleia Municipal, Manuel Tocova, preencheu, como legalmente lhe compe­tia, a respectiva vacatura.
Nova intervenção de Sa­lustiano: Foi quando então, presumivelmente “embria­gado” com a acumulação de poderes ou, eventualmente, mal aconselhado, Tocova empreendeu medidas im­prudentes e insensatas que o induziram a afundar-se em implacáveis “camisas de onze varas”, como sói dizer-se na expressão popular!
Destituiu arbitrariamen­te funcionários exonerados por Amurane e resgatou in­consequentemente os que ele havia demitido por alegado cometimento de acções de peculato. Não obstante os alertas emitidos pelos órgãos judiciais na circunstância, a propósito dessas retaliações de natureza, obviamente, póstuma..! Que, aliás, viriam a ser acrescidas de outras de semelhante jaez tenden­tes a contrariar frontalmen­te a disciplina imposta pelo malogrado edil Mahamudo Amurane aos vendedores de rua que encharcavam e infes­tavam as bermas (não só) das vias da airosa cidade-capital, embaraçando sobremaneira a circulação dos transeuntes. E a acentuar o imbróglio, Toco­va viria, mais tarde, também a ser indiciado de posse ilegal de uma arma de fogo. Cuja sentença, proferida na preté­rita quarta-feira, atribui-lhe a pena de dez meses de prisão efectiva e outros dois conver­tidos em multa pecuniária, em relação à qual, no entanto, o seu advogado de defesa ad­mitiu interpor recurso. Aliás, o próprio Tocova observa que não tem memória de um julgamento ter merecido ta­manha celeridade, para além de, na sua óptica, o respecti­vo acórdão denunciar alguns equívocos.
WAMPHULA FAX – 30.01.2018

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