Amnistia, uma alternativa sobre as dívidas
De vez em quando vão haver algumas queixas de que estamos a exigir demasiados esforços argumentativos aos nossos irmãos, aos justiceiros, sem, no entanto, propor alternativas. Eles dizem que há uma tendência de contra-atacar aos que defendem a prisão e responsabilização e, os pensadores mais avantajados chegam a dizer que a onda de intimidação está sendo dirigida contra a PGR porque, segundo eles, essa fez pacto com o diabo, nessa coisa de auditoria. Bom, eu não quero falar disso. Eu quero falar mesmo é desta tendência de, quando alguns se encontram sem argumentos lógicos e baseados na fé de que o seu desejo é o desejo do povo, intimidarem também a outra barricada com acusações do tipo “se algo de mal acontecer connosco é por culpa deles”. Isto, primeiro. Segundo, há um movimento de, chamemo-lo por “agitadores profissionais” cuja missão é incitar a PGR a tomar medidas tendentes a levar uns para a prisão porque, de acordo com eles, há matéria para a PGR agir. A primeira pergunta a colocar-lhes é: o que ganharemos com a prisão de uns! Dólares? Honra? E a segunda é: a quem interessa a prisão e a responsabilização se tal acto não resultar em ganhos para o povo? Baixará, no dia seguinte, o preço do pão só porque o fulano foi preso?
Diferentemente do governo de Guebuza, que tinha legitimidade para, em nome do povo, tomar certas decisões (podemos discutir o mérito delas), esses movimentos não possuem legitimidade de falar em nome do povo. Eles não foram eleitos pelo povo. Acima de tudo, pretendem fazer com que o presidente Nyusi vire costas contra Guebuza, esquecendo-se do quão Guebuza foi arquitecto da personalidade política do camarada Nyusi. Estou em crer que o PR já topou que nem todos os elogios são sinal de aprovação tal como nem todas as críticas são sinal de reprovação. Os fariseus e os sumos-sacerdotes também elogiaram a Cristo antes de o assassinarem. O que nós necessitamos não é a prisão de quem quer que seja, mas e acima de tudo, a reconciliação. Não tenhamos ilusões porque o momento que passa é de impasse. Haverá saídas mais vantajosas para o país e os seus habitantes sem responsabilização? É claro que sim. E este caminho não está nas mãos da PGR como sugerem os agitadores. Está em cada um de nós, individualmente. É neste sentido que sugiro um.
O esclarecimento sobre os 500 e outros milhões de dólares, em minha opinião, deverá ser feito numa comissão conjunta entre os três órgãos de soberania incluindo representantes destes movimentos revoltados e nunca aos estrangeiros cuja agenda vai contra os princípios elementares de soberania de um Estado. Mas o primeiro passo, tem que ser o de garantia, digamos “amnistia” ao Governo cessante. Se fomos capazes de amnistiar os que em plena luz do dia assassinaram concidadãos por que não havemos de amnistiar quem no cumprimento da missão do Estado escorregou? É este o caminho, se pretendemos sair do presente impasse e sermos mais unificados. Sim, esta é oportunidade em que o povo moçambicano pode se encontrar unido. A agenda da responsabilização não é moçambicana. É uma agenda externa cuja materialização requer acólitos domésticos. Este é um momento que exige de todos uma reflexão sobre que caminho seguir e que sociedade construir. Todos queremos que esta crise acabe. A maneira mais rápida de a acabar é amnistia. Uma vez garantida, os envolvidos poderão esclarecer o que for possível de não colocar em causa o Estado. Quanto mais depressa formos corajosos neste sentido mais depressa recuperaremos a nossa paz espiritual.
Nota: A foto não tem nada a ver com a postagem
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