TEMA DA SEMANA 2 Savana 01-12-2017 TEMA DA SEMANA
Um ano depois da interven-
ção do Banco de Moçambique
(BM) sobre o Moza,
os dirigentes do “banco genuinamente
moçambicano”, até à
data da deterioração insustentável
dos seus indicadores prudenciais,
estão agora a ser investigados. Um
processo contravencional do BM, a
que o SAVANA teve acesso, revela
“várias irregularidades passíveis
de punição”, que podem ter conduzido
o Moza ao descalabro que
obrigou o regulador a atacar a 30 de
Setembro de 2016, um dia de má
memória para os accionistas mo-
çambicanos da instituição de crédito.
Porém, fontes ligadas à anterior
direcção rebatem a argumentação
do BM e afiançaram ao jornal que
as irregularidades detectadas já foram
sanadas.
Na mira do BM estão os membros
dos anteriores órgãos sociais do
Moza, nomeadamente, o Conselho
de Administração (CA), a Comissão
Executiva (CE), o Conselho
Fiscal (CF) e a Assembleia Geral
(AG), depois do sismo de grande
magnitude que se abateu sobre a
instituição financeira criada com
capitais, maioritariamente, moçambicanos,
num mercado dominado
pelo capital estrangeiro.
O CA e a CE do Moza, suspensos
no âmbito de “medidas extraordinárias
de saneamento para salvaguardar
as condições normais de
funcionamento do sistema bancá-
rio”, conforme argumentou o BM,
aquando da intervenção do último
dia de Setembro do ano passado,
eram encabeçados, respectivamente,
por Prakash Ratilal e Ibrahimo
Ibrahimo, nomes sonantes na banca
nacional.
Foi no âmbito duma inspecção realizada
entre 17 de Outubro de 2014
e 27 de Fevereiro de 2015, que os
supervisores do BM constataram o
que descrevem como várias irregularidades
passíveis de punição.
A inspecção foi realizada ainda no
reinado do governador Ernesto
Gove, mas só agora, com o BM sob
os auspícios do governador Rogério
Zandamela, é que foram accionados
os processos contravencionais.
Ernesto Gove, hoje proclamado,
acriticamente, como um “agricultor
de sucesso” em Inharrime, na província
de Inhambane, foi sempre
tido como um governador bastante
maleável politicamente, o que sempre
condicionou a sua actuação no
sector bancário.
Aliás, foi com Gove que o “Nosso
Banco”, uma instituição financeira
ligada à elite da Frelimo, viu todos
os seus indicadores prudenciais a se
deteriorarem, sob olhar impávido
do regulador, até que caiu no cataclismo
que obrigou o governador
Zandamela a encerrar o “saco azul
dos camaradas”.
Sobre os processos contravencionais,
agora em curso, os membros
dos antigos órgãos sociais do Moza
têm um prazo de 10 dias da data da
notificação para, querendo, apresentar
por escrito a sua defesa, sob
pena de condenação.
Uma vez que o BM não tem iniciativa
penal, o banco regulador
deverá, eventualmente, remeter os
processos contravencionais ao Ministério
Público (MP) para dar o
devido seguimento.
As irregularidades que
arruinaram o Moza?
A inspecção realizada entre finais
de 2014 e princípios de 2015 constatou
incumprimento do dever de
elaboração, pelo Moza, de políticas,
procedimentos, limites e indicadores
que norteassem e assistissem nas
actividades de gestão do risco operacional.
Isto significa que, segundo
o BM, à data dos factos, a antiga
direcção do Moza não procedeu à
identificação e mensuração do risco
operacional, que são a base da implementação
de controlo de risco.
A inspecção detectou ainda o incumprimento
do dever de aprovação,
pelo CA, de políticas que
orientassem a gestão de liquidez do
Moza, a inexistência de limites internos
e de indicadores específicos
de alerta para aviso prévio de risco
de liquidez, o que propiciava inefi-
cácia no seu acompanhamento, bem
como a inexistência de um plano de
contingência que orientasse a gestão,
face à situação de escassez de
liquidez.
O BM fundamenta ainda os processos
contravencionais com a
exposição do Moza ao risco de
compliance devido a outras várias
irregularidades, nomeadamente, a
falta de aprovação de normativos
de gestão do risco de compliance, a
inexistência de política que regesse
a gestão de conflito de interesses,
a falta de fiscalização das práticas
de gestão desse risco, cabendo à
Comissão Executiva a definição,
execução e controlo das políticas
referentes a este risco, a falta de implementação
das recomendações do
BM, resultantes da inspecção anterior,
bem como a inobservância do
estabelecido na alínea b), do n° 4, do
artigo 20, do Regulamento da Lei
Cambial, sobre a realização de operações
de pagamento antecipado
apenas nas situações em que exista
uma sólida relação da confiança entre
o banco e o importador.
“A título de exemplo, em 28 de
Abril de 2014, a NBC Representações
efectuou a OPE n°
10823497OPE/2014, com uma
transferência no valor de ZAR
(Rand) 6.756.465, 48, mesmo
sem ter regularizado a documentação
referente à OPE n°
7131612OPE/2013, datada de 18
de Novembro de 2013: Okanga
Representações; Amazon Narketing,
Lda” lê-se no processo contravencional.
Mas as “irregularidades passíveis de
punição”, detectadas pela supervisão
do BM, não param por aí. Incluem
a exposição do Moza ao risco
de taxa de juro decorrente da inexistência
de políticas aprovadas pelo
CA, que orientassem a gestão deste
risco e inexistência duma política
formal de pricing dos produtos,
quer de crédito, quer de depósito.
Detectaram ainda a exposição do
Moza ao risco da taxa de câmbio
decorrente da inexistência de políticas
específicas aprovadas pelo
CA que norteassem a gestão deste
risco, a exposição do Moza ao risco
de tecnologias de informação
decorrente da inexistência de políticas
específicas aprovadas pelo
CA que norteassem a gestão deste
risco, a exposição do Moza ao risco
de reputação decorrente da ausência
de políticas aprovadas pelo CA
que norteassem a gestão deste risco,
bem como a falta de fiscalização de
práticas de gestão deste risco pelo
CA.
“Estes factos violam o estabelecido
no Aviso n° 4/GBM/2013, de 18 de
Setembro, que estabelece as Directrizes
de Gestão de Risco (DGR),
o Regulamento da Lei Cambial, o
artigo vigésimo dos estatutos da sociedade
e constituem contravenções
puníveis nos termos dos artigos 106
e 107 da Lei n° 15/99, de 1 de Novembro,
com actualizações feitas
pela Lei n° 9/2004, de 21 de Julho”,
lê-se no processo contravencional
assinado pelo director de supervisão
bancária no BM, Pinto Fulane.
Fulane, quando contactado pelo
SAVANA, começou por alegar que
não podia falar do assunto porque
se encontrava fora do país, mas perante
nossas insistências, acabou
por se distanciar.
“Não tenho informações nenhumas”,
disse ele que assinou o processo
contravencional n° 18/DSP/
DIIC/SÃO/2017, em nosso poder.
As contravenções são
graves
A Lei n° 15/99, de 1 de Novembro,
actualizada pela Lei n° 9/2004, de
21 de Julho, alegadamente atropelada
pelos antigos dirigentes do
Moza, de acordo com constatações
do BM, é a lei que regula o estabelecimento
e o exercício da actividade
das instituições de crédito
e das Sociedades Financeiras em
Moçambique.
No seu artigo 106, a Lei actualizada
em 2004 refere-se a infracções tidas
como contravenções gerais, que são
Banco central sem sono
Por Armando Nhantumbo
Prakash Ratilal
O
SAVANA sabe que, por
exemplo, a antiga vogal
do Conselho Fiscal do
Moza, Paula de Lima
Ferreira, foi notificada a 22 de
Novembro de 2017.
Por sua vez, Ibrahimo Ibrahimo,
outro dos inquiridos, disse-nos,
quarta-feira, não ter recebido
qualquer notificação. “Não recebi
nada, estou fora do país há
cerca de uma semana”, respondeu.
Enquanto isso, Prakash Ratilal,
quando contactado pelo nosso
Jornal, na tarde desta quarta-
-feira, disse estar ocupado, mas
que retornaria a chamada na
primeira oportunidade. Até ao
fecho da edição não registámos
a sua reacção
Próximo à hora do fecho do jornal,
uma fonte próxima da antiga
direcção do Moza confirmou-
-nos que todos os elementos
pertencentes aos antigos órgãos
sociais do banco estão visados
pelos processos do BM.
A fonte, que falou sob condição
de anonimato, confirmou que a
inspecção realizada em finais de
2014 e princípios de 2015 detectou
irregularidades no Moza,
mas anotou que, a inspecção
seguinte, realizada em finais de
2015 e princípios de 2016, não
encontrou as irregularidades detectadas
na inspecção anterior,
porque já haviam sido já sanadas.
A fonte refere que os membros
dos antigos órgãos sociais vão
pedir ao BM toda a documentação
respeitante à segunda inspecção
para provar que sanaram
as irregularidades antes de deixar
o Moza.
“O que sucede é que não levaram
esses documentos e só podem
arguir depois de terem acesso a
esses documentos”, disse.
De acordo com a fonte, os antigos
órgãos sociais vão pedir,
ainda esta semana, ao BM, todos
os documentos da auditoria de
2015/2016 e, na mesma carta,
solicitar a extensão do prazo de
10 dias para permitir que apresentem
as suas defesas.
O nosso interlocutor disse não
perceber a medida do regulador
e considera ridículo que os processos
visem até a AG, que não
dirige nenhuma acção executiva,
senão as de presidir às reuniões
do órgão. “É absolutamente ridí-
culo”, sentenciou.
“Irregularidades foram sanadas”
puníveis com multa de 10 a 100 milhões
de Meticais ou de 40 a 400
milhões de Meticais, consoante seja
aplicada a pessoa singular ou colectiva,
respectivamente.
Já no artigo 107, a Lei actualizada
refere-se a infracções que constituem
contravenções especialmente
graves, que são puníveis com multa
de 20 a 200 milhões de meticais
quando se trate de pessoas singulares
ou de 100 a 1000 milhões de
Meticais, quando se trate de pessoas
colectivas.
É no artigo 107, sobre contraven-
ções especialmente graves, que
consta o grosso das irregularidades
detectadas pela supervisão do BM
na antiga direcção do Moza, como
a prática, pelos detentores de participações
qualificadas, de actos que
impeçam ou dificultem de forma
grave, uma gestão sã e prudente da
entidade em causa; de infracções às
normas sobre conflitos de interesses;
a inexistência de contabilidade
organizada; a omissão da comunicação
imediata ao BM da impossibilidade
de cumprimento de obrigações
em que se encontre ou corra
risco de se encontrar, bem como a
comunicação desta impossibilidade
com omissão das informações requeridas
pela lei, incluindo o não
cumprimento de determinações do
BM ditadas especificamente para o
caso individualmente considerado.
Antigos dirigentes do Moza sob investigação
- argumentação do BM questionada
Luís Magaço Ibrahimo Ibrahimo
TEMA DA SEMANA Savana 01-12-2017 3
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No Relatório e Contas de 2016, “2.1 Membros do Conselho de Administração” publicado no jornal
Savana do dia 24 de Novembro de 2017 na pagina nº 8 do Suplemento Publicitário, efectuamos a
seguinte correção:
Antes da correção:
2,1 Membros do Conselho de Administração
Apos a correção:
2,1 Membros do Conselho de Administração
Aeroportos de Moçambique, E.P.
Modernidade, Segurança e Qualidade
2.2. Membros Conselho do Fiscal
Eng. Martins Matola
Administrador
dos Trabalhadores
Luciano Guambe
Administrador Representante
do Ministério
da Economia e Finanças
Dr. Alfredo Gamito
Presidente do Conselho Fiscal
Dr. Adelino Buque
Vogal
Dra. Ana Maria Alves
Vogal
Dr. João Zengueza
Administrador do Pelouro
dos Recursos Humanos
Dr. Alberto Nhantumbo
Administrador do Pelouro de
Engenharia e Manutenção
Dr. Artur Magalhães
Administrador
do Peloudo Financeiro
Dra. Palmira Chilundo
Administradora
do Pelouro Comercial
Dr. Emmanuel Chaves
Presidente do Conselho
de Administração
2.2. Membros Conselho do Fiscal
Eng. Martins Matola
Administrador
dos Trabalhadores
Luciano Guambe
Administrador Representante
do Ministério
da Economia e Finanças
Henrique Gamito
Presidente do Conselho Fiscal
Dr. Adelino Buque
Vogal
Dra. Ana Maria Alves
Vogal
Dr. João Zengueza
Administrador do Pelouro
dos Recursos Humanos
Arq. Alberto Nhantumbo
Administrador do Pelouro de
Engenharia e Manutenção
Dr. Artur Magalhães
Administrador
do Peloudo Financeiro
Dra. Palmira Chilundo
Administradora
do Pelouro Comercial
Dr. Emmanuel Chaves
Presidente do Conselho
de Administração
TEMA DA SEMANA 4 Savana 01-12-2017
Pagamento da dívida refém do desfecho
das negociações
O
P r i m e i r o - m i n i s t r o ,
Carlos Agostinho do
Rosário, explicou esta
quarta-feira, aos deputados
da Assembleia da República
(AR), que o governo não pagará
o serviço da dívida decorrente
dos avales e garantias atribuídas
pelo Estado moçambicano às
empresas EMATUM, MAM e
Proíndicus, enquanto decorrem
as negociações com os credores
internacionais, bem como os trâ-
mites processuais a nível da Procuradoria-geral
da República.
A posição do Governo foi transmitida
aos deputados, nesta quarta-feira,
na Assembleia da Repú-
blica (AR), na sessão dedicada às
perguntas das três bancadas parlamentares.
Foi a bancada parlamentar da Renamo,
o maior partido da oposição,
que levantou a controversa questão
sobre as dívidas ocultas, contraídas
ao arrepio das normas vigentes no
país pela administração Armando
Guebuza.
Sem entrar em detalhes do que
já foi ou não pago, Carlos Agostinho
do Rosário explicou que o
executivo continua a dialogar com
credores internacionais rumo à renegociação
da dívida, de modo que
o seu pagamento não prejudique a
operacionalização do Programa
Quinquenal do Governo.
Deste modo, considera o PM que
enquanto decorre o diálogo com os
credores e os trâmites processuais
na Procuradoria-geral da República,
para o desfecho do assunto, o
executivo vai congelar o pagamento
da dívida.
Acrescentou que é neste contexto
que o serviço da dívida, decorrente
da emissão dos avales e garantias
por parte do Estado aos empréstimos
concedidos às empresas Ematum,
Proíndicus e Mozambique
Asset Management (MAM), não
foi inscrito na proposta do Orçamento
do Estado para 2018, que
dentro de dias será submetida a
debate na AR.
Recorde-se que, desde o ano passado,
o governo moçambicano não
tem honrado com o seu compromisso
com os credores no que diz
respeito ao pagamento do serviço
da dívida. Trata-se de um processo
que iniciou mesmo depois de
ter renegociado o pagamento da
dívida da EMATUM de USD850
milhões.
Governo nega 30 anos de
isenções
No entanto, o ministro da Economia
e Finanças, Adriano Maleiane,
negou a atribuição pelo executivo
moçambicano de 30 anos de
isenções fiscais às operadoras petrolíferas
no país, ENI e Anadarko.
Maleiane reagia, deste modo, às
críticas da CTA, que consideravam
injusto aquele dispositivo, uma vez
que “cobrava muito” às Pequenas e
Médias Empresas (PME´s) numa
altura em que enfrentam inúmeras
dificuldades e “cobra pouco” às
multinacionais que, teoricamente,
detêm uma pujança financeira.
A CTA ameaçou levar a cabo uma
campanha de protestos contra o
aperto das PME´s e isenção das
multinacionais.
Maleiane diz que é falso que o sector
petrolífero e de minas irá bene-
ficiar de isenções por 30 anos.
Disse que as multinacionais estão
sujeitas ao pagamento do IRPC e,
por sua vez, os seus trabalhadores
são tributados o IRPS.
“Podemos discutir o imposto de
produção das petrolíferas, visto
que a Assembleia da República
solicitou, aquando da aprovação
da lei, a eliminação de 50% de desconto,
alegando que os critérios de
justificação não estão claros”, disse.
Recentemente, o parlamento
aprovou a Lei referente ao Regime
Específico de Tributação e de
Benefícios Fiscais da Actividade
Mineira, que no seu artigo 58 estabelece
o seguinte:
1. É concedida a estabilidade fiscal,
relativamente à incidência, taxas e
benefícios fiscais, previstos no regime
fiscal aplicável, ao titular do
direito de exercício de operações
mineiras, desde a atribuição do tí-
tulo e até 10 anos a contar do início
da produção comercial, sem afectar
os pressupostos de viabilidade e
de rentabilidade do projecto.
O número dois do mesmo artigo
refere que: A estabilidade a que se
refere o número anterior torna-se
efectiva mediante o investimento
comprovado do montante equivalente
a USD 100 milhões. Por último,
o número três aponta que o
período de estabilidade fiscal previsto
no número 1 do presente artigo
pode ser estendido até ao termo
da concessão inicial, mediante
o pagamento de 2% adicionais à
taxa do Imposto sobre a Produção
Mineira, a partir do décimo primeiro
ano da produção.
Aeronave de luxo
Agastada com o caos existente no
sistema de transportes públicos de
passageiros, a bancada parlamentar
do Movimento Democrático
de Moçambique (MDM) questionou
os critérios de definição das
prioridades do governo, ao adquirir
avião de segmento executivo
para as elites, enquanto o povo é
transportado como se de gado se
tratasse.
Nisto, o titular da pasta de Transportes
e Comunicações, Carlos
Mesquita, voltou a repetir a explicação
já anteriormente dada.
Recordou que o Fundo de Desenvolvimento
dos Transportes e
Comunicações (FTC) é dotado de
autonomia administrativa e financeira
e por isso tem a finalidade de
financiar projectos estratégicos do
sector de transportes e comunica-
ções.
Foi nesta linha, acrescentou, que a
pedido da LAM, com vista a reforçar
a sua frota, dadas as novas
dinâmicas do mercado, o FTC
apoiou o processo de aquisição de
duas aeronaves Bombardier Q400,
em regime de leasing, para aumentar
a frota do serviço comercial. O
Fundo financiou ainda a aquisição
da aeronave Bombardier Challeger
para aluguer, isto depois de
tomar em consideração todos os
pressupostos de rentabilidade do
projecto. No entanto, Bombardier
Challeger foi usado pelo Presidente
da República, Filipe Nyusi, na
sua recente deslocação à Harare
para tomar parte da cerimónia de
tomada de posse de Emmerson
Mnangagwa.
Mesquita frisou que, apesar daqueles
investimentos, as frotas da
LAM/MEX continuam exíguas.
O ministro dos Transportes e Comunicações
referiu que o governo
está focado na implementação da
estratégia para o desenvolvimento
integrado do sistema de transportes
que prevê levar avante um sistema
integrado de transportes para
resolver o actual problema.
A referida estratégia passa pela
utilização de quatro modais de
Transporte (rodoviário, marítimo,
ferroviário e aéreo) para a curto
prazo conferir dignidade às populações.
Falou da chegada em Dezembro
de 150 autocarros de um pacote de
300, no arranque no mesmo mês
da primeira fase do projecto metrobus,
sendo que espera que até
Por Argunaldo Nhampossa
“Havia pessoas com mágoa de que lhes tirei de onde comiam”, Alice Mabota.
O
Governo moçambicano
ainda não concluiu
a discussão em torno
do Plano de Desenvolvimento
da Área 1, onde o consórcio
liderado pela multinacional
norte-americana Anadarko
vai produzir gás natural.
O Conselho de Ministros “ainda
não concluiu” a análise do plano
de desenvolvimento da Anadarko,
disse o vice-ministro dos
Recursos Minerais e Energia,
Augusto Fernando, citado pelo
portal de notícias Zitamar. O
adiamento, ao que o SAVANA
apurou, verificou-se esta semana
em sessão do Conselho de Ministros.
O Plano de Desenvolvimento é
essencial para que a Anadarko
tome a Decisão Final de Investimento
(DFI), que irá implicar
um investimento de 20 mil milhões
de dólares na Península
de Afungi, província de Cabo
Delgado.
Ao que o SAVANA apurou, os
atrasos governamentais estão
a ser recebidos com um “misto
de reticências e nervosismo” por
parte de alguns executivos da
Anadarko. Fontes na área do gás
e petróleo familiares com o projecto
moçambicano acreditam
que o comportamento do executivo
de Maputo pode estar relacionado
com lobby da Shell para
poder comprar o gás a preço reduzido.
Os mesmos especialistas
fazem notar que o gás a extrair
ao largo da costa de Moçambique
não tem outros componentes
comercializáveis – como
o condensado abundante em
Pande e Temane – e tem custos
elevados de exploração dada a
profundidade a que se encontra
(entre 1500 a 2000 metros).
A Anadarko e os outros parceiros
no consórcio ainda terão de
garantir a venda de pelo menos
75% dos 12 milhões de toneladas
anuais de Gás Natural Liquefeito
(GNL) para convencer
os bancos a financiar o projecto.
O consórcio dirigido pela multinacional
italiana Eni tomou
no primeiro trimestre do ano
em curso a DFI, preparando-se
agora para a criação de condi-
ções logísticas visando o início
da produção de GNL, ainda
sem data concreta.
Plano de desenvolvimento da Anadarko
Governo adiou decisão
finais do próximo ano a área metropolitana
de Maputo não tenha
mais problema de transportes.
Em jeito de insistência, o MDM
criticou o executivo por atacar somente
os problemas de transporte
público urbano da área metropolitana
de Maputo e não do resto do
país.
Quanto às restrições no abastecimento
de água nas zonas de Maputo,
Matola e Boane, numa altura
em que nos aproximamos da quadra
festiva, questão apresentada
pela bancada da Frelimo, o ministro
das Obras Públicas, Habitação
e Recursos Hídricos, Carlos Bonete,
advertiu para o uso racional das
água, até que a situação hidrológica
no país e na vizinha Suazilândia
seja favorável.
Apesar de Bonete ter falado de
grandes investimentos na reactivação
de 22 sistemas de água e
abertura de 46 novos furos em diferentes
bairros, sem deixar de lado
a instalação da conduta adutora
na barragem de Corumana para
reforçar o abastecimento de água
a região do grande Maputo que
deixará de depende unicamente
dos Pequenos Libombos, a breve
trecho a situação mostra-se preocupante.
Júlia Manhiça
TEMA DA SEMANA Savana 01-12-2017 5
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6 Savana 01-12-2017 SOCIEDADE
Q
uando faltam cerca de
10 meses para as eleições
autárquicas de 2018 e
menos de dois anos para
as gerais de 2019, o Parlamento
Juvenil (PJ), a mais vibrante organização
de advocacia pelas causas
da juventude em Moçambique,
começa a mexer-se com olhos
postos para aqueles pleitos.
Não está claro ainda em que irá
consistir a participação do PJ nas
eleições de 2018 e 2019, mas a
organização está à procura de um
modelo de participação diferente
dos pleitos anteriores, em que se
limitou a observar as eleições.
Para já, de 4 a 12 de Dezembro
corrente, a organização irá realizar,
à escala nacional, 10 sessões provinciais,
para concertação de posicionamentos,
que culminarão com
uma Sessão Nacional que reunirá
jovens oriundos das 11 províncias
do país para adoptarem um manifesto
político da juventude para as
eleições de 2018 e de 2019, bem
como uma posição dos jovens face
ao contexto político, económico e
social do país.
É da Sessão Nacional, que deverá
decorrer algures em Maputo, de
Autárquicas de 2018 e gerais de 2019
Parlamento Juvenil concerta posições para eleições
de mil jovens, representando os
mais diversos extractos da sociedade,
oriundos um pouco por todo
o país.
Para além dos próximos pleitos
eleitorais, que constituem a principal
linha de força, as sessões irão,
igualmente, apreciar os instrumentos
governativos internos do
PJ, incluindo relatórios de progresso
e financeiro de 2017 e perspectivar
o desempenho para 2018.
15 a 16, que sairá o posicionamento
final do PJ para as próximas
eleições, consideradas que forem
as posições a serem expressas pelos
jovens de todo o país nas sessões
provinciais.
Nem mais, de acordo com um
comunicado daquele movimento
da sociedade civil, emitido esta
quinta-feira, as sessões decorrerão
sob o lema “está na hora, é agora”
e terão “um foco especial para as
eleições autárquicas de 2018 e gerais
de 2019”.
Ainda de acordo com o comunicado,
as sessões, que visam auscultar
os jovens, com particular atenção
para mulheres, sobre as exigências
face à previsão do contexto polí-
tico, económico e social de 2018
para definir prioridades de acção,
enquadram-se no pilar III do Plano
Estratégico 2015-2019, que é
sobre capacitação e desenvolvimento
institucional.
Tomarão parte das sessões cerca
Salomão Muchanga, presidente do PJ
SOCIEDADE Savana 01-12-2017 7
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8 Savana 01-12-2017 SOCIEDADE
A
cidade de Nampula acolhe,
a partir da próxima terça-
-feira, 05, o segundo Congresso
do Movimento Democrático
de Moçambique (MDM),
a terceira maior força política com 17
deputados na Assembleia da Repú-
blica (AR).
A reunião, que tem o término previsto
para dia 08, conta com mais de
1300 participantes entre delegados e
convidados nacionais e estrangeiros.
Segundo o porta-voz da organização,
Sande Carmona, o encontro, que irá
custar ao partido cerca de 35 milhões
de meticais, vai dentre vários
assuntos avaliar a situação interna do
MDM, definir estratégias para a sua
participação nos próximos desafios
eleitorais, perfis dos candidatos para
concorrerem à presidência dos 53
municípios, nas eleições autárquicas
de 2018.
O Congresso vai ainda debater a estruturação,
organização interna, paz,
reconciliação, políticas de participa-
ção e desenvolvimento da juventude
e da mulher, justiça e protecção social
e política de gestão ambiental.
De acordo com Carmona, a reunião
de Nampula vai ainda analisar a governação,
partilha e desenvolvimento
económico, inclusivo, políticas sociais
e desenvolvimento do capital humano,
mudanças climáticas e política
externa.
Na agenda, em nenhum momento
consta a homenagem à figura de Mahamudo
Amurane, edil de Nampula,
assassinado a 04 de Outubro, numa
altura em que andava em clivagens
com a direcção do MDM.
Dentre os convidados, alista-se o partido
Frelimo, que até ao fecho da nossa
edição ainda não tinha respondido
ao convite, o partido Renamo que
confirmou a presença e que será representado
pelo deputado Jerónimo
Malagueta. Do estrangeiro vêm os
representantes da UNITA, CASA-
-CE, de Angola, Aliança Democrática
e o partido dos Combatentes pela
Liberdade Económica da África do
Sul, Chadema da Tanzânia e outros
movimentos políticos da Europa.
Para além de chancelar a permanência
de Daviz Simango como presidente
do partido e candidato à presidência
da República nas eleições gerais de
2019, a reunião vai confirmar a saí-
da de Maria Moreno da organização.
Também será eleita a nova Comissão
Política e o Conselho Nacional que
passará de 60 para 80 membros.
Apelo à abertura do espaço
do diálogo
O conclave do galo reúne-se numa
altura em que a organização está a
passar momentos conturbados, que
se agudizaram com o assassinato do
edil de Nampula.
Vozes contestatárias ao modelo de
gestão de Daviz Simango são cada
vez mais comuns. Figuras como o finado
Mahumudo Amurane, Manuel
de Araújo, Maria Moreno e Venâncio
Mondlane têm se queixado publicamente
da falta de democracia interna
no seio do MDM, facto que choca
Família do galo junta-se em Nampula no meio de turbulência e divisões
Membros pedem abertura de espaço de diálogo
com o seu slogan que apregoa um
Moçambique para Todos.
Aponta-se a crise de Nampula como
o exemplo concreto da incapacidade
de gestão de crises da parte da direc-
ção do partido. Estas fraquezas resultam
da falta de espaço para o diálogo
no seio do MDM.
Venâncio Mondlane, deputado do
MDM, recordou que a reunião mais
importante do seu partido realiza-se
numa altura em que a organização
tem três pleitos eleitorais pela frente.
Segundo Mondlane, estes desafios
devem fazer com que o partido tome
a magna reunião como um momento
de afirmação e de amadurecimento
político.
Mondlane espera que o Congresso
seja uma oportunidade para o aprofundamento
da democracia interna
e de maior abertura para o diálogo
interno.
“Espero que os dirigentes do partido
deixem os delegados expor suas
opiniões, ideias e pontos de vista sem
barreiras. O partido deve levar com
seriedade as opiniões dos delegados.
O MDM deve sair deste Congresso
mais unido, democratizado, organizado,
tolerante a críticas e que a voz
da maioria prevaleça sobre interesses
individuais”, apelou.
Nota que, no modelo actual, em que
o presidente tem espaço para indicar
pessoas, da sua confiança, para integrar
órgãos do partido dilui a democracia
dentro da organização.
Sublinha que o MDM existe há oito
anos, tem 16 deputados na AR e
governa quatro autarquias. Isso, segundo
Mondlane, mostra que o partido
já não é mais criança e deve-se
comportar como pessoa adulta. Há
que mudar a forma como os conflitos
internos são geridos pela direcção e
deve haver maior coordenação entre
os órgãos, acrescenta Mondlane.
“Se o MDM quer ser uma verdadeira
alternativa, quer ser um partido sério,
quer convencer o povo moçambicano
deve saber reconhecer seus erros,
reflectir e mudar a forma de ser e de
estar. O caso Amurane foi o exemplo
da deficiência da democracia interna
no seio do partido”, elucidou.
Coligação com a Renamo
Sublinha que a crise de Nampula
atingiu proporções alarmantes por
falta de diálogo na organização porque,
com maior abertura ao diálogo a
clivagem teria sido minimizado.
Termina a sua análise referindo que,
desde a sua génese, o MDM tem
defendido valores como tolerância,
inclusão, harmonia, abertura e espaço
para todos, porém, no caso concreto
de Nampula, esses princípios faltam e
o silêncio da direcção do partido roça
conivência.
Mondlane diz que, apesar de não ter
apoio do partido, vai apelar à coliga-
ção entre o MDM e a Renamo.
Por seu turno, Fernando Bismark deseja
que o partido saia do Congresso
mais fortalecido.
“Como sabe, os últimos acontecimentos
de Nampula criaram uma
nódoa em pano branco e é preciso
que o MDM encontre mecanismos
para sair desta situação”, disse.
Segundo Bismark, para que isso
aconteça, é preciso fazer reformas
profundas.
Bismark acredita que o MDM que
sairá deste congresso terá grande influência
no desempenho do partido
na eleição intercalar de Nampula.
“Precisamos de reformular os órgãos
do partido no sentido de devolver
esperança no seio daqueles simpatizantes
que de alguma forma foram
contaminados por esta febre que se
abateu sobre o partido em Nampula”.
Fernando Bismark espera que os estatutos
e os regulamentos sejam blindados
no sentido de conferir maior
disciplina dentro do MDM porque
uma organização sem disciplina partidária
não vai a lado nenhum.
Diz que Daviz Simango deve continuar
por ser uma figura aglutinadora
e consensual.
Silvério Roguane, também deputado
do MDM na AR, espera ver um
partido muito mais forte após o Congresso.
Para Ronguane, os assuntos do
MDM não devem ser discutidos na
rua, mas dentro dos órgãos e esta é
uma oportunidade única para os delegados
exporem suas preocupações.
“Espero que os delegados façam a sua
justiça, discutam ideias construtivas,
tenham espaço de, sem pressão, expor
suas ideias e pensamentos.
Ronguane diz que, para a província
de Maputo, Simango é candidato
natural para a presidência do partido.
Família MDM junta-se em Nampula, pensando na reconquista da simpatia macua
to e arrogância e ordena o órgão que
paute pela legalidade e disciplina no
exercício das suas competências, sob
pena de lhe serem aplicadas sanções
severas preconizadas na lei.
O edil interino diz que assumiu a
gestão do município para o bem dos
munícipes e, ao removê-lo daquela
posição, o governo quer assaltar o poder
municipal de Nampula e entregar
ilegitimamente à Frelimo.
Américo Iemenle sublinha que a sua
remoção do cargo representará humilhação
aos munícipes que confiaram a
governação da sua cidade ao MDM.
Sublinhou que o município de Nampula
respondeu o oficio da ministra
chamando-a à consciência para a
observância da lei e ao respeito pela
vontade dos munícipes de Nampula.
Refere que, caso o governo insista na
decisão de suspender o acto de posse,
recorrerá à justiça para a reposição da
legalidade.
Passos de Tocova
Seguindo os passos de Manuel Tocova
e ignorando o acórdão do Tribunal
Administrativo (TA), Américo Iemenle
exonerou, nesta segunda-feira,
os vereadores das áreas de promoção
económica e feiras; infra-estruturas,
- Silvério Ronguane diz que Daviz Simango é candidato natural
Por Raúl Senda
urbanização e meio ambiente; protecção
municipal e fiscalização; obras
e manutenção e a direcção de urbanização
e terras. Esta decisão também
atingiu a todos os chefes dos postos
administrativos municipais.
Confrontado pelo SAVANA, Iemenle
recusou comentar as exonera-
ções referindo que falaria depois de
explicar os munícipes de Nampula as
razões dos afastamentos.
No entanto, semana passada, Iemenle
contou ao SAVANA que estava a
ser complicado trabalhar sem poder
decisório e com uma equipa de vereadores
e directores indisciplinados e
desobedientes herdados do executivo
de Amurane e que o seu antecessor,
Manuel Tocova, foi abrigado a manter
pelo TA da província de Nampula.
A decisão de Iemenle é amplamente
reprovada por Venâncio Mondlane,
deputado do MDM e quadro sénior
do partido.
Para Mondlane, sob ponto de vista
político, há exageros da parte dos edis
interinos.
O parlamentar é da opinião de que o
período de gestão deveria ser de paz,
harmonia, estabilidade, calma, reconciliação
e do apaziguamento das
emoções que surgiram após a morte
de Amurane. Sublinha que o partido
está a cometer grandes erros.
“Não estou de acordo com estas exonerações.
Sobretudo por questões
de tempo. Uma das marcas que diferenciam
um dirigente dos outros é
a capacidade de gestão, de harmonia,
de ponderação e de conviver com o
diferente. Foi um cálculo mal feito,
não ficou bem para a imagem do partido.
Era possível com aquele grupo
de vereadores encontrar-se um meio
termo e gerir-se o município até à tomada
de posse do novo presidente”,
lamentou.
Edil interino de Nampula reage despacho de Namashulua
“Querem me intimidar”
Por Raúl Senda
A
mérico da Costa Iemenle,
presidente interino do município
de Nampula, classifica
a decisão da ministra de
Administração Estatal e Função Pú-
blica, Carmelita Namashulua, de intimidatória
e de abuso de autoridade.
Iemenle diz que os membros dos órgãos
autárquicos resultam da eleição
dos munícipes, sendo que é à lei e
ao eleitorado que devem obediência
e não entende o porquê da ministra
Namashulua intrometer-se no dia-a-
-dia da gestão do município.
O edil interino fez estas declarações
ao SAVANA quando reagia à carta
de Carmelita Namashulua que determina
a anulação do acto de tomada
de posse de Iemenle, no cargo de
presidente interino do Município de
Nampula.
Na sua argumentação, a governante
diz que a Assembleia Municipal de
Nampula, na qualidade de órgão fiscalizador
e garante da legalidade, tem
vindo a atropelar e ignorar a lei e demais
recomendações emanadas pelo
órgão de tutela das autarquias locais.
Para a ministra, o comportamento
da Assembleia Municipal constitui
um acto de desobediência, desrespeiAmérico
Iemenle
Savana 01-12-2017 9
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12 Savana 01-12-2017 INTERNACIONAL INTERNACIONAL SOCIEDADE
E
m 1995, 15 anos depois da
independência do Zimbabwe,
o país foi assolado por
um escândalo de cujas consequências
económicas se pode
dizer que foi o nascimento da prolongada
crise que culminou com o
derrube do Presidente Robert Mugabe,
na semana passada.
O escândalo tinha a ver com dinheiro
que se destinava a pagar
compensações a antigos combatentes
da luta de libertação nacional,
mas que havia sido desviado para
beneficiar a elite governativa do
país. Destacadas figuras do partido
governamental, a Zanu-PF e
do governo, incluindo familiares
próximos de Mugabe, montaram
um esquema fraudulento, na base
do qual reivindicavam uma determinada
percentagem de deficiência
física adquirida durante a guerra.
Em função disso se determinava o
valor que deveriam receber como
compensação. Alguns eram tão jovens
que a sua idade não permitia
que tivessem participado na luta.
O elevado número de membros do
governo, do parlamento e das forças
de defesa e segurança que haviam
beneficiado do esquema levou uma
deputada a questionar se o governo
estava em condições de funcionar,
dado que se supunha que a maior
parte dos seus membros estavam
doentes.
Um médico de nome Chenjerai
Hunzvi, formado na Polónia, é que
passava os atestados no seu consultório
privado, obviamente cobrando
uma taxa pelo serviço prestado.
Hunzvi, que morreu em 2001, viria
mais tarde a ser eleito líder da Associação
dos Veteranos, uma organização
até então desconhecida.
A descoberta do escândalo criou
um grande mal-estar no seio dos
verdadeiros combatentes, muitos
deles em estado de completo abandono,
e sem meios de subsistência.
O fundo havia sido estabelecido
para o seu benefício, mas eram os
menos necessitados, os que dele beneficiavam.
Os combatentes reagiram com uma
série de manifestações que abalaram
fortemente a estrutura política
do governo. Numa dessas manifestações,
vaiaram o Presidente Mugabe
durante as comemorações do dia
dos Heróis, tornando praticamente
inaudível o seu discurso na ocasião.
Chegaram mesmo a marchar para
o palácio presidencial, onde o contingente
de segurança encarregou-
-se de os impedir de entrar para um
encontro com Mugabe.
Pressionado, Mugabe viu-se obrigado
a nomear uma comissão judicial
de inquérito, chefiada pelo Juiz
Godffrey Chidyausiku. Os resultados
deste inquérito nunca foram
tornados públicos.
Em 2001, quando o então presidente
do Supremo Tribunal, Anthony
Gubbay, e alguns dos seus colegas
manifestaram o seu desagrado pela
interferência executiva no judiciá-
rio, ele foi substituído por Chidyausiku,
que permaneceu no cargo até à
sua morte em Maio de 2017.
Zimbabwe: o nascimento de uma nova nação
Por Fernando Gonçalves
Confrontado com o facto de que
quase a totalidade do seu governo
tinha sido apanhado com as mãos
sujas, Mugabe tomou uma decisão
que foi considerada como tendo
sido um dos maiores atentados contra
a economia do Zimbabwe. Deu
ordens ao então ministro das Finanças,
Herbert Murerwa, para que
atribuísse a cada um dos combatentes
50 mil dólares zimbabweanos
(então equivalente a 5 mil dólares
americanos) à cabeça. Cada um dos
estimados 70 mil combatentes passaria,
desde então, a receber também
uma pensão mensal vitalícia de
2 mil dólares zimbabweanos.
“Sexta-feira negra”
O esforço financeiro imediato desta
decisão era de 350 milhões de dó-
lares. Este montante não constava
do orçamento do Estado, numa
altura em que o Zimbabwe estava
a observar restrições nas despesas,
impostas ao abrigo de um acordo de
financiamento assinado no início
dos anos 1990 com o FMI.
O dia em que esta decisão foi anunciada,
17 de Novembro de 1997,
passou a ser conhecido por “Sexta-
-Feira Negra”, com a moeda nacional
a desvalorizar, em poucas horas,
em 72 por cento face ao dólar americano.
Mas isto era apenas o começo de
uma viragem económica que culminaria,
em 2009, com o desaparecimento
do dólar zimbabweano.
Quando se esperava que ainda era
possível resgatar a economia, uma
outra decisão do governo veio piorar
uma situação já de si grave.
Em Julho de 1997, Laurent Kabila
tinha conseguido derrubar o regime
cleptocrático de Mobutu Sese Seko,
no então Zaire, com a ajuda directa
do Rwanda e do Uganda. O país
passou a chamar-se República Democrática
do Congo.
O Rwanda e o Uganda acreditavam
que um novo governo em Kinshasa
iria oferecer a cooperação necessária
para salvaguardar os seus interesses
estratégicos no leste do Congo, incluindo
suster as incursões de movimentos
rebeldes que procuravam
os derrubar e que operavam a partir
desta região.
Mas mal Kabila se instalou no poder
em Kinshasa, começou a movimentar-se
no sentido de se tornar
autónomo, facto que não foi do
agrado dos seus antigos aliados Paul
Kagame e Yoweri Museveni. Em
resposta, estes transferiram o apoio
militar que prestavam a Kabila para
uma força de guerrilha que a partir
do leste do Congo passou a lançar
ataques contra o novo governo em
Kinshasa.
Pouco tempo depois da derrota de
Mobutu, numa cimeira em Lilongwe,
no Malawi, e depois de uma
longa discussão, a SADC decidira
admitir a RDC como membro de
pleno direito.
Foi assim que a agressão do Rwanda
e do Uganda contra a RDC
tornou-se assunto de agenda para
a SADC.
No dia 18 Agosto de 1998, ministros
de defesa da SADC estiveram
reunidos em Harare para deliberar
sobre como a região deveria reagir
em relação à situação na RDC. No
final do encontro, foi anunciado que
era decisão da SADC tentar ajudar
a resolver o conflito pela via diplomática,
mas que se punha de lado
qualquer intervenção militar por
parte da organização.
Mas mal os ministros entraram nos
aviões, de regresso aos seus países,
Mugabe convocou uma conferência
de imprensa onde anunciou que o
seu país iria juntar-se a Angola e
Namíbia numa intervenção militar
directa na RDC.
Esta decisão teve implicações muito
graves na economia do Zimbabwe,
que não partilhando directamente
uma fronteira com a RDC, tinha de
depender da boa vontade da Zâmbia
para o sobrevoo do seu espaço
aéreo para o abastecimento das suas
tropas no Congo. A certo ponto,
estimou-se que o Zimbabwe gastava
com a guerra do Congo cerca
de 1 milhão de dólares por dia. Se
este valor corresponde à verdade ou
não, o facto é que foi a partir desta
intervenção militar que a economia
do Zimbabwe começou a mostrar
sinais visíveis de estar a tomar uma
rota catastrófica. Em 1999, o país
registou o seu primeiro ciclo de
crescimento negativo, que viria a ser
o normal por muitos anos além.
Para alguns sectores da sociedade
zimbabweana, a decisão do governo
de enviar tropas para o estrangeiro,
sem a anuência do parlamento, era
consequência directa de uma lacuna
na constituição, a qual não impunha
tal exigência ao governo.
A solução residia, de acordo com
esses sectores, numa revisão constitucional
que obrigasse o governo
a solicitar autorização parlamentar
para envolver tropas zimbabweanas
numa guerra fora das fronteiras nacionais.
Referendo
Foi neste contexto que em Dezembro
de 1998, no Salão Nobre da
Universidade do Zimbabwe, nasceu
a Assembleia Nacional Constituinte
(NCA), uma coligação de organizações
da sociedade civil, dos sindicatos
e das igrejas, que lançavam
um movimento em prol de uma
nova constituição para o Zimbabwe.
A nova plataforma era dirigida
por um coordenador nacional, tendo
como chefe da equipa de trabalho
Morgan Tsvangirai, então Secretário
Geral da Confederação dos
Sindicatos do Zimbabwe (ZCTU).
Inicialmente, o governo foi hostil
perante esta iniciativa, mas como
era do seu interesse redigir uma
nova constituição que substituísse a
de Lancaster House, acabou por reconhecer
a inevitabilidade do processo.
Por isso lançou uma iniciativa
paralela, tentando construir uma
nova constituição que espelhasse
unicamente a visão da Zanu-PF.
Quando o projecto da nova constituição
foi submetido a um referendo,
em Fevereiro de 2000, a maioria
dos zimbabweanos votaram contra,
considerando que o documento não
espelhava na plenitude os seus anseios.
A derrota no referendo foi a primeira
indicação de que Mugabe e
o seu partido já tinham perdido a
confiança popular. Com eleições
parlamentares programadas para
Junho do mesmo ano, o pânico tomou
conta da elite governativa, que
reagiu com uma acção generalizada
de violência contra supostos opositores
do regime. Muitos destes
foram raptados, e em alguns casos
torturados até à morte. Num dos
incidentes mais cruéis dessa época,
no dia 15 de Abril de 2000, o
motorista de Morgan Tsvangirai,
Tichaona Chiminya, e uma jovem
activista do MDC, Talent Mabika,
morreram carbonizados dentro da
viatura em que seguiam, depois de
esta ter sido incendiada por milícias
da Zanu-PF.
A violência política foi conduzida
em paralelo com a invasão contra
propriedades pertencentes a agricultores
brancos, aquilo que mais
tarde veio a ser oficializado como
um programa de reforma agrária.
Foi também nesta fase que Mugabe
recuperou os veteranos da luta de
libertação nacional que havia abandonado
depois da independência, os
quais, enquadrados na polícia, nas
forças armadas e nos serviços secretos
passaram a funcionar como uma
força de choque contra a oposição.
As sanções que hoje são referenciadas
como a principal causa do descalabro
económico do Zimbabwe
foram impostas como resposta a
este ambiente generalizado de violação
dos direitos humanos.
Os receios do regime quanto à implantação
e popularidade da oposi-
ção não eram injustificados. Tendo
nascido em Outubro de 1999, e
estando a participar pela primeira
vez num processo eleitoral, foi significativo
que nas eleições de Junho
de 2000 o MDC tenha conseguido
conquistar 57 do total de 120 assentos
sujeitos à eleição no parlamento.
A Zanu-PF só conseguiu suplantar
de forma substancial este equilí-
brio, graças aos 30 deputados a que
o Presidente da República tinha o
direito de nomear, de acordo com a
constituição de então.
Os duros golpes infligidos contra
a economia do Zimbabwe, aliados
à má governação e ainda ao isolamento
internacional a que estava
sujeito, nunca permitiram que o
país voltasse a ter uma vida normal.
A acção militar de 14 de Novembro,
que conduziu ao afastamento
do Presidente Robert Mugabe na
semana passada, foi o culminar de
um longo e contínuo processo de
degradação do sistema político, que
é a principal causa da catástrofe
económica e social em que o país se
encontra.
Com todas as lições aprendidas
ao longo dos últimos vinte anos, o
novo governo do Presidente Emmerson
Mnangagwa não tem outra
alternativa se não tornar melhor a
vida dos zimbabweanos, incluindo
os mais de 3 milhões que se estima
que tenham abandonado o país à
procura de melhores condições de
vida. Seria inconcebível que o país
viesse a estar pior do que já esteve.
Quando se chama a este momento
uma nova era, pode se acrescentar,
de facto, tratar-se do nascimento de
uma nova nação.
Emmerson Mnangagwa anunciou uma nova era para o Zimbábwe
Savana 01-12-2017 13 INTERNACIONAL DIVULGAÇÃO SOCIEDADE
N
um dos seus primeiros actos
oficiais desde que assumiu
o poder na última
sexta-feira, o novo Presidente
do Zimbabwe, Emmerson
Mnangagwa, emitiu um decreto
concedendo uma moratória de
três meses para que sejam repatriados
todos os fundos e bens ilegalmente
exportados do país.
O período de amnistia decorre de
1 de Dezembro a 28 de Fevereiro
de 2018, e cobre indivíduos e
empresas. Findo este período, os
indivíduos ou entidades que não
cumprirem com a ordem serão detidos
e julgados de acordo com as
leis do país.
Numa declaração na terça-feira,
Mnangagwa disse que a operação
levada a cabo pelos militares, e que
culminou com o derrube do Presidente
Robert Mugabe, tinha revelado
casos de elevadas somas de
dinheiro e outros bens que haviam
sido ilegalmente exportados por
indivíduos e entidades colectivas.
“É desnecessário dizer que tais
más práticas constituem sérios crimes
económicos contra o povo do
Zimbabwe, e que o governo nunca
irá tolerar”, disse Mnangagwa,
durante um encontro com os seMnangagwa
dá três meses para a devolução de fundos
cretários permanentes de todos os
ministérios.
Acrescentou que os que pretenderem
colaborar com esta directiva
do governo deverão entrar em contacto
com o Banco Central.
Dados do Banco de Reserva do
Zimbabwe (RBZ) indicam que
pelo menos 3 biliões de dólares
terão sido ilegalmente exportados
para países como as Maurícias, Extremo
Oriente e Botswana, entre
2015 e 2017.
Suspeita-se que parte considerável
destes fundos pertença a antigos
membros do governo acusados
de serem os “criminosos” a que os
militares se referiram como tendo
capturado o governo de Mugabe,
incluindo a esposa deste, Grace.
Grace encontra-se actualmente
envolvida num litígio com um homem
de negócios de nacionalidade
libanesa, de quem ela havia encomendado
um anel no valor de 1,4
milhões de dólares, para assinalar o
vigésimo aniversário do seu casamento
com Robert Mugabe.
Grace é tida ainda como sendo
proprietária de casas de luxo
na África do Sul, Dubai e Hong
Knog, para além de inúmeras propriedades
dentro do Zimbabwe.
Ainda na terça-feira, o parlamento
do Zimbabwe anunciou a revoga-
ção do mandato de cinco deputados
da Zanu-PF, expulsos do partido
na sequência do golpe militar
de 14 de Novembro.
De entre eles estão os antigos ministros
do ensino superior, Jonathan
Moyo; das Finanças, Ignatius
Chombo; e dos governos locais,
Saviour Kasukuwere. Os outros são
a antiga governadora da província
de Manicaland, Mandiitawepi
Chimene, e o líder da organiza-
ção juvenil da Zanu-PF, Kudzanai
Chipanga.
Na segunda-feira, Mnangagwa
dissolveu o antigo governo do Presidente
Mugabe, nomeando apenas
a título temporário os ministros
das Finanças, Patrick Chinasmasa,
e dos Negócios Estrangeiros, Simbarashe
Mbengegwi.
No encontro com os secretários
permanentes, Mnangagwa anunciou
que iria formar um governo
reduzido, que não vai tolerar o burocratismo.
A prioridade do novo governo é
restabelecer o bom funcionamento
da economia e as relações entre o
Zimbabwe e a comunidade internacional.
Mnangagwa anunciou que iria formar um governo reduzido, que não vai tolerar o burocratismo
B
elmiro Mendes de Azevedo,
79 anos, morreu
nesta quarta-feira. Foi
sucessivamente considerado
um dos empresários mais
ricos do mundo – a última classificação
da revista Forbes colocava-o,
em 2016, entre os 1100
maiores do mundo.
A sua carreira começou na Efanor,
que se tornaria mais tarde na
sua holding pessoal, mudando-se
pouco depois para a Sonae – que
viria a liderar a partir de 1974,
tornando-se sócio maioritário
a meio da década de 1980. Foi
com ele que a empresa estendeu
a sua actividade da produção de
laminite, um termolaminado decorativo
à base de papel, a áreas
tão diversas como a madeira, a
dos hipermercados, comércio
especializado, media e telecomunicações.
Comandou também a
empresa no caminho da internacionalização,
levando-a a mais de
70 países e empregando mais de
50 mil pessoas.
Em paralelo com a actividade
empresarial, criou, em 1991, a
Fundação Belmiro de Azevedo,
dedicada ao mecenato nas áreas
da Educação, das Artes, da Cultura
e da Solidariedade.
Belmiro de Azevedo, nascido em
1938 em Tuias, Marco de Canaveses,
deixou em Abril de 2015
o cargo de chairman do grupo
Sonae, numa assembleia-geral de
accionistas que elegeu o filho, Paulo
Azevedo, para o mesmo lugar — acumulando
com o cargo de presidente
do conselho de administração, que
partilha com Ângelo Paupério. No seu
discurso de despedida da vida profissional,
ao fim de 50 anos, deixou um
testemunho positivo: “Tivemos muitos
sucessos durante esta história, em
que aprendi que, para prosperar, temos
de estar em constante processo de mudança
e de melhoria contínua”.
Nas últimas duas décadas, o empresário
foi agraciado com vários títulos,
em Portugal e lá fora. Exemplo disso
o grau de comendador da Ordem do
Mérito Civil de Espanha em 1999, o
grau de comendador da Ordem Nacional
do Cruzeiro do Sul, no Brasil,
em 2000, e a Grã-Cruz da Ordem do
Infante D. Henrique, a mais alta condecoração
atribuída em Portugal, a 5
de Janeiro de 2006 — concedida ainda
pelo Presidente Jorge Sampaio.
Reacções de pesar
sucedem-se
São muitas as reacções à morte de
Belmiro de Azevedo. Vicente Jorge
Silva, um dos fundadores do PÚBLICO,
recorda-o com “muita saudade
e muita estima”, nomeadamente em
relação ao período em que o jornalista
colaborou com o empresário na
fundação do jornal. “Houve, na altura,
um entendimento perfeito”, disse
em declarações à RTP .“Deixa-me
bastante triste, bastante afectado. Eu,
sem estar em contacto regular com
Belmiro de Azevedo, tinha por ele do
fundo do coração uma grande estima
e uma grande amizade”, frisou ainda
Vicente Jorge Silva sobre a morte do
empresário.
Em declarações ao PÚBLICO, o dirigente
do PS e ex-ministro das Obras
Públicas, Jorge Coelho, recorda: ”Conheci-o
durante décadas e lidei com
ele algumas vezes. Considero que foi
o empresário com a visão mais inovadora
e moderna de economia portuguesa.
Em segundo lugar, saliento que
foi ele que transportou para a gestão
a componente de recursos humanos
com grande êxito. É alguém que nos
deixa e que teve um peso extraordiná-
rio no país”, sublinha.
Já o ex-ministro da Indústria e da
Energia, ex-presidente da CGD e do
BIC Portugal (agora Eurobic), Luís
Mira Amaral afirma que: “Foi uma
grande empresário privado português
com notável independência em rela-
ção ao poder político, dizendo sempre
o que pensava e não se coibindo
de criar problemas para defender os
seus pontos de vista. Recordo que se a
OPA da Sonae à PT tivesse vingado,
não tínhamos tido as angústias que
estamos a ter com o que se passou na
PT. Por outro lado, o engenheiro Belmiro
mostrou sempre grandes preocupações
em termos da formação dos
gestores do seu grupo e acho que a Sonae
esteve no fim do século XX como
escola de gestores e de empresários,
como esteve o grupo CUF, em Portugal,
até meados do século XX. Belmiro
de Azevedo fez algo muito raro nos
grandes grupos económicos: ajudou
os seus quadros técnicos a formarem
novas empresas, fora do grupo Sonae,
tornando-se assim empresários. A isto
chama-se intra-empreendedorismo.
Finalmente, soube programar a sua
sucessão, começando por deixar de
ser executivo, passando a Chairman e
depois afastando-se. O grupo está em
boas mãos”.
O ex-presidente da Fundação Gulbenkian
e ex-presidente da Galp e da
CGD, Rui Vilar lembra: “Fui amigo
do engenheiro Belmiro de Azevedo
desde muito cedo, desde os bancos do
Liceu Alexandre Herculano, no Porto,
onde fomos colegas desde o primeiro
ano. É com pesar que o vejo partir. Foi
um grande amigo, uma pessoa muito
corajosa e frontal, com uma visão de
futuro rara no nosso país e que pelo
seu trabalho se tornou no maior empresário
das últimas décadas, deixando
um grupo diversificado e sólido, que
os seu filhos, sabiamente educados e
formados por ele, estão em condições
de continuar a desenvolver. E deixou
uma equipa de profissionais
por ele treinados. Deixa ainda
uma importante fundação com
assinalável trabalho na área da
educação e a ele se deve a criação
do PÚBLICO, com um perfil de
total independência.“
Também o economista Fernando
Costa Lima, ex-presidente da
CMVM, não quis deixar de manifestar
o seu pesar pela morte de
Belmiro de Azevedo: “Se tivesse
de resumir o que penso do engenheiro,
diria que foi uma pessoa
de grande carácter e uma determinação
inabalável, a defender as
suas convicções. É esta a imagem
que retenho dele.”
Quanto ao ex-presidente da Galp,
Manuel Ferreira de Oliveira salienta:
“O engenheiro Belmiro de
Azevedo foi um Homem grande,
que soube sempre seleccionar
os melhores e a quem sempre
proporcionou oportunidades de
crescimento profissional difíceis
de igualar; dotado de uma grande
capacidade de articulação estratégica
e de uma capacidade de
execução invulgar. Alguém que
fica entre nós como um exemplo
a estudar e como um promotor
incansável do bom governo corporativo.”
O corpo do empresário Belmiro
de Azevedo vai para a Igreja de
Cristo Rei, em Nevogilde, na Foz.
O funeral realiza-se na quinta-
-feira. (Publico.pt)
1938-2017
Morreu Belmiro de Azevedo, um empresário “inovador”
Um dos mais importantes empresários portugueses, Belmiro de Azevedo foi líder histórico da Sonae e o homem que criou o PÚBLICO.
14 Savana 01-12-2017 Savana 01-12-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
É até aqui o mais paradigmático
exemplo, no país,
de como a frustração popular
pode deitar a baixo
investimentos mineiros se eles
não beneficiarem as comunidades
locais. No distrito de Gilé, a
norte da província da Zambézia,
há uma história de uma popula-
ção enfurecida que decidiu dar
um “basta” ao saque de recursos
minerais. Munida de picaretas,
catanas entre outros instrumentos
contundentes, a comunidade da
localidade de Muiane, nome que
deriva de um monte local rico de
minérios, tomou e vandalizou, em
Novembro de 2015, as instalações
e os equipamentos da Tantalum
Mineração. Dois anos depois, a
mineradora continua paralisada e
a pagar o preço de no passado ter
marginalizado os nativos.
Situado a cerca de 500 km de
Quelimane, a capital provincial da
Zambézia, Muiane perfaz as estatísticas
das povoações moçambicanas
ricas de recursos minerais, mas
que não beneficiam da sua exploração
que, regra geral, enriquece às
multinacionais e seus aliados locais,
nomeadamente, a elite política nacional.
Depois de uma paralisação durante
a guerra dos 16 anos, a mina de
Muiane viria a reabrir, em 2008,
mas durante os cerca de 10 anos, os
nativos nunca viram os benefícios
da extracção do ouro, tantalite, turmalina
e quartzo, entre outras pedras
preciosas e semi-preciosas que
ali ocorrem.
“Aqui nunca existiu responsabilidade
social da empresa”, afirma o chefe
da localidade, Armando Amisse,
em alusão à Tantalum Mineração, a
empresa de capitais canadianos que,
até à data dos levantamentos populares,
explorava a mina de Muiane.
Aliás, o SAVANA esteve, recentemente,
em Muiane e constatou
que, naquela pacata localidade, falta
quase de tudo. A água, por exemplo,
esse líquido precioso para a
vida humana, não chega para os
mais de 20 mil habitantes daquela
localidade [de acordo com dados
preliminares do Censo de 2017]. A
falta de água é mais dramática nos
povoados, onde a população disputa
riachos com animais.
Numa terra abençoada de minérios,
as crianças estudam nas mais precárias
condições, em salas de aulas
construídas de estacas e adobe, num
esforço dos pais e/ou encarregados
de educação.
Até o chefe da localidade aponta
para essas salas com desprezo. “A
localidade até que tem 10ª classe,
mas como edifício, essa escola
secundária nem dá para dizer.
É aquela casota ali com três salas.
Aquela é que é a nossa escola secundária”,
lamenta.
Trata-se de um cenário que se repete
no ensino primário, onde as
crianças também estudam em salas
construídas a material precário
e em risco de ruir, a qualquer momento.
A situação torna-se mais
caótica ainda nos dias chuvosos, em
que praticamente as aulas ficam paralisadas.
O centro de saúde local também
se debate com carências de todo o
tipo e, em caso de pequenas complicações,
os pacientes devem ser
evacuados para a vila sede, que dista
a 65 km, numa rua de circulação
bastante difícil.
Extracção de Recursos Minerais
frisando que “a população quer uma
empresa que faça qualquer coisa”.
Aliás, agora a empresa reconhece
que a falta de benefícios é dos
principais motivos que enfurece a
população de Muiane, pelo que já
se refere a uma “efectiva e correcta
resolução” para “evitar o surgimento
de novas situações de conflito”, nomeadamente,
através de uma série
de compromissos que assumiu perante
a comunidade local.
“Perdemos tudo” – Tantalum
Mineração
Depois das escaramuças, os gestores
da Tantalum Mineração fazem
das tripas o coração, enquanto
aguardam pela renovação da licen-
ça para a retomada das actividades,
desde Fevereiro último.
Neste momento, a empresa está a
pagar trabalhadores, na sua maioria
pessoal de segurança que, para além
das actuais instalações, tomam conta
da mina contra o garimpo.
Sem precisar os custos de manuten-
ção, Breh Hargreaves, da direcção
da Tantalum, queixa-se em como
“estamos há dois anos sem trabalhar,
mas a pagarmos pessoas”.
É com mágoas que se lembra das
vandalizações. “Perdemos tudo”,
conta. Questionado sobre os benefícios
da actividade, incluindo os
benefícios para as comunidades, a
fonte disse que nunca houve tempo
para se gerar lucro, porque sempre
houve paralisações, lembrando que,
cerca de um ano antes da vandalização,
as operações foram ensombradas
pela greve dos trabalhadores
da antiga Magma.
“A trabalhar assim não há espaço
para lucros, trabalhamos só para
salários” reage, sem esconder impaciência
com a demora do Governo
na aprovação da licença para a retomada
das actividades, lá vai quase
um ano.
Para agravar o martírio, a localidade
não tem ambulância e, se a da sede
distrital estiver indisponível, a regra
é “cada um por si e Deus por todos”.
“Cada um se arranja”, conta o chefe
da localidade.
Deslocar-se no interior de Muiane
é uma obra, à semelhança de todo o
distrito de Gilé, cuja rede viária está
praticamente intransitável.
É a difícil realidade de uma localidade
rica de recursos minerais
que, entretanto, nunca trouxeram
benefícios para o desenvolvimento
sócio-económico local, como preconiza
a legislação mineira.
Basta!
Cansada de ver os recursos a saírem
sem benefícios locais, a população
de Muiane decidiu tomar a mina
para, ela própria, extrair os miné-
rios, através do garimpo.
Foi em Novembro de 2015 que assaltaram
e vandalizaram as instala-
ções da Tantalum Mineração. Era a
segunda paralisação em sete anos,
visto que, quando a mina reabriu,
em 2008, os cerca de 800 trabalhadores
da antiga empresa, a Mina
Gerais de Moçambique (Magma),
iniciaram reivindicações sobre seus
direitos laborais, até que, em 2014,
com o apoio da população local, tomaram
de assalto as instalações da
Tantalum Mineração.
E a terceira vez foi de vez. A fúria
popular, que para além das vandalizações
obrigou os gestores da
empresa a se refugiarem na vizinha
província de Nampula, teve como
pretexto a morte de um garimpeiro
que foi atingido por uma bala disparada
por um agente de segurança,
numa operação contra o garimpo
ilegal.
Estava assim dado o tiro que sairia
caro para a empresa. Para além da
vandalização total de infra-estruturas,
como as instalações da empresa,
a comunidade incendiou duas má-
quinas buldózer, uma pá escavadora
e destruíram o equipamento usado
pela empresa para a selecção do minério
tantalite.
Estimam-se em USD 10 milhões
os prejuízos causados pela acção
popular, que obrigou o enceramento
de actividades por parte da
empresa que, em poucas horas, viu
todos os seus equipamentos e infra-
-estruturas reduzidos a cinzas.
Dois anos depois, a empresa continua
paralisada e a averbar prejuí-
zos de manutenção. Os vestígios
da vandalização ainda são visíveis,
com os destroços a documentarem
o quanto custa a fúria popular.
O SAVANA foi ao terreno para
entender a sensibilidade da comunidade
em relação à empresa e não
é para menos. Do cidadão comum
às estruturas locais, o sentimento é
de revolta contra uma empresa que
é vista como “exploradora”.
“Nada fizeram até aqui”, dispara
Joaquim Assane.
“Nem fontes de água, nem a reabilitação
do hospital que tinham
garantido, nada disso fizeram”, desabafa
Marta Dinis.
“A empresa quase não beneficiava
a população em nada”, corrobora
Armando Amisse, o chefe da localidade.
São depoimentos que, nas entrelinhas,
denunciam as razões dos
levantamentos populares contra a
Tantalum Mineração, como confirma
o chefe da localidade.
“Isso [a falta de benefícios para as
comunidades] não se pode excluir
porque, afinal de contas, se você está
em casa de alguém e não contribui
em nada, mas a comer, certamente,
que o dono pode vir um dia a dizer
´ó amigo, isso é demais´”, precisou,
A história de um povo que colocou em xeque o grande capital
- mineradora só voltará a operar mediante satisfação das exigências populares
O povo saiu a rua para saudar os militares
Por Armando Nhantumbo
Encurralada, a Tantalum Mineração não teve
outra saída senão sentar e negociar com as
comunidades, o que culminou com a assinatura
de um Memorando de Entendimento
(ME) no qual a empresa compromete-se a desenvolver
diversas actividades em benefício da população
local.
Para já, mesmo se a licença de exploração for renovada,
a empresa, ao que preconiza o ME a que o SAVANA
teve acesso, só voltará a operar mediante a
entrega de uma ambulância ao centro de saúde local,
que é uma das exigências da população.
No documento, aprovado em Fevereiro deste ano,
entre a comunidade, a empresa e o Governo distrital
de Gilé, a Tantalum Mineração sujeita-se, dentre
várias obrigações, a construir infra-estruturas sociais
para as comunidades locais.
Trata-se, por exemplo, de três salas de aulas, apetrechadas
com carteiras e o respectivo bloco administrativo,
na Escola Secundária, com a execução em 24
meses depois do reinício das actividades da empresa;
reabilitação do pequeno sistema de água existente na
localidade e aumento de mais furos de água potável
em alguns povoados, bem como equipar o centro de
saúde com camas, colchões, carrinhas e outros utensílios
hospitalares.
“[Essas actividades] são do cumprimento obrigatório
da empresa Tantalum Mineração Limitada, num período
de cinco anos”, preconiza o ME.
Mas a lista das exigências das comunidades não pára
por aí. Para além da ambulância, que deve incluir
uma quota mensal para combustível e lubrificantes,
antes do reinício das suas actividades de exploração
mineira, a comunidade de Muiane exige que a Tantalum
monte também um sistema de painéis solares
no centro de saúde local, incluindo a construção de
um muro de vedação.
E porque um dos problemas de Muiane é o desemprego,
a população exigiu e a empresa viu-se obrigada
a aceitar que assegurará priorizar as comunidades
locais, em função das suas habilidades, nas novas admissões
de trabalhadores para o quadro pessoal da
Tantalum.
A empresa deverá ainda alocar uma viatura ou duas
motorizadas ao Posto Policial de Muiane; apoiar as
Escolas Primárias da localidade com chapas de zinco,
cimento de construção e carteiras num período de 24
meses depois do reinício das actividades de exploração
mineira; aquisição de meios de compensação
para os deficientes físicos necessitados e apoiar na
limpeza da sede da localidade, mediante a disponibilização
de alguns equipamentos de trabalho.
As comunidades exigiram ainda e a empresa comprometeu-se
a construir um parque infantil e um clube
de diversão para jovens e a montagem da respectiva
aparelhagem de som, uma tela gigante e a respectiva
antena parabólica para a projecção de filmes.
E para supervisionar o cumprimento das obrigações
plasmadas no ME, foi criado um Comité de Media-
ção e Gestão de Conflitos, que servirá de intermediá-
rio entre as partes e cujo funcionamento será financiado
pela Tantalum Mineração, através da alocação
de uma verba mensal de 70 mil meticais.
O Governo de Gilé vê no ME o início duma nova
era em Muiane.
“Agora está claro o que fica para as comunidades
como benefícios e a responsabilidade social da empresa”,
precisou Luís Moiane, secretário permanente
no Governo distrital.
Por sua vez, a população obrigou-se, através do referido
ME, a respeitar a área da concessão e o património
da Tantalum, a não desenvolver actividades
que interfiram ou ponham em risco o curso normal
das actividades da empresa, bem como denunciar a
extracção e comercialização ilegal dos recursos minerais
da área concessionada.
Retomada? Só com benefícios
para a comunidade!
Armando Amisse, chefe da localidade
de Muiane
É nestas três salas que se resume a Escola Secundária de Muiane, uma localidade rica de minérios
Os vestígios da vandalização, pela população, do equipamento e instalações da Tantalum Mineração
Breh Hargreaves, da direcção da
Tantalum
Muiane, o monte donde a população também quer comer
16 Savana 01-12-2017 PUBLICIDADE
1 de 6 Pág 1 | Maputo, Novembro de 2017
ORÇAMENTO DO ESTADO PARA
O ANO 2018: OBSERVAÇÕES E
PERGUNTAS DA SOCIEDADE CIVIL Novembro de 2017
O Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO), plataforma
da sociedade civil composta por 18 organizações
interessadas na monitoria e influência das finanças
públicas nacionais, analisou a proposta do Orçamento do
Estado para 2018, que o Governo submeteu à Assembleia
da República. Segue um breve sumário dos resultados do
estudo e a lista completa das observações, preocupações
e perguntas ao governo que resultam da análise.
O estudo completo está disponível, para download, no
sítio http: // www.fmo.org.mz
A proposta de orçamento posiciona-se num ambiente
económico diferente dos anos passados, o que faz
com que as dotações previstas não sejam facilmente
comparáveis com aquelas dos anos anteriores se não for
eliminada a componente da inflação. O Produto Interno
Bruto (PIB) está previsto que cresça em 5,3%, abaixo da
taxa de crescimento observada até 2015. O Governo conta
com receitas internas de apenas 22,5% do PIB; o rácio
receitas / PIB já tinha atingido 29,7% em 2014. Projectase
que as Receitas do Estado (são as receitas internas
antes do crédito interno) cresçam em 19,6% em termos
nominais. No entanto, com uma inflação projectada de
11,9%, o crescimento real é menor. A estimativa da receita
interna no ano 2018 parece-nos demasiado optimista,
pois não se consegue confirmar o valor indicado na
proposta do orçamento usando os pressupostos indicados
na Fundamentação do Orçamento. Para além disso, as
estimativas de receitas dos anos anteriores (2015 e 2016)
jamais foram alcançadas.
Ao mesmo tempo, os juros sobre a dívida interna e externa
por pagar, incluindo as amortizações dos empréstimos
externos, continuam a um nível alto e tendencialmente
crescente. Por outro lado, os juros sobre a dívida interna
estão a aumentar de forma exponencial, o valor passa de
8,9 mil milhões em 2017 para 19,8 mil milhões de meticais
em 2018. Ao mesmo tempo, há uma redução dos juros
sobre a dívida externa de 18 mil milhões em 2017 para
apenas 13 mil milhões de meticais em 2018, talvez porque
os 18 mil milhões de 2017 incluíam uma provisão para
juros sobre a divida EMATUM que afinal não foram pagos.
Em preços constantes, a receita interna disponível depois
da dedução do serviço da dívida, mas reforçada pelo
crédito interno previsto, aumentará ligeiramente em
relação ao ano 2017, mas fica significativamente abaixo
dos montantes disponíveis nos anos 2014 até 2016, como
ilustra o gráfico abaixo.
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
200.000
2012 2013 rev 2014 rev 2015 2016 rev 2017 2018
Milhões de MT de 2016
Receita interna disponível a preços constantes
político e a prática. Exploramos melhor este aspecto em
parágrafos subsequentes.
Embora a desvalorização do metical tenha o potencial de
melhorar a competitividade do sector agrícola, este sector
precisa de apoio para poder fazer uso dessa oportunidade.
Por outro lado, historicamente o sector de água e
saneamento tem recebido as mais baixas dotações da
componente interna, resultando tanto do efeito perverso
da ajuda externa ao sector, quanto da contradição entre
o discurso político e a prática. Com efeito, subsistem
antigos problemas tais como inúmeros centros de saúde,
maternidades, escolas e comunidades inteiras sem
uma única fonte de água potável, o que propicia graves
violações de direitos humanos dos pacientes, alunos, dos
trabalhadores dos sectores, homens e mulheres; muitos
destes têm de caminhar mais de 10 quilómetros para
ir buscar água para beber e limpeza geral da unidade
sanitária e higiene pessoal. No entanto, a alocação
proposta para o sector de Água e Saneamento é a mais
baixa dos últimos 10 anos, em termos reais. Além do mais,
na proposta do OE 2018, 71% dos recursos do sector
são provenientes de fontes externas. A provisão de água
e saneamento ao povo moçambicano parece ser uma
prioridade apenas dos doadores.
Ao analisar-se o peso dos sectores da educação e saúde
no envelope dos recursos internos disponível verifica-se
uma conclusão mista. Por exemplo, em preços constantes,
a saúde sofreu uma redução da sua modesta alocação
e a educação muito mais, principalmente porque os
incrementos anuais dos salários apenas compensam uma
parte da inflação e isto com atraso. O reverso da moeda
tem a ver com o facto de, não obstante, verificar-se que
a parte do orçamento interno canalizado para estes
dois sectores estar a aumentar ligeiramente, indicando
com isso certa preocupação em protege-los, em termos
concretos este suposto esforço será diluído pelo bloqueio
à contratação de novos professores, o que incidirá,
sobremaneira, na deterioração do rácio professor/alunos
e comprometerá a qualidade de ensino que já é bastante
fraca, conforme documentado nos estudos efectuados
pelo Banco Mundial1
.
Outros sectores perderam em termos de peso da receita
interna disponível. Há que mencionar, em particular, os
distritos e municípios. Uma grande parte dos orçamentos
distritais tem a ver com a educação e a saúde (vejase
o gráfico acima) Na mesma lógica, reduzir-se-ão as
alocações para os investimentos distritais de iniciativa
local, com grande impacto no incipiente estímulo
ao emprego e nas mais diversificadas estratégias de
sobrevivência. Isto contrasta com os esforços do Governo
em tornar os distritos e municípios como verdadeiros
pólos de desenvolvimento.
Um dos vencedores no exercício de distribuição dos
recursos limitados são as pensões. O seu peso continua
a crescer e as pensões absorverão 8,0% da receita
interna disponível em 2018. Outro vencedor é um grupo
de sectores de soberania e segurança (Presidência,
Casa Militar, SISE, defesa, forças armadas, embaixadas,
Ministério do Interior e polícia), que absorvem cada vez
mais dos recursos internos: 13,5% em 2014 e agora 14,1%
1. World Bank. 2015. Mozambique Service Delivery Indicators : Education.
Washington, DC. © World Bank. https://openknowledge.worldbank.org/
handle/10986/21917 License: CC BY 3.0 IGO.”
0%
5%
10%
15%
20%
25%
2014
realizado
2015
realizado
2016
realozado
2017
actualizado
2018
proposta
% da receita interna disponível
Despesa Interna na Educação Geral, Saúde
em % da receita interna disponível
Educação Geral Saúde
em 2018. Contudo, o financiamento aos sectores de defesa
e soberania parece comum em Estados cujos governos
são impopulares. Até o ano passado a justificativa
assente na recente tensão militar, para incrementos neste
sector, poderia ser aceite mas num contexto em que as
negociações com a Renamo se mostram num estágio
bastante avançado, se tivéssemos de interpretar estas
dotação diríamos que o governo parece céptico sobre seu
provável desfecho.
Olhando para o investimento com fundos externos,
encontraram-se algumas surpresas. O Fundo de Estradas
é o maior beneficiário de fundos externos: 24 mil milhões
de meticais. Este valor representa 57% do total do
investimento externo a nível central. A este montante
acresce-se os 13 mil milhões para acordos de retrocessão,
valor no qual as estradas têm um grande peso. A estrada
Beira-Machipanda é o maior empreendimento nesta
categoria. Vimos dois problemas com estes montantes.
Primeiro, questionamos o peso das estradas no total que
não parece alinhado com as estratégias. Segundo, são cada
vez mais créditos não concessionais que financiam estes
investimentos. A dívida deve ser amortizada começando
dentro de poucos anos e os juros não são bonificados.
Em princípio, e em alguns casos com grandes valores,
espera-se que o serviço destes créditos seja financiado
com o dinheiro cobrado nas portagens. Contudo, levantase
a questão de saber-se se, dada a escassez de recursos
financeiros, faz sentido privilegiar o investimento em
infraestruturas de estradas e electricidade em detrimento
da criação de condições para que as populações tenham,
por exemplo, acesso a bens de primeira necessidade,
transporte condigno, medicamentos e fontes de água.
No estudo, também se analisaram aspectos mais
específicos. Verificou-se que a alocação para viaturas a
favor de instituições do Estado aumentará em 50% para
450 milhões de meticais em 2018. Para subsídios e demais
despesas para dirigentes cessantes, 360 milhões de
meticais são previstos. Estão previstos 4.000 milhões para
as eleições autárquicas em 2018 e mais 1.000 milhões para
a preparação das eleições gerais em 2019. Um valor de 350
milhões de meticais é consignado aos partidos políticos.
Não seria este o caso de relaxar-se provisoriamente
algumas regalias concedidas aos titulares de cargos
públicos e canalizar esses recursos para sectores como a
educação e saúde?
Nem os mapas, nem a Fundamentação do OE 2018 fazem
menção a qualquer serviço das dividas ocultas ou ilícitas
da EMATUM, Proíndicus e MAM. Parece que não foram
tomados em conta. No entanto, convém que o Governo
confirme se, de facto, a proposta do orçamento acautelava
estas dívidas.
É boa prática a proposta de um orçamento mencionar
os riscos e as obrigações eventuais que podem colocar
em causa os pressupostos e dotações constantes do
orçamento. Saliente-se o facto de que esta proposta não
menciona, em lugar algum, estas eventuais obrigações,
que podem acontecer se, por exemplo, empresas públicas
essenciais precisarem de injecção de capital (as TDM por
exemplo) ou o Governo se sentir obrigado a pagar juros
e amortizações sobre os empréstimos ocultos como
consequência de renegociação do crédito da EMATUM e
das garantias em relação aos empréstimos Proíndicus e
MAM.
Por conseguinte, o orçamento deve expressar o
comprimisso ético e moral de um governo preocupado
em cumprir o pacto social, mesmo em momentos de
crise. Com efeito, constitui um paradoxo a previsão que
indica a aquisição de mais viaturas em 2018 (450milhoes
de meticais) quando esses recursos poderiam serviria para
construir cerca de 4000 blocos de sanitários públicos ou
cerca de 700 sistemas convencionais de abastecimento
de água em unidades sanitárias necessitadas destas
infraestruturas. No sector da educação, este valor serviria
para construir cerca de 250 salas de aulas, principalmente
nas províncias e distritos mais pobres do país.
O envelope de recursos internos disponível baixou na
tendência, com uma pequena recuperação em 2018. A
questão que emerge é: de que forma esta redução será
distribuída através dos sectores. Os discursos e estratégias
parece indicar para a necessidade de evitar redução dos
recursos disponíveis aos sectores sociais (educação,
saúde, acção social e água e saneamento em particular,
e outros sectores), dado o seu carácter prioritário. O
Governo promete manter os níveis de alocação de pelo
menos 60% dos recursos para estes sectores, pelo seu
impacto directo na redução da pobreza e melhoria das
condições de vida. Contudo, quando comparadas, numa
série de quatro anos, desde 2014, as despesas do sector
da soberania (presidência,segurança, defesa e interior)
com as da educação e saúde, estes dois últimos sectores
tendem a cair, contrastando com o primeiro. Este padrão
suscita dúvidas sobre o alinhamento entre o discurso
Savana 01-12-2017 17 PUBLICIDADE
2 de 6 Pág 2 | Maputo, Novembro de 2017
Ademais, a redução da despesa, como consequência
da crise, não deveria significar a penalização do
consumidor mas sim a sua protecção. O conjunto de
medidas económico-financeiras para proteger o cidadão
devem estender-se à restituição do IVA às pequenas e
médias empresas, sem que isso implique a utilização
desenfreada do crédito interno. A tributação dos mega
projectos constitui uma flagrante oportunidade de captar
recursosos ociosas que teriam o condão de mitigar os
efeitos da crise na população moçambicana.
Perguntas ao Governo
A análise resultou em várias observações e perguntas que
foram apresentadas à Assembleia da República, através da
Comissão do Plano e Orçamento (CPO), e, através desta, ao
Governo. As questões apresentadas, às quais o Governo
providenciou respostas, foram:
a) As Receitas do Estado, em percentagem do PIB, estão a
decrescer. Desde 2014, a percentagem caiu de 29,7% para
os actuais 22,5%. Quais são os pressupostos que justificam
esta redução?
b) A estimativa do PIB para o ano 2018 não se verifica
usando os pressupostos sobre o crescimento real do PIB e
a taxa de inflação. O valor indicado é maior relativamente
ao resultado do cálculo. É possível que tenha ocorrido um
erro. Contudo, interessa ao FMO saber se, de facto, tal erro
tem impacto sobre o volume das receitas, que podem
baixar por cerca de 10.000 milhões de MT ($154 milhões).
c) Segundo a proposta do OE 2018, a provisão para juros
internos vai aumentar de 8,9 mil milhões de meticais
em 2017 para 19,8 mil milhões em 2018. A justificação
constante do documento da Fundamentação – maior
volume de dívida, maior taxa de juro – não é convincente.
Que outras justificações existem para esta estimativa?
d) A Sociedade Civil moçambicana gostaria de saber se
a proposta do OE 2018 contém qualquer provisão para
amortizações ou juros relativos aos empréstimos da
EMATUM, Proíndicus e MAM.
e) As alocações feitas aos distritos, para investimentos em
infraestruturas de iniciativa local em 2018, estão muito
abaixo dos montantes alocados em 2014, 2015 e 2016, em
termos nominais e particularmente em preços constantes.
Que racional orientou esta redução drástica?
f) O OE faz provisão para empréstimos de retrocessão no
valor de 13 mil milhões de meticais. A Fundamentação
apresenta alguns projectos de construção de estradas
que serão financiadas por via desta dotação. Contudo,
não indica valores para os projectos, e temos dúvidas se
a lista apresentada na Fundamentação está completa.
Seria possível colocar à disposição do público a lista
completa e pormenorizada, com valores, dos projectos
que se pretende financiar por via de PPPs e acordos
de retrocessão? Também interessam as condições dos
créditos que o Governo está a passar às PPPs e o impacto
total aos futuros orçamentos em termos de amortizações
e juros, bem como seu impacto social e económico.
Ainda neste contexto, interessa também saber como
se justifica a inclusão da estrada Beira-Machipanda nos
acordos de retrocessão (segundo a lista constante na
Fundamentação) enquanto a mesma estrada também
aparece como investimento com financiamento externo
de acima de $200 milhões?
g) Os acordos de retrocessão referem-se a projectos,
principalmente em infraestruturas, levados a cabo por
entidades fora do governo; normalmente, são empresas
paraestatais ou, recentemente, parcerias público-privadas.
Estes acordos são investimentos públicos, embora com
outra modalidade. Por isso, juntamos o investimento
normal (por via das entidades do Governo, contabilizado
como despesa de investimento) e estes acordos. Este total
pode chegar a 38,6 mil milhões de meticais, um valor
que representa 63% da soma do investimento externo
total mais os acordos de retrocessão. Em comparação, as
alocações de fundos externos aos sectores da educação e
saúde são muito pequenas.
Será que o peso de 63% para infraestruturas de transporte
e energia reflete às prioridades do Programa do Governo
e toma em conta as necessidades e expectativas da
população? Achamos que não, mas interessa a posição do
Governo.
h) A longa história da dívida do Estado junto às empresas
por reembolsos do IVA ainda constitui desafio que mina o
crescimento das pequenas e médias empresas nacionais.
Há planos que visam a progressiva amortização desta
dívida e, se sim, onde se encontram espelhados os
respectivos valores no orçamento?
i) A Proposta de Lei do Orçamento define o montante
de 30.850 milhões de meticais (cerca de 475 milhões
de dólares) como tecto das garantias. Importa às
organizações da sociedade civil saber que garantias o
Governo prevê conceder.
j) As bases da fixação particularmente das dotações para
encargos da dívida pública e as operações financeiras
passivas nos parecem pouco claras, e estes pagamentos
são capazes de ser influenciados por parâmetros fora do
controle directo do Governo. Por isso, sugerimos que a AR
insista para que a Lei do Orçamento incluía um parágrafo
que impeça a redistribuição de excedentes orçamentais
destas linhas para outros fins sem a autorização explícita
da AR ou da CPO, e que qualquer poupança nestas linhas
deva servir apenas para reduzir o crédito interno ou
para pagar os atrasados. Deveria ser vedado o uso de tal
poupança para reforço de despesas de funcionamento ou
investimento.
k) Sugerimos que o Tribuna Administrativo faça (ou
mande fazer) uma apreciação da viabilidade das PPPs que
estão a construir estradas, financiadas por empréstimos
de retrocessão. Há razão para questionar se estes
investimentos são rentáveis. Verificar se as modalidades
de concursos obedecem às regras estabelecidas para
concursos públicos seria o segundo enfoque.
Questões Adicionais
1. O peso do orçamento alocado aos sectores prioritários
em 2018 é menor do que em 2017, apesar do facto de
que o peso do serviço da dívida e operações financeira
não mudou no mesmo período. Isto significa que os
sectores não-prioritários (Soberania, Defesa e Segurança:
Presidência, Casa Militar, SISE, Forças Armadas, Embaixadas,
Ministério do Interior e Polícia) foram priorizados. O que
explica este facto?
2. A alocação proposta aos sectores económicos e
sociais (dentro dos quais estão saúde, educação e água e
saneamento) é inferior, em termos reais, ao orçamento de
2017 e aos níveis de despesa de 2013 e 2014. A alta inflação
e a depreciação do metical tem drasticamente reduzido o
poder de compra dos fundos para estes sectores. Mesmo
com as maiores alocações em termos nominais, comprase
menos bens e serviços com o mesmo valor. Será que
estes sectores não vão perder a sua capacidade de manter
os níveis mínimos de provisão de serviços básicos aos
cidadãos? Que estratégia o Governo vai adoptar para
garantir a manutenção da qualidade destes serviços?
3. O Governo tem enfatizado a necessidade de melhorar o
rácio aluno-professor no ensino primário, sendo esta uma
meta do próprio Governo (PQG e mesmo no PES 2018).
Contudo, prevê-se um corte no recrutamento de novos
professores em 2018 para um quarto do número dos anos
anteriores. As OSC consideram inaceitável a proposta de
contratar apenas 221 professores que terão de fazer face a
mais de 3 milhões de novos alunos inscritos para 2018. A
solução assente na mobilidade dos funcionários públicos
não parece prática se considerarmos as desarticulações
sectoriais e pouca fluidez nos processos de tomada
de decisão no aparelho estatal, sem mencionar as
capacidades pedagógicas destes que serão mobilizados;
Baixar o número de professores por contratar seria
deitar abaixo todas as pequenas conquistas do sector da
educação, ganhos esses que podiam garantir a melhoria
da qualidade de ensino e aprendizagem
4. Será que o Governo não está a considerar, neste
momento de consolidação fiscal e austeridade,
suspender algumas regalias e subsídios concedidos a
altos individualidades detentoras de cargos públicos
e redirecionar esses recursos para sectores de grande
impacto na vida dos moçambicanos (como por exemplo
o sector da educação, podendo-se assim contratar pelo
menos os 8.000 professores que costuma contratar
anualmente)?
5. A alocação proposta para o sector de Água e
Saneamento é a mais baixa dos últimos 10 anos em
termos reais. Este facto é muito preocupante, dado que o
país tem uma das mais elevadas taxas de fecalismo a céu
aberto e apenas metade da população tem acesso a fontes
de água melhoradas. O impacto disso é visível nas altas
taxas de incidência da malária, da desnutrição crónica e
das doenças diarreicas que figuram nas principais causas
de morte no país. O que explica a baixa priorização deste
sector? É preocupante que este sector seja quase que
completamente dependente de fontes externas.
6. O orçamento de investimento no sector da saúde é
bastante diminuto. No entanto, segundo a proposta
do PES, pretende-se construir 14 hospitais distritais,
2 hospitais gerais e 1 hospital provincial. Será que as
dotações vão permitir estas construções e recuperar os
atrasos relativos ao indicador de número de distritos com
hospital?
7. Segundo a proposta do orçamento 2018, não haverá
mais subsídios aos produtos (transporte público, farinha,
pão). Os subsídios vão reduzir de 2,7 mil milhões de
MT em 2017 para apenas 0,7 mil milhões em 2018. Que
subsídios serão descontinuados e quais continuam? Que
medidas o governo vai tomar para mitigar o impacto
negativo dos cortes dos subsídios para a população com
poucos recursos?
8. Dos inúmeros indicadores de resultados do PQG/PES,
certos indicadores são priorizados e listados no PES anual.
Como é que esta priorização é feita? Por exemplo, no PQG,
ajudar os alunos com dificuldades de aprendizagem é
um indicador fundamental da educação; no entanto, este
indicador não é priorizado na Proposta do PES de 2018.
Em que se baseia o processo de priorização para inclusão
no PES anual?
9. Está previsto que a dívida interna cresça de 20 mil
milhões MT para 128 mil milhões MT. Sabe-se, através
da CGE 2016, que a dívida cresceu principalmente por
causa do aumento dos bilhetes e obrigações do Tesouro.
Entretanto, aparece uma linha com “outros” que contém,
segundo a nota abaixo da tabela 29 na página 71, “dívida
assumida pelo Estado”. Interessa-nos saber quais são essas
dívidas.
10. O Governo prevê que as receitas fiscais cresçam em
20% de 2017 para 2018, de 186 mil milhões de meticais
para 223 mil milhões. Recentemente, o Governador do
Banco de Moçambique mostrou pouca confiança na
capacidade do país em alcançar a meta e compensar
a redução da ajuda externa. Como é que o governo
pretende aumentar as receitas em 20% com crescimento
económico de apenas 5%? Será que a projecção inclui
receitas esperadas de impostos sobre mais-valias?
11. Pela primeira vez desde 2014, Moçambique terá que
pagar mais para o serviço da dívida interna do que para
a dívida externa. As condições da dívida externa são mais
ou menos conhecidas. Contudo, as OSC gostariam de
saber quais são as condições da dívida interna?
12. Por que motivos o OE2018 não faz menção ao Cenário
Fiscal de Médio Prazo? Pergunta-se se este instrumento
ainda existe ou simplesmente não foi usado para orientar
a produção do OE2018. E qual é a visão do Governo em
relação ao CFMP como um instrumento de previsão e
programação macro fiscal?
13. O orçamento pode ter que cobrir despesas eventuais
avultadas. O pagamento de juros sobre o empréstimo
EMATUM seria um exemplo, reforços a empresas estatais
seria outro. Sugerimos que a Assembleia insista na
apresentação dum texto e duma tabela sobre este assunto.
14. A Proposta do OE 2018 não menciona as receitas que
têm origem no imposto sobre as mais-valias. Como serão
geridas as receitas proveniente das mais-valias?
15. A Proposta do OE 2018 traz informação sobre novos
investimentos públicos comparado aos anos anteriores. O
FMO exige transparência e informação sobre os planos do
governo na área de investimento público.
16. Informação sobre as despesas por funções do governo
não aparece na Proposta do OE2018. Alguma razão em
particular?
17. Que medidas o Governo vai tomar para garantir
transparência na forma como os recursos para as eleições
serão geridos?
Novembro de 2017
18 Savana 01-12-2017 OPINIÃO
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Cartoon EDITORIAL
Ma ensai
de carvão, e outros arremates a isso
necessários.
Pelo meu lado, e uma vez que não
podia contar com o apoio de nenhuma
mãe e nem sequer com o de
uma irmã mais velha, arranjei-me
como sempre me arranjava nessas
circunstâncias: pela manhã, lavei
o meu par de sapatilhas brancas,
pelas quais passei depois um pó de
giz branco, tendo-as depois posto a
secar no telhado da casa de madeira
e zinco. Lavei o meu único par
de calças e uma camisa, engomei-
-os pessoalmente, e por isso me dei
o tempo de passear pelo bairro ao
longo da tarde, enquanto o Txovela
Kwatsi, personagem ex-líbris da
paisagem humana da Mafalala, se
encarregava de encher o reservató-
rio de 100 litros que tínhamos em
casa. Era o seu modo de ganhar a
vida. O Txovela Kwatsi, homem
sempre de tronco nu, descalço,
vestia-se de capulana e cobrava,
por cada lata de 20 litros cheia para
despejar na nossa casa, 20 centavos.
Tudo a postos, portanto, para o último
golpe de ma ensai da Suhura.
Como o próprio nome pode
sugerir, uma vez que ma ensai é
uma tradução ronga do termo português
“ensaios”, estas sessões de
dança que se organizavam todas as
tardes de domingo, um mês e meio
ou mesmo dois antes de alguém
do nosso grupo de jovens contrair
casamento, destinavam-se teoricamente
a que os pares se acostumassem
aos pares de dança uns
dos outros, a fim de que no dia do
casamento não houvesse tropeços
nem passos mal dados. Isto era no
plano teórico.
Todavia, o ma ensai serviu durante
todo o tempo da sua existênDurante
a semana em que o futuro do Zimbabwe permanecia incerto, enquanto
o recém deposto Presidente Robert Mugabe se recusava a entregar
o poder que já tinha perdido, zimbabweanos de todos os quadrantes faziam
um vigoroso apelo para que a SADC se mantivesse afastada do problema, e
permitir que fossem eles próprios a resolvê-lo.
Através de cartazes e de discursos, gritavam bem alto a sua mensagem, demonstrando
a sua falta de confiança para com esta organização regional.
E não foi sem razão que assim o fizeram. Por diversas ocasiões, nos últimos cerca de
20 anos, quando o grito de pedido de socorro era para a SADC intervir no sentido de
ajudar o povo do Zimbabwe a aliviar-se do seu sofrimento, a resposta da organização
regional foi de olhar para o lado, encolher os ombros e evocar o princípio da não
interferência externa para justificar a sua indiferença.
“Quando queríamos que a SADC interviesse, para dizer a Mugabe para governar o
país como deve ser, a SADC não fez nada”, disse um cidadão zimbabweano durante
a manifestação de 18 de Novembro, em apoio à acção dos militares para pôr fim ao
regime de Mugabe.
Acrescentava o mesmo cidadão, que “quando o nosso povo estava a ser brutalizado,
durante as convulsões políticas de 2008, a SADC não fez nada (...) Agora que estamos
a lidar com um indivíduo, para o benefício de milhões, é que querem intervir. A
nossa mensagem é clara: deixem-nos lidar com Mugabe”.
Durante a mesma manifestação, um outro cidadão empunhava um cartaz com as
seguintes palavras: “SADC e UA mantenham-se fora do nosso problema. Isto é o
que queremos como Zimbabwe; Mugabe fora!!!”
Mesmo com esta mensagem clara e desambígua, na última sexta-feira, lá estiveram
em peso presidentes de países da SADC para testemunhar o render da guarda no
Zimbabwe; o momento de celebração da vitória do povo zimbabweano, na sua épica
luta contra a má governação, violência e repressão generalizada.
E a mensagem para todos os estadistas que quiseram se fazer presentes na cerimónia
de investidura do novo presidente foi clara e bem audível. De todos eles, somente o
Presidente Ian Khama, do Botswana, foi efusivamente aplaudido à entrada no Está-
dio Nacional, onde decorreu a cerimónia.
E porquê Ian Khama? Porque durante todos estes anos de desespero foi o único líder
africano que se atreveu a abrir a boca e condenar os excessos da governação de Mugabe.
Foi o único que ousou levantar a sua voz e chamar pelo seu próprio nome, o que
estava a acontecer no Zimbabwe. Os outros encobertaram a sua cobardia no manto
da conveniência do discurso da não interferência nos assuntos internos de outros
países. Este é um princípio sagrado na condução das relações internacionais, mas a
sua aplicabilidade se torna questionável quando em causa está a violação sistemática
dos direitos humanos de cidadãos indefesos.
Pelo seu silêncio, a maioria dos governos da SADC tornaram-se cúmplices das atrocidades
que estavam a ser cometidas no Zimbabwe.
Nunca se exigiu da SADC uma intervenção física para impedir as grosseiras violações
de direitos humanos que ocorriam naquele país. Mas a organização, e em
conformidade com o disposto no seu próprio Tratado, tinha a obrigação de fazer
saber que não tolerava os maus tratos que estavam a ser cometidos contra o povo
do Zimbabwe.
A SADC não só foi incapaz de censurar Mugabe pelos actos hediondos que cometia
contra o seu próprio povo, como também em certos casos se tornou conivente.
Quando Mugabe não gostou de um decisão do Tribunal da SADC, um órgão legalmente
constituído ao abrigo do Tratado desta organização, em vez de lhe fazerem ver
que as decisões do tribunal eram de cumprimento obrigatório, aliaram-se a ele numa
vergonhosa campanha que culminou com a destruição do tribunal.
Quando em 2008, Mugabe subverteu a legislação eleitoral do país, impondo-se no
poder mesmo depois de ter perdido as eleições, a SADC, no lugar de lhe mostrar o
seu próprio código de conduta sobre eleições livres, justas e transparentes e persuadi-
-lo a entregar o poder ao justo vencedor, preferiu apadrinhar uma fantochada que
culminou com um governo de unidade.
Foi uma manobra para permitir a Mugabe ganhar o tempo necessário para se reorganizar
e melhor preparar a monstruosa fraude eleitoral de 2013.
Os últimos acontecimentos no Zimbabwe devem servir de uma lição quanto ao facto
de que nenhum povo está condenado a ser subjugado para a eternidade.
Parte da razão que levou a maioria dos Estados da SADC a adoptarem uma atitude
de condescendência em relação a Mugabe foi um certo corporativismo, que se prende
com a ideia de que qualquer um deles poderia, a qualquer momento, ver-se envolvido
numa situação idêntica. Mas acima de tudo foi resultado de um diagnóstico errado
sobre as verdadeiras causas do conflito interno no Zimbabwe, e das dinâmicas que
estavam em evolução dentro da própria Zanu-PF.
Muitos aceitaram, sem qualquer sentido crítico, a propaganda de que Mugabe estava
a ser vítima de uma conspiração ocidental devido à sua postura radical em defesa dos
interesses a vasta maioria dos africanos. Ou que os partidos da oposição (notavelmente
o MDC) que lutavam por uma transformação positiva no seu país, eram uma
extensão de interesses estrangeiros apostados em remover do poder os chamados
partidos libertadores na África Austral.
Só que como a verdade encontra sempre uma forma de se revelar, Mugabe foi derrubado
pelos seus próprios camaradas. Não foi nenhuma expedição de qualquer uma
potência ocidental, ou partidos da oposição. Derrubaram-no quando se aperceberam
do seu plano megalómano de transformar o Zimbabwe numa dinastia, onde o poder
se transfere por laços familiares.
E para a SADC, espera-se que tenha ficado a lição; os países pertencem aos povos,
não aos governos.
2VJRYHUQRVSDVVDP RVSRYRVÀFDP
cia como um grande laboratório
onde se engendravam namoricos
ou se desfaziam outros anteriormente
firmados. Todos iam, mais
ou menos firmemente, dissimuladamente
ou não, com o propósito
ou de arranjar um novo amor ou
de reforçar amores antigos, ou, em
casos extremos, de declarar o rompimento
definitivo. Seja como for,
e passando por cima do que possa
ser o peso da palavra, aquilo acabava
por ser um bom lugar de jogos
de alcova.
No domingo, quando o dono do
gira-discos anunciou a última mú-
sica, por volta das 7 da tarde, eu
olhei para a Guida, ela olhou para
mim e falámos, com essa troca de
olhares, mais do que poderíamos
ter falado por mil palavras. De resto,
não éramos os únicos. Por isso,
a última música era de todas a mais
mexida. Ninguém dançava abra-
çado ou enlaçado. Era para nos
mexermos e darmos vazão à nossa
alegria ou tristeza interior.
À saída, e como já era de esperar,
vimos à porta da casa da Suhura o
irmão mais novo da Guida. Apressei-me
a passar duas moedas, uma
de 1 escudo e outra de 50 centavos,
para a mão da Guida e ela já sabia o
que fazer. Encaminhou-se rapidamente
para o irmão, passou-lhe as
moedas para a mão e disse – “Não
digas nada ao papá, eu venho já.”
Fomos à zona mais escura do beco,
onde nos beijámos longamente e
passámos as mãos por tudo o que
eram os nossos corpos.
Desses tempos, passados agora
quase 60 anos, lembro-me de terem
sido aqueles em que, na minha
vida, gozei do sono mais profundo
e mais tranquilo.
N
a Mafalala respirava-se um
ar tépido impregnado de
um subtil cheiro a penas
de galinha queimadas. Era
sábado, o dia chegava ao fim e, no
silêncio resguardado dos quintais,
as meninas entregavam-se estoicamente
ao ritual de frisagem do
cabelo. A oficina era simples: sentadas
em cima de bancos baixos,
de pernas esticadas para frente,
tinham ao lado um fogareiro com
carvão em brasa, em cima do qual
se encontrava um pente de ferro
amanhado artesanalmente, com
cabo de madeira. Ainda mais ao
lado, um recipiente raso contendo
restos de óleo de cozinha pelo
qual já tinham passado magumba,
chamussas ou badjias. Esse óleo
era usado para untar o cabelo, que
era depois penteado, não antes de
se aquecer o pente ao rubro no
fogareiro. Era um jogo arriscado,
porque se, por qualquer descuido,
o pente em brasa entrasse em
contacto com a pele, contraíam-se
ferimentos de considerável gravidade.
Mas era um risco que valia a
pena correr.
No dia seguinte, a tarde estava destinada
à última sessão de ma ensai
para o casamento da Suhura, jovem
que se iria iniciar na vida de
lar daí a duas semanas. Na verdade,
os preparativos começavam um
pouco antes, desde o amanhecer
de sábado, com as idas e vindas ao
fontanário público para acarretar
água e garantir a reserva para os
dois dias subsequentes, a lavagem
e o engomar de roupa com ferros
Depois do Black Friday
Savana 01-12-2017 19 OPINIÃO
556
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
A
evolução do trabalho deve
ser vista como um processo
de ajustamento dinâmico,
e não como um processo
fundamentalmente destrutivo que
devemos procurar abrandar.
O futuro do trabalho é um tema
quente hoje em dia. Inspirou um
número aparentemente interminá-
vel de análises, comentários e conferências
e destacou-se nas reuniões
anuais do Fundo Monetário Internacional
e do Banco Mundial. Por
uma boa razão: as novas tecnologias
– nomeadamente a digitalização, a
robótica e a inteligência artificial
- têm grandes implicações para o
emprego. Mas, ao contrário do que
é dito muitas vezes, a história pode
ter um final feliz.
O debate actual inclina-se frequentemente
para o melodrama,
anunciando um futuro em que as
máquinas expulsam os humanos
do mercado de trabalho. De acordo
com algumas estimativas sombrias,
47% dos empregos estão em
risco nos Estados Unidos; 57% nos
países da OCDE; dois terços nas
economias em desenvolvimento; e
metade de todos os empregos em
O não tão terrível futuro do trabalho
Por Zia Qureshi
termos globais (cerca de dois mil
milhões).
Mas previsões igualmente terríveis
de destruição de empregos em larga
escala e desemprego estrutural provocado
pela tecnologia acompanharam
os principais episódios de automação,
inclusive por renomados
economistas. John Maynard Keynes
apresentou uma; Wassily Leontief
outra. Nenhuma se materializou.
Em vez disso, a mudança tecnológica
actuou como um poderoso motor
de crescimento da produtividade e
do emprego.
Um dos principais motivos é que
as inovações tecnológicas que destroem
alguns empregos existentes
também criam outros novos. Enquanto
as novas tecnologias reduzem
a procura por trabalhadores
com qualificações médias e baixas
em empregos de rotina, como trabalhos
administrativos e produ-
ção repetitiva, também aumentam
a procura por trabalhadores mais
qualificados em áreas técnicas,
criativas e de gestão. Uma análise
recente estima que as novas tarefas
e cargos explicam cerca de metade
do crescimento recente do emprego
nos EUA.
Diante disto, a evolução do trabalho
deve ser vista como um processo de
ajustamento dinâmico, e não como
um processo fundamentalmente
destrutivo que devemos procurar
abrandar. Criar barreiras à inovação,
como impostos sobre robôs, que
alguns propuseram como forma
de aliviar a pressão sobre os trabalhadores,
seria contraproducente.
Em vez disso, as medidas devem
concentrar-se em dar aos trabalhadores
as competências de nível superior
que um mercado de trabalho
em mudança exige e em apoiá-los
durante o processo de ajustamento.
Até agora, a educação e a forma-
ção estão a perder a corrida com a
tecnologia. A escassez de competências
técnicas e de nível superior
exigidas pelas novas tecnologias é
parcialmente responsável pelo paradoxo
da crescente tecnologia e do
abrandamento do crescimento da
produtividade nas economias avan-
çadas: a escassez de competências
restringiu a difusão das inovações.
Os desequilíbrios entre oferta e
procura também alimentaram a desigualdade
de rendimentos, aumentando
o prémio salarial que aqueles
que têm as competências certas podem
exigir.
Para enfrentar essas deficiências, os
programas de educação e formação
devem ser renovados e expandidos.
Com o antigo percurso de “aprender,
trabalhar, reformar-se” a dar lugar
a um processo de aprendizagem
contínua - um processo reforçado
pelo envelhecimento da força de
trabalho em muitas economias - as
opções para a requalificação e educação
ao longo da vida devem ser
ampliadas.
Isso exigirá inovações no conteúdo,
realização e financiamento da formação,
bem como novos modelos
para parcerias público-privadas. O
potencial das soluções viabilizadas
pela tecnologia deve ser aproveitado,
apoiado por uma base mais
sólida de literacia digital. Num momento
de crescente desigualdade
- nos EUA, por exemplo, as desigualdades
na frequência do ensino
superior por nível de rendimento
familiar aumentaram - um forte
compromisso com a melhoria do
acesso aos economicamente desfavorecidos
também é vital.
Ao mesmo tempo, os países devem
facilitar a capacidade dos trabalhadores
de mudar de emprego através
de reformas nos seus mercados de
trabalho e redes de segurança social.
Isso significa mudar o foco das
políticas retrogadas do mercado
de trabalho, que procuram proteger
os trabalhadores nos empregos
existentes, para medidas orientadas
para o futuro, como mecanismos de
seguros inovadores e políticas activas
para o mercado de trabalho.
Além disso, os contratos sociais
baseados em relacionamentos empregado-empregador
formais e de
longo prazo precisam de ser revistos,
tornando os benefícios como
a reforma e os cuidados de saúde
mais portáteis e adaptados a mecanismos
de trabalho em constante
evolução, incluindo ao crescimento
da chamada “gig economy” [modelo
de trabalho em que as pessoas têm
pequenos empregos e não um emprego
formal]. Aqui, já foram apresentadas
várias propostas, incluindo
um rendimento básico universal,
que está a ser testado actualmente
na Finlândia e em algumas jurisdi-
ções subnacionais, como Ontário,
Canadá; um imposto negativo sobre
o rendimento; e vários tipos de
contas portáteis de segurança social
que agrupam os benefícios dos trabalhadores.
Em ambas as frentes, França está a
dar um exemplo positivo. No início
deste ano, o país lançou uma “conta
de actividade pessoal” portátil, que
permite que os trabalhadores acumulem
direitos de formação em
vários empregos, em vez de acumularem
esses direitos apenas numa
posição ou empresa específica. A
administração do presidente Emmanuel
Macron está agora a realizar
reformas para as rígidas protecções
do trabalho em França, a fim de aumentar
a flexibilidade do mercado
de trabalho. A prossecução dessas
iniciativas em simultâneo permitirá
ao país capturar as sinergias das
reformas e facilitar o ajustamento
para os trabalhadores.
As mudanças tecnológicas continuarão
a representar desafios
importantes para os mercados de
trabalho em todas as economias, tal
como aconteceu no passado. Mas,
com políticas inteligentes e orientadas
para o futuro, podemos encarar
esses desafios de frente - e garantir
que o futuro do trabalho é um trabalho
melhor.
*Zia Qureshi, antigo director de economia
do desenvolvimento do Banco
Mundial, é membro sénior não
residente da Brookings Institution.
F
rancisco é a última vítima das
violências em Myanmar ao
escusar-se a apelos públicos
contra a perseguição da minoria
muçulmana rohingya na primeira
visita papal à antiga Birmânia.
O louvor da paz, da democracia e
unidade nacional no respeito pela
riqueza singular das diferentes tradi-
ções religiosas foi o recurso de Francisco
para acomodar susceptibilidades
políticas.
O Papa seguiu o conselho expresso
à Rádio Vaticano pelo arcebispo de
Yangoon, Charles Maung Bo, que
advertiu para o risco de uma eventual
declaração sobre o conflito rohingya
poder agravar as ameaças a uma “democracia
ainda muito frágil”.
O primeiro cardeal de Myanmar,
criado precisamente por Francisco
há dois anos, considerou, ainda, “algo
exagerada” a reacção da “comunidade
internacional” ao que classificou
como a “resposta muito violenta” dos
militares aos ataques de “militantes
rohingya”.
A Santa Sé estabeleceu relações diplomáticas
com Naypyitaw em Maio,
na sequência da recepção no Vaticano
de Aung San Suu Kyi, líder do
Governo desde o ano passado, mas,
esta monção, o recrudescer da violência
contra os rohingya - tidos como
usurpadores muçulmanos bengalis -
apanhou em falso o Papa.
Na alocução dominical de 27 de
Agosto, na Praça de S. Pedro, o Papa
solidarizara-se com “os irmãos e irmãs
rohingya “ e denunciara a perseguição
que desencadeou a fuga destes
muçulmanos para o vizinho Bangladesh.
Chegado a Yangoon, Francisco viu-se
compelido ao silêncio sobre o conflito
em Rakhine onde se concentra a
maioria dos muçulmanos de Myanmar,
cerca de 3 a 4% dos mais de 50
milhões de habitantes.
A exaltação marcial de virtudes budistas
por movimentos nacionalistas
bamar (birmaneses), com conivência
dos militares, tornou-se uma ameaça
para as minorias, incluindo os cerca
de 700 mil católicos de Myanmar e
mais de três milhões de protestantes.
A esmagadora maioria dos crentes
católicos e protestantes pertence às
minorias Chin, Kachin, Karen, Kwa e
Naga, em conflito com o poder central
dominado pelos bamar budistas
desde a independência em 1948.
A passagem de Francisco por Myanmar
acabou por evidenciar a fragilidade
política da Igreja católica local e
a incapacidade para tentar mediar um
conflito que opõe, sobretudo, grupos
de confissão muçulmana e budista.
No Bangladesh, onde se encontram
refugiados mais de 600 mil rohingya,
pouco pesa a palavra do Papa, congregando
a Igreja menos de 400 mil
católicos entre 160 milhões de habitantes,
esmagadoramente sunitas.
Em terra muçulmana - a braços
com o radicalismo jihadista sunita
em conflito sobretudo com a minoria
hindu, xiitas e ahmmadiya - di-
ficilmente o Papa poderá escapar à
questão rohingya e a pronunciar-se
sobre o acordo esboçado este mês
entre Bangladesh e Myanmar para
repatriação de refugiados que é omisso
quanto a condições de restabelecimento
dos rohingya, garantias de
segurança e estatuto legal.
A diplomacia vaticana aspira a maior
influência na Ásia para consolidar a
expansão demográfica do catolicismo
- predominante em dois estados: o
tradicional bastião católico das Filipinas
e o recém-convertido e independente
Timor-Leste - em contraponto
à sangria nas comunidades do Médio
Oriente.
Contudo, o drama rohingya levou
Francisco a assumir atitudes equívocas,
desagradando a muçulmanos e
budistas, em prejuízo da credibilidade
global da diplomacia da Santa Sé
e da posição das minorias católicas.
Visto de Pequim, o passo em falso do
Papa Francisco pode reforçar intransigências
nas arrastadas negociações
para restabelecimento de relações diplomáticas
rompidas em 1951.
Uma das vias para romper com Taiwan
e reconhecer Pequim obriga,
por exemplo, a Santa Sé a aceitar
os bispos proclamados pelo regime
comunista para a sua igreja oficial, a
Associação Católica Patriótica Chinesa,
se a República Popular admitir,
por sua vez, a legitimidade dos bispos
nomeados no Vaticano.
Um compromisso sobre a direcção
espiritual dos estimados 10 milhões
de crentes católicos na China, educação
e proselitismo religiosos é, no
entanto, questão fulcral no Vaticano e
tema secundário em Pequim.
Avançar com alguma iniciativa diplomática
significativa a curto prazo
em que a Santa Sé consiga fazer valer
toda a sua influência e experiência
seria a melhor forma de o Papa
Francisco ultrapassar um fiasco que
deixou a claro a limitada capacidade
de manobra em terras onde predominam
tradições alheias ao catolicismo.
(jornaldenegocios.pt)
Os limites da diplomacia do
Papa Francisco
Por João Carlos Barradas
Q
uando, através dos mais variados meios de luta, um grupo
ataca uma determinada ordem social e, portanto, questiona
o grupo que a rege através do Estado, ataca igualmente as
categorias analíticas pelas quais o grupo reinante homologa,
justifica e procura eternizar a sua ordem social e as relações
sociais dominantes.
Se proventura o grupo atacante consegue vencer e desalojar o grupo
rival e se apodera da gestão do Estado, tudo fará para esquecer a
estrutura e as características do combate anterior, munindo-se do
mesmo tipo de categorias analíticas que combateu.
É neste sentido que o novo grupo social dominante defenderá com
veemência a comunhão social, a ordem, a paz, a neutralidade, a unidade,
etc., dotando as janelas pelas quais olha o mundo - quer dizer,
a ordem estabelecida - com a naturalidade das coisas necessárias e
eternas.
Nota: Por lamentável erro de paginação, o fungulamaso na edição
passada saiu com o número 554 ao invés de 555. Pelo erro, as nossas
desculpas.
Luta e apropriação
20 Savana 01-12-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
O
s acontecimentos que acabam
de levar à tão celebrada resigna-
ção de Robert Gabriel Mugabe,
da presidência da República do
Zimbabwe, mais representam uma desordem
institucional de consenso alargado do
que uma revolução popular democrática.
Para ficar claro, e devidamente registado,
nos annales da história do Zimbabwe e do
resto do Mundo, é importante reter que o
que levou à queda de Mugabe foi um golpe
militar, e não uma revolta popular, em tanto
que tal. Não foi o povo do Zimbabwe a
desencadear uma insurreição em que reclamava
para si o poder político e económico
do seu país. O poder no Zimbabwe não foi
disputado, nem banalizado nas ruas, pelo
seu povo, mas sim “transferido” – no sentido
de mantido -, suavemente, de uma mão
para outra, do mesmo corpo, por força de
ameaça do poder de fogo que os militares e
os serviços de segurança representam.
Sem qualquer intenção aqui de se discutir
a popularidade ou impopularidade de
Robert Mugabe, entendo como fundamental
reiterar que Mugabe foi de facto,
e de direito, golpeado. Entendo ainda que,
recusar a ocorrência do golpe legitimaria,
implicitamente, a existência de uma revolução
popular que na realidade nunca teve
lugar, dificultando, assim, a compreensão
dos verdadeiros factos no terreno. Para
obstruir uma percepção generalizada sobre
a existência do golpe, assistiu-se a manobras,
(que ainda continuam) provenientes
do interior da União Nacional Africana
do Zimbabwe – Frente Patriótica (ZANU
-PF), dos serviços de defesa e segurança,
assim como do parlamento do Zimbabwe,
de legitimar a acção dos golpistas, aos
olhos tanto do povo do Zimbabwe, assim
como da comunidade internacional. Era
fundamental para o regime não transitar
de um governo, já bastante desacreditado,
para outro, totalmente ilegítimo.
É neste contexto que, para o futuro do
A queda de Robert Mugabe: revolução ou desordem?
Zimbabwe, o mais preocupante ainda são
as verdadeiras motivações por detrás deste
golpe, fundamentalmente, o mecanismo
de acesso e de controlo de poder que este
mesmo golpe pretende cristalizar no Zimbabwe.
O que está em curso no Zimbabwe
é uma desordem institucional de apoio
alargado e não, necessariamente, como se
pretende fazer parecer, uma revolta popular
democrática, com resultados numa potencial
ou numa efectiva mudança de regime.
Isto é, no sentido mais marxista-democrá-
tico da coisa, Zimbabwe não está diante da
substituição do governo de uma classe pelo
governo de outra classe, como corolário de
uma efectiva acção das massas populares.
O facto é que Mugabe foi “destronado”
por um astuto golpe militar, um pouco à
moda da suavidade da revolução de Abril
em Portugal, sem corpos nem sangue, ainda
que esse golpe militar tenha encontrado
suporte no seio da população do Zimbabwe,
como largamente reportado, por alguma
imprensa local e internacional. Mas
que foi golpe foi, e não se pode negar que
não foi nas ruas de Harare onde Mugabe
caiu.
Mas por que golpear?
Porque o golpe era a única via capaz de
instalar o caos que justificasse que a transi-
ção do poder significasse, nada mais e nada
menos, que a permanência da ZANU-PF
e dos serviços de defesa e segurança no poder
no Zimbabwe – manter o regime do
dia. Este golpe encontra lógica na crescente
deterioração da capacidade directa de
liderança de Robert Mugabe, devido, fundamentalmente,
à sua avançada idade, que
há muito vinha criando enorme ansiedade
e incerteza no seio do poder militar e no
partido no poder, sobre o seu próprio futuro
pós-Mugabe.
Os serviços de defesa e segurança do Zimbabwe,
que hoje golpeiam Robert Mugabe
foram sempre os maiores beneficiários,
do ponto de vista político e económico, do
efectivo controlo do poder por parte de
Robert Mugabe, pois eram o seu elemento
de forte repressão e sustentação política.
Mas, por outro lado, para que na história
do Zimbabwe “novas páginas” se abrissem
(tendo o actual regime no centro) era preciso
garantir que o passado fosse “enterrado”
com Mugabe. Era essencial transmitir
ao povo a ilusão de uma nova era. Aliás, tal
como nas palavras de Giuseppe di Lampedusa,
“é preciso que tudo mude para que
tudo permaneça como está”. E neste aspecto,
avaliando pelas diversas manifestações
de alegria, em verdade seja dito, os golpistas
foram sagazes.
Para que os serviços de defesa e seguran-
ça do Zimbabwe continuassem a desfrutar
dos privilégios políticos, sociais e económicos
actuais tornava-se determinante que a
transição do poder passasse pelo seu grupo.
Era determinante garantir que o por não
os escapasse. Mnangagwa, um “crocodilo”
da luta de libertação do Zimbabwe, passaria
a ser assim o elemento de garantia da
continuidade. Por conseguinte, o Presidente
Emmerson Mnangagwa pouco ou nada
representa, do ponto de vista de algum tipo
de mudança radical no Zimbabwe, mas assegura
o mais importante, que é a permanência
do actual regime no poder.
O golpe, num contexto de prolongada convivência
forçada entre o povo e a ZANU
-PF era a única forma efectiva de manter
a elite actual no poder. Qualquer modelo
de transição que envolvesse a escolha do
cidadão seria (e ainda é) desastrosa para o
regime.
O mais importante a reter neste contexto
todo é o facto de golpe de estado do Zimbabwe
ter, como consequência, a reafirma-
ção de um modelo de transição de poder
em que este, para ser aceite e legítimo, tenha
necessária e obrigatoriamente, de ter
de permanecer nas mãos ou sob o controlo
das chefias militares e não da classe política.
Aliás, este facto já era de conhecimento
público, pois sempre foi reiterado pelos
militares que qualquer transição de poder
no país devesse passar pelo seu grupo.
Com este acto golpista, os militares recolocaram-se,
estrategicamente, no centro do
xadrez político no país.
Mesmo assim, cabe agora interrogar até
que ponto, com a resignação de Robert
Mugabe, estão, finalmente, criadas as condições
para o florescimento da estabilidade
política e do desenvolvimento económico
no Zimbabwe. Era Mugabe, de facto, o
único ou apenas a face mais visível da desestabilização
política e sócio-económica?
No entanto, tal como se deu em Portugal,
embora não ter sido iniciativa popular, o
golpe do Zimbabwe pode vir a ser a conjunção
crítica que deverá favorecer a necessária
mudança no país. Para que a elite
actual permaneça no poder, tal como está
precisamente a acontecer em Angola, devido
a sua elevada impopularidade (mais visível
na sua liderança), a estratégia a seguir
deverá passar por dar, ao povo, amostras
significativas de rotura em relação ao seu
passado, principalmente, nas questões que
vinham sendo objecto de elevada contesta-
ção popular, como por exemplo, a corrup-
ção, a questão da reforma agrária, a gestão
macro-económica e a transparência. Tal
como o Presidente Guebuza se predispôs
à chegada ao poder, um dia, à combater o
deixa andar nas instituições públicas em
Moçambique.
Todavia, a solução final para o Zimbabwe
seria, como para muitos dos nossos países,
de uma liderança fresca, descomprometida
com actual regime e desligada do passado
de forte repressão e violência, como formas
de controlo e de manutenção no poder.
Uma liderança que esteja, ao mesmo tempo,
concentrada em redireccionar o país
para a caminhada da estabilidade política,
democracia e inclusão socioeconómica.
Mas, sobre o verdadeiro futuro do Zimbabwe
só mesmo o futuro sabe... Boa sorte
vizinho.
N
o Zimbabwe Robert Mugabe
foi obrigado a libertar-se e a libertar
ao seu próprio povo. Na
região austral de África, o Presidente
do Botswana, Ian Khama, foi o
único que reagiu alinhado com os seus
princípios e seu entendimento de democracia
e liberdade. Da Pérola do Índico
o silêncio só foi quebrado quando
a poeira passou, felicitando Emmerson
Mnangagwa e revelando os ofícios de
uma diplomacia exageradamente cautelosa.
“Exageradamente” porque estava
tudo muito claro quanto à irreversibilidade
da situação de Mugabe. Do lado
da SADC é suposto ter transpirado
qualquer coisa sobre a questão da constitucionalidade
da mudança. Mas, a melhor
reacção parece ter vindo das ruas de
Harare, através de cartazes com dizeres
O poder em João Lourenço
pouco abonatórios sobre Zuma – actual Presidente
da SADC e da África do Sul.
De Angola veio a surpresa. As análises e previsões
políticas apontavam para a existência
de um João Lourenço ( JLo) que não passasse
de Nyusi, dadas algumas semelhanças na ascensão
dos mesmos. Entretanto, contra todas
as previsões, fomos assistindo a uma espécie
de “marcação do território” por parte do novo
Presidente de Angola. Com essa “marcação”,
caracterizada por mexidas de vulto na Sonangol,
no Banco Central, nos ministérios,
nas chefias militares, JLo espera “moralizar”
a sociedade angolana da qual fazem parte
os membros do seu partido. Como o povo
diz, Presidente da República não é para ser
mandado, é para mandar! É o actor principal.
Quando ele próprio leva isto ao extremo,
torna-se ditador.
Zédu parece comungar a mesma percepção
que JLo tem sobre o exercício do poder. E
neste ponto vale relembrar o debate sempre
presente sobre se o Presidente da República
deve ser necessariamente Presidente do seu
partido (no poder). Há sectores que julgam
que não e outros que sim. Neste debate, por
enquanto, o actual PR de Angola, tem estado
a demonstrar que o que está em causa não é o
facto de se ser PR e, simultaneamente, Presidente
do partido no poder, mas sim a personalidade
do indivíduo. Um indivíduo pode ser
somente PR e ter o poder sob controlo. Ou
ser PR e Presidente do partido no poder e,
mesmo assim, não ter em suas mãos a essência
do poder que os seus compatriotas acreditam
que tem. Com o tempo percebem que
na prática tem um poder meramente formal,
ainda que seja um PR turbo, um “corta fitas”
imparável. Paralelemente, um outro debate
pode oferecer conteúdo limpo ao primeiro: é
sobre o desacorrentamento do Estado pelos
partidos ditos libertadores. A “sobreposição”
poderá continuar a “fazer sentido” enquanto o
Estado se mantiver refém do partido no poder.
Entretanto, este cenário não signifi-
ca impossibilidade de sobreposição dos
dois poderes numa situação de existência
de um Estado apartidário. Ser somente
PR e deixar os destinos do partido em
outras mãos pode, em algum momento,
desequilibrar as rotinas governativas
e elevar significativamente os níveis de
stress. Entretanto, este “medo” pode não
se colocar se se perceber a importância e
os ganhos da equidistância entre o partido
e o Estado no estrito cumprimento
da Constituição da República. Se este
for o desafio político e técnico de João
Lourenço, PR de Angola, então, terá
pela frente as incontornáveis resistências
de um país que nunca soube governar de
outra forma. É doloroso, porém necessário,
desmantelar o partido do Estado.
Esperam por este desmantelamento Angola,
Moçambique, Zimbabwe e outros.
Por Fredson Guilengue
Savana 01-12-2017 21 PUBLICIDADE
22 Savana 01-12-2017 DESPORTO
O
presidente da Federação
Moçambicana de Nata-
ção (FMN), Fernando
Miguel, manifestou, recentemente,
a sua preocupação
com o encerramento prolongado
da Piscina Olímpica do Zimpeto
[piscina principal], devido aos
trabalhos de reabilitação.
Em entrevista ao nosso jornal,
Fernando Miguel disse que a
constante indisponibilidade da
Piscina Olímpica do Zimpeto
é “um grande revés” para a modalidade,
na medida em que o
seu elenco tinha programado, ao
longo do mandato, a realização,
naquele recinto, de competições
internacionais. Por outro lado, o
timoneiro da modalidade saudá-
vel mostra-se preocupado com as
máquinas ali montadas porque
“receamos que as mesmas venham
a danificar-se por não estarem
em funcionamento”.
Numa conversa de quase 40 minutos,
o presidente da FMN passou,
em revista, o ano de 2017,
tendo o considerado como difícil
porque a sua agremiação funcionou
com um orçamento inferior
ao previsto, devido à crise financeira
que o país atravessa. Revela
também que, devido a esta situa-
ção, ainda não definiu os parceiros
para o próximo ano, o que deixa
aquela Federação numa situação
delicada.
A um ano do fim do seu mandato,
Fernando Miguel dá nota positiva
ao seu trabalho, mas reconhece
não ter cumprido a maior parte
das suas promessas e justifica que
tal deveu-se ao facto de ter encontrado
uma “situação contrária
ao que tínhamos definido”, tanto
na natação, assim como ao nível
do país.
Acompanhe, de seguida, os excertos
editados da entrevista com
Fernando Miguel!
O ano de 2017 caminha para a
sua recta final. Que balanço a
FMN faz deste ano?
-Em termos de programas, começamos
com o campeonato nacional
do verão, que decorreu na
Piscina do Zimpeto, o que nos
permitiu usar as marcas registadas
nas competições internacionais.
Tivemos campeonatos nacionais
do inverno, na Beira; capacitação
de juízes-cronometristas; e também
participamos na competição
regional, realizada em Bulawayo
(Zimbabwe), assim como nos
campeonatos mundiais de piscina
longa, em juniores, nos Estados
Unidos da América e de piscina
longa em absoluto, em Budapeste
(Hungria). Conseguimos o nosso
Presidente da Federação Moçambicana de Natação faz o balanço de 2017 e fala sobre a situação da Piscina Olímpica do Zimpeto
“A indisponibilidade da Piscina é um grande
revés para a natação”
Por Abílio Maolela
objectivo, que era inscrever atletas
com marcas elegíveis para concorrer
as bolsas olímpicas e, neste
momento, estamos à espera dos
resultados. Também conseguimos
qualificar um atleta (Érico Cuna)
para os jogos mundiais da juventude.
Este ano foi caracterizado pelo
agravamento da situação financeira
do país, com algumas empresas
a encerrarem as portas e
outras a despedir trabalhadores.
Como foi gerida esta situação na
vossa modalidade?
-Não foi fácil. Sofremos muitos
cortes orçamentais, sobretudo no
que tange à comparticipação do
Estado. Por isso, algumas actividades
não foram realizadas, apesar
da comparticipação dos nossos
parceiros. Apenas realizamos
as actividades mais importantes,
que são os campeonatos nacionais,
tanto de massificação, assim
como de alta competição. Também
levamos uma campanha de
inspecção das piscinas para sabermos
qual é a real situação das piscinas
no nosso país, na qual conseguimos
abarcar toda a zona sul
e as províncias e Manica e Sofala.
Que Orçamento tinha sido previsto
para este ano e quanto esteve
disponível?
-Para 2017, tínhamos programado
um Orçamento de 17 milhões
de meticais, três vindo do Estado
e os restantes dos parceiros. Mas,
o Estado só nos alocou 700 mil
meticais e os parceiros ajudaram-
-nos com quatro milhões de meticais.
Isto é, o dinheiro que esteve disponível
não cobriu nem a metade
das vossas despesas. Que estraté-
gias desenharam para compensar
este défice?
-Um dos grandes cortes foi a
assistência aos nossos filiados.
Tínhamos actividades de formação
e de acompanhamento
dos filiados, mas que não foram
realizadas. Também tínhamos
programado a aquisição de equipamentos
para as piscinas e para
a Federação, mas acabamos por
não realizar por falta de fundos.
Não foi possível também contratar
pessoal para a capacitação
institucional.
“Agora envolvemos ONG’s
para dinamizar as actividades”
E para 2018, o que está sendo feito
para inverter o cenário?
-Estamos a trabalhar para encontrar
parceiros, mas está a ser difí-
cil. Os nossos habituais parceiros
ainda estão com muitas dificuldades
para abraçarem ou apoiarem
a modalidade. Agora mudamos
a abordagem, envolvemos organizações
não-governamentais,
instituições internacionais e embaixadas
para vermos se podemos
dinamizar as nossas actividades.
Temos consciência de que o pró-
ximo ano será muito mais difí-
cil ainda e estamos a sentir isso
porque até esta altura do ano,
normalmente, tínhamos definido
os nossos parceiros para as actividades
do ano seguinte, mas ainda
não definimos nenhum parceiro.
Falou de um programa de inspecção
das piscinas levado a cabo
este ano. Em que situação encontram-se
as infra-estruturas?
-Podemos considerar que estamos
bem porque temos piscinas
viáveis, apesar de carecerem de
uma intervenção muito séria (piscinas
da Namaacha, Chókwè e de
Inhambane). Ainda não estão
numa situação de inviabilidade,
apenas carecem de investimento.
Inspeccionamos nove piscinas,
sendo quatro da província de
Manica.
Neste universo, quantas já foram
recuperadas?
-Nós fazemos o levantamento
dos problemas que as piscinas têm
para melhor orientar os parceiros
que investem na sua recuperação.
Também trabalhamos com os
municípios, clubes e Associações
para a identificação dos parceiros
que irão trabalhar na reabilitação
dessas piscinas. O exemplo disso
é o que está a acontecer na cidade
de Maputo, onde a Piscina da Escola
Secundária Estrela Vermelha
está sendo intervencionada pelo
Clube Tubarões.
“A indisponibilidade da Piscina
Olímpica é um grande
revés”
Este ano, o governo voltou a
encerar a Piscina Olímpica do
Zimpeto, devido aos trabalhos
de reabilitação. Passados mais de
seis meses, em que estágio está
este processo?
-Trabalhamos com o MJD no
sentido de disponibilizar a piscina
dos 50 metros, mas ainda
não foi aberta porque, segundo o
Ministro [Alberto Nkutumula],
havia dificuldades para continuar
com todo o projecto de reabilita-
ção. Portanto, os trabalhos continuam
e ainda não temos data
para a conclusão do processo. As
questões que perigavam a entrada
de pessoas dentro da piscina foram
resolvidas, mas a reabilitação
ainda não terminou.
Mas, como a FMN se sente com
esta situação, uma vez que a natação
fica órfã da sua principal
infra-estrutura…
-Olhamos para esta situação com
muita preocupação, na medida
em que todos os planos que fizemos
para este mandato tinham
em conta a disponibilidade da
Piscina do Zimpeto. Entretanto,
a indisponibilidade é um grande
revés para aquilo que era as nossas
perspectivas para as competições
internacionais. Tínhamos
agendado algumas competições
regionais, mas que não foram
realizadas, o que faz com que a
natação moçambicana saia a perder.
Portanto, temos manifestado
essa preocupação junto do governo
e este tem garantido estar
a trabalhar para pôr a piscina em
funcionamento. Outra questão
que nos preocupa muito são as
máquinas ali montadas porque
receamos que as mesmas venham
a danificar-se por não estarem em
funcionamento.
Está a um ano do fim do seu mandato
e os praticantes da modalidade
contestam o seu trabalho,
destacando a não introdução, até
ao momento, do polo aquático
e da natação sincronizada. Que
comentário faz?
-De facto, há muitas actividades
que não foram realizadas dentro
deste mandato. Encontramos
uma situação contrária ao que tí-
nhamos definido e tivemos de redefinir
as estratégias. Entretanto,
da situação actual há muito que
fizemos e que nos deixa bastante
encorajados.
Mas, a que condições se refere?
-Encontramos dificuldades sérias
na própria natação, assim como
no país. Na natação, encontramos
ausência de pessoal capacitado.
Há sítios, onde temos piscinas,
mas que não temos pessoal capacitado
e muito menos prática da
natação. Portanto, tivemos grandes
dificuldades para massificar a
modalidade, tanto a natação pura,
assim como o polo aquático, a
natação sincronizada e de águas
abertas, devido à falta de pessoas
de capacitadas para dinamizar essas
actividades. Contratamos um
técnico cubano para a introdução
do polo aquático, mas só tivemos
a piscina do Zimpeto durante
dois meses. Também fica difícil
introduzir o polo aquático nos
clubes devido à disponibilidade
de piscinas para realizar essa actividade.
Será que o polo aquático é um
projecto exclusivo da Federação
para não ser implementado nos
clubes?
-Todos nós (FMN, Associações e
Clubes) partilhamos a mesma visão.
Mas, do momento, que queremos
começar do zero, é difícil
começar a disciplina nos clubes.
É mais fácil encontrar essa solução
a partir das Associações,
como fizemos na natação pura,
onde começamos das associações.
E o que a FMN está a fazer de
modo a resolver este problema?
-Estamos a trabalhar com o
treinador cubano (ainda está
em Maputo). Não foi possível
lhe enquadrar na perspectiva de
trabalhar na massificação desta
disciplina, no Zimpeto. A agora
a visão é reaproveitar a ele o
máximo possível para deixar ficar
conhecimento nessas disciplinas.
Estamos a trabalhar com ele para
capacitar as nossas Universidades
nessas matérias, mas o processo
de aprovação dos curricula está
sendo lento, até porque ainda é
difícil encontrar um treinador de
natação nas nossas Faculdades de
Educação Física.
“A indisponibilidade [da Piscina] é um grande revés para aquilo
que era as nossas perspectivas para as competições internacionais”,
Fernando Miguel
Savana 01-12-2017 23 DESPORTO DESPORTO O
operador de televisão
digital paga, StarTimes,
adquiriu, de forma
exclusiva e para a
região da África Subsaariana,
os direitos de transmissão do
Campeonato do Mundo de
Clubes, de 2017 e 2018, a decorrer
nos Emirados Árabes
Unidos.
A ser disputado entre 6 e 16
de Dezembro próximo, a competição
contará com a participação
de seis campeões internacionais,
em representação
das seis confederações continentais
e do campeão nacional
dos Emirados Árabes Unidos.
Até ao momento, apenas cinco
equipas qualificaram-se
para o maior evento mundial
de futebol, ao nível de clubes,
destacando-se o campeão
africano, Wydad Casablanca
(Marrocos) e o campeão europeu,
Real Madrid.
As oito partidas, que vão corporizar
a competição, serão
transmitidas, em directo, no
canal ST World Football, da
StarTimes, a principal operadora
de televisão digital, em
África, atendendo a mais de
10 milhões de subscritores,
através de suas plataformas
DTT e DTH.
O Director de Operações da
StarTimes Media Division,
Vincent Yu, manifestou o seu
entusiasmo por “oferecer o
único torneio mundial de clubes,
de forma exclusiva” aos
seus subscritores. Acrescentou
ainda que trata-se de uma
“oportunidade única” para os
fãs de futebol de ver as melhores
equipas de cada continente.
Realçar que o Real Madrid
é o campeão em título, após
derrotar, em 2016, em Tóquio,
o Kashima Antlers ( Japão),
por 4-2, após prolongamento.
Com este triunfo, os “merengues”
garantiram o seu quinto
título mundial (contando com
a Taça Intercontinental).
StarTimes
transmite
mundial
de clubes
24 Savana 01-12-2017 CULTURA
Maputo acolhe de 6 a
10 de Dezembro o
Mozambique Music
Meeting (MMM
Festival), no Centro Cultural
Franco-Moçambicano, Núcleo
de Arte e Gil Vicente. O evento
musical inovador, que proporciona
aos artistas moçambicanos
a possibilidade de actuarem para
audiências que vão incluir produtores
e outros intervenientes internacionais
da indústria musical,
podendo resultar em convites,
contratos para a participação de
artistas nacionais em festivais ou
a edição em marcas de renome.
“Este evento é particular e único
em Moçambique. Estamos a
falar de um festival que pretende
promover o artista nacional para
o mundo.
“Nasce de um resultado natural
por festivais. Para ver se conseguimos
pôr os nossos artistas no mapa
musical do mundo. Para alguns é
fácil por questões económicas ou
porque estão no ponto geográfico
estratégico. Nós não estamos nem
numa, nem por outra. Estamos
geograficamente muito longe. Somos
um país com poucos recursos
até agora canalizados particularmente
para cultura. Não tem sido
fácil para qualquer artista dar um
salto e pertencer ao mundo global
da música”, explica Luís Moreira.
João Carlos Schwalbach, por sua
vez, acrescentou: “não se pode
É uma coisa que nunca aconteceu
confundir com um concurso. Não
é para escolher quem ganha. Portanto,
há muitos grupos que não
foram seleccionados mas tem um
nível para serem. Não foram porque
só há 17 lugares e foram 91
artistas que submeteram as informações
necessárias”.
Os organizadores consideram
que é uma oportunidade para os
artistas. “Mais-valias são enormes
e todas aquelas que podemos pensar.
Temos, por exemplo, o representante
da discográfica reconhecida
no mundo do Peter Gabriel.
Temos um pouco de tudo. São
pessoas que compram e vendem
shows, para representar os artistas
fora. Portanto, está aí uma grande
chance”, destaca João Carlos. Os
membros do júri têm a possibilidade
de divulgar o nome de Mo-
çambique pelo mundo. “Temos
aqui uma panóplia de delegados
que vêm comparar, promover e
falar de Moçambique. Sinceramente
é uma coisa que nunca
aconteceu. Não se trata de puxar
os galões para nós. É uma verdade.
Nunca aconteceu um evento
destes”, frisa Luís Moreira.
É difícil levar os artistas para os
melhores festivais que acontecem
no mundo. “Já se tentou muita
coisa. Alguns produtores fizeram
um trabalho digno neste país de
levar artistas para fora, mas são
casos insolados. Um e outro tiveram
impacto, mas poucos grupos
conseguiram ir além esporadicamente.
Criar raízes no mundo
que se diz global ainda ninguém
conseguiu. E é isso que pretendemos.
Estar num circuito em que
não haja dúvidas que ao entrar
não saem.
E ao crescerem assim nestes circuitos,
pôr o nome de Moçambique
é absolutamente fundamental.
Se a música moçambicana
estiver presente nestes festivais as
pessoas vão falar. É assim que as
coisas funcionam. Se os artistas
nacionais forem para o exterior as
pessoas vão falar de Moçambique
e terão interesse em saber o que
mais há em Moçambique. E isso
se reflecte no turismo a longo prazo”,
frisa.
Muitos artistas reclamaram não
terem tido conhecimento do
evento. “Houve uma inscrição
aberta online durantes alguns meses.
É claro que isso não foi publicitado
no geral mas a informação
estava disponível. Nem todos os
artistas tiveram conhecimento,
mas os que tiveram conhecimento
inscreveram-se. Mas para os pró-
ximos anos terá mais adesão. É
lógico que agora é que se vai dar
importância de um evento desses”,
finaliza.
António Marcos é um dos artistas a participar no evento
A
Sociedade Moçambicana
dos Direitos do Autor
(SOMAS) repudia
as obras de canalização
realizadas no Mural do Centro de
Estudos Africanos, da Universidade
Eduardo Mondlane, principal e
mais antiga universidade pública
do país.
A SOMAS considera a colocação
de furos e tubagem da casa de banho,
levada a cabo no Mural do artista
Malangatana, um acto de violação
ao direito do autor, para além
de denotar falta de cultura, de civismo
institucional e de respeito para
com as artes, não apenas da parte
do CEA, mas da própria UEM.
Um desrespeito que urge repudiar
e exigir responsabilidades, não apenas
disciplinares, mas o respectivo
procedimento criminal pelo Ministério
Público.
Segundo a SOMAS, é exactamente
nesta universidade, detentora de
um inestimável património cultural,
e que se espera ser a instituição
que cultiva e mantém viva a memó-
ria de Malangatana, que ocorre a
mais gritante e horripilante viola-
ção à cultura e legado de MalangaSOMAS
repudia violação
de Mural no CEA
tana e do povo moçambicano.
Nascido em Matalane, Distrito de
Marracuene, Província de Maputo,
a 06 de Junho de 1936, Malangatana
Valente Ngwenya, morre aos 74
anos no Hospital Pedro Hispano,
em Matosinhos, Portugal. Constitui
um ícone da arte e da cultura do
povo moçambicano, artista plástico
e poeta, conhecido além-fronteiras.
Com um legado ligado a causas sociais
e culturais, entre tantos outros
acontecimentos, em 1961, aos 25
anos, fez a sua primeira exposição
individual no então Banco Nacional
Ultramarino, tendo sido na
altura indiciado de ser membro do
Partido Frelimo e, por conseguinte,
detido em 1966 e em 1971.
No Pós-independência, é eleito
deputado pelo partido Frelimo, em
1990 e em 1998, para a Assembleia
Municipal de Maputo.
Entre vários prémios e homenagens,
Malangatana foi em 1997
nomeado pela UNESCO com o
prémio “artista pela Paz”, tendo-lhe
sido entregue o prémio Claus e, em
2010, recebeu o título de Doutoramento
Honoris Causa, pela Universidade
de Évora, em Portugal.
A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1246 DE DEZEMBRO DE 2017
ESTE É O DESERTO DO SAHARA... ....E ESTE É O DE NACALA.
2 Savana 01-12-2017 SUPLEMENTO Savana 01-12-2017 3
O Príncipe Harry anuncia noivado com uma Afro-Americana.
O vovô Harry fez de mim um legítimo sucessor à Coroa inglesa
Savana 01-12-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Júlia Manhiça (Fotos) O
s investidores estrangeiros não escondem a sua indignação com a
forma como a Procuradoria está a tratar o assunto das dívidas ocultas.
Para estes, as pessoas que contraíram estas dívidas são conhecidas
e devem ser responsabilizadas. Mas o que assistimos é uma
inércia por parte das instituições que deviam levar avante a resolução deste
problema que está a tornar a vida dos moçambicanos mais cara. O povo está
a sofrer por um problema causado por um grupo de pessoas.
Não estamos a ver nada de concreto por parte dessas pesssoas que contraíram
as dívidas para que esta situação seja resolvida.
Quando este assunto volta novamente à tona, essas figuras fazem vista grossa
aos factos. Será que de alguma forma estão a dar cobertura para os que
cometeram estas falcatruas? Vejam como a Procuradora Geral da República,
Beatriz Buchile, mostra o seu desagrado quando a instituição que dirige é
acusada de não estar a fazer nada de substancial em torno das dívidas ocultas,
perante um olhar vago de Adelino Muchanga, presidente do Tribunal
Supremo. No entanto, Adelino Muchanga sussura que é melhor limpar a
boca quando tiver de falar sobre este assunto. O acto sortiu efeito e Beatriz
Buchile limpa a boca.
Quando não temos algo para dizer melhor é ficarmos calados. É uma arte
ficar calado mesmo tendo algo para dizer. Evita que entrem moscas. Mesmo
que a mente faça força para a boca desempenhar o seu papel. Foi o que
fizeram os governadores da província da Zambézia e Sofala, Abdul Razak e
Helena Taípo como testemhunha a imagem.
Quando a boca não se quer calar fazem um esforço redobrado para nunca
correr o risco de falar alto sobre determinados assuntos. É melhor prevenir
do que remediar. É o que estão a fazer Dixon Chongo e Godinho Alves.
Enquanto um luta para cerrar a boca, o outro veda a boca e os olhos.
Nisso tudo podemos encontrar aqueles que ficam num à-vontade. Não têm
receios de expor os seus posicionamentos sobre os mais diversificados assuntos.
Podemos considerar esses como sendo figuras que têm alguma liberdade
comparado aos outros.
Dizemos isso por estas duas últimas imagens. Na penúltima imagem está
o Presidente da Associação Moçambicana dos Bancos, Teotónio Comiche,
numa conversa acompanhada de risada com o antigo reitor da UEM, Padre
Couto.
Quem diria que poderíamos ver uma imagem semelhante a está última. Normalmente,
os cargos destas duas figuras têm sido antagónicas. Sabemos que
muitas vezes a atitude da polícia perante algumas situações tem sido condenada
pela sociedade. Os advogados muitas vezes mostram seu descontentamento
perante o comportamento da polícia.
Mas aqui somos confrontados com a imagem onde aparece o novo Comandante-Geral
da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino
Rafael, a partilhar um sorriso com o Bastonário da Ordem dos Advogados
de Moçambique, Flávio Prazeres Lopes Menete.
Pelo que estamos a ver, o bastonário está a dar jus ao seu nome ao partilhar
prazeres de risos com o homem forte da polícia nacional. É preciso esquecer
em algum momento os cargos que ocupam e deliciar-se com algo mais gostoso
da vida que é o sorriso. A vida é curta. Não há maneira.
Não há maneira
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF %F[FNCSP EF t "/0 99*7 t /o
1247 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
A
intervenção do Banco Central
no Moza Banco fez com que
os depósitos conhecessem um
tímido aumento no mercado
bancário nacional, tendo apenas registado
14 biliões de Meticais em 2016,
um número “fraco”, segundo o relató-
rio da KPMG lançado nesta segunda-
-feira.
Segundo a pesquisa sobre o sector bancário
elaborada pela KPMG, firma de
consultoria e auditoria, juntamente com
B "TTPDJBÎÍP .PÎBNCJDBOB EF #BODPT
".#
P UPUBM EPT EFQØTJUPT SFHJTUPV
um aumento de 323 biliões de Meticais
em 31 de Dezembro de 2015 para 337
biliões de Meticais até 31 de Dezembro
de 2016.
i0 BVNFOUP OPT EFQØTJUPT GPJ FOGSBRVFDJEP QFMB OÍP QBSUJDJQBÎÍP EP .P[B
#BODP OB QFTRVJTB EFTUF BOPw
EJ[ B QFTRVJTB EF DBSÈDUFS FDPOØNJDP mOBODFJSP
que tem como finalidade a partilha de
JOGPSNBÎÍP F EBS VN NFMIPS DPOIFDJNFOUP
TPCSF B FWPMVÎÍP EPT QSJODJQBJT
JOEJDBEPSFT EB BDUJWJEBEF DPN FOGPRVF
na solidez, qualidade, rentabilidade e
EJNFOTÍP
BTTFHVSBOEP B USBOTQBSÐODJB
DPOTJTUÐODJB F DSFEJCJMJEBEF EB BDUVBÎÍP
EP TFDUPS EP TFDUPS OP NFSDBEP 0T QFTquisadores
enviaram questionários para
19 bancos comerciais registados em
.PÎBNCJRVF
NBT SFDFCFSBN SFTQPTUBT
EF JOTUJUVJÎÜFT CBODÈSJBT
0T EFQØTJUPT UPUBJT FN EF %F[FNCSP
EF GPSBN EF CJMJÜFT EF
.FUJDBJT FN DPNQBSBÎÍP DPN
biliões de Meticais a 31 de Dezembro
de 2013, o que representa um aumento
de 40 biliões.
+È OP BOP TFHVJOUF
P UPUBM EPT EFQØTJUPT
registou um aumento de 63 biliões de
Meticais, ou seja, partiu de 257 biliões
em 2014 para 320 biliões em 2015, o
que equivale a um aumento de 44 biliões
de Meticais.
0 FTUVEP BDSFTDFOUB RVF P .P[B #BODP
OB TVB ÞMUJNB BQBSJÎÍP
EFUJOIB EFQØTJUPT OP WBMPS EF CJMJÜFT 0 BVNFOUP
EPT EFQØTJUPT GPJ JHVBMNFOUF BGFDUBEP
QFMB SFUJSBEB EB MJDFOÎB CBODÈSJB EP
/PTTP #BODP 4" RVF EFUJOIB VN UPUBM
EF EFQØTJUPT OP WBMPS EF CJMJÜFT EF
Meticais em 31 de Dezembro de 2015.
/B WFSEBEF
P RVF BDPOUFDFV Ï RVF
quando as pessoas ficaram a saber da
JOUFSWFOÎÍP EP #BODP $FOUSBM BP .P[B
#BODP
VN CBODP RVF FSB DPOTJEFSBEP
estável e que no ano anterior teria crescido
astronomicamente cerca de 600%,
P NFEP GF[ DPN RVF OÍP TF SFBMJ[BTTFN
EFQØTJUPT
BUÏ QPSRVF NFTFT BOUFT
VN
PVUSP CBODP DPNFSDJBM
i/PTTP #BODPw
IBWJB MIF TJEP SFUJSBEP B MJDFOÎB
0 FTUVEP BDSFTDFOUB RVF FNCPSB UFOIB
havido uma melhoria significativa nas
UBYBT EF KVSP BQØT P BVNFOUP EBT UBYBT
de políticas monetárias pelos bancos
DPNFSDJBJT
TÍP NVJUP CBJYBT SFMBUJWBmente
aos aumentos nas taxas de emQSÏTUJNP F BP OÓWFM EF JOnBÎÍP
0 #BODP $PNFSDJBM EF *OWFTUJNFOUPT
#$*
#BODP *OUFSOBDJPOBM EF .P-
ÎBNCJRVF #*.
F P 4UBOEBSE #BOL
continuam a dominar o mercado com
EPT EFQØTJUPT
DPOUSB EP JHVBM
período anterior.
0 UPUBM EF FNQSÏTUJNPT F BEJBOUBNFOtos
representa 60% do total de activos
EP TFDUPS FN 0VUSPT BDUJWPT
compreendem investimentos dos banDPT FN CJMIFUFT F PCSJHBÎÍP EP UFTPVSP
propriedade e equipamento e contas de
DPNQFOTBÎÍP
0 FTUVEP TBMJFOUB RVF PT QSJODJQBJT JOtervenientes
do sector com mais liquiEF[
BVNFOUBSBN BT TVBT QBSUJDJQBÎÜFT
FN CJMIFUFT F PCSJHBÎÜFT EP UFTPVSP
BCI lidera
0 #$* MJEFSB P TFDUPS CBODÈSJP OP RVF
respeita ao valor dos activos totais, deQØTJUPT
FNQSÏTUJNPT F BEJBOUBNFOUPT
QFSEFOEP QBSB P #*. OB MJTUB EF JOTUJUVJÎÜFT
CBODÈSJBT RVF NBJT MVDSBSBN
&N UFSNPT EF BDUJWPT
P #$* EFUJOIB
em 2016 cerca de 143.4 mil milhões de
meticais, contra 133.7 mil milhões do
#*. F NJM NJMIÜFT EP 4UBOEBSE
#BOL 0 #$*
#*. F 4UBOEBSE #BOL
NBOUJWFSBN BT NFTNBT QPTJÎÜFT BTTVNJEBT
FN 0 NFTNP DPNQPSUBmento
acontece na rubrica “empréstiNPT F BEJBOUBNFOUPTw F OPT iEFQØTJUPTw
/P FOUBOUP
P #*.
RVF EVSBOUF WÈSJPT
anos liderou a quota do mercado, é líder
na rubrica que tem que ver com os luDSPT
SFMFHBOEP QBSB B TFHVOEB QPTJÎÍP
P 4UBOEBSE #BOL F P #$*
/P UPDBOUF Ë SFOUBCJMJEBEF EF GVOEPT
QSØQSJPT
B MJEFSBOÎB WBJ QBSB P 4UBOEBSE #BOL
NBOUFWF P MVHBS
TFHVJOEP
EP #*. FN FTUBWB FN RVBSUP
F
EP #BODP ÁOJDP FN
0 #$*
RVFEPV TF OB RVJOUB QPTJÎÍP
EFQPJT EF
ter estado em terceiro em 2015.
/P JUFN i3ÈDJP EF 4PMWBCJMJEBEFw
VN
JOEJDBEPS QSVEFODJBM RVF GB[ EBOÎBS
muitos executivos de bancos, a lideran-
ÎB WBJ QBSB 4PDSFNP #BODP EF .JDSPmOBOÎBT
DPN
DPOUSB
EF &N
B MJEFSBOÎB FTUBWB
DPN B 4PDJÏUÏ (ÏOÏSBMF .PÎBNCJRVF
RVFEBOEP TF FN
OB PJUBWB QPTJÎÍP
0 #BODP
5FSSB NBOUFWF B TFHVOEB QPTJÎÍP DPN
37.26%. Em 2015 estava nos 52.33%.
Estudo relaciona redução de depósitos com os casos “Moza” e “Nosso Banco”
Mão dura do BM assustou depositantes
t "DPTTBEP QPS QSPCJEBEFT
QSPDVSBEPSFT F B BTTPDJBÎÍP EF QBSFT
P YFSJGF EB EF 4FUFNCSP NBOUÏN PT DBOPT EPT TFVT QJTUPMÜFT
RVFOUFT F GVNFHBOUFT ® RVFJNB SPVQB BUJOHJV PT ØSHÍPT TPDJBJT EP
CBODP NBJT NPÎBNCJDBOP EB QSBÎB F
QBSB RVF OJOHVÏN mRVF B SJS
impôs pesadas multas a nove dos players locais que se deslumbraram
DPN VN NBDIP EF UVSCBOUF #SJODBEFJSB UFN IPSB
t & QBSB MIF BNFOJ[BS P SJDUVT GBDJBM
FTUÈ QSFWJTUB B DIFHBEB QBSB
FTUB TFYUB GFJSB VNB EFMFHBÎÍP EF CSBEBT EF 8BTIJOHUPO %$ RVF
WFN DÈ BOBMJTBS PT QSPHSFTTPT GFJUPT OBT SFGPSNBT EB FDPOPNJB %F
política monetária a resultados palpáveis, mas no ministério dos
EJOIFJSPT
OP RVF UPDB B SFGPSNBT mTDBJT
BT DPJTBT BOEBN CFN NBJT
MFOUBNFOUF
P RVF QPEF QFSJHBS PT iKPHPT EF DPNQVUBEPSw B RVF TF
tem dedicado o banco central.
t & OP DJUBEP NJOJTUÏSJP
P UJUVMBS QPEF SBQJEBNFOUF QBTTBS EF MBOÎB
QFSGVNF B MBOÎB WFOFOP ² JNQPTTÓWFM MFWBS B TÏSJP P EJTDVSTP
da descida das taxas de juro nos bancos comerciais quando as
FNQSFTBT QÞCMJDBT DPOUSBUBN EFQØTJUPT BDJNB EPT F BT SFTFSWBT
PCSJHBUØSJBT BOEBN QFMPT /ÍP Ï QPS BDBTP RVF P SFMBUØSJP
TPCSF B CBODB MPDBM BOPUB VNB EFTDJEB ESÈTUJDB OP DSÏEJUP ² CFN
NBJT DPOGPSUÈWFM BQPTUBS FN CJMIFUFT EP UFTPVSP
FYBDUBNFOUF QBSB
financiar a despesa do Estado.
t "JOEB QFMB CBJYB EB DBQJUBM
RVBOEP TF EFJUBN DPOUBT Ë WJEB EP
RVF GB[FS DPN B CPMTB EPT DFSFBJT
FOUSB FN DFOB PVUSB JOTUJUVJÎÍP
RVF BUÏ NFTFT GB[JB P NFTNP QBSB PT BSNB[ÏOT RVF P "1*& GB[JB
QBSB BT DBTBT /FTUF DBTP QBSB EJTUSJCVJS RVPUBT QBSB B DPNQSB EF
GFJKÍP CØFS
P UBM RVF PT JOEJBOPT GB[FN RVF OÍP RVFSFN DPNQSBS
0T PQFSBEPSFT JOUFSSPHBN TF TF FTUÍP OB FDPOPNJB EF NFSDBEP PV
voltaram aos tempos socialistas da agricom?
t & QPS GBMBS EF GFJKÍP CPFS
VN HSVQP EF EJOÉNJDPT PQFSBEPSFT
FDPOØNJDPT
MÈ QBSB BT CBOEBT EF /BDBMB
WJSPV BT DPTUBT BP lobby
QSFEBEPS NPOUBEP OP GBNJHFSBEP UFSNJOBM FTQFDJBM DBÎB OÓRVFJT
e decidiu proceder ao empacotamento de contentores em pleno
QPSUP 'PSBN DPOUFOUPSFT OVNB TFNBOB 0 DIJOPDB
RVF Ï P
UFTUB EF GFSSP EP MPCCZ GSFM
FTUÈ EF DBSB Ë CBOEB F RVFS WFOEFS P
QSPKFDUP
NBJT VN IPUFM EF RVBSUPT ËT NPTDBT B VN QPQVMBS
general do bureau político. Em matéria de impopularidade, o tal
UFSNJOBM DPNQFUF VOIB B VOIB DPN B LVEVNCBy
t & OBT UFSSBT EP /PSUF
GPJ BOVODJBEP NBJT VN OFHØDJP EB $IJOB
&N CPB WFSEBEF
PMIPT FN CJDP Ë QBSUF
B NPMB Ï OJQØOJDB 0T OPTTPT
QBUSÓDJPT EB "NÏSJDB EP 4VM
RVF GBMBN QPSUVHVÐT DPN TPUBRVF EF
telenovela, conseguiram 2,73 bis em verdinhas.
t 0VUSP IPNFN EP /PSUF FTUÈ FN UFTUF QBSB QSPWBS BP QBÓT F
BP NVOEP RVF OP TFV DPSBÎÍP DBCFN UPEPT PT NPÎBNCJDBOPT
Trata-se do engenheiro do planalto que recentemente anunciou a
EJTQPOJCJMJ[BÎÍP EF RVPUBT QBSB NPÎBNCJDBOPT FN $BIPSB #BTTB
&TQFSB TF QPS USBOTQBSÐODJB F RVF OÍP FOUSFN BQFOBT PT NFTNPT
vencedores de sempre, os empresários de cartões vermelhos. Já
BHPSB
RVBOEP Ï GFJUB B TFHVOEB FNJTTÍP EF BDÎÜFT EBRVFMB FNQSFTB
de gás que todos os anos distribui chorudos dividendos?
t "JOEB OP /PSUF
P QBSUJEP EP HBMP DPOUJOVB OVN UJSPUFJP CBCBMB[B
TPCSF PT TFVT QSØQSJPT QÏT $PNP P 5PDPWJTNP WFJP QBSB mDBS
P
seu sucessor mal se viu no poleiro, tratou de exonerar uns tantos
WFSFBEPSFT
NFTNP DPN KVSJTQSVEÐODJB SFDFOUF 1BSFDF RVF BMHVÏN
WBJ QFSEFS B QBDJÐODJB OB DBQJUBM EPT NBDVBT
t 1BSFDF RVF B GB[FS SJNB DPN B DBOÎÍP BOEB OP BS B EFNPDSBDJB
OB «GSJDB "VTUSBM
PT QPEFSPTPT SFDFOUFT QBTTBN QPS QSPGVOEB
NVEBOÎB /P QBÓT EPT LBNCBT
*TBCFMJUB
B NVMIFS NBJT QPEFSPTB EF
«GSJDB
UFN RVF SFDPSSFS BP facebook para publicitar os seus pontos de
WJTUB /P ;JN
OB BOUJHB DPVUBEB EP UJP #PC
BRVFMFT RVF BOEBSBN B
NBOEBS B NPMB QBSB P FYUFSJPS UÐN USÐT NFTFT QBSB GB[FS SFUPSOBS BP
país. Palavra de crocodilo.
Em voz baixa
t " DPOGFEFSBÎÍP EPT FNQSFTÈSJPT
OVN QBTTP JOVTJUBEP
EJ[ RVF
EFDJEJV QSFTDJOEJS EP TVCTÓEJP EP &TUBEP 3FTUB TBCFS TF BT DFOUSBJT
TJOEJDBJT RVF BNFBÎBSBN HSFWF TF P 'PS DPSUBEP
F UBOUBT
PVUSBT BHSFNJBÎÜFT BCPMFUBEBT Ë NÍP EP 0SÎBNFOUP EF &TUBEP
EFDJEFN EBS QBTTP JEÐOUJDP
-BCI lidera quota de mercado
Ilec Vilanculos
Savana 01-12-2017
EVENTOS
1
0DSXWR GH'H]HPEURGH $12;;,91o 1247
EVENTOS
A
nova fábrica de blocos e pavês da Casa do Gaiato foi
inaugurada no domingo passado, na Rua da Mozal,
em Boane. O novo espaço é fruto de uma parceria
com uma empresa moçambicana e do espírito empreendedor,
um dos marcos da Casa do Gaiato.
“Transferimos a nossa máquina industrial para blocos e pavês
- que nos foi doada pela Casa do Gaiato de Portugal –
para uma zona mais comercial”, conta-nos com orgulho João
Paulo, 29 anos, responsável da nova unidade fabril, “e depois
do processo de credenciação junto do Laboratório de Engenharia
Civil, estamos qualificados para vender”. A fábrica
tem uma capacidade de produção de 6.000 pavés/dia e 4000
blocos/dia.
João Paulo trabalha com mais seis jovens, todos eles vindos
da Casa do Gaiato: todos aprenderam a técnica de fazer blocos
e pavês com o saudoso padre José Maria Ferreira Costa,
falecido em 2016.
A Mecwide-Moçambique colocou à disposição espaço, instalações,
inertes, esperança e coragem – mesmo numa conjuntura
económica difícil - para este projecto. A localização
mais “interessante” para o mercado vem garantir uma maior
visibilidade. O negócio, que serve para a sustentabilidade da
Casa do Gaiato, garante trabalho aos jovens homens, filhos
dessa Casa, neste momento de crise ocupacional. Não é por
acaso que o parceiro do projecto decidiu inaugurar no “Dia
do Sorriso”!
As actividades dessa instituição que veio ser reaberta em 1991
quando o antigo Presidente Joaquim Chissano chamou de
volta a Moçambique o padre José Maria – que construiu pedra
a pedra, juntamente com as pessoas das aldeias em volta
e benfeitores, as casas, as salas de aula, o ambulatório médico,
a belíssima capela - são sempre orientadas proporcionando
aquilo que é melhor para o desenvolvimento de cada rapaz:
saúde, alimentação, estudos, formação profissional, emprego,
férias, tempos livres e cultura, num regime de autogoverno,
“obra de rapazes, para rapazes, pelos rapazes”. Uma espécie
de república de meninos.
“Os mais velhos tomam conta dos mais novos e cada um de
nós, para além de estudar, tem tarefas específicas para a sua
idade. Todos nós passamos pelos vários sectores de actividades
da nossa casa: tirar os papéis do chão, cuidar dos animais
pequenos, trabalhar na machamba, conduzir tractores, cuidar
da mecânica, enfim tudo que é trabalho desta grande casa”,
diz João Paulo que é também quem ensaia e anima os grupos
de dança da Casa do Gaiato.
Os rapazes trabalham nos vários sectores de forma rotativa.
Para além de desenvolver o gosto e a responsabilidade, isto
facilita a orientação pedagógica do seu futuro.
“Aprendi a fazer blocos no Gaiato. E vejo, com gratidão, que
o ensinamento do nosso pai Zé Maria continua a alimentar
as nossas vidas com esta nova fábrica. Bloco a bloco construir
o nosso presente e sonhar o nosso futuro”.
(Paola Rolletta)
Bloco a bloco
Savana 01-12-2017 EVENTOS
2
A
Incubadora de Negó-
cios do Standard Bank,
na cidade de Maputo,
acolheu no sábado, 25
de Novembro, a terceira edição
do Google Developers Group
(GDG) DevFest Maputo 2017,
o maior festival de tecnologia
para desenvolvedores de software
em Moçambique.
O evento juntou, na mesma sala,
150 programadores e entusiastas
na área de desenvolvimento
de softwares, oriundos de vários
pontos do País, que durante 10
horas discutiram temas relacionados
com as tecnologias mais
utilizadas na actualidade.
Falando da iniciativa, o líder do
GDG Maputo, Osvaldo Maria,
explicou que a mesma tem por
objectivo reunir os jovens desenvolvedores
e outras pessoas que
trabalham com as tecnologias
para conhecerem as últimas tendências
tecnológicas.
No que concerne aos temas
abordados, o líder do GDG Maputo
referiu que o evento contou
com a participação de 20 oradores
que abordaram assuntos
relacionados com “a segurança
cibernética e sistemas informá-
Incubadora de Negócios junta
150 desenvolvedores de software
ticos, com as boas práticas de
desenvolvimento de softwares,
bem como com a gestão de projectos
de softwares”.
Intervindo na qualidade de anfitriã,
a responsável pela Incubadora
de Negócios do Standard
Bank, Sasha Vieira, referiu que
esta instituição financeira, centenária
no País, apoia a realiza-
ção do GDG DevFest Maputo
2017, no estrito cumprimento
da sua estratégia de incentivar o
empreendedorismo tecnológico.
“Somos um banco inovador e
queremos continuar a identificar
talentos na área tecnológica,
acreditando que eles se destacam
neste tipo de iniciativas”, explicou
Sasha Vieira, assumindo que
é uma honra para o Standard
Bank acolher o GDG DevFest
Maputo 2017.
Num outro desenvolvimento,
Sasha Vieira destacou a importância
da Incubadora de Negó-
cios do Standard Bank, sobre a
qual assegurou tratar-se de um
lugar onde “apoiamos os jovens
desenvolvedores e programadores,
enriquecendo os seus conhecimentos
sobre as tecnologias e
aplicativos em desenvolvimento,
bem como a sua formação na
área das tecnologias de informa-
ção e comunicação”.
Na qualidade de participante,
Anaid Macaringue, um desenvolvedor
de tecnologias oriundo
da província de Gaza, falou da
importância do GDG DevFest
Maputo 2017, dando destaque
aos temas abordados: “Gostei
muito dos assuntos que foram
aqui tratados. Assimilei muitas
coisas boas dos oradores bastante
experientes e que, sem dúvidas,
irão ajudar-me a crescer no ramo
da criação de interfaces para pá-
ginas de internet e da criação de
soluções tecnológicas”, assumiu.
“O GDG DevFest Maputo
2017 foi igualmente importante
porque deu-me a oportunidade
de colher ideias que me motivam
a criar soluções tecnológicas,
tendo em vista desenvolver
a província de Gaza”, manifestou
Anaid Macaringue.
Importa referir que esta terceira
edição do GDG DevFest Maputo
2017 foi a mais concorrida
de todas, com um total de 150
inscritos. Na primeira, o registo
foi de 100 participantes e 120 na
segunda. Para além das palestras,
o evento ficou marcado por uma
exposição de aplicativos de desenvolvedores
moçambicanos.
A
Multichoice procedeu
na semana finda
à entrega da escola
primária Ngungunhana
na Matola, na sequência
da reabilitação que
efectuou naquela instituição.
No âmbito da sua Responsabilidade
Social, a Multichoice
Moçambique sensibilizou-se
com o estado
avançado de degradação da
escola, tendo avançado com
obras de melhoria do edifí-
cio. A reabilitação consistiu
na colocação de vedação, reparação
da cobertura, canalização,
eletricidade, carpintaria
e pintura geral.
De acordo com o Director da
escola, Conceição Custódio,
Multichoice
reabilita Escola
Ngungunhana
este apoio da Multichoice
Moçambique vai melhorar o
processo de ensino e aprendizagem
na medida em que
já proporciona um ambiente
mais confortável, tendo referido
que o apoio na vedação
foi um grande avanço para
segurança dos alunos, uma
vez que os malfeitores entravam
facilmente para o recinto
escolar.
Por seu turno, a Multichoice
Moçambique considera que
o seu projecto de Responsabilidade
Social visa o desenvolvimento
do capital Humano,
actuando nas áreas de
educação, saúde e jornalismo,
pois são o factor vital para o
desenvolvimento de uma sociedade.
“Deveríamos ter mais electricistas que engenheiros”,
Narciso Matos
O
Reitor da Universidade
Politécnica, Narciso
Matos, defendeu a necessidade
premente da
implementação de iniciativas
arrojadas no sector da Educação,
para corrigir o sistema nacional
de ensino, de modo a que possa
crescer com equilíbrio.
Narciso Matos fez este pronunciamento,
ao dissertar, na semana
passada, no painel sobre o “Capital
Humano e a Economia do
Conhecimento”, do II Fórum
MOZEFO, uma plataforma de
debate em prol de um crescimento
acelerado e inclusivo, que reú-
ne os sectores público e privado e
a sociedade civil.
“Temos 17 milhões de crianças e
jovens nos ensinos primário e secundário.
Ao desagregar esses capitais
humanos e olharmos com
mais atenção, vemos o que é que
tem de ser corrigido”, referiu.
Actualmente, conforme indicou,
ao nível do ensino técnico-profissional,
no País, existem cerca
de 100 mil jovens, um número
em si muito reduzido. No ensino
superior, ao nível universitário,
existem cerca de 150 mil jovens,
um número que também é muito
pequeno para as necessidades do
País.
“Em termos comparativos, temos,
por exemplo, 150 mil generais e
100 mil soldados: significa que
este exército tem de ser corrigido”,
realçou Narciso Matos,
ajuntando: “deveríamos ter muito
mais electricistas, carpinteiros,
serralheiros, pedreiros do que os
engenheiros que estamos a construir”.
Ressalvou que não pretende dizer
com isto que os engenheiros sejam
muitos. Na verdade, segundo
explicou, os 150 mil representam
um em cada mil moçambicanos,
enquanto na região austral africana
há cerca de quatro em cada
100 cidadãos.
Disse ainda que, no ensino secundário,
pode-se constatar que existem
cerca de um milhão e meio a
dois milhões de jovens e no ensino
primário temos os restantes
dez ou doze milhões.
“Ao passar do ensino primário
para o secundário, temos uma
perda enorme de talento, acontecendo
o mesmo ao passar do ensino
secundário geral para o ensino
técnico-professional e para o
ensino universitário, onde a situa-
ção se repete”, afirmou, sugerindo
a necessidade de se corrigir esta
situação, que levanta várias questões
relacionadas com o acesso
universal e à equidade, no País.
Num outro desenvolvimento, o
Reitor da Universidade Politécnica
apontou: “todos os moçambicanos
têm direito à Educação.
Mas têm direito a uma boa Educação.
Não têm direito apenas a
poderem ir à escola. E há consenso
hoje na nossa sociedade que há
muitas fraquezas nos vários níveis
de ensino”.
Em relação à qualidade do ensino
nacional, Narciso Matos asseverou:
“não podemos estar a multiplicar
uma quimera, multiplicar
uma mentira. Querer dar a ideia
de que há escola para todos, mas
que essa escola não forma pessoas
que de facto podem transformar
as nossas vidas”.
Defendeu a necessidade de se
alocar mais recursos na Educa-
ção, assim como na Saúde. “Tenho
consciência de que o bolo é
pequeno. Mas será que está a ser,
adequadamente, distribuído de
acordo com essa nossa convicção,
de que o capital humano é determinante
para o nosso crescimento?”,
questionou.
Na sua opinião, o País devia desejar
ter algumas instituições
educacionais que sejam um farol:
“Pelo menos uma ou duas universidades
públicas que sejam aquilo
que nós aspiramos no nosso
País e que seriam os viveiros que
formam cientistas e educadores.
Quando nós pensamos em boas
escolas primárias, hoje pensamos
em escolas privadas”, concluiu.
Beira e Dondo
Caros assinantes do jornal SAVANA
Pede-se o favor de contactar os nossos escritórios da sede-Maputo
pelos Nºs 21 301737, 82 3171100, 84 3171100 ou pelo e-mail:
admc@mediacoop.co.mz para tratar de assuntos de vosso interesse.
A Direccao
Savana 01-12-2017
EVENTOS
3
(Sob a coordenação científica do Professor Almirante, Rodolfo Codina Diaz, da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso - PUCV - Chile)
Torna-se público que se encontram abertas inscrições para a primeira edição do curso de Mestrado em Segurança Marítima, com início a 02 de Abril de 2018,
na cidade de Maputo, Rua dos Desportistas, Prédio Jat V-1, 2º andar.
1. Requisitos de admissão
Podem candidatar – se ao Mestrado em Segurança Marítima:
R5 ) )-5)-5 -./ (. -5+/ 5. (" '5) .# )5)5!, /5 ï'# )5 5 # ( # ./, 5 '5 & éċ -5 (. ,( #)( #-5 5 #*&)' # 65 '#(#-., éã)5 Ě &# 65 !/, (é 5
Marítima ou Direito, em universidades nacionais ou estrangeiras, reconhecidas pela entidade moçambicana competente.
R5 -./ (. -5+/ 5. (" '5 )( &/ù )5 # ( # ./, 5 '5#ð( # -5 )&# # #-5)/5 '5#ð( # -5
#&#. , -65 '5)/., -5#(-.#./#éċ -5 5 (-#()5-/* ,#),65, )(" # -5
pela entidade moçambicana competente.
R5 -5 -./ (. -5+/ 5. (" '5) .# )5 5 # ( # ./, 5 '5)/., -5á, -5 5#ð( # -5 ) # #-5 5 )&ù.# -65 '5/(#0 ,-# -5 5
)é ' #+/ 5)/5 -., (! #, -65-) 5 5
condição de frequentarem o Curso de reorientação Académica, entre 12 de Fevereiro e 23 de Março de 2018.
2. Estrutura e Duração do Curso
O Mestrado em Segurança Marítima, com recurso a métodos de ensino–aprendizagem interactivos, irá privilegiar uma formação teórica e prática, centrada
no estudante.
O curso compreende 4 semestres (2 anos) durante os quais serão leccionados os módulos constantes do quadro infra, em regime presencial e termina, como
forma de obtenção do mestrado, com a apresentação de uma dissertação, no quarto semestre.
INSTITUTO SUPERIOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
EDITAL
CANDIDATURA AO
MESTRADO EM SEGURANÇA MARÍTIMA
3. Procedimentos para candidatura
Os (as) candidatos (as) deverão apresentar os seguintes documentos:
3.1 Carta explicativa da motivação da candidatura,GLULJLGDDR([PR 6HQKRU'LUHFWRU&LHQWtÀFR
3.2 Formulário de inscrição ao curso devidamente preenchido DVHUREWLGRQRORFDOGHLQVFULomRRXQRSRUWDORÀFLDOGR,65,
3.3 'XDV&ySLDVGRFHUWLÀFDGRGH/LFHQFLDWXUDRXHTXLYDOHQWH DSHQDVXPDGHYHUiVHUDXWHQWLFDGD
'XDVFDUWDVGHUHFRPHQGDomRSRUSURÀVVLRQDLVFRPRQtYHOGHGRXWRUDPHQWRRXSRUHQWLGDGHVLGyQHDV TXH WHQKDPVLGRGRFHQWHVGR
FDQGLGDWRDRQtYHOGH/LFHQFLDWXUD IRUPXOiULRSUySULRDVHUREWLGRQRORFDOGHLQVFULomRRXQRSRUWDORÀFLDOGR,65,
3.5 Curriculum Vitae GHYLGDPHQWHDVVLQDGR
3.6 Fotocópia autenticada do BI ou do Passaporte
3.7 Declaração do NUIT
3.8 $QWHSURMHFWRGHSHVTXLVDSDUD'LVVHUWDomR PRGHORSUySULRDVHUREWLGRQRORFDOGHLQVFULomRRXQRVLWHRÀFLDOGR,65,
3.9 No acto da candidatura, para efectivação da mesma deverá ser entregue o comprovativo de depósito ou pagamento via POS da Taxa de
FDQGLGDWXUD QRYDORUGH 0WV TXDWURPLOPHWLFDLV
4. Informações e Contactos
4XDLVTXHULQIRUPDo}HVVREUHRFXUVRGHPHVWUDGRSRGHPVHUREWLGDVQRDepartamento de Pós-graduação na rua dos desportistas, Prédio
Jat V, 2ºandar.
7HOHPyYHO
Email:dpgisri@gmail.com Website : www.isri.ac.mz
Anos
Lectivos 1º Ano 2º Ano Iº Semestre
Introdução à Administração Marítima
Estado e Segurança Internacional
Direito do Mar
Metodologia de pesquisa
Regimes, Políticas e Estratégias de
Segurança Marítima
Economia e Serviços Marítimos
Conflitos, Disputas e Diplomacia
Marítimas
Seminário de Dissertação
IIº Semestre
Direito Marítimo
Mar, Poder e Estratégia
Segurança Marítima
Mar, Territórios e Comunidades
Costeiras
Dissertação
Savana 01-12-2017 EVENTOS
4
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Savana 01-12-2017
EVENTOS
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PR defende produção
resiliente à seca
MAIS DE 1.5 MILHÃO DE PESSOAS ASSISTIDAS
O Presidente da República (PR),
Filipe Nyusi instou aos moçambicanos,
em especial residente nas
zonas propensas à seca, a optar
pelas zonas baixas para a produção
de comida e ao cultivo de
culturas resilientes à seca, uma
experiência genuinamente nova,
na esfera nacional.
O mais alto magistrado da Na-
ção moçambicana, que fez esta
exortação durante as visitas de
trabalho a vários distritos afectados
pela seca, em 2015-2016 encorajou
a população a engajar-se
afi ncadamente nas actividades
agrícolas, produzindo culturas
resistentes à seca, para garantir a
segurança alimentar no país.
Na altura, o Chefe do Estado
lembrou que a seca não só afecta
o sul e o centro do país, como
também outras regiões da África
e do mundo, sendo por isso um
problema global que requer o
envolvimento das comunidades
na busca de soluções para o fenómeno.
“A nossa agenda é o
desenvolvimento. O nosso jogo
é desenvolver Moçambique e
não destruí-lo”, explicou Filipe
Nyusi, pedindo união entre os
moçambicanos em prol do trabalho
árduo.
Na senda de esforços para
combater o impacto negativo da
seca, o Chefe do Estado orientou
ao seu executivo a avançar, de
imediato, com medidas enérgicas
e mais incisivas para providenciar
comida e água a milhares
de pessoas nas áreas afectadas.
“A água deve chegar, quer
por via de tanques, quer através
da abertura de furos onde seja
possível”, orientou o Chefe do
Estado.
Entretanto, em Setembro de
2016, mais de 150 líderes mundiais,
incluindo o Chefe do Estado
moçambicano, adoptaram
formalmente uma nova agenda
de desenvolvimento sustentável,
durante a 71ª Reunião da Assembleia
geral das Nações Unidas,
em Nova York.
Esta agenda é formada por 17
Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que devem
ser implementados por todos os
países do mundo durante os pró-
ximos 15 anos, isto é, até 2030.
O Objectivo número 13, refere-
-se à necessidade de tomada de
medidas urgentes para combater
a mudança climática e seus
impactos. Refere este objectivo,
que cada uma das últimas três
décadas tem sido mais quente
na superfície da Terra do que a
anterior, desde 1850. No hemisfério
Norte, o período entre 1983
e 2012 foi provavelmente o mais
quente dos últimos 1.400 anos.
De 1880 a 2012, a temperatura
média global aumentou 0,85ºC.
Sem nenhuma acção, a média
de temperatura mundial deve
aumentar 3ºC até o fi nal do sé-
culo 21, aumentando ainda mais
em algumas áreas do mundo,
incluindo nos trópicos e subtró-
picos. As pessoas mais pobres e
vulneráveis são as mais afectadas
pelo aquecimento.
No seu discurso ofi cial, na sec-
ção das Nações Unidas, o Presidente
da República reiterou o
compromisso do Governo mo-
çambicano, de continuar exemplarmente
a cooperar com as Na-
ções Unidas para o cumprimento
destes objectivos.
Como consequência directa
das mudanças climáticas que se
fazem sentir na região Austral de
África, nos últimos três anos, as
regiões sul e centro de Moçambique
viveram um drama de seca
severa e prolongada.
Parceiros:
Novembro de 2017 | Este Suplemento pertence ao INGC e não pode ser comercializado em separado
Savana 01-12-2017 EVENTOS
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28 Publicidade Quarta-feira 02 de Outubro de 2017 3~EOLFR
Os anos 2015 e 2016 colocaram
grandes desafios ao Governo
moçambicano, devido à seca que
assolou as regiões sul e centro do
país, afectando 1.500.000 pessoas.
Na altura, o Primeiro-ministro,
Carlos Agostinho do Rosário,
visitou as regiões afectadas e perante
os factos vividos no terreno,
tomou medidas concretas sendo
de destacar a assistência alimentar
à população, com destaque
para as crianças em idade escolar,
idosos e pessoas necessitadas,
beneficiando um total de 240.867
pessoas.
A outra medida crucial que salvou
vidas, foi a provisão de água
potável para o consumo humano
e abeberamento de animais nas
zonas afectadas pela seca; e realização
da campanha de solidariedade
interna para as vítimas das
calamidades naturais, com vista a
mobilizar apoio de moçambicano
para moçambicanos.
Na altura, o PM anunciou que o
orçamento para fazer face às necessidades
decorrentes do aumento
do número de afectados, em
relação ao Plano de Contingência,
proviria do Orçamento do Estado
e de recursos a mobilizar no âmbito
da campanha de solidariedade
nacional, em curso, sendo os remanescentes
provenientes dos parceiros
de cooperação internacional
que trabalham com o Governo na
componente de gestão de risco de
desastres naturais, quer na elaboração
dos Planos de Contingência
quer nas acções de resposta.
Para viver de perto a situação e
prestar solidariedade as vítimas, o
Primeiro-Ministro, visitou as províncias
afectadas, nomeadamente
Maputo, Gaza, Inhambane,
Manica Tete, Sofala e Zambézia,
tendo realizado encontros em vá-
rias comunidades.
Até finais de 2016, o Governo
anunciava alguma satisfação pelos
níveis de assistência prestada
às vítimas. "Estamos satisfeitos
porque constatamos que esforços
locais foram feitos para fazer face
a seca. Os governos distritais e
empresários trabalharam em conjunto
para minorar o sofrimento",
disse o Primeiro-ministro.
Conjugação de esforços foi crucial para mitigação do impacto da seca
Assim, com vista a assegurar
água até a próxima época chuvosa
(2017/18), foram tomadas
medidas a partir da barragem de
Corumana, sendo de destacar a
interrupção de alocação de água
para agricultura e produção de
energia, a redução das descargas
de 2.3 m³/s para 1.9 m³/5, de 15 a
31 de Janeiro de 2017; Redução
de descargas para 1.5m³/s, a partir
de Fevereiro de 2017 até ao fim
da época chuvosa; incremento
das descargas de 1.5m3/s para
2.5m3/s, a partir de 5 de Abril de
2017, sendo que este regime prevaleceu
até 30 de Setembro de
2017. Desta descarga, 2.0m3/s
estão alocados ao abastecimento
humano, aos residentes das cidades
de Maputo, Matola e Vila de
Boane, e 0.5 m3/s para a agriculinformação
sobre a previsão climá-
tica sazonal para a época chuvosa
2017/2018.
Estas medidas visam satisfazer
em 80% as demandas de água
para o consumo básico até ao iní-
cio da próxima época chuvosa.
A Barragem de Corumana localiza-se
no Distrito de Moamba,
a cerca de 90 Km à Noroeste da
Cidade de Maputo. Tem uma catura
no vale do Umbelúzi. A partir
de 1 de Outubro de 2017, que é
o fim da época fresca, a descarga
passará a ser 2.0 m3/s, apenas para
satisfazer as necessidades do abastecimento
doméstico.
A disponibilização da água para
a agricultura no período pós época
fresca, está condicionada as
condições do armazenamento da
albufeira em Outubro de 2017, e a
pacidade de Armazenamento de
1 200 milhões de m3 e NPA 117m.
A Barragem foi construída na dé-
cada de oitenta no rio Sabié, um
afluente do Incomáti, com objectivo
de: Garantir água para irriga-
ção do médio e baixo Incomáti
(36 000 ha); Geração de energia
eléctrica (14.5 MW) e Controlo das
cheias e manutenção dos caudais
ambientais.
Medidas para assegurar água
Em situações de emergência
os parceiros de cooperação através
da equipa humanitária nacional
contribuem para atender as
necessidades da população afectada
complementando os esfor-
ços do Governo. A equipa humanitária
nacional é composta pelas
agências das Nações Unidas, Organizações
Não Governamentais
internacionais e nacionais, Cruz
Vermelha de Moçambique e doadores.
Desde a activação do alerta
vermelho em Abril de 2016, cerca
de 67% dos recursos mobilizados
foram para a componente de assaneamento,
Nutrição, Educação
(lanche escolar), actividades de
resiliência, entre outras.
Os principais doadores e contribuintes
para a resposta à seca
foram, os Estados Unidos da
América (EUA), Reino Unido, Organização
das Nações Unidas
(ONU), União Europeia (UE), Alemanha,
Suécia, Japão, Irlanda,
Áustria, Austrália, Canadá, Itália,
Suíça, China, Banco Mundial e
Banco africano de desenvolvimento.
Num esforço conjugado com o
Governo moçambicano, conseguiu-se
os seguintes resultados:
sistência alimentar e 33% para os
sectores de Agricultura, água e
A satisfação da resposta aos
afectados a tempo e hora; a distribuição
de sementes melhoradas;
disponibilização de água,
através de reabilitação e abertura
de novas fontes de abastecimento,
assim como a distribuição de
certeza para o tratamento de
água; assistidas crianças com
desnutrição agudo, através de
suplementos alimentares.
Deste modo, os parceiros de
cooperação contribuíram para
o alívio do sofrimento da população
afectada evitando a deterioração
da situação e perdas de
vida. A assistência humanitária
conduzida pelos parceiros foi em
estreita coordenação e colabora-
ção com as autoridades governamentais
assim como com as
comunidades afectadas.
A resposta à seca que assolou
o país nos últimos 2 anos
trouxe lições importantes para
o sistema de Gestão de Risco de
desastres nomeadamente i) a
necessidade de aperfeiçoar os
mecanismos de aviso prévio do
fenómeno seco; ii) revisão dos
critérios para activação do alerta
vermelho para o caso de seca; iii)
opções de modalidades de assistência
alimentar entre outras.
Parceiros respondem à seca
NUM ESFORÇO CONJUGADO COM O GOVERNO
A seca que se registou em 2015
e 2016, nas regiões sul e centro
do país, foi superada através do
aumento da produção agrícola e
repovoamento da população bovina,
principalmente no distrito
da Namaacha, segundo o governador
da província de Maputo,
Raimundo Diomba.
A província de Maputo se propôs
como desafios identificar
e fornecer culturas tolerantes à
seca, bem como promover a produção
em ambiente protegido
Maputo incrementa produção agropecuária
RECUPERAÇÃO PÓS SECA
para garantir o incremento da
produção, mesmo perante um
cenário de mudanças climáticas,
caracterizado pela frequência do
fenómeno de estiagem.
Outras medidas consistem
em melhorar o acesso ao crédito
agrário e à disseminação de informação
climática junto dos vários
actores da cadeia de produção,
para inverter o impacto da seca
prolongada e da estiagem.
O governador Raimundo
Diomba, cuja província está a
registar níveis satisfatórios na
produção agropecuária, disse
que das medidas tomadas consta
o apoio aos camponeses em
semente e a aquisição e distribuição
de animais para o repovoamento
da população bovina,
principalmente em Namaacha.
Actualmente, numa altura em
que se prepara o lançamento da
próxima época agrícola, na província
de Maputo está a investir-
-se na irrigação, por ser crucial
no desenvolvimento da agricultura,
através do uso de sistemas
que minimizem os gastos com
água, para além de disseminar
conhecimentos sobre as mudanças
climáticas nos serviços
de extensão.
Está em curso igualmente a
construção e reabilitação de
regadios, represas e diques em
vários pontos da província, para
além da multiplicação e produ-
ção da rama de batata-doce de
polpa alaranjada para melhorar
a dieta alimentar da população.
02 PANO DE FUNDO NOVEMBRO DE 2017
Savana 01-12-2017
EVENTOS
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3~EOLFR Quarta-feira 02 de Outubro de 2017 Publicidade 29
O governo da província de Gaza,
uniu esforços para a busca de solu-
ções contra a estiagem que assolou
as regiões sul e centro do país,
sendo os distrito de Chokwé, Guija,
Chicualacuala Mabalane, Massingir
e Chigubo os mais devastados.
As medidas tomadas foram
desde a disponibilização de ajuda
alimentar, abastecimento de água
em todas as aldeias afectadas, com
o apoio de parceiros locais, incluindo
empresários, confissões religiosas
e pessoas singulares que eram
tocadas pela situação.
Segundo a Governadora da Província
de Gaza, Stela Zeca Pinto,
tratou-se de um grande exercício,
mas com o envolvimento de todos
foi possível salvar vidas.
Fez parte de medidas tomadas
pelo Governo de Gaza, a constru-
ção de infra-estruturas resilientes
a seca, como sistemas de abastecimento
multifuncionais para o
abeberamento de gado e para o
consumo humano, que usam painéis
solares.
Nos distritos de Chigubo e Guija
foram montados 10 sistemas, experiência
que está a ser replicada
em toda a zona norte da província
de Gaza e cada sistema multifuncional
está orçada em 2,5 milhões
de meticais.
As medidas incluem ainda a
capacitação de criadores de gado
para a produção do campi gigante,
produção de blocos de sais minerais
e venda de palha seca para
alimentação do gado, o que reduziu
a morte destes animais.
Por sua vez, o administrador do
abastecimento e, o exercício feito
após seca, foi a abertura de fontes
de água naquelas comunidades".
"Também houve um grande
esforço por parte de alguns agricultores
que fizeram grandes
escavações à beira dos rios para
conseguir água para irrigação das
suas machambas e, sem olhar para
laços de familiaridade, ajudavam
com a sua produção todas as pessoas
que estavam ao seu redor.
Já em Chigubo, com a situação
de estiagem, o Governo do distrito
distrito de Chokwé, explicou que a
seca afectou mais de 42 mil famí-
lias naquele distrito, durante o período
2015-2016, e uma das lições
aprendidas foi que em tempos
difícil há muita solidariedade entre
as pessoas. Por exemplo, havia empresários
que levavam água em
camiões cisternas, da cidade para
as aldeias, em grandes distâncias.
"Nessa altura o Governo distrital
teve que garantir o abastecimento
de cerca de 16 comunidades em
água, que não tinham fontes de
viu-se obrigado a redobrar esfor-
ços, visando a instalação de infra-
-estruturas resilientes à seca cíclica.
Nessa perspectiva, foi criado na
sede de Ndindiza um campo experimental
que é regado por um
dos furos com captação solar que
possui baixa salinidade.
Indicou ainda que na vila sede
do distrito, Ndindiza, foi instalada
uma represa escavada, com a capacidade
para o encaixe de cerca
de 90 mil metros cúbicos de água
da chuva.
Outras medidas privilegiadas
pelo governo distrital, resumiram-
-se na promoção de feiras agro-
-pecuárias e distribuição de víveres
alimentares, para cerca de 30 mil
habitantes. É que a população de
Chigubo dedica-se não só à produção
agrícola, mas também à
criação de gado e este constitui a
bandeira do distrito. Actualmente,
o efectivo bovino ronda os 30.826
animais, e há também 45.862 caprinos,
33.350 ovinos, 8.121 suínos
e cerca de 84 mil galináceos.
NA PROVÍNCIA DE GAZA
Medidas estancam o pior
SOFALA E TETE
O governo de Inhambane, na região
sul de Moçambique, liderado
por Daniel Tchapo, conseguiu dar
vazão à seca que se abateu nos últimos
dois anos, através de adopção
de várias medidas mitigação, em
coordenação com vários parceiros.
O programa de mitigação privilegiou
assistência directa aos afectados
em produtos alimentares e incentivou
as comunidades a terem
que intensificar a produção nas
zonas baixas e apostar em culturas
resilientes à seca.
O programa de emergência abrangeu
mais de setenta e cinco mil e
quinhentas pessoas afectadas pela
rante o período em análise, ficaram
muito assolados pelo fenómeno.
O programa de resposta à seca
foi implementado pelo Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades
(INGC) em parceria com a
COSACA, Consórcio Humanitário,
que envolve quatro organizações
não-governamentais que operam
no país, nomeadamente Save the
Children, Oxfam, Care International
e Concern.
O representante dos parceiros de
cooperação, Salomão Tembe, disse
na época que para a operacionalização
do projecto, o governo
britânico apoiou a na aquisição de
Inhambane responde em tempo útil
escassez de água e alimentos, nos
distritos de Govuro, Panda, Funhalouro,
Mabote e Homoíne que, duinsumos
agrícolas e reabilitação de
cerca de uma centena de fontes de
abastecimento de água.
“O projecto foi oportuno porque
ajudou a população a melhorar a
sua condição de vida”, disse Salomão
Tembe.
Ainda para minimizar os efeitos
da seca o Governo contou com o
apoio da ADRA, uma organização
humanitária às crises, que esteve
no terreno a prestar ajuda aos afectados
pela seca e as suas acções de
emergência estavam focalizadas
para o distrito de Vilankulos respondendo
à falta de alimentos, provocada
pela seca sistemática.
A maioria das actividades desta
organização resume-se na distribuição
de kits de alimentos e de
higiene, incluindo tendas para as famílias
que nas épocas de vendavais,
perderam as suas habitações.
Ainda no rol das acções de mitiga-
ção à seca, o Executivo de Inhambane
implementou algumas estraté-
gias identificadas, nomeadamente,
a prática de uma agricultura de conservação
aproveitando no máximo
a pouca água que cai e a mobilizar a
população para o corte e venda de
estacas, produção e venda de carvão
vegetal, lenha e mel e comercialização
de castanha de caju.
NOVEMBRO DE 2017 PANO DE FUNDO 03
Medidas enérgicas
Nas províncias de Sofala e Tete,
o Governo decidiu avançar com
metidas enérgicas e mais incisivas
no sentido de, o mais urgente
possível, se providenciar os meios
de subsistência aos concidadãos
afectados pela seca. Apesar do
quadro aterrador, os governos daquelas
províncias, por via das mais
variadas instituições e até mesmo
de parceiros de cooperação, se
desdobraram para fazer face à situação.
Aliás, existe até uma estraté-
gia de mitigação que teve que ser
implementada aos mais variados
níveis.
A água para a população e abeberamento
de gado devia chegar,
quer por via de tanques, quer
através de abertura de furos, onde
houvesse condições. Ao mais alto
nível, o governo se reuniu para
analisar a situação e decidiu avan-
çar com estas medidas, para salvar
o grosso da população afectada
não só naquelas duas províncias,
como nas outras das regiões centro
e sul do país. Depois seguiu-se
ao envio, por orientação do Chefe
de Estado, de membros do Conselho
de Ministros para as províncias,
áreas das zonas baixas, aproveitamento
dos cursos naturais de água
e sistemas de rega de baixo custo,
aproveitamento de sistemas de
irrigação existentes e o reforço de
investimentos para a provisão de
kits de uso múltiplo de água e a
promoção de feiras agropecuárias
com a finalidade de avaliar o impacto
e estudar medidas visando
mitigar os efeitos da seca no sul e
centro e das inundações que, na
altura, afectavam o norte do país.
Também foram realizados encontros
entre os governos provinciais
e distritais, incluindo representantes
de organizações de produtores
e outros operadores do sector
agrário, para a divulgação de medidas
de mitigação e das recomendações
agro-técnicas feitas pelo
governo central.
Foram igualmente reforçadas as
provisões de sementes para fazer
face às re-sementeiras da primeira
época, bem como a diversificação
da produção com outros produtos
agrários (culturas perenes, criação
de animais de pequeno porte).
Tanto em Sofala como em Tete, foi
massificado ainda a utilização das
para a venda e troca de produtos
para a aquisição de outros.
A governadora de Sofala, Helena
Taipo saudou a solidariedade
interna que permitiu minorar o
sofrimento devido à fome, mas
lembrou que tal atitude não era solução
definitiva, tendo orientado,
por isso, as estruturas do Governo
para, a vários níveis, mobilizar a população
da província e o sector privado,
particularmente, com vista
a apostarem nas épocas agrícolas
seguintes.
Por outro lado, instruiu os quadros
do governo, a todos os níveis, em
Sofala, para a necessidade de continuarem
a implementar o Plano
Económico e Social de 2016, cujas
acções visam contribuir para o alcance
progressivo dos objectivos
de cada uma das cinco prioridades
do Programa Quinquenal.
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Savana 01-12-2017 EVENTOS
8
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30 Sociedade Quarta-feira 02 de Outubro de 2017 3~EOLFR
No contexto da mitigação do
impacto severo da seca, o Governo
de Manica, no centro do país,
sob liderança de Alberto Mondlane,
introduziu várias medidas
com destaque para o incentivo de
culturas resilientes a seca.
Para uma melhor resposta, o
Governo mobilizou extensionistas
que trabalharam e continuam
a trabalhar com os camponeses
que se encontram nas zonas de
risco, ao nível daquela província,
que na esfera de produção de
cereais, ocupa quase o lugar cimeiro.
tou cento e treze mil famílias que
para além de passarem fome aguda,
perderam muitas cabeças de
gado por falta de pasto, segundo
dados avançados pelo delegado
do INGC em Manica, Teixeira Almeida.
Segundo o delegado as comunidades
foram dotadas de
conhecimentos para contornar a
seca e inundações que têm afectado
ciclicamente o país, apontando
a produção de culturas
resistentes, como uma das solu-
ções ao problema. A este desafio,
as comunidades responderam
Outras medidas tomadas pelo
Governo de Manica, para salvar vidas,
consistiram na distribuição de
lanche escolar e de alimentos em
coordenação com parceiros nacionais
e internacionais. Também
foram abertas mais fontes de água,
aproveitamento de cursos naturais
de água e sistemas de rega de baixo
custo. Para transmitir mensagens
de solidariedade e medidas
tomadas pelo governo face a seca,
o Governador da província visitou
os distritos afectados.
Ao longo daquele período de
dois anos, a seca em Manica afecpositivamente,
o que contribuiu
para a melhoria de produção
a nível daquela província. Para
além da aposta nas culturas resistentes
à seca, às comunidades
daquela província, durante o período
de estiagem, foram incentivadas
a conservar os produtos
da última campanha agrária.
Em Manica, os distritos de Guro,
Tambara, Macossa, Machaze e
Mossurize são os que têm sido
ciclicamente afectados por fenómenos
extremos, deixando a
população e o gado carente de
bens alimentares.
Manica incentiva culturas resilientes a seca
Alguns criadores baseados no distrito
de Namaacha, na província do
Maputo receberam em tempo da
severa seca, apoio directo do governo
que ainda construiu alguns
sistemas de abastecimento de água
para o abastecimento humano e
abeberamento de gado.
Entre os beneficiários de ajuda,
destaca-se Rui José de Carvalho,
um dos criadores de gado no povoado
de Impaputo, localidade
de Goba, distrito de Namaacha,
em Maputo, que disse ter recebido
ajuda do governo depois de
ter sido afectado pela seca que
dizimou parte das suas cabeças
de gado, causando enormes prejuizos
ao seu investimento. “Na
altura, estava tudo seco. As culturas
dos camponeses minguavam
e não havia pastos para o gado”,
disse, acrescentando que “foi um
momento difícil e, acima de tudo,
doloroso, porque para manter o
gado vivo, os criadores tinham
que recorrer a outras alternativas,
agravando-se o custo de produ-
ção animal na zona”.
A fonte, indica que, durante o perí-
odo de estiagem, perdeu mais de
10 cabeças de gado. Nesse contexto,
revela que, beneficiou-se de um
fundo do governo no valor de 300
mil meticais que aplicou na aquisi-
ção de comida e água para o gado,
detalhando ainda que desse fundo
beneficiaram outros criadores, porque
o governo acompanhava o seu
sofrimento e queria que o mesmo
fosse minimizado.
Por seu turno, o edil de Namaacha,
Jorge Tinga, disse que o recurso ao
sistema multifuncional e à camiões
cisternas, foram alternativas encontradas
para garantir o abastecimento
de água à algumas localidades e
povoados daquela zona fronteiriça.
Mesmo sem precisar de números, o
presidente daquela autarquia avan-
çou ainda que, o sistema foi construído
graças ao apoio do INGC.
Governo apoia criadores de Namaacha
do PMA em Moçambique, que
tinha esperança de ver a situação
melhor, até inicio de 2017, o que
efectivamente, foi conseguido.
"No geral, há melhorias e, provavelmente,
haverá necessidade
humanitária de escala menor
onde a colheita não for suficiente,
mas de um modo geral 2017 é
um ano melhor ", declarou.
Karin Manente sublinhou, por
outro lado, que "a fome e a desnutrição
são questões multissectoriais",
pelo que se deve reforçar
o trabalho a nível sectorial e a
nível de parcerias", como o PAM
tem feito habitualmente.
O lanche escolar é outro dos programas,
que visa também manter
as crianças na escola, onde
são alimentadas e recebem um
cabaz com comida para a famí-
lia. O PAM tem igualmente um
programa de apoio "às pessoas
mais afectadas pela desnutrição
aguda", que prevê a doação de
um "cabaz com alimentos fortificados",
destinando-se às mães
(grávidas e lactantes) e às crian-
ças até aos 5 anos de idade.
"Com esta acção conseguimos
fazer com que o problema de
fome não se deteriorasse", disse
Karin Manente, representante
Crianças recebem comida nas escolas
Pouco mais de 225 mil famílias foram
assistidas pelo governo, através
do Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades (INGC), durante o período
de estiagem que, nos últimos
três anos, afectou a quase totalidade
as províncias das regiões sul e
centro do país.
A informação foi avançada pelo respectivo
governador, Abdul Razak,
que referiu que, a favor destas famílias,
o INGC mobilizou, junto dos
seus parceiros, vários recursos para
garantir a sua subsistência.
Razak disse que apesar de a província
da Zambézia ser atravessada
pelo rio Zambéze que, por sinal, é
o maior do continente africano,
não escapou a intempérie que
afectou as comunidades que se
encontram longe das zonas ribeirinhas.
“Nessa altura, por causa da
seca, essas comunidades tiveram
maior dificuldade para desenvolver
a agricultura e o INGC foi obrigado
a intervir, dando apoio necessário,
para salvar vidas”, frisou o
governante, acrescentando, que a
intervenção do INGC contou com
vários parceiros de cooperação
que ficaram sensibilizados com a
situação e contribuíram com os
seus recursos para a melhoria da
qualidade de vida.
Assistidas mais de 225 mil famílias
NA PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA
04 PANO DE FUNDO NOVEMBRO DE 2017
Savana 01-12-2017
EVENTOS
9
+i WUrV DQRV DTXDQGR GD PLQKD FKHJDGD j 0RoDPELTXH
FRQVWDWHLTXHDPDLRULDGRVMRYHQVQmRYLDFRPERQVROKRVR
empreendedorismo como porta de entrada para o mercado
GHWUDEDOKR 'HVWHPRGR RVHVWXGDQWHVSUHIHULDPSURFXUDU
HPSUHJRHPJUDQGHVHPSUHVDVRXHPLQVWLWXLo}HVGR(VWDGR DOJRTXHKRMHpGLIHUHQWH (VWDPXGDQoDGHPHQWDOLGDGH
tem sido impulsionada por eventos como a Semana Global
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$ PHX YHU HVWD PXGDQoD GH SHUFHSomR p GH H[WUHPD LPSRUWkQFLD SRLV XPGRVHOHPHQWRVFRPXQVQDPDLRULDGRV
SDtVHVDIULFDQRV pRIDFWRGHH[LVWLUXPDSRSXODomRPDLRULWDULDPHQWHMRYHP FRPSRXFDRXQHQKXPDSHUVSHWLYDGHVHU
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VHUYLVWRVFRPRXPGLYLGHQGRHFRQyPLFR 3UHFLVDPRVUHGX]LURGHVHTXLOtEULRHQWUH
a demanda do mercado e o número de graduados.
7RUQDU VHHPSUHHQGHGRUSHUPLWHTXHHVWHVMRYHQVWRPHPDVUpGHDVGRVHXSUySULR
GHVWLQR (OHV SRGHP VHU RV FULDGRUHVGH VROXo}HVGLVUXSWLYDV TXH WUDQVIRUPDP R
futuro e o nosso mundo. Eles podem tornar-se a força motriz do crescimento ecoQyPLFRHP0RoDPELTXH QmRVySHODJHUDomRGHDXWR HPSUHJR PDVWDPEpPSHOD
FULDomRGHHPSUHJRSDUDRXWURVPRoDPELFDQRV (P0RoDPELTXH SDUDDOFDQoDUR
2EMHFWLYR GH 'HVHQYROYLPHQWR 6XVWHQWiYHO ´1mR 'HL[DU 1LQJXpP 3DUD 7UiVµ p
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YLiYHOHFRQÀiYHO
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KDELOLGDGHVSUiWLFDV IRUPDomR DSRLRHUHFXUVRVTXHOKHVSHUPLWDPWUDQVIRUPDURV
VHXVVRQKRVHPUHDOLGDGH ,VWRpFRQÀUPDGRSHODVHVWDWtVWLFDVGR%DQFR0XQGLDO
TXHGHPRVWUDPTXH0RoDPELTXHHVWiQDSRVLomR GHQWUH SDtVHVQRPXQGR
“A melhor forma de prever o futuro é criá-lo”
(PEDL[DGDGR5HLQRGRV3DtVHV%DL[RVODQoDD,QFXEDGRUD2UDQJH&RUQHUV
$(PEDL[DGDGR5HLQRGRV3DtVHV%DL[RVMXQWD VHDR3URJUDPDGH5HVLOLrQFLD&OLPiWLFDGH0RoDPELTXHSDUDDSRLDUFRPXQLGDGHVDJUtFRODVHHPSUHVDVGHVHUYLoRV
de extensão.
$ GH1RYHPEURGH D(PEDL[DGDGR5HLQRGRV3DtVHV%DL[RV UHSUHVHQWDGD
SHOD(PEDL[DGRUD3DVFDOOH*URWHQKXLV DVVLQRXXPDFRUGRGHWUrVDQRVGHFRQFHVVmRHÀQDQFLDPHQWRSDUDFRODERUDUFRPD,QLFLDWLYDGH&RPpUFLR6XVWHQWiYHO
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QDPHOKRUDULDGDUHVLOLrQFLDFOLPiWLFDGDVFRPXQLGDGHVDJUtFRODVHP0RoDPELTXH
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(P SDUFHULD FRP XP FRQVyUFLR GH SURYHGRUHV GH VHUYLoRV GH H[WHQVmR GR VHFWRU
SULYDGR LQVWLWXLo}HVGHFRQKHFLPHQWRHFRQVXOWRUHV D,'+RIHUHFHjVFRPXQLGDGHV
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FKRTXHVH[WHUQRV
2SURMHWRWDPEpPGHPRQVWUDUiFRPRRGHVHQYROYLPHQWRGDUHVLOLrQFLDGDVFRPXnidades
agrícolas pode trazer efeitos positivos imediatos para as cadeias de valor.
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(VWDDERUGDJHPLQRYDGRUD FHQWUDGDHDEUDQJHQWH FRPELQDQGRLQWHUHVVHVSULYDGRV
e públicos poderá emergir como modelo para outras cadeias de valor e para as comunidades
em desenvolvimento no país.
Ajuda através do comércio: Crescimento inclusivo para todos
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de capturar e validar a teoria da mudança e da intervenção proposta para o campo.
(P1RYHPEURGH D,'+HVWDEHOHFHXSDUFHULDVFRPWUrVRUJDQL]Do}HVQRWiYHLV
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está a gerir uma plataforma com vários intervenientes para facilitar uma visão colaERUDWLYDDEUDQJHQWH GLVFXWLURSURJUHVVRHLGHQWLÀFDURSRUWXQLGDGHVSDUDUHSOLFDU
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PDQWHU VHLQIRUPDGDVVREUHRVGHVHQYROYLPHQWRV 3DUDSDUWLFLSDU EDVWDFRQWDFWDUD
6UD (OHD3DSDHPPDQXHO papaemmanuel@idhtrade.org).
Quem somos nós
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GRPHUFDGRSDUDDVXVWHQWDELOLGDGH )XQGDGDSHOR0LQLVWpULRGRV1HJyFLRV(VWUDQJHLURVQRV3DtVHV%DL[RV D
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JUDGXDO 0DLVLQIRUPDo}HVQRVLWHZZZ LGKWUDGH RUJ
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de empreendedorismo.
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crescimento sustentável e inclusivo em todo o mundo. Uma
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SRUTXHDVPXOKHUHVHPSUHHQGHGRUDVLPSXOVLRQDPDHFRQRPLD
HPXLWDVYH]HVUHLQYHVWHP GRVVHXVJDQKRVQDVVXDVIDPtlias
e comunidades. São as verdadeiras agentes da mudança.
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DFWLYD QDSURPRomRGRHPSUHHQGHGRULVPR MRYHP
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2UDQJH&RUQHUVSURSRUFLRQDUiIRUPDomR RULHQWDomRHDFRPSDQKDPHQWRGHVWHVMRYHQVDWUDYpVGHXPSURJUDPDLQWHQVLYRGHVHLVPHVHV
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3RGHPFRQWDUFRPLJR
Pascalle Grotenhuis, Embaixadora do Reino
dos Países Baixos em Moçambique)
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Savana 01-12-2017 EVENTOS
10
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grupo para darem a conhecer o facto por simples
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.D0DYRWD LQGLFDQGRRQRPHGR&RQFHVVLRQiULR
RWDOKmRHRXSDUFHOD GHYHQGRLJXDOPHQWHUHODWDU
FRPEUHYLGDGHRWLSRGHSHUWXUEDo}HVTXHHVWiD
ter.
3. A carta mencionada no parágrafo precedente
SRGHUiVHUDVVLQDGDSHORSUySULRFRQFHVVLRQiULR
PDQGDWiULRRXIDPLOLDU DQH[DQGRWDPEpPFySLD
da nota de comunicação do despacho de concesVmR VHPSUHMXt]RGHLQGLFDomRGRQ~PHURGHWHlefone
para contactos posteriores.
4. A carta informativa mencionada deverá ser enWUHJXHDR*DELQHWHGD([PD9HUHDGRUDGR'LVWULWR0XQLFLSDO.D0DYRWDQRGHFXUVRGRVSUy[LPRV
cinco dias e durante as horas normais de serviço.
0DSXWR GH1RYHPEURGH
MUNICÍPIO DE MAPUTO
_____________
&216(/+2081,&,3$/
$'0,1,675$d®2'2',675,72081,&,3$/.$0$927$
$9,623Ô%/,&2
A
Agência de viagens
moçambicana Cotur
acaba de ser galardoada
pela Transportadora
aérea de Portugal
– TAP, companhia portuguesa
de Bandeira. O prémio surge
no âmbito da primeira edi-
ção dos “TAP Awards” que
decorreu na semana passada
nas caves da Real Companhia
Velha, em Vila Nova de Gaia,
Portugal.
COTUR distinguida pela TAP
O evento juntou mais de 300
convidados, para premiar agentes
e fornecedores e apresentar a
nova carta de vinhos da companhia.
Depois de ter sido reconhecida
pela South African Airways
como melhor companhia para
África Austral em 2010, desta
vez, a Cotur elevou o nome de
Moçambique no ramo do turismo,
ao ser distinguida como
maior Agência da TAP para o
mercado africano durante o
ano de 2017, tendo o prémio
sido entregue a Muhammad
Abdullah, CEO da COTUR.
O “TAP Awards”, que irá ter
continuidade nos próximos
anos, é uma cerimónia em
que a Companhia homenageia
também Portugal e,
designadamente, os sabores
portugueses que a TAP dá a
conhecer todos os dias a bordo.
A
Cidade de Maputo iluminou-se
para este Natal. A
Árvore de Natal Ecológica
do Millennium bim é o
resultado da recolha e reciclagem
de 7000 garrafas de plástico que
alunos e professores recolheram nas
suas escolas, no âmbito do projecto
Uma Cidade Limpa pra Mim. Com
um total de 7 metros de altura, esta
árvore representa o trabalho colectivo
das 10 escolas participantes no
projecto.
A Árvore de Natal Ecológica, que é
já uma tradição do Millennium bim
para esta época festiva, iluminará a
cidade a partir da Praça Travessa do
Zambeze, junto ao Museu de História
Natural e ao Hotel Cardoso.
Em todas as escolas que participaram
neste projecto, foram criados
Clubes do Ambiente, onde professores
e alunos trabalharam o tema
da valorização e da conservação dos
espaços públicos, assim como a correcta
triagem do lixo. Papel, latas e
plásticos foram tratados e reciclados
Árvore de Natal Ecológica
do bim ilumina Maputo
respeitando as melhores práticas de
tratamento deste tipo de materiais.
O objectivo desta iniciativa é despertar,
na comunidade em geral, o
espírito de responsabilidade ambiental
e incutir nos alunos novas
formas de tratamento do lixo alertando-os
para a importância do seu
comportamento na adopção de boas
práticas ambientais e no seu papel
dinamizador para a mudança de há-
bitos nas suas casas.
Esta é uma aposta do Banco na temática
da reciclagem e na sua importante
influência para a limpeza
da cidade e preservação do meio
ambiente, promovendo princípios
de sustentabilidade: Reduzir, Reutilizar
e Reciclar.
Inserido no programa de Responsabilidade
Social do Banco “Mais
Moçambique pra Mim”, o projecto
“Uma Cidade Limpa pra Mim” teve
o seu início em 2007 e, desde então,
contou com a participação de mais
de 10800 alunos de escolas primá-
rias e secundárias das cidades de
Maputo, Matola, Vilanculos e Tete.
D
ecorreu nesta segunda-feira,
em Maputo, o lançamento
da 6ª edição da semana nacional
de Género na Universidade
Eduardo Mondlane (UEM).
Trata-se de um espaço de divulgação
e debate sobre de pesquisas realizadas
sobre temáticas de género, uma
iniciativa promovida pelo Centro de
Coordenação de Assuntos de Género
(CeCAGe) da UEM, em parceria
com a Rede Hopem e a ONU Mulheres.
O evento insere-se no âmbito dos 16
dias de activismo de combate à violência
contra a mulher, que se celebra
anualmente entre 25 de Novembro a
10 de Dezembro, representando um
movimento internacional de solidariedade
pela igualdade de género
sobre a necessidade de maior engajamento
dos homens e rapazes, como
parte activa e agentes de mudança
para a promoção e o alcance dos direitos
das mulheres e raparigas.
Moçambique registou entre 2014-
2016 um considerável aumento de
casos de violência doméstica, segundo
dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE), que apontam que,
no período em apreço, o número de
casos passou de mais de 23 para 25
mil, o que resultou também no aumento
do rácio em cada 10 mil pessoas.
Falando na ocasião, Cidália Chaú-
que, a ministra do Género, Criança
e Acção Social, considerou que, com
o lançamento da campanha contra a
violência baseada no género, reafirma-se
o compromisso do Governo
para com a causa, daí que o executivo
tem estado a adoptar políticas, tal
como a Estratégia Nacional contra
Casamentos Prematuros, a Revisão
da Política de Género, entre outros,
como forma de responder estes desafios.
Maputo acolhe simpósio
nacional sobre Género
Já a representante da ONU Mulheres,
Marie Laetitia Kayisire, considera
que, apesar dos esforços do Governo
e dos parceiros de cooperação,
ainda prevalece uma situação de violação
de direitos das mulheres e espaços
públicos, incluindo casamentos
prematuros, colocando o país na 10ª
posição a nível mundial.
“Num país em desenvolvimento
como Moçambique é ainda mais
importante abordar a questão de desigualdades
em diversos quadrantes
sociais entre homens e mulheres, para
que ambos sexos trabalhem juntos
com vista a estancar este fenómeno”,
disse Kayisire.
A representante da ONU Mulheres
explicou que, para responder estes
desafios impostos pelo patriarcado,
foi lançada ainda no âmbito do 16
dias de activismo a campanha “Eles
por Elas”, como um movimento para
engajar homens e rapazes como partes
activas e agentes de mudança para
promover a igualdade de género.
Por sua vez, Júlio Langa, o coordenador
nacional da Rede Hopem, referiu
que a organização que representa tem
estado a trabalhar com vista à promoção
da equidade de género, tendo
citando alguns programas que vêm
sendo desenvolvidos pele rede desde
2009, nomeadamente, homens na
cozinha, paternidade responsável, debates
televisivos, advocacia junto do
governo e da sociedade com vista a
desconstruir as relações de género.
Langa acrescentou ainda que, no âmbito
da campanha “Eles Por Elas”,
a Hopem tem estado igualmente a
influenciar e consciencializar os homens
para que sejam protagonistas
no combate à violência baseada no
género. Actualmente, a campanha
conta com 200 homens a nível nacional
e pretende atingir cerca de 20 mil
até 2020.
Savana 01-12-2017
EVENTOS
11
F
alar de inclusão financeira
em Moçambique, é falar da
start up ZOONA Moçambique.
Em Moçambique
desde 2016, em parceria com o
Ecobank, esta é uma start up africana
que criou um mecanismo de
transferência de dinheiro, mais fá-
cil, rápida e segura, sem se preencher
qualquer tipo de formulários
ou abrir uma conta bancária, nem
sequer ter um dispositivo móvel.
Recentemente, a mesma anunciou
a redução das tarifas para o envio
de dinheiro, bem como a possibilidade
de compra de recargas das
redes móveis Vodacom, Mcel, e
Movitel em qualquer agente.
Com uma rede de 250 agentes
operacionais espalhados em mais
de 50 cidades, vilas e localidades,
a ZOONA desafia-se a chegar
aos 350 agentes em 2018, estando
para isso a apostar numa estratégia
ZOONA contribui para
inclusão financeira no país
de expansão e cobertura de todo o
território nacional, bem como desenvolver
um conjunto de parcerias
estratégicas para o alcance destas
metas.
Segundo um comunicado de imprensa
da ZOONA, esta reflecte
sobre a sua estratégia e refere que a
mesma vem reforçar o compromisso
de estar cada vez mais próximo
das comunidades rurais, ao desenvolver
soluções financeiras ajustadas
a este segmento, promovendo a
melhoria das condições de vida das
populações.
Lançada em 2009, a ZOONA conta
hoje com inúmeras histórias de
sucesso na Zâmbia e no Malawi
onde a empresa tem mais de 1.500
agentes e criou cerca de 2.500 postos
de trabalho, contando com uma
equipa unida pela paixão e pela
vontade de contribuir para uma
transformação positiva em África.
A
cidade de Maputo acolhe,
no próximo dia 09 de
Dezembro, o “Festival We
Love Summer”, um evento
que pretende celebrar o verão e que
vai contar com a presença de Djs
sul-africanos Mad Ozy, Camilo B2
(E.O.D. e Acizzy) Supaman TMO
ODV, BRETT AITKEN Rude e
Dj moçambicano, Pedro White.
Para além deste repertório de Djs,
junta-se ao espetáculo o Mozambique
Fashion Week (MFW) que irá
abrilhantar o espectáculo com um
desfile para celebrar o verão.
O Festival conta com o apoio do
MFW no Festival
We Love Summer
Ministério da cultura e Turismo
e tem como principais patrocinadores
J24, Millennium BIM, Heineken
e Olmeca.
We Love Summer é um festival de
Verão, fundado na cidade do Cabo,
na África do Sul. Anualmente tem
recebido 2.000 pessoas durante a
sua temporada com o objectivo de
celebrar o verão.
Refira-se que, para além de escalar
a cidade de Cape Town, o festival já
escalou as cidades de Roma e Joanesburgo,
contribuindo muito para
o intercâmbio cultural e turístico
entre músicos da região, bem como
a troca de experiências entre diferentes
países.
Agenda Cultural
Campismo/Praia de Xai Xai
Sábado. 02 de Dezembro às 19h
Grace Evora e Swit ao vivo
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30
“Jogo de Intrigas”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
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F
oi lançado quarta-feira, em
Maputo, o “Projecto Teresinha
- Uma vida em Mo-
çambique” que é na verdade
uma exposição literária e fotográ-
fica, que nasceu do sonho de Lisié
Champier e Mariano Silva, de relatar
a história de vida de uma mulher
em Moçambique.
São ao todo 20 obras, que serão
doadas ao Hospital Central de
Maputo (HCM), para exposição
Lançado “Projecto
Teresinha - Uma vida
em Moçambique”
numa parede da farmácia daquela
unidade hospitalar, construída de
raiz pelos autores do projecto.
De acordo com Lisié Champier e
Mariano Silva, foi escolhido àquele
local, por ser onde a maioria dos
pacientes passam algum tempo
sentados à espera de serem atendidos.
Os autores querem com este
gesto proporcionar aos pacientes
um momento de espera mais positivo,
possibilitando que desfrutem
de uma exposição combinada de
poesia e fotografia. (Redacção)
Savana 01-12-2017 EVENTOS
12
E
nquanto o mundo celebrava,
semana finda, a passagem
dos 28 anos da ratificação,
pela Assembleia geral Na-
ções Unidas, da Convenção sobre
os Direitos da Criança, cerca de 70
alunos provenientes de 30 escolas
do distrito de Magude disputavam
a final sobre o nível do conhecimento
dos conteúdos do documento.
Era o culminar do concurso que
teve o seu arranque em Março do
presente ano, cuja primeira fase foi
disputada a nível de cada uma das
escolas contempladas.
Para a final, foram seleccionados
dois alunos por cada escola, de
modo a mostrarem os seus níveis
de conhecimento sobre os direitos
e deveres das crianças. E para permitir
uma maior participação da
pequenada, o concurso decorreu
também via rádio comunitária local.
De forma interactiva, os participantes
tiravam da urna cupões com as
questões que incidem sobre os seus
direitos e deveres que de seguida
era respondidas. O concurso era
intercalado por momentos culturais
como forma de permitir que
os petizes fizessem as necessárias
concertações para convencer o jurado,
constituído por professores, que
tem o domínio sobre os temas.
Alunos disputam olimpíada sobre seus direitos
A Escola Primária Completa de
Magude sede, que acolheu o evento,
levou a melhor ao se sagrar a grande
vencedora. Na segunda posição esteve
a Escola Primária de Unguche,
enquanto que na terceira e quarta
posições estiveram as Escolas Primárias
de Mawandla e Xipene.
Maria Mulhovo, que foi uma das
vencedoras, reconheceu que o concurso
foi renhido, desde a primeira
fase até à finalíssima e congratulou
o apoio dos familiares e professores
que muito fizeram para que fosse
uma das vencedoras.
Louvou a iniciativa por considerar
que vai ajudar muitos colegas seus a
conhecerem os seus direitos e deveres,
mas também vai motivar muitas
crianças a permanecerem na escola.
Já Kwise Didi, que ficou em segundo
lugar, em representação da escola
primária de Mawandla, reconheceu
a importância do concurso para
promoção dos direitos de crianças,
principalmente em distritos como
Magude onde muitos adultos os
desconhecem.
Por sua vez, Ramos Nhanchichaio,
oficial de programas da Associação
Moçambicana para o Desenvolvimento
Concertado (AMDEC), implementadora
da iniciativa, faz um
balanço positivo do concurso, apontando
que o nível dos resultados
mostra que os conceitos foram assimilados.
Segundo Nhanchichaio,
o projecto, que vai no seu segundo
ano, continua sendo o próximo desafio
para promover uma participação
efectiva da cidadania para o
desenvolvimento.
Para tal, em parceria com o Ministé-
rio da Educação e Desenvolvimento
Humano, os conceitos de cidadania
estão sendo integrados nos currículos
e já houve formação de docentes
e alunos nas escolas abrangidas pelo
projecto.
Quem também manifestou satisfa-
ção pela performance dos alunos foi
Laurence Burckel, chefe da equipa
do Programa de Apoio aos Actores
não Estatais (PAANE), financiadora
do projecto que tem duração de
três anos.
Burckel disse que o nível de conhecimento
dos participantes melhorou
bastante e espera que ajuda
na mudança de comportamento.
Apontou como principal desafio a
continuidade da disseminação dos
conteúdos depois de terminado o
financiamento.
N
o âmbito da sua visita a
Moçambique para participar
do Fórum MOZEFO
2017, o antigo Presidente
do Governo Espanhol, José Luís
Zapatero, visitou, na semana passada,
o Centro de Investigação em
Saúde de Manhiça (CISM), um
projecto visionário que tem apoio
da Cooperação Espanhola. Em
Manhiça Zapatero visitou o CISM,
assim como o Hospital Distrital da
Manhiça, onde parte das interven-
ções CISM tem lugar. Ainda na sua
estadia teve a oportunidade de interagir
com os médicos, investigadores
e toda uma equipa que garante a
execução das acções do CISM.
A aposta na investigação científica e
na luta para a erradicação de doen-
ças junto das populações mais vulneráveis
foi sempre uma estratégia
que entrou e continua a entrar em
concordância com a visão de José
Luís Zapatero. Sendo assim, o governante
recorda que foi responsável
pelo reforço do apoio de Espanha
ao CISM durante o seu mandato
à frente do governo daquele país
europeu. Zapatero garantiu: “o progresso
dos países está relacionado
com a investigação, pelo que quero
felicitar os investigadores do CISM
por um trabalho tão importante.
Este Centro melhora Moçambique
de uma forma decisiva num campo
Zapatero destaca
importância do CISM
em Moçambique
tão importante como é o caso da
saúde”, defendeu.
De acordo com Eusébio Macete,
Director do CISM, “mesmo numa
situação económica difícil, a cooperação
espanhola considerou Mo-
çambique como um país prioritário
e o CISM no âmbito da coopera-
ção com Moçambique. Esta visita
simboliza o acreditar no projecto”,
garantiu.
O Centro de Investigação em Saú-
de de Manhiça (CISM) foi criado
em 1996 com o objectivo de impulsionar
e conduzir investigação
biomédica em áreas prioritárias de
saúde. Desde a sua criação, o Centro
desenvolveu-se seguindo a orientação
de um Programa de Cooperação
Bilateral entre os Governos
de Moçambique e de Espanha e
com o apoio do Hospital Clínic da
Universitat de Barcelona (por via
da Fundação Clínic per la Recerca
Biomédica).
O Centro tem contribuído para
a melhoria do conhecimento das
doenças prioritárias em Moçambique
e de outros países da África
Subsariana. Além das actividades
mais conhecidas no âmbito do desenvolvimento
de ferramentas de
tratamento e prevenção da malária,
o Centro tem vindo a fazer nos últimos
anos um trabalho de pesquisa
crescente em outras doenças prioritárias
como as infecções respirató-
rias, as diarreias e o HIV/SIDA.
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