KUSA DZIWA NDIKUFA KOMWE ou SAFUSA ANADYA PHULA
Existe um ditado na língua Chewa (vivi no Malawi oito anos. O Chewa é também falado em Tete e Niassa) que traduzido para o português fica mais ou menos assim: não saber equivale a morte certa (KUSA DZIWA NDIKUFA KOMWE). Lá onde o Chewa é falado, o ditado é usado para encorajar as pessoas a tomarem decisões informadas; a procurarem o máximo que puderem informações fidedignas; a esgotarem a busca pelo conhecimento sobre um fenómeno, facto ou quejando - ou no mínimo tentar fazê-lo.
Um outro ditado, igualmente Chewa encoraja as pessoas a buscarem o saber quando não sabem e principalmente antes de emitir uma opinião ou mesmo agir. Traduzido para português, o ditado fica mais ou menos assim: quem não pergunta acaba comendo cinzas (SAFUSA ANADYA PHULA). Aqui, as cinzas equivalem a RIDICULO. Portanto, quem não busca o saber acaba caindo no RIDÍCULO.
Vem esse longo INTROITO a propósito da tentativa feita aqui nas redes sociais de ridicularizar o Ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita na sua sugestão de transformar autocarros avariados em salas de aula.
Em Moçambique, a experiência não é nova. No Búzi existem salas de aula feitas de autocarros avariados. Na prática, seria uma boa contribuição do sector na minoração dos problemas da educação.
Em Moçambique, a experiência não é nova. No Búzi existem salas de aula feitas de autocarros avariados. Na prática, seria uma boa contribuição do sector na minoração dos problemas da educação.
Este governo trabalha em bloco em certas matérias. Vide por exemplo a questão da agricultura, onde os membros do conselho de ministro estão divididos em brigadas de monitoria para dinamizar a moral pública na produção e comercialização agrícola. Na verdade, o objectivo número UM é mesmo garantir a segurança alimentar. Depois segue a gestão de estoques, a comercialização etc. E o resultado está ai: maior produção agrícola dos últimos vinte anos. Funcionou.
O outro exemplo é dos resultados e seguimento da Operação Tronco. Os proventos da operação irão ajudar o sector da educação na disponibilização de carteiras. Funciona.
O outro exemplo é dos resultados e seguimento da Operação Tronco. Os proventos da operação irão ajudar o sector da educação na disponibilização de carteiras. Funciona.
E aqui vem o sector de transportes e comunicação a tentar reaproveitar os autocarros avariados para salas de aula. A propósito, seria de perguntar, se essa ideia não poderia ser amplificada, chamando para acção, todas transportadoras que tenham carcaças que satisfaçam os critérios, para se juntar à iniciativa?
É hora para virarmos atenção para nós mesmos. Como cidadãos, temos uma força interna que transformada e aproveitada para o bem, é capaz de subverter a actual tendência miserabilista e resolver de forma prática, simples e urgente, alguns dos problemas concretos.
Países como India, China ou Cuba tornaram-se sustentáveis em certas áreas quando começaram a contar com as próprias forças, transformaram a vontade em acções concretas, resolveram os problemas. E isso faz-se não praticando o cinismo de forma religiosa mas engajando de forma permanente com a busca do saber e das alternativas. Se perguntam, onde é que autocarros foram transformados em salas de aula. Eu direi: em qualquer parte do mundo, incluindo nos EUA ou Inglaterra; India, Ghana ou Nigéria autocarros podem ser convertidos paras servirem objectivos concretos: moradias, laboratórios, quiosques, etc. No nosso caso, a sugestão é de transforma-los em salas de aula, da mesma forma que contentores podem ser transformados em escritórios luxuosos.
Ora, também percebo o porquê da tendência de desacreditar, ridicularizar ou mesmo sacanear qualquer iniciativa sem antes olhar-se para os méritos. É aquilo que num outro dia disse e passo a citar-me: “enquanto o debate intelectual nacional basear-se nos vários preconceitos ancorados no cinismo dificilmente poderemos marcar passo para a recuperação de uma atitude mais responsável e sequente da nossa cidadania. Vejo três tipos de preconceitos que em comunicação e na psicologia são tidos como perigosos para a formação de uma cultura de debate público superador e na consolidação da nossa cidadania.
• O primeiro é o que em inglês se denomina por availability bias, ou seja, o preconceito (ou viés) da disponibilidade: em psicologia, o preconceito (ou viés) da disponibilidade é um atalho mental que se baseia em exemplos imediatos que chegam à mente de uma determinada pessoa ao avaliar um tópico específico, conceito, método ou decisão.
• O segundo preconceito ou viés é o que é conhecido por “heurística de simulação”: é uma estratégia mental simplificada, segundo a qual as pessoas determinam a probabilidade de um evento baseado em quão fácil é imaginar o evento mentalmente.
• O terceiro e o mais importante preconceito é o preconceito de ancoragem e ajustamento. É uma heurística psicológica que influencia a forma como as pessoas avaliam intuitivamente as probabilidades. De acordo com essa heurística, as pessoas começam com um ponto de referência implicitamente sugerido (a "âncora") e fazem ajustes para alcançar sua estimativa”
• O primeiro é o que em inglês se denomina por availability bias, ou seja, o preconceito (ou viés) da disponibilidade: em psicologia, o preconceito (ou viés) da disponibilidade é um atalho mental que se baseia em exemplos imediatos que chegam à mente de uma determinada pessoa ao avaliar um tópico específico, conceito, método ou decisão.
• O segundo preconceito ou viés é o que é conhecido por “heurística de simulação”: é uma estratégia mental simplificada, segundo a qual as pessoas determinam a probabilidade de um evento baseado em quão fácil é imaginar o evento mentalmente.
• O terceiro e o mais importante preconceito é o preconceito de ancoragem e ajustamento. É uma heurística psicológica que influencia a forma como as pessoas avaliam intuitivamente as probabilidades. De acordo com essa heurística, as pessoas começam com um ponto de referência implicitamente sugerido (a "âncora") e fazem ajustes para alcançar sua estimativa”
Se no passado as coisas deram errado, desta vez PODEM dar certo. O preconceito da ancoragem e ajustamento inibe a muitos a possibilidade de se engajar num debate mais sério. Vigiemo-nos a nós próprios. O mundo e o país em particular, possuem muitas coisas por ensinar. E nós temos muitas coisas por aprender.
SAFUSA ANADYA PHULA
SAFUSA ANADYA PHULA
Para entender o que se passa com algumas pessoas leia por favor o meu post de 26 de Abril: Contra o vício da "ancoragem" e do "ajustamento" em: https://www.facebook.com/egidiogvaz/posts/1979115908982910
Ou em http://bit.ly/2sXNiId
Ou em http://bit.ly/2sXNiId
Sobre a história, leia O'Pais em : http://opais.sapo.mz/…/45287-transformacao-de-autocarros-em…
As fotos das salas de aula no Buzi. O Bluebird é marca dos Transportes Virgínia que operou na rota Beira-Tete (pelo menos a rota que conheço e que subi) há mais ou menos 20 anos
Muito Obrigado pelo texto. No entanto, provavelmente não se questiona se é possível transformar autocarros avariados em salas de aula, tal como se faz em muitos cantos do mundo e mesmo com outras coisas. Para o meu caso por exemplo é notar primeiro uma inconguencia nos pronunciamentos do executivo. Há pouco tempo um dirigente disse que é momento de se apostar na construção de salas de aulas resistances a fenomenos naturais como ciclones, não sei se a estrutura desses autocarros é o caso.
ResponderEliminarsegundo, o sector dos transportes ainda precisa muito de dinheiro para as frotas que quase que não existem. E para transformar as sucatas é preciso dinheiro do mesmo Estado que nem conseguiu comprar pneus para esses autocarros.
3. Em media, as turmas tem 55 alunos, há casos de acima de 100 alunos - será que depois da transformação caberiam esses nr?
O ministro generalizou, uma coisa é ser caso especificado e com investmento especificado.
O que peca ao ponto de parecer doença de criticar é que os que viajam pelo mundo, procuram copiar o que parece novidade e sem também ver bem o contexto local pensam que é aplicavel.
Vejamos o caso dos Mercedes-Benz, até pode ser normal que em muitos paises um deputado tenha carro de luxo, mas olhando para mocambique, num momento como este é necessário isso?
A Kroll pode ter já apresentado trabalhos sérios em vários países mas em Moçambique começou a ser questionado quando adiou as datas de entrega do relatório. Isto porque muitos documentos importantes já ficaram nas gavetas neste país (casos Siba Siba, Machel, etc).
EU SUGERIA QUE ANTES DE O CHEFES FALAREM NOS MIDIAS FIZESSEM O TRABALHO. Ninguem estaria a questionar se o ministro tivesse aparecido a inaugurar as ditas salas.
No ano passado houve um vuco vuco de apoio em carteiras, saiu Ferrao da Educacao, o assunto morreu. Agora estamos à espera da madeira apreendida para fazermos carteiras. Tomara que isso aconteça mesmo, em beneficio do povo.