terça-feira, 27 de junho de 2017

Após denúncia, Lula defende saída antecipada de Temer



Pedro Ladeira/Folhapress
Lula ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente do PT, Rui Falcão
Lula ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente do PT, Rui Falcão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta terça (27) a saída antecipada do presidente Michel Temer do governo e a convocação de eleições gerais.
A iniciativa foi defendida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado na Folha. A medida irritou Temer, principalmente pelo receio de perder apoio no Congresso.
Lula também criticou a decisão do juiz Sergio Moro contra o ex-ministro Antonio Palocci (PT), condenado nesta segunda (26) a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, envolvendo contratos com a Odebrecht na construção das sondas da Sete Brasil e o Estaleiro Enseada do Paraguaçu.
"O Palocci foi condenado ontem [segunda], mas não tem nenhuma prova a não ser a delação. Fica palavra contra palavra e ninguém pode ser condenado por isso", afirmou, dizendo que o instrumento da delação não poder ser "avacalhada". "É um instrumento sério que nós que criamos. As delações precisam ser transformadas em provas concretas", disse.
Em entrevista nesta manhã à "Rádio Itatiaia", de Minas Gerais, quando perguntado sobre a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer por corrupção passiva, Lula defendeu a abreviação do mandato.
"O próprio Temer poderia pedir a antecipação das eleições e a gente poder escolher antes de outubro de 2018 um novo presidente da República, um novo Congresso Nacional, para que o Brasil possa reconquistar a paz, a democracia e a credibilidade de governança que tanto o Brasil está precisando", disse.
Para o petista, porém, a medida só poderá acontecer em razão da pressão popular. "Vai depender muito da pressão. A sociedade, mais de 90%, quer eleições diretas para presidente da República. Acho que a sociedade precisa de alguém eleito democraticamente pelo voto pra que esse alguém, tendo credibilidade junto a sociedade, possa estabelecer as negociações necessárias para que o Brasil volte a crescer, volte a gerar emprego, volte a gerar distribuição de renda e o povo volte a ter o mínimo de tranquilidade no Brasil", afirmou na entrevista.
Lula comentou a recente viagem de Temer à Rússia e à Noruega, e disse que Temer "não tem condições de governar o Brasil". "Não tem. Você vê que ele viaja agora, chega no aeroporto de Moscou e é recebido pelo diretor do aeroporto, chega em outro lugar e é recebido pelo terceiro vice-ministro. O Brasil tinha virado protagonista internacional. Era um país dos BRICs, do Mercosul, da Unasul, era respeitado no mundo", afirmou.
O ex-presidente afirmou que Michel Temer pode cair com a denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas defendeu que o processo contra Temer ou "qualquer ser humano" tenha respaldo jurídico, provas e que haja possibilidade de ampla defesa ao acusado. "É verdade que ele tem a maioria no Congresso, mas essa maioria está fragilizada", afirmou o petista, ao comentar o andamento do processo na Câmara.
Lula é réu numa ação da Lava Jato também por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber valores da empreiteira OAS, inclusive um tríplex em Guarujá, litoral sul de São Paulo. A ação está para ser sentenciada pelo juiz Sergio Moro. Lula nega que tenha se beneficiado de valores indevidos.
O petista defendeu eleições diretas e afirmou que, se for necessário, será candidato. Lula disse ter convicção de que a possibilidade de ganhar as eleições presidenciais é "muito grande". "Porque uma das coisas mais importantes é fazer com que o povo brasileiro volte a sua memória, para pensar no que aconteceu até 2014 na vida dele e o que está acontecendo agora", afirmou.
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