Michel Cahen:
O
historiador francês Michel Cahen defendeu hoje, em entrevista à Lusa,
que os partidos de oposição em Moçambique ainda não conseguiram produzir
uma cultura política alternativa.
Cahen considerou que o país precisa de um programa socioeconómico diferente do proposto pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
"Vejo uma fraqueza do lado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático de Moçambique (MDM): estes partidos de oposição ainda não conseguiram trazer uma cultura política alternativa", referiu.
Michel Cahen falava em Maputo à margem da 5.ª Conferência Internacional do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), que coincide com o 10.º aniversário daquela organização vocacionada para a pesquisa e divulgação de conteúdos científicos.
Para Michel Cahen, Moçambique precisa de uma oposição que apresente modelos alternativos aos da Frelimo, que está no poder desde a independência do país, em 1975.
"Por exemplo, ninguém ainda apresentou, como proposta, a necessidade de se mudar a capital. Geograficamente, a capital deste país devia estar em Quelimane [província da Zambézia], que é, se analisarem bem o mapa, o centro de todo o país", observou o académico.
Cahen considerou que o país precisa de um programa socioeconómico diferente do proposto pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
"Vejo uma fraqueza do lado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático de Moçambique (MDM): estes partidos de oposição ainda não conseguiram trazer uma cultura política alternativa", referiu.
Michel Cahen falava em Maputo à margem da 5.ª Conferência Internacional do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), que coincide com o 10.º aniversário daquela organização vocacionada para a pesquisa e divulgação de conteúdos científicos.
Para Michel Cahen, Moçambique precisa de uma oposição que apresente modelos alternativos aos da Frelimo, que está no poder desde a independência do país, em 1975.
"Por exemplo, ninguém ainda apresentou, como proposta, a necessidade de se mudar a capital. Geograficamente, a capital deste país devia estar em Quelimane [província da Zambézia], que é, se analisarem bem o mapa, o centro de todo o país", observou o académico.
O pesquisador
entende que seriam mudanças nas propostas vindas da oposição que
poderiam promover mais a participação dos cidadãos na vida política do
país, numa altura em que Moçambique enfrenta "grandes desafios", com a
aproximação de um novo ciclo eleitoral e a corrida por um acordo de paz
definitivo.
"Os cidadãos são empurrados para as mesas de voto quando pensam que terão mudanças concretas", afirmou Michel Cahen, que considerou "muito interessante" o momento que o país atravessa.
O historiador francês apontou ainda as negociações de paz entre o Governo e a Renamo como um ponto importante no xadrez político moçambicano, lembrando que a primeira exigência da Renamo sobre as províncias autónomas implicaria uma mudança radical.
"Se fossemos a levar em conta a exigência da Renamo como ela propôs num primeiro momento, isso iria implicar que a Frelimo perdesse metade do país. A Frelimo nunca vai aceitar isso, a não ser se for vencida militarmente", acrescentou.
Para Cahen, o problema das províncias autónomas será resolvido com uma alteração constitucional, na medida em que a configuração do sistema político moçambicano tem o governador como um representante do Presidente na província.
"Se não se alterar a Constituição, para se dizer que os governadores já não são representantes do Presidente, mas sim da comunidade, o problema não será resolvido. Por mais que os governadores sejam eleitos", concluiu.
Apesar de Governo e Renamo terem assinado em 1992 o Acordo Geral de Paz, e um segundo acordo em 2014 para a cessação das hostilidades militares, Moçambique vive ciclicamente períodos de violência pós-eleitoral, devido à recusa do principal partido da oposição em aceitar os resultados, alegando fraude.
Em Maio, o líder da Renamo anunciou uma trégua nos confrontos com as Forças de Defesa de Moçambique (FDS) por tempo indeterminado, após contactos com o chefe de Estado moçambicano.
Subordinada ao tema "Desafios da Investigação Social e Económica em Tempos de Crise", a conferência internacional do IESE junta em Maputo professores, estudantes e pesquisadores moçambicanos e internacionais durante três dias.
Lusa – 19.09.2017
"Os cidadãos são empurrados para as mesas de voto quando pensam que terão mudanças concretas", afirmou Michel Cahen, que considerou "muito interessante" o momento que o país atravessa.
O historiador francês apontou ainda as negociações de paz entre o Governo e a Renamo como um ponto importante no xadrez político moçambicano, lembrando que a primeira exigência da Renamo sobre as províncias autónomas implicaria uma mudança radical.
"Se fossemos a levar em conta a exigência da Renamo como ela propôs num primeiro momento, isso iria implicar que a Frelimo perdesse metade do país. A Frelimo nunca vai aceitar isso, a não ser se for vencida militarmente", acrescentou.
Para Cahen, o problema das províncias autónomas será resolvido com uma alteração constitucional, na medida em que a configuração do sistema político moçambicano tem o governador como um representante do Presidente na província.
"Se não se alterar a Constituição, para se dizer que os governadores já não são representantes do Presidente, mas sim da comunidade, o problema não será resolvido. Por mais que os governadores sejam eleitos", concluiu.
Apesar de Governo e Renamo terem assinado em 1992 o Acordo Geral de Paz, e um segundo acordo em 2014 para a cessação das hostilidades militares, Moçambique vive ciclicamente períodos de violência pós-eleitoral, devido à recusa do principal partido da oposição em aceitar os resultados, alegando fraude.
Em Maio, o líder da Renamo anunciou uma trégua nos confrontos com as Forças de Defesa de Moçambique (FDS) por tempo indeterminado, após contactos com o chefe de Estado moçambicano.
Subordinada ao tema "Desafios da Investigação Social e Económica em Tempos de Crise", a conferência internacional do IESE junta em Maputo professores, estudantes e pesquisadores moçambicanos e internacionais durante três dias.
Lusa – 19.09.2017
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