quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Ministro recomenda retirada de livros que acentuam "estereótipos de género"


Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, "por orientação do Ministro Adjunto", Eduardo Cabrita, recomenda à Porto Editora, "tendo em conta o seu relevante papel educativo, que retire estas duas publicações dos pontos de venda"

O Governo entende que os livros de atividades da Porto Editora dirigidos a crianças dos quatro aos seis anos - e que foram notícia nos últimos dias - acentuam "estereótipos de género que estão na base de desigualdades profundas dos papéis sociais das mulheres e dos homens". Nesse sentido, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, "por orientação do Ministro Adjunto", Eduardo Cabrita, "recomendou à Porto Editora - tendo em conta o seu relevante papel educativo - que retire estas duas publicações dos pontos de venda"
A informação consta de uma nota de imprensa enviada esta tarde às redacções pelo gabinete do Ministro Adjunto e tem por base "uma avaliação técnica dos conteúdos de dois Blocos de Atividades".
Na sequência dessa avaliação, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, "enquanto organismo público responsável pela promoção e defesa da igualdade de género e do combate à violência doméstica e de género", disponibiliza-se também "para colaborar na revisão dos conteúdos das mesmas, no sentido de eliminar as mensagens que possam ser promotoras de uma diferenciação e desvalorização do papel das raparigas no espaço público e dos rapazes no espaço privado".
A polémica em torno destes livros rebentou nas redes sociais e levou já a Porto Editora a refutar as acusações e a defender que "o que muda" entre os dois livros (azul para os rapazes e cor de rosa para as raparigas) "é a parte visual e estética”. As críticas feitas abrangem também, no entanto, alguns exercícios de complexidade diferente consoante o género e a associação das atividades de rapazes e raparigas a estereótipos considerados sexistas.

Porto Editora suspende venda de livros de exercícios pouco depois de ministro ter recomendado retirada

Printscreen da página da Porto Editora, onde o comunicado da suspensão das vendas foi anunciado

Responsável pela publicação dos livros de exercícios “que originaram polémica” por terem sido “considerados discriminatórios ou desadequados” está disponível para marcar uma reunião com a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género

As vendas dos livros de exercícios, que foram notícia nos últimos dias por serem considerados discriminatórios, vão ser suspensas. A decisão foi anunciada pela Porto Editora, responsável pela publicação dos blocos de atividades, esta quarta-feira, pouco depois de o Ministério da Educação ter considerado que os manuais em causa acentuam “estereótipos de género que estão na base de desigualdades profundas dos papéis sociais das mulheres e dos homens”.
“A Porto Editora acolhe a proposta da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género para trabalhar em conjunto com as autoras dos blocos de atividades que originaram a polémica, no sentido de rever os exercícios que possam ser considerados discriminatórios ou desadequados”, lê-se no comunicado divulgado pela editora. “Entretanto, a Porto Editora já suspendeu a venda destes livros e vai transmitir às livrarias e demais pontos de venda essa indicação”, acrescenta.
Assim, a editora aceitou a recomendação da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, que tinha apelado a que fossem “retiradas estas duas publicações dos pontos de venda”. Além disso, está disponível para “o agendamento de uma reunião de trabalho com a brevidade possível”.
A Porto Editora, tal como já tinha referido anteriormente, insiste que “as edições em causa não foram trabalhadas sob qualquer perspetiva discriminatória ou preconceituosa”.
A polémica em torno destes livros rebentou nas redes sociais. As críticas feitas abrangem alguns exercícios de complexidade diferente consoante o género e a associação das atividades de rapazes e raparigas a estereótipos considerados sexistas.

“O Boletim de Saúde Infantil e Juvenil sempre foi cor-de-rosa para as meninas e azul para os meninos e nunca ninguém reclamou”

alberto frias

A polémica em torno de dois livros para crianças da Porto Editora, com exercícios diferentes consoante sejam para meninos ou meninas, é “uma discussão idiota, própria da silly season”, defende Mário Cordeiro, médico pediatra. “Há coisas bastante mais importantes que uns cadernos de exercícios para entreter nas férias”

Dois livros de exercícios para rapazes e para raparigas em idade pré-escolar bastaram para fazer estalar a mais recente polémica em matéria de igualdade de género. O pediatra Mário Cordeiro defende que, "mesmo havendo algumas coisas discutíveis" nas obras, não há motivo para tanta indignação ou para "rasgar as vestes". Teria sido preferível mantê-los à venda e até sugerir aos pais que pusessem as crianças a fazer todos os exercícios.
"Estamos a ficar agarrados a minudências, fazendo delas exemplos enormes de coisas erradas na sociedade, que existem, sim, mas cuja demonstração deve ser feita com coisas bastante mais importantes que uns meros cadernos de exercícios para entreter nas férias". Por exemplo, quando é que se incluem muda-fraldas também nas casas de banho dos homens?
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