sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A definição se a Renamo é partido político ou não é de facto difícil de tratar.


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A Renamo é um partido político reconhecido internacionalmente e não um movimento rebelde armado que luta contra o governo, mesmo sendo este governo ilegítimo e até ilegal.
Acontece que este governo, mesmo sendo ilegítimo e até ilegal dentro de Moçambique, é reconhecido pela Comunidade Internacional. Nas Nações Unidas este governo da Frelimo é reconhecido. Nyusi é recebido em qualquer parte do mundo como Chefe do Estado de Moçambique.
As duas guerras que desenrolaram em Moçambique em 2013 e 2016 foram vistas pelo povo como uma tentativa da Frelimo de acabar com a Renamo, mas que falhou completamente. A Renamo perdeu muitos delegados políticos e membros das assembleias provinciais. Mas a Frelimo não conseguiu acabar com a Renamo como partido político, pelo contrário, o partido cresceu assustadoramente para a Frelimo.
Isto a Comunidade Internacional compreendeu. Ninguém repreendeu Dhlakama por se ter defendido, ninguém acusou a Renamo de terrorismo, que era a pretensão da Frelimo. Mais, o mundo começou a cortar o apoio à Frelimo.
No entanto, a Renamo tem de tomar o poder via eleições. Não há outro modo. A guerra nunca será aceite pela Comunidade Internacional, por causa do petróleo, gás natural, energia hidroeléctrica, areias pesadas, carvão, rubis, ouro, fosfatos, que os mercados internacionais decidiram que querem e não estão dispostos a ouvir lamentações de guerrinhas entre os africanos.
Assim, a Renamo prefere esta via, a política. Esta é a posição oficial da Renamo. Quer ir a eleições. E desta vez a Comunidade Internacional diz que garante que já não vai interferir nos resultados a favor da Frelimo, como sempre o tem feito. Dizem que chega, que agora ganha quem ganhar.
A Renamo impõe uma condição única: os seus militares devem ser integrados na polícia, como estipulado nos protocolos do Acordo Geral de Paz de 1992 e no Acordo de Cessação de Hostilidades Militares de 2014. Segundo a Renamo, se isto não acontecer, não haverá eleições em 2019. Haverá guerra!
Sem querer influenciar as opiniões nem contestar ninguém, eis o que se está a debater a nível da liderança da Renamo.
A definição se a Renamo é partido político ou não é de facto difícil de tratar. Por isso trouxe a questão a debate, para que todos possam contribuir.
Claramente têm razão os que argumentam que tanto a Frelimo como a Renamo são movimentos armados. Mas esta é a definição intitiva, despida de detalhes contrariadores subtis.
A definição formal, oficial, é que ambas organizações são partidos políticos. A lei permite guardas armados para protecção dos dirigentes políticos e é isso o que acontece. A lei não limita as forças, nem em homens nem em equipamento. Daí que ambas organizações têm exércitos ao seu dispor.
Mas o caso da Renamo é que o seu exército, pela lei, já deveria ter sido desmobilizado e os efectivos integrados na forças armadas e na polícia. Por má fé da Frelimo os militares da Renamo continuam à espera da desmobilização e integração nas forças de defesa e segurança (FDS).
A Frelimo, convenientemente, diz que quer integrar os militares residuais da Renamo na vida civil. Está à espera que a Renamo forneça a lista dos seus militares e a sua localização exacta para os ir recolher e integrá-los ...
Esta a razão formal para a existência dos dois exércitos. Não pode ser desprezada. Convence.
A razão intuitiva não é menos convincente: os dois lados estão à espreita do momento para saltar à garganta um do outro. Isto é, a paz nunca foi levada a sério.
E qual a razão para esta situação? Por causa de dirigentes, de ambas as partes, serem atrasados mentais? Conheço os dirigentes da Frelimo e da Renamo. Nada têm de atrasados mentais.
Dhlakama é um homem lúcido e inteligente, por qualquer definição que se queira dar à inteligência. Um pouco menos desatento ou incapaz de entender estratégia política e militar e já estaria morto há muito tempo.
A Renamo é uma organização com milhões de membros, tem delegações em todo o local onde vivem pessoas, desde os povoados mais remotos no profundo rural até às cidades. Dhlakama conhece todas as delegações, mantém contacto telefónico com os delegados rotineiramente.
Nunca ouvi falar de Dhlakama não se interessar por algum problema sério no seu partido. Quando algum chefe morre ou fica incapaz, é substituído, com o conhecimento de toda a estrutura, até ao presidente, Dhlakama. Eu não sei quantos de nós aqui serão capazes de controlar um partido tão vasto e disperso sem se deslocar do seu esconderijo e ir visitar as bases.
Quanto à ideia de substituir Dhlakama, é muito boa. Mas atenção, o candidato ao posto dele deve saber que millhões de pessoas, a maioria dos 25 milhões de moçambicanos, votam em Dhlakama. A juventude moçambicana vê Dhlakama como seu herói, o "general que dá porrada na Frelimo". Não me tomem por fanático, esta é a realidade. Que leu sobre Robin dos Bosques, Zeca Russo e outros que desafiaram autoridades brutais podem compreender este herói da juventude, que tanto detesta a Frelimo.
Quanto à estratégia da Renamo para acabar com esta infinita guerra "fria e quente" contra a Frelimo, permitam-me que explique o seguinte:
- A Renamo diz que a Frelimo não respeita o Pacta Sunt Servanda, o princípio do respeito pelos acordos. Daí que já não vale a pena acordar a paz com a Frelimo. No fim a guerra vai continuar, a tentativa de matar o Dhlakama (ou seu substituto) não vai cessar nunca.
- A Frelimo não vai largar o poder. Perder o controlo sobre os recursos naturais e sobre as FDS é visto como suicídio pelos dirigentes da Frelimo. Nem daqui a cem anos, dizem em surdina. A camada mais jovem da Frelimo sabem que a Renamo tem razão, o seu partido nunca ganhou as eleições. Mas os benefícios de pertencerem à classe abastada chama à razão qualquer ovelha negra: a vida nas classes abaixo é terrível. Há fome, doença, não há saneamento, não há água, não há mercados, nem escolas, nem hospitais, nem estradas, não há espaço para casas cómodas, o povo vive num imenso gheto insalubre e infernal. Claro que é melhor viver sob a protecção dos papás da Frelimo.
Eis a questão. Quid Juris? O que fazer?
Dhlakama teve uma ideia e parece que convenceu Nyusi a aderir: Vamos a uma reconciliação nacional.
A África do Sul de Mandela não se autodestruiu numa guerra fraticida, seguiu o rumo da reconciliação nacional e está a dar resultado. A Colombia está a tentar a reconciliação nacional. As Filipinas estão a tentar a reconciliação nacional. Será que Moçambique não poderá também resolver a maior parte dos seus problemas por meio da reconciliação nacional?
Posto isto, o que é a reconciliação nacional? Será a reconciliação entre os membros da Renamo e os membros da Frelimo?
A resposta é não. Estes nunca vão se reconciliar. Quanto muito poderá haver motivos fortes para não se matarem mutuamente, mas reconciliação, não.
Dhlakama entende que a guerra em Moçambique é guerra entre as classes, entre a classe dos que tudo têm contra as classes pobres, que são constituídas pelos milhões de moçambicanos das zonas rurais e das zonas periurbanas.
Um exemplo desta guerra é o Orçamento do Estado todos os anos. O governo atribui quase todos os recursos a uma economia de classes abastadas. As classes pobres não recebem quase nada. O governo não investe em alfabetização, em escolas e hospitais, em mercados rurais e periurbanos, em estradas, em agricultura ...
Então Dhlakama diz que a reconciliação deve ser entre as classes. Os ricos têm que sacrificar uma parte dos seus privilégios a favor do investimento nas infraestruturas que aliviem o sofrimento das populações. Por exemplo, em água potável, estradas e mercados. Em alfabetização e educação. Em serviços de saúde pública. Para tanto o governo deve abrir a mão ao sector privado, que é exactamente o que a Frelimo tradicionalmente rejeita, porque assim vai perder o controlo do poder e dos recursos naturais.
Esta reconciliação nacional deve ser acompanhada, naturalmente, pela integração dos militares da Renamo nas FDS de acordo com os protocolos dos acordos já feitos.
Se a reconciliação nacional não acontecer, segundo Dhlakama, haverá guerra. Não a guerra de vingança promovida pela Renamo. Será a guerra das classes pobres contra a classe abastada associada à Frelimo. Algo como aquilo que já está a tomar forma em Cabo Delgado. A revolta dos desesperados pela miséria e a fome.

03/11/2017


Comments


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A definição se a Renamo é partido político ou não é de facto difícil de tratar. Por isso trouxe a questão a debate, para que todos possam contribuir.
Claramente têm razão os que argumentam que tanto a Frelimo como a Renamo são movimentos armados. Mas esta é a definição intitiva, despida de detalhes contrariadores subtis.
A definição formal, oficial, é que ambas organizações são partidos políticos. A lei permite guardas armados para protecção dos dirigentes políticos e é isso o que acontece. A lei não limita as forças, nem em homens nem em equipamento. Daí que ambas organizações têm exércitos ao seu dispor.
Mas o caso da Renamo é que o seu exército, pela lei, já deveria ter sido desmobilizado e os efectivos integrados na forças armadas e na polícia. Por má fé da Frelimo os militares da Renamo continuam à espera da desmobilização e integração nas forças de defesa e segurança (FDS).
A Frelimo, convenientemente, diz que quer integrar os militares residuais da Renamo na vida civil. Está à espera que a Renamo forneça a lista dos seus militares e a sua localização exacta para os ir recolher e integrá-los ...
Esta a razão formal para a existência dos dois exércitos. Não pode ser desprezada. Convence.
A razão intuitiva não é menos convincente: os dois lados estão à espreita do momento para saltar à garganta um do outro. Isto é, a paz nunca foi levada a sério.
E qual a razão para esta situação? Por causa de dirigentes, de ambas as partes, serem atrasados mentais? Conheço os dirigentes da Frelimo e da Renamo. Nada têm de atrasados mentais.
Dhlakama é um homem lúcido e inteligente, por qualquer definição que se queira dar à inteligência. Um pouco menos desatento ou incapaz de entender estratégia política e militar e já estaria morto há muito tempo.
A Renamo é uma organização com milhões de membros, tem delegações em todo o local onde vivem pessoas, desde os povoados mais remotos no profundo rural até às cidades. Dhlakama conhece todas as delegações, mantém contacto telefónico com os delegados rotineiramente.
Nunca ouvi falar de Dhlakama não se interessar por algum problema sério no seu partido. Quando algum chefe morre ou fica incapaz, é substituído, com o conhecimento de toda a estrutura, até ao presidente, Dhlakama. Eu não sei quantos de nós aqui serão capazes de controlar um partido tão vasto e disperso sem se deslocar do seu esconderijo e ir visitar as bases.
Quanto à ideia de substituir Dhlakama, é muito boa. Mas atenção, o candidato ao posto dele deve saber que millhões de pessoas, a maioria dos 25 milhões de moçambicanos, votam em Dhlakama. A juventude moçambicana vê Dhlakama como seu herói, o "general que dá porrada na Frelimo". Não me tomem por fanático, esta é a realidade. Que leu sobre Robin dos Bosques, Zeca Russo e outros que desafiaram autoridades brutais podem compreender este herói da juventude, que tanto detesta a Frelimo.
Quanto à estratégia da Renamo para acabar com esta infinita guerra "fria e quente" contra a Frelimo, permitam-me que explique o seguinte:
- A Renamo diz que a Frelimo não respeita o Pacta Sunt Servanda, o princípio do respeito pelos acordos. Daí que já não vale a pena acordar a paz com a Frelimo. No fim a guerra vai continuar, a tentativa de matar o Dhlakama (ou seu substituto) não vai cessar nunca.
- A Frelimo não vai largar o poder. Perder o controlo sobre os recursos naturais e sobre as FDS é visto como suicídio pelos dirigentes da Frelimo. Nem daqui a cem anos, dizem em surdina. A camada mais jovem da Frelimo sabem que a Renamo tem razão, o seu partido nunca ganhou as eleições. Mas os benefícios de pertencerem à classe abastada chama à razão qualquer ovelha negra: a vida nas classes abaixo é terrível. Há fome, doença, não há saneamento, não há água, não há mercados, nem escolas, nem hospitais, nem estradas, não há espaço para casas cómodas, o povo vive num imenso gheto insalubre e infernal. Claro que é melhor viver sob a protecção dos papás da Frelimo.
Eis a questão. Quid Juris? O que fazer?
Dhlakama teve uma ideia e parece que convenceu Nyusi a aderir: Vamos a uma reconciliação nacional.
A África do Sul de Mandela não se autodestruiu numa guerra fraticida, seguiu o rumo da reconciliação nacional e está a dar resultado. A Colombia está a tentar a reconciliação nacional. As Filipinas estão a tentar a reconciliação nacional. Será que Moçambique não poderá também resolver a maior parte dos seus problemas por meio da reconciliação nacional?
Posto isto, o que é a reconciliação nacional? Será a reconciliação entre os membros da Renamo e os membros da Frelimo?
A resposta é não. Estes nunca vão se reconciliar. Quanto muito poderá haver motivos fortes para não se matarem mutuamente, mas reconciliação, não.
Dhlakama entende que a guerra em Moçambique é guerra entre as classes, entre a classe dos que tudo têm contra as classes pobres, que são constituídas pelos milhões de moçambicanos das zonas rurais e das zonas periurbanas.
Um exemplo desta guerra é o Orçamento do Estado todos os anos. O governo atribui quase todos os recursos a uma economia de classes abastadas. As classes pobres não recebem quase nada. O governo não investe em alfabetização, em escolas e hospitais, em mercados rurais e periurbanos, em estradas, em agricultura ...
Então Dhlakama diz que a reconciliação deve ser entre as classes. Os ricos têm que sacrificar uma parte dos seus privilégios a favor do investimento nas infraestruturas que aliviem o sofrimento das populações. Por exemplo, em água potável, estradas e mercados. Em alfabetização e educação. Em serviços de saúde pública. Para tanto o governo deve abrir a mão ao sector privado, que é exactamente o que a Frelimo tradicionalmente rejeita, porque assim vai perder o controlo do poder e dos recursos naturais.
Esta reconciliação nacional deve ser acompanhada, naturalmente, pela integração dos militares da Renamo nas FDS de acordo com os protocolos dos acordos já feitos.
Se a reconciliação nacional não acontecer, segundo Dhlakama, haverá guerra. Não a guerra de vingança promovida pela Renamo. Será a guerra das classes pobres contra a classe abastada associada à Frelimo. Algo como aquilo que já está a tomar forma em Cabo Delgado. A revolta dos desesperados pela miséria e a fome.

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moolla sidat said in reply to José Carlos Cruz...

CARO SR.JOSE CARLOS VALEU A SUA OBSERVAÇÃO (Somos Livres de Interpretar a História Como Queremos). CONCORDO PLENAMENTE EM TUDO QUE MENCIONOU, NA SUA OBSERVAÇÃO. ABS

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moolla sidat said in reply to umBhalane...

MEU CARO MUITO OBRIGADO POR ESTA INFORMAÇÃO. MELHORAS PARA SR.FERNANDO GIL.ABS,

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Francisco Moises said in reply to JJLABORET...

Nao resta duvida que o estado de confusao em que a Renamo se encontra, torna dificil até mesmo aos mais inteligentes naquela organisaçao defende-la visto que os tais propagandistas nao conseguem reconciliar a postura armada daquele movimento, insisto em chama-la movimento tal como a Frelimo que diz ser partido é tambem ainda movimento visto que tem um exercito seu que devia ser um exercito da naçao. É com este exercito que quande os caudilhos dos dois movimentos querem impor os seus desejos fazem guerrinhas.
O exército da Frelimo nao é um exercito nacional tal qual como o exército
da Renamo tambem nao é uma força armada do povo ou da naçao moçambicana.
Por enquanto, na medida em que a Renamo é dirigida pelo tal Afonso Dhlakama, ela é um saco de confusao -- ela propria nao sabendo se é movimento ou partido. A verdade é que ela é um movimento armado e nao um partido politico.
Obviamente, a Renamo sob Afonso Dhlakama é uma organisaçao muito perigosa devido ao seu caracter desordeiro de tentar fazer guerras ou guerrinhas sem estratégias e mesmo de actuar sem objectivos, gostando somente de fazer tiros aqui e acola para obrigar a Frelimo a conceder os caprichos dos seus caudilhos.
O tal Dhlakama falava de governar seis provinvias e o caudilho da Renamo ja abandonou por completo esta fala e encontra-se de maos dadas com o tal Nyusi que ele apelida de irmao dele.
Nao faz sentido dizer que a Renamo nao tem soldados, mas sim guardas para o Dhlakama e ao mesmo tempo prever uma guerra em 2019, se as coisas nao correrem bem, enquanto que a Renamo so tem guarda costas para o tal Dhlakama. Nao entendo como é que so se trata de guardas do Dhlakama nas bases que a Renamo tem em todas as provincias e que sao capazes de travarem uma guerra ou uma guerrinha com a sua congenera, a Frelimo?
Pensar que a Renamo pode levar o poder via eleiçao é entreter uma fantasia. A Frelimo controla o mecanismo e impedira a qualquer movimento ganhar, mesmo se um tal qualquer movimento ganhar. Obviamente, Dhlakama esta mais do que caduco e pertence ao museu da historia desde que a Frelimo nao permitira que seja honrado na sua praca dos herois depois dele caducar fisicamente.

5
umBhalane said...

FERNANDO GIL
Seguidores, simpatizantes, amigos do Moçambique para Todos, e/ou do Fernando Gil
Solicitou-me o F.Gil que, à laia de comentário, vos informasse que se encontra momentaneamente impedido de AQUI estar junto de todos nós, porque motivos de saúde assim o determinam/condicionam.
Está em recuperação, e espera brevemente voltar á nossa convivência.
Envia cumprimentos e abraços para todos.

Na luta do povo ninguém cansa.
FUNGULANI MASSO
LEMBREM BEM
QUEM NÃO LUTA, PERDE SEMPRE
A LUTA É CONTÍNUA

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"- Pode um partido político travar uma GUERRA CIVIL contra um governo então LEGÍTIMO, por mais de 16 anos seguidos, com balas e bombas matando inocentes civís? Claro que não! ISSO SÓ PODE ACONTECER POR MOVIMENTO REBELDE ARMADO, e assim aconteceu!"
Creio que precisamos de ir por partes para nos entendermos no todo, caro JJLaboret. E logo a sua primeira questão sobre a definição da Renamo como partido político ou não, merece resposta.
A Renamo não era um partido político antes do Acordo de Paz em 1992. Era um movimento armado que lutava contra o regime monopartidário e comunista da Frelimo. Exigia democracia multipartidária e economia de mercado.
Com a paz de 1992 a Renamo converteu-se em partido político. Desde então concorre em eleições. Perde, mas alega que por meio de fraude da Frelimo.
A Renamo foi claramente enganada na aplicação do acordo de paz. A Frelimo não respeita nunca o Pacta Sunt Servanda. Os militares da Renamo deveriam ter sido integrados na polícia e no exército, mas tal não aconteceu, nem em 1992 nem em 2014.
É para evitar esta integração que a Frelimo desencadeia as guerras contra a Renamo, e não o contrário. Dhlakama foi alvo de ataques militares com armas pesadas quando viajava pelo país como civil. A Frelimo não tem explicação para tamanha barbaridade. Dhlakama não foi julgado em tribunal por nenhum crime, não podendo ser executado por fuzilamento de surpresa. Além do mais, não existe pena de morte no ordenamento jurídico de Moçambique. Tratou-se, portanto, de declaração de guerra, à luz do Acordo Geral de Paz.
Por esta razão Dhlakama defendeu a sua própria vida. Não respondeu com guerra, não atacou posições do exército. Simplesmente atacou colunas de reforço de homens e logística, o que é legítimo.
Sr JJLaboret, era esta a parte que gostava de esclarecer. A história contada pelos factos. Continuo a defender o que todos defendem, a própria Frelimo concorda, que a Renamo é mesmo um partido político.
Com efeito, a Renamo tem representação em qualquer ponto do país. Qualquer que seja a localidade ou povoado, a Renamo tem lá uma delegação política, com quadros políticos, não guerrilheiros.
Os soldados da Renamo são apenas a guarda pessoal de Dhlakama. O que a Frelimo faz é tentar acabar com esta guarda e com a vida de Dhlakama. Tem estado a tentar há mais de quarenta anos. Até agora ainda não conseguiu. Isto é ainda história. Somos livres de interpretar a história como queremos.


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JJLABORET said in reply to José Carlos Cruz...

Caro José Carlos Cruz,
São muitos anos que temos o prazer de tê-lo, vez por outra aqui neste sítio, enriquecendo com o seu "ponto de vista" respeitoso os assuntos em tela. Isso é bom.
Meu caro,
Reporto-me ao seu comentário:
..."A Renamo é um partido político reconhecido internacionalmente e não um movimento rebelde armado que luta contra o governo, mesmo sendo este governo ilegítimo e até ilegal."
Permita-me, com todo o respeito discordar:
- Pode um partido político travar uma GUERRA CIVIL contra um governo então LEGÍTIMO, por mais de 16 anos seguidos, com balas e bombas matando inocentes civís? Claro que não! ISSO SÓ PODE ACONTECER POR MOVIMENTO REBELDE ARMADO, e assim aconteceu!
Diz o amigo:
..."No entanto, a Renamo tem de tomar o poder via eleições. Não há outro modo"!
Isso concordamos todos. Todavia, o amigo cita afirmações da própria RENAMO (partido político?), que soam como AMEAÇAS de rebeldia armada:
..."A Renamo impõe uma condição única: os seus militares devem ser integrados na polícia,"...
Partido político com "seus militares"? Não entendo como partido, mas sim como organização armada inserida na política.
E o pior:
..."Segundo a Renamo, se isto não acontecer, não haverá eleições em 2019. Haverá guerra!"...
Guerra? Golpe? Pelo que me consta, essas alternativas envolvem movimentação armada, que dependendo do outro lado poderá haver resistência também armada!
DEFINITIVAMENTE ESSA NÃO PODE SER A LINGUAGEM DE UM "PARTIDO POLÍTICO", MAS SIM A LINGUAGEM DE UM MOVIMENTO ARMADO EM ATITUDE REBELDE!
Eu até aceitaria uma argumentação de que a RENAMO fosse partido político, caso viesse a público DECLARAR o rompimento definitivo com Afonso Dhlakama e seus "generais" das matas da Gorongosa, ficando o "passado" como passado histórico inicial, e voltando-se doravante para o PROSELITISMO E O DEBATE POLÍTICO NAS CASAS APROPRIADAS DA REPÚBLICA.
Todavia, quando a RENAMO reacende o "fantasma" da guerra para momento futuro (2019), não condiz com postura de partido político mas sim como ostensividade de "MOVIMENTO REBELDE ARMADO" em chantagem de impor vontade pela força.
Fosse realmente a RENAMO um partido político, procuraria fazer maioria pelo voto, pela vontade popular nas urnas, ainda que com porcentagem de fraudes validadas pelos órgãos eleitorais aparelhados à FRELIMO. A partir de uma MAIORIA REPRESENTATIVA, poderia a RENAMO fazer valer os tratados assinados de INTEGRAÇÃO DOS SEUS EFETIVOS COMBATENTES do período em que foi "movimento rebelde armado", se esses posteriormente foram realmente convertidos em Lei.
Se não foram, se os acordos não gozaram da proteção da Lei, QUE SE FAÇA ISSO AGORA, POR SÍ, PELO VOTO, SEM CHANTAGEM E AMEAÇA DE GUERRA PROGRAMADA PARA 2019 caso os demais deputados da FRELIMO decidam, por consciência livre e soberana, em maioria, votarem contra tal integração imposta como condição "sine-qua-non" pelo mutante movimento guerrilheiro RENAMO.
Mas isso já é futuro, para acontecer em 2019.
O que temos de presente e passado. e o que uma pessoa atenta identifica nos nosso comentários, NÃO É CONTRA A RENAMO EM SI, SEJA ESSA UM PARTIDO POLÍTICO OU NÃO!
Nos referimos sempre à pessoa de Afonso Dhlakama e seus guerrilheiros entrincheirados e com armamentos até certo ponto pesados, causando ataques e emboscadas contra forças regulares constitucionais, causando danos e mortes sem um OBJETIVO CONCRETO, justificando apenas pela vontade do querer governar algumas províncias, em divisão político-territorial que NÃO CONSTA do ordenamento constitucional do país.
Nossa ogeriza se dá pelos incongruentes comunicados, avisos, promessas políticas, planos, projectos, tudo feito com DATAS MARCADAS para acontecer, que no entanto esvai-se como fumaça sem a mínima vergonha de vir justificar ao povo o "porque" dos recúos programáticos e verbais já anunciados.
Um homem que diz e desdiz a cada momento, não tem mais CREDIBILIDADE pra tratar de assuntos que irão afetar a maioria do seu povo.
DHLAKAMA PASSOU, FOI GASTO E CONSUMIDO PELO TEMPO E PELA REALIDADE!
Compete à RENAMO, sem esquecer a parte histórica do Dhlakama, seu personagem maior, colocá-lo num quadro de honra e pendurá-lo na parede, apenas para veneração, e COMEÇAR UMA ADAPTAÇÃO À REALIDADE DAS SUAS ASPIRAÇÕES POLÍTICAS E PROGRAMÁTICAS, A PARTIR DE UMA LIDERANÇA QUE SE AFASTE E ROMPA DEFINITIVAMENTE COM A ESDRÚXULA MANUTENÇÃO DE HOMENS ARMADOS NAS MATAS USANDO SEU NOME E EMBLEMA.
Quanto a não intervenção ou aleamento da "comunidade internacional", ONU e quetais, a governos, sistemas, movimentos... Não é um diploma de aprovação ou de licitude, conformidade etc. Ditaduras sulamericanas, asiáticas, européias e sobretudo africanas, partidos e movimentos armados ou não, existiram e existem sem nunca mereceram condenação explícita da maioria ocidental, pelo que NÃO DIZ NADA nesse contexto. Tratam como "assunto interno" desses países. Em Moçambique se dá assim.

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A Renamo é um partido político reconhecido internacionalmente e não um movimento rebelde armado que luta contra o governo, mesmo sendo este governo ilegítimo e até ilegal.
Acontece que este governo, mesmo sendo ilegítimo e até ilegal dentro de Moçambique, é reconhecido pela Comunidade Internacional. Nas Nações Unidas este governo da Frelimo é reconhecido. Nyusi é recebido em qualquer parte do mundo como Chefe do Estado de Moçambique.
As duas guerras que desenrolaram em Moçambique em 2013 e 2016 foram vistas pelo povo como uma tentativa da Frelimo de acabar com a Renamo, mas que falhou completamente. A Renamo perdeu muitos delegados políticos e membros das assembleias provinciais. Mas a Frelimo não conseguiu acabar com a Renamo como partido político, pelo contrário, o partido cresceu assustadoramente para a Frelimo.
Isto a Comunidade Internacional compreendeu. Ninguém repreendeu Dhlakama por se ter defendido, ninguém acusou a Renamo de terrorismo, que era a pretensão da Frelimo. Mais, o mundo começou a cortar o apoio à Frelimo.
No entanto, a Renamo tem de tomar o poder via eleições. Não há outro modo. A guerra nunca será aceite pela Comunidade Internacional, por causa do petróleo, gás natural, energia hidroeléctrica, areias pesadas, carvão, rubis, ouro, fosfatos, que os mercados internacionais decidiram que querem e não estão dispostos a ouvir lamentações de guerrinhas entre os africanos.
Assim, a Renamo prefere esta via, a política. Esta é a posição oficial da Renamo. Quer ir a eleições. E desta vez a Comunidade Internacional diz que garante que já não vai interferir nos resultados a favor da Frelimo, como sempre o tem feito. Dizem que chega, que agora ganha quem ganhar.
A Renamo impõe uma condição única: os seus militares devem ser integrados na polícia, como estipulado nos protocolos do Acordo Geral de Paz de 1992 e no Acordo de Cessação de Hostilidades Militares de 2014. Segundo a Renamo, se isto não acontecer, não haverá eleições em 2019. Haverá guerra!
Sem querer influenciar as opiniões nem contestar ninguém, eis o que se está a debater a nível da liderança da Renamo.

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Francisco Moises said in reply to JJLABORET...

Se eu fosse Dhlakama, teria um grande problema em confiar um homem que ja tentou
o matar por quatro vezes e ja o entrujou vezes sem conta para torna-lo de ridiculo e força-lo a se refugiar na mata onde permanece como um fora da lei.
Dhlakama ja nao tem a capacidade de ver as coisas as claras, mas, infelizmente, ele insiste em querer continuar a ocupar o cargo de dirigente maximo da Renamo que ele exerce totalitariamente em vez de delega-lo a uma outra pessoa mais jovem e com uma capacidade mental aguda e que possa trabalhar em concerto com outros na Renamo.
A Frelimo ja cozinhou muitas estratégias contra ele e, duma ou doutra maneira, Dhlakama terminara como perdedor e com a possibilidade de as coisas virem a lhe custarem a vida. E tudo sera por sua culpa.

10
JJLABORET said...

..."03/11/2017
Dhlakama prevê assinar acordo sobre descentralização com PR de Moçambique este mês".
ENTÃO JÁ ASSINOU OU NÃO, CAMARADA? ESTAMOS EM FINAL DE DEZEMBRO! ENTÃO, COMO É QUE FICA?
Ah! Tá.
Assinou mas só poderá publicar em 31 de fevereiro ou 1.º de abril! Entendo!
Tá legal! Então está combinado: vamos todos esperar pelo 31 de fevereiro, ou no mais tardar em 1.º de abril, quando o camarada voltará para dizer que já assinou o bendito "acordo" e aproveitará a ocasião para mais uma vez agradecer o seu "irmão" Filipe Nyusi.

11
umBhalane said...

Só agora me apercebi da morte de Isabel Dhlakama, filha de Afonso Dhlakama.
Expresso a minha solidariedade a TODA a Família Dhlakama.
E que a Isabel Dhlakama descanse em paz.

12
Chuphai said...

Espero para ver... mas ja cheira armadilha para proprio Dlakama. A FRELIMO nao vai descansar sem matar Dlakama, mesmo com acordos... Meus pesames pela morte da sua filha!

13

De verdade algums,nao sei quem sao estao contra Paz em mocambique.Os baleamendos e o melhor desenvolvimento,a roubarem nos Bairros da comunidades,essa e a melhor pra esses com as armas em baixo das camas e nos quintais.
"Se acharmos que de facto as coisas estão bem" nesse documento, "rubricarmos um acordo politico", acrescentou, sendo o processo depois encaminhado para apreciação da Assembleia da República.
Ponto final:A PAZ TOTAL:

14
Frank said in reply to moolla sidat...

Bem dito Sr. Moola! Nova promessa que irá cair em saco roto. Este homem ainda não percebeu que o que diz tornou-se irrelevante.

15
moolla sidat said...

SR.DLAKHAMA COMO VAI ASSINAR ESSE ACORDO, COM PRESIDENTE DA FRELIMO?
VISTO QUE O SR.DLAKHAMA VIVE EM PARTE INCERTA EM GORONGOZA E PRESIDENTE DA FRELIMO VIVE EM MAPUTO..
( SERÁ QUE VÃO ASSINAR POR WATSAP?).

Passageiros denunciam subida de preços no terminal da Junta

Passageiros denunciam subida de preços no terminal da Junta
A dois dias do final de ano, o Terminal Rodoviária Interprovincial da Junta regista muito movimento, mas comparando com o ano passado há menos passageiros a viajarem. O País ouviu alguns viajantes que denunciam a subida do preço de passagens.
O movimento era de muita agitação, apesar das lamentações, o cobrador vendia os bilhetes.  
A Associação dos Transportadores esclareceu que não se trata necessariamente de aumento do preço da passagem, mas sim da aplicação de tarifa única, que ignora paragens intermédias.
A Associação garante que não há especulação do preço e fala da disponibilidade de autocarros para estes dias de pico.
De 22 a 28 de Dezembro, foram transportados 36.387 passageiros a partir do Terminal da Junta, contra 38.214 de igual período do ano passado.
Neste período de pico, a Polícia de Trânsito intensifica a fiscalização e sensibiliza os motoristas e passageiros para se portarem bem durante a viagem. O objectivo é evitar acidentes de viação.
Por isso, antes de partirem da Junta fazem o teste de álcool, verifica-se o estado da viatura e a carta de condução. Para além disso, todos os passageiros são registados numa lista que fica também com a Polícia, para qualquer eventualidade.

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