27.12.2017 às 11h15
Joseph Boakai, ex-vice-presidente, e George Weah, ex-futebolista, disputam a presidência da Libéria, um país que não conheceu uma única sucessão política suave em 73 anos
Está a decorrer desde o início desta quarta-feira o escrutínio dos votos da segunda volta das eleições presidenciais na Libéria, cujo resultado final será anunciado na sexta-feira 29. A escolha dos eleitores vai recair no homem que foi o vice-presidente de Ellen Johnson Sirleaf, Joseph Boakai, 73 anos, ou no ex-futebolista e já ex-candidato presidencial em 2005, George Weah, 51 anos.
Esta votação tem a importância capital de poder vir a ser a primeira vez que a transição de poder será feita de um canditado eleito para outro candidato eleito. Ellen Johnson Sirleaf tomou posse após o seu antecessor, Charles Taylor (atualmente a cumprir uma pena de 50 anos por crimes relacionados com a guerra na Serra Leoa), ter sido deposto por rebeldes em 2003, pondo fim a uma longa guerra civil.
O candidato George Weah venceu a primeira volta de outubro, porém não conseguiu maioria absoluta. A segunda volta foi inicialmente agendada para novembro e adiada por questões legais. Um representante da oposição do Partido da Liberdade, Charles Brumskine, que ficou em terceiro lugar na primeira volta, impugnou o resultado alegando “fraude e irregularidades”, reporta a BBC.
O responsável-chefe pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN), Jerome Korkoya, declarou na primeira conferência de imprensa após o fecho das urnas que o processo eleitoral tinha sido melhorado depois do de outubro e que a contagem de votos decorria com normalidade em todo o país.
“A CEN gostaria de lembrar a todos os participantes, incluindo os media, que só ela será responsável pelo anúncio dos resultados eleitorais. E apenas os resultados comunicados pela CEN devem ser considerados os oficiais”, disse Korkoya, citado pelo site Africanews.
A afluência às urnas dos mais de dois milhões de eleitores registados - numa população de 4,6 milhões - foi baixa, mas espera-se que o anúncio dos resultados venha a permitir fazer a primeira transição de poder sem violência em 73 anos.
“Hoje é um grande dia porque é um teste à democracia”, disse Joseph Boakai após depositar o seu voto, citado pela BBC. No entanto, o candidato não pôde contar com o apoio da mulher que chegou ao final de dois mandatos, doze anos como chefe de Estado.
Já George Weah puxou os galões de ex-desportista para dizer: “Não me associo a derrotas. A vitória de hoje é certa”. O ex-jogador do AC Milão e do Paris Saint-Germain derrotou Ellen Johnson Sirleaf na primeira volta de 2005, mas perdeu na segunda. Em 2011, Weah candidatou-se com a equipa da oposição, que boicotou as eleições invocando irregularidades no processo.
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