quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Análise: Denúncia forte, chances fracas


Investigações reforçaram suspeitas contra Temer, mas no campo da política, presidente ganhou força

por
Temer participa de cerimônia de assinatura de decreto de ordem de serviço para a construção de uma ponte entre Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA), em Tocantins - Beto Barata / Agência O Globo

Por outro lado, no campo da política, o presidente ganhou força. E, sem o aval de dois terços da Câmara, ou seja, 342 dos 513 deputados, não importa quão forte seja a denúncia, ela simplesmente não vai para a frente. O agora célebre grampo de Joesley Batista e Ricardo Saud deixou claro que os delatores da JBS armaram uma armadilha para pegar o presidente e negociar em posição mais vantajosa com Janot. A participação do ex-procurador Marcello Miller como auxiliar dos Batista também ajudou a enfraquecer a posição da Procuradoria-Geral da República, embora ainda esteja nebuloso o quanto Janot sabia do papel do ex-auxiliar - e não há nada que indique que Miller atuou em tabelinha com o procurador-geral até agora.
Mas os políticos já aproveitaram a controvérsia causada pelo autogrampo e pela participação de Miller como pretexto para tentar desacreditar todas as revelações. Se na primeira denúncia, quando não havia nada disso, Temer já conseguiu maioria (ainda que à base de liberação de emendas e distribuição de cargos), nada indica que agora não será ainda mais fácil impedir que a segunda prossiga para o STF.
Do lado de Temer, há, ainda, a recuperação da economia, que começa a dar sinais de mais vigor, e o transcorrer do tempo: já estamos em meados de setembro, e em poucos meses a discussão vai ser mais sobre quem vai estar no Palácio do Planalto a partir de 2019 do que se vale a pena tirar ou não o atual ocupante.
Assim, por mais forte que seja a segunda denúncia, o mais provável é que ela tenha o mesmo destino que a primeira. Temer vai entrar para a história como um dos presidentes mais impopulares da história do país, como o primeiro a ser denunciado no cargo, mas não como mais um que não conseguiu concluir o mandato. Deve ficar na cadeira até o final de 2018.

Newsletter

As principais notícias do dia no seu e-mail.
Já recebe a newsletter diária? Veja mais opções.

Para comentar esta notícia é necessário entrar com seu login.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Seja o primeiro a comentar



    Sem comentários:

    Enviar um comentário

    MTQ