segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Jornais destacam hecatombe social-democrata, mas deixam Costa sob aviso

                 

A leitura nacional das eleições autárquicas é inevitável. Passos está de saída. À esquerda, no entanto, a vitória socialista poderá ter sido “boa de mais” e posto a “geringonça” em perigo.

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O Partido Socialista conquistou no domingo o maior número de câmaras da sua história, mas os jornais desta segunda-feira reservam os principais destaques para a pesada derrota do Partido Social Democrata de Pedro Passos Coelho.
“Terramoto eleitoral” é o título em manchete na primeira página do Diário de Notícias desta segunda-feira. “PSD esmagado na noite de afirmação de Assunção Cristas” e “Derrotas do PCP complicam geringonça” são os subtítulos. O jornal destaca o bom resultado da líder do CDS-PP em Lisboa, mas sentencia que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, é “o grande vencedor” da noite eleitoral.
Na edição online, o DN acentua o negrume social-democrata: “As expectativas já eram muito baixas, mas a hecatombe do PSD superou todas as previsões”. Em editorial, Paulo Tavares escreve que “Passos Coelho percebeu ontem à noite que o tempo dele à frente do partido terminou”, depois “meses” de “um grave problema de sintonia com o país”.
O Jornal de Notícias, que dá um natural destaque à votação a Norte, faz manchete com a vitória de Rui Moreira no Porto, “coroado com maioria absoluta”. Na edição online, a notícia mais destacada faz uma síntese nacional em sintonia com a dos restantes jornais desta manhã: “Vitória do PS anuncia o fim de Passos no PSD”.
“Diabo à solta no PSD (e PCP). PS e CDS nas nuvens”, titulava ao início da manhã o Observador. Num artigo de síntese da noite eleitoral, o jornal online escrevia que “tanto foi acusado de invocar demónios que Passos teve uma noite de pesadelo”, sentenciando o arranque de “um novo ciclo político”.
“O PSD está em choque, com esta hecatombe nunca vista e resultados muito piores do que as piores expectativas, que abrem mais uma guerra fratricida pela liderança — resta saber se Passos ainda vai à luta”, lê-se.
O Correio da Manhã, que divide a primeira página da edição desta segunda-feira entre as autárquicas e o futebol, reserva ainda assim o título maior para as eleições de domingo: “Costa arrasa Passos”. “Secretário-geral do PS diz que os resultados são muito maus para a direita. Líder do PSD admite que foi um dos piores resultados de sempre. Mas não se demite”, lê-se ainda.
O Expresso, na edição online, escreve que as eleições de domingo deixaram Passos "em estado de coma". "Contrariando o que vem nos livros, estas eleições intercalares não serviram para o eleitorado apresentar um cartão amarelo ao Governo. Pelo contrário, serviram para reforçar o partido do Governo", lê-se. Mas também é deixado um recado, pela pena de Pedro Santos Guerreiro: a vitória socialista pode ser "boa de mais" para Costa. Porque Passos, "fraquíssimo líder da oposição", "fazia parte do que permitia que a esquerda se unisse contra a direita" e está inevitavelmente de saída. E porque o "PCP amigável" terminou, com a perda de dez autarquias para os socialistas. "Dois dos pilares da actual solução de Governo estão abalados", sentencia.
A primeira página do i desta segunda-feira dá um destaque maior à vitória socialista, remetendo a derrota social-democrata para a quinta das cinco frases sobre as autárquicas que aparecem na capa. “António Costa, o conquistador” é o título em manchete, com o secretário-geral do PS a protagonizar a fotografia maior e Assunção Cristas a merecer o segundo destaque gráfico. “PS é o grande vencedor das autárquicas mas põe geringonça em risco”, sintetiza o diário.
“Estado de choque”, lê-se na primeira página do Jornal de Negócios, onde se deixa ainda uma pergunta ao líder do PSD, protagonista da única fotografia da capa da edição impressa: “E agora, Pedro?”

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