NA PRAÇA DOS HERÓIS EM NAMPULA 04/10/2017.
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. Confira o último discurso do presidente do município de Nampula,
Mahamudo Amurane, proferido na Praça dos Heróis, cidade de Nampula,
por, ocasião das efemeridades do Dia da Paz, horas antes de ter sido
crivado de balas.
. ---"“Por ocasião da passagem de mais um
aniversario dos acordos de Paz, dia 4 de outubro, em nome do CMCN e em
meu nome pessoal, endereço as felicitações a todos os presentes que
vieram aqui celebrar esta data que comove todo o povo moçambicano por
satisfação incomensurável da Paz. Durante 24 anos desde os acordos de
Paz em 1992, os moçambicanos se reuniram muitas vezes para celebrar e
aclamar os acordos de Paz de 1992, hoje, 4 de Outubro de 2017, nos
reunimos mais outra vez para celebrarmos e aclamarmos os acordos de Paz,
mas hoje fazemos de uma forma muito especial, porque trata-se de uma
exigência da responsabilidade pela Paz à toda a sociedade moçambicana,
não somente ao Governo e aos políticos que já decretaram trégua
indefinida do conflito armado. A nossa experiência histórica, como povo
moçambicano independente do colonialismo português, consubstancia-se
numa sociedade de instabilidade sócio-económica sistemática, derivada do
conflito armado, razão pela qual todos os nossos programas de
desenvolvimento sócio económico foram frustrados. A paz que hoje
celebramos e aclamamos reveste-nos de esperanças de vir concretizados
com sucesso os nossos programas de desenvolvimento sócio-económico, se
todos nós os moçambicanos e a sociedade em geral em Moçambique nos
apropriarmos da cultura da paz no convívio social e privilegiarmos
sempre o diálogo na solução dos nossos problemas. Não podemos imaginar
uma sociedade livre de conflitos de interesses, sejam eles políticos,
sejam económicos ou sociais, mas pela nossa experiência na gestão dos
nossos conflitos ao longo da nossa história, como povo independente do
jugo colonial português, deve nos levar à reflexão a realidade que
obtivemos e, por conseguinte, apelarmos sempre ao diálogo nas nossas
divergências de processos de consolidação da nação moçambicana. De igual
modo, não podemos imaginar a Paz somente no calar das armas sem
considerarmos a verdadeira reconciliação nacional que deve revestir-se
na verdade imbuída principalmente no perdão, na cultura de tolerância de
ideias divergentes e nas atitudes de paz do povo moçambicano. Modelos
de reconciliação nacional que tiveram sucesso em outros países com
problemas similares aos nossos, como o modelo de reconciliação
sul-africano, deveríamos buscar o nosso aprendizado e termos a coragem
de adoptarmos e aplicarmos sem complexos na nossa situação da
reconciliação nacional. O modelo da consolidação de uma nação
moçambicana alicerçada na unidade nacional, do Rovuma ao Maputo e do
Zumbo ao Índico, deve nos orgulhar cultivando nas nossas comunidades o
espírito da cidadania em prol do nosso desenvolvimento, porque os
resultados do projeto social da unidade nacional ao longo dos 42 anos da
nossa independência nos proporcionaram atitudes da união do nosso povo e
nos revestimos da coragem no enfrentamento das barreiras do racismo, do
tribalismo, do regionalismo e de todas as formas contrárias à união do
povo moçambicano. Todavia, os modelos de concentração e centralização de
processos de gestão da máquina administrativa do Estado nos revelaram
retrocessos do desenvolvimento sócio-económico do nosso povo, pelo que
urge a necessidade de uma maior reflexão e debate sem tabus sobre os
modelos da centralização que adotamos e praticamos até aos dias de hoje.
Importa desta feita a nossa coragem para a abertura de novas abordagens
de gestão da máquina administrativa do Estado, que para o efeito
precisamos primeiro remover todas as diretrizes que por força da lei nos
impedem seguir rumos diferentes dos modelos da centralização. Assim,
apelamos ao Governo para um debate sério nas matérias da nossa
Constituição da República, orientando para a nova dinâmica da nossa
sociedade que clama para os modeles da desconcentração e maior
descentralização da Administração Estatal. A eleição directa e por
sufrágio universal de governadores provinciais deve ser tida em conta no
passo da descentralização da Administração Estatal, bem como na
consolidação da Paz efectiva no nosso país."
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