Zandamela arranjou solução “da casa” e “moçambicana” para o Moza Banco |
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Escrito por Adérito Caldeira em 01 Junho 2017 |
O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, que na semana finda disse fora do país que não recebe pressão política, decidiu-se por uma solução politicamente correcta e manteve o Moza Banco nas mãos de moçambicanos. Coincidentemente cidadãos nacionais associados numa sociedade anónima que gere o fundo de pensões dos trabalhadores do Banco de Moçambique, denominada Kuhanha. Fica a dúvida como irão os funcionários do banco central fiscalizar o seu próprio banco comercial.
A Comissão de Avaliação do Moza Banco, instituição bancária resgatada pelo Banco de Moçambique(BM) em Setembro passado, devido a insustentabilidade financeira, tornou público nesta quarta-feira(31) que a Kuhanha é a “entidade seleccionada com os requisitos prudenciais dentre os quais, a capacidade financeira para garantir a estabilidade da instituição, adequação do plano de negócios e dos membros dos órgãos sociais propostos”.
Porém o @Verdade sabe que a escolha da Kuhanha foi uma decisão unilateral do Governador do BM, sem mesmo consultar os seus pares da Administração, ignorando as boas propostas de pelo menos cinco instituições financeiras internacionais que terão concorrido a aquisição do quarto maior banco comercial no nosso país, após os anteriores accionistas maioritários do Moza Banco terem abdicado do exercício do direito de preferência.
Falando em conferência de imprensa João Figueredo, que de presidente do conselho de administração provisório passou a presidente conselho executivo do Moza Banco, escusou-se a indicar que instituições concorreram para a compra do Moza Banco. “Foram de facto várias as candidaturas que nós recebemos, eu poderia dizer que recebemos três grupos de manifestações de interesse. Não nos compete a nós estar a divulgar quem são esses candidatos”.
Figueredo, que vai trabalhar com Lourenço do Rosário como presidente da Assembleia Geral, e Sales Dias como presidente Conselho Fiscal, enfatizou no entanto que “hoje posso dizer com muito agrado que ao fim de oito meses, conduzidos por moçambicanos encontramos uma solução moçambicana e hoje temos aqui um banco que vai trazer valor acrescentado para os accionistas. É uma solução nossa interna, da casa, não fomos buscar lá fora para fazer”.
Na sequência da escolha a Kuhanha deve recapitalizar o Moza Banco em 8.170.000.000,00 meticais e passará a deter uma participação de 80%. Os restantes 20% ficam repartidos pelos antigos accionistas: a Moçambique Capitais, S.A. (que tinha 50,999%), o Novo Banco ÁFRICA, SGPS, S.A. ( que tinha 49,000%) e o o cidadão António Matos (que mantém a quota de 0,001%).
Esta sociedade anónima foi constituída em 2006 para gerir o fundo de pensões dos trabalhadores do Banco de Moçambique, tem investimentos em várias empresas, e naturalmente tem na sua direcção vários antigos funcionários seniores do banco central, como o caso do ex-Administrador Firmino Santos, e já teve nos seus órgãos sociais o actual ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, aliás é um dos beneficiários do fundo.
Portanto a instituição responsável por pagar a reforma aos trabalhadores do banco regulador têm agora um banco comercial, quão transparente e isenta será a fiscalização futura do Moza Banco?
João Figueiredo é o novo PCA Executivo do Moza Banco
João Figueiredo passa de PCA provisório do Moza Banco para PCA Executivo
João Figueiredo é o novo Presidente do Conselho de Administração Executivo do Moza Banco. Na gestão do banco, também está Lourenço do Rosário, como Presidente da Mesa da Assembleia, e Sales Dias, que passa a ser Presidente do Conselho Fiscal. Até ontem, Figueiredo era Presidente do Conselho de Administração provisório do Moza Banco, indicado pelo Banco de Moçambique para normalizar os problemas financeiros da instituição bancária.
A indicação da Kuhanha para dono do Moza põe fim a um processo de intervenção na instituição por parte do Banco Central, na sequência de graves problemas de liquidez. “O processo não podia ter sido mais transparente. Par além do conselho de administração provisório, nomeado pelo Banco Central, que é sempre uma entidade independente, foi criada uma comissão de avaliação que eu tive a honra de presidir, a pedido do senhor governador, apesar de não ser quadro do Banco Central. Tinha uma administradora do Banco Central e um director sénior para África do Banco Mundial, da instituição IFC”, explicou Figueiredo.
Caberá, agora, aos novos accionistas decidir se mantém ou alteram o nome Moza Banco e que tratamento darão aos actuais trabalhadores.
Há equações que não entendo. Um órgão regulador intervém numa empresa por si regulada e depois a coloca no mercado para a sua recapitalização. Um fundo de investimentos dos funcionários (que como funcionários supervisionam o sector) deste mesmo órgão regulador ganha o concurso e passa a ser o maior acionista. Logo, os funcionários do árbitro passam a ser os donos da empresa em que o árbitro interveio. Me intriga saber qual vai ser o grau de isenção dos funcionários do árbitro na sua função regulatória. Isto vai animar. Agora vamos ver quem é lobista e quem é empresário!
Que opinião ridícula!
É opinião ridícula, aquela publicada na "Revista Ídolo" e aqui por mim partilhada, porque mesmo se o "Xerife da 25 de Setembro" (Rogério Zandamela) tivesse dito o que disse lá, em Portugal, aqui, em Moçambique, TODO o mundo teria ficado a saber do mesmo jeito.
Estamos a viver numa era em que todos sabem de todos no mesmo instante em que se fala à imprensa ou publicamente!
Afinal, como nós, moçambicanos, ficamos a saber das "dívidas escondidas"?
Vamos lá usar bem as nossas cabeças! O "Xerife" disse uma verdade. E a verdade pode ser dita em qualquer lugar, que mundo TODO ficará a saber dela, tarde ou cedo. Por isso mesmo é que, nesta nova era, dominada pelas tecnologias de informação e comunicação, o adágio de que "roupa suja lava-se em casa" já não se aplica. Hoje, roupa suja lava-se no rio! ...
Quem não aguenta que morra, porque este tempo não é para ele(a)!
Revista Idolo
Pronunciamentos do Governador do BM
O recente pronunciamento do Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, sobre a situação do sistema financeiro moçambicano, feito num fórum internacional, que decorreu em Lisboa, Portugal, remete-me a uma análise de oportunidade e postura do mesmo. O que o Governador disse é o espelho real do que se passa na República de Moçambique, particularmente na área económica e financeira.
É um pronunciamento que expõe ainda mais as fragilidades do sistema de governação do nosso país. Não está em causa a veracidade ou não do que o Dr. Rogério Zandamela disse em Portugal (acredito não ser mentira), visto que resulta de um trabalho minucioso feito no interior da instituição, em particular, e no país, em geral, ao longo desse período que esta à frente do BM. O que acho estranho, nisso tudo, é o facto de o resultado desse trabalho, ter sido divulgado fora de portas, ou seja em Portugal, um país estrangeiro.
Dói-me quando coisas ruins sobre o nosso país vêem de fora e pior ainda quando ditas por moçambicanos e dirigentes de primeira linha. É exposição demais e gratuita sobre assuntos internos. Quero acreditar, a não ser que esteja errado, que o Governador do Banco de Moçambique nunca tinha partilhado, em primeiro lugar, esse seu pensamento com os moçambicanos a quem serve.
E não foram poucas as vezes que juntou a Imprensa para falar das transformações que está a operar no BM, mas parece-me que nunca tinha avançado com essas informações ríspidas a jornalistas nacionais e estrangeiros residentes no país, que se limitaram a reproduzir o que a imprensa portuguesa publicou.
Uma questão de princípio, senhor Governador do BM! Louvo o trabalho que está a realizar para moralizar o sistema financeiro moçambicano, procurando acabar com arbitrariedades prevalecentes, mas “partir a loiça” e lançar recados de fora para dentro do país não me parece cortês. Eu sou patriota!
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ResponderEliminarTODOS ADORAMOS O BEZERRO SECULAR