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Escrito por Adérito Caldeira em 02 Janeiro 2018 |
Durante a penúltima semana de 2017 mais 24 elefantes foram abatidos por caçadores furtivos na Reserva Nacional de Niassa(RNN) elevando para 356 o número de paquidermes que foram mortos no ano passado em Moçambique. Em conexão os poucos e mal armados fiscais da Reserva apreenderam dezenas de marfim e centenas de munições para metralhadores AK-47 na aldeia de Mbamba. Nenhum furtivo foi preso, uma avioneta da fiscalização que localizou um acampamento dos criminosos atacada a tiros.
Os caçadores furtivos de elefantes não dão tréguas na RNN. Durante a última semana de 2017 pelo menos três animais foram abatidos, duas eram fêmeas e estavam grávidas, o terceiro era um dos poucos animais transportava um colar de satélite para monitoria pelas autoridades de fiscalização.
Na semana anterior outros 24 paquidermes tinham sido mortos pelos furtivos que a Administração Nacional das Áreas de Conservação(ANAC) acredita serem de origem tanzaniana e burundesa com colaboradores moçambicanos residentes na aldeia de Mbamba que é para onde se dirigirem quando estão em fuga.
Na sequência de uma acção das autoridades de fiscalização no passado dia 26 de Dezembro, próximo a essa aldeia, foram apreendidas 30 pontas de marfim e 138 munições para metralhadoras AK-47. “A coloração, o aspecto e o tamanho variado das pontas indicam que os elefantes tenham sido abatidos todos na mesma altura e que são provavelmente provenientes de uma família” detalhou ao @Verdade fonte da ANAC.
Para além das pontas de marfim as autoridades confiscaram telefones celulares, machado balança, painel solar, quatro patas de leão e parte do crânio, e ainda produtos alimentares em grandes quantidades. “A grande quantidade de alimentos confiscado indica que os caçadores furtivos estão bem organizados (crime organizado) e apoiados pelos seus mandantes e colaboradores”.
Segundo a fonte as centenas de munições encontradas “indicam a disponibilidade de grande quantidade de munições e de armas de guerra nas mãos dos caçadores furtivos, cuja origem não pode ainda ser confirmada”.
“É do nosso conhecimento de que há líderes comunitários envolvidos com os caçadores furtivos na Aldeia de Mbamba” revelou ao @Verdade a ANAC acrescentando “que existe uma rede ou várias redes de crime organizado que actuam impunes na Reserva do Niassa e nas províncias de Niassa e Cabo Delgado, algumas com sede em Montepuez e Balama, de onde organizam a logística e os apoios para a concretização dos crimes”.
Dados da ANAC indicam que só até meados de Dezembro do ano passado 332 elefantes tinham sido mortos em todas as Reservas de Moçambique num recrudescimento que alimenta o trafico de marfim que sai pelos portos de Pemba e Nacala, “e de onde saíram os contentores confiscados no Cambodja e Vietname”.
Nós usamos fisgas enquanto os caçadores furtivos usam armas automáticas
De acordo com Administração Nacional das Áreas de Conservação grande parte da comunidade residente na Reserva do Niassa rejeita a atitude e actividade criminosa dos furtivos, seus lideres e colaboradores porém um pequeno grupo apoiados por dois líderes comunitários continua a praticar os crimes e a colaborar com os furtivos.
É que as comunidades beneficiam directamente da actividade dos operadores das Coutadas Oficiais e Fazendas do Bravio na Reserva, mas podem parar de o receber em caso de apoio ao furtivos.
O @Verdade sabe que por exemplo pelo menos 160 residentes da aldeia de Mbamba receberam só este ano mais de 583 mil meticais, pelo trabalho honesto que realizaram. Outros 525 mil meticais foram entregues para o fundo comunitário local e em lanches para as crianças continuarem a ir à escola.
Entretanto, e para além do aparente descaso do Governo, a caça furtiva foi completamente ignorada no Informe sobre o Estado da Nação do Presidente Filipe Nyusi, existe desinformação sobre a realidade do que se passa na Reserva Nacional de Niassa que é critica.
Contrariamente a algumas notícias recentemente publicadas a ANAC esclareceu ao @Verdade que “não há crescimento da população de elefantes pelo contrario uma redução e uma perturbação da estrutura da população perigando a sua viabilidade e aumentando o potencial para conflito com os as comunidades”.
A Administração Nacional das Áreas de Conservação revelou ao @Verdade que o numero dos fiscais na RNN, a maior de Moçambique com uma área de 42 mil quilómetros quadrados, incluindo os dos operadores privados, “é de apenas 190, destes 90 pertencem á Administração da Reserva e grande parte destes fiscais incluindo os do Estado não têm acesso a armas adequadas as suas funções”.
O @Verdade sabe que o Ministério do Interior tem criado imensos entraves para que a ANAC assim como os operadores privados armem melhor os seus fiscais, que ainda usam espingardas, para enfrentar os caçadores furtivos.
Uma avioneta das autoridades de fiscalização que nos últimos dias identificou um acampamento dos criminosos recebeu literalmente uma chuva de tiros. “Nós usamos fisgas enquanto eles usam armas automáticas”, desabafou fonte da ANAC.
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