A 13 de Maio de 1888, dois jovens portugueses recebem a notícia do fim da escravatura, no Brasil. Decidem embarcar para Zambézia, em Moçambique, e fazer o seu último negócio de tráfico de escravos. Na costa moçambicana, eles negociam com “xicundas”– nativos que capturavam e vendiam escravos.
Os escravos – que na maioria eram crianças e jovens – eram torturados desde a sua apreensão até ao momento em que não podiam servir mais aos seus senhores.
Esta história da escravatura é contada ao mínimo detalhe, durante 51 minutos, no filme “Correntes na Zambézia”, realizado e produzido por Júlio Silva, e estreado a 25 de Maio – Dia de África.
Para além da exploração do Homem pelo Homem, no decorrer da longa-metragem, Silva aborda questões como o envolvimento de padres católicos na troca de nomes nativos por nomes portugueses e a luta das mulheres para se libertarem.
A inspiração para a produção da obra – que resgata uma parte da história moçambicana – surgiu quando o realizador se dedicava as pesquisas sobre os instrumentos musicais nacionais, que culminaram com o lançamento do livro “ Instrumentos musicais de Moçambique”. “Durante 15 anos, viajei pelo país inteiro e por diversos países do mundo a busca da história dos nossos instrumentos, e esta matéria está entrelaçada com a escravatura”, elucidou.
O objectivo de Júlio Silva, ao produzir “Correntes na Zambézia”, é resgatar uma parte da história que os livros escolares abordam com superficialidade e provocar debates sobre o passado, bem como o presente do país. “Eu fiz o filme de forma didáctica, para que um professor do ensino médio ou universitário, possa usar na sala de aula. Também, espero ver o material a ser consumido pelos partidos políticos, pois a questão da dominação pela força é antiga e não faz sentido que até hoje isso continue”, finalizou.
Júlio Silva é antropólogo cultural, cineasta, produtor musical, escritor de temas de investigação cultural, professor de música e realizador. Soma no seu currículo a realização de oito filmes com abordagens antropológicas.
“Correntes na Zambézia”
Filme para maiores de 14 anos, dado à violência apresentada com o propósito de mostrar o máximo de realismo.
No dia que foi proclamada a Lei Áurea, alguns portugueses resolveram vir ao país fazer os últimos negócios de escravos para o Brasil.
Naquela época, o comércio de escravos era intenso, onde goeses e portugueses casados com filhas de chefes locais através de seus xicundas capturavam homens, mulheres e crianças, e comercializavam marfim.
A revolta de algumas mulheres foi notável na libertação de alguns escravos.
Participação de 103 actores nacionais e 4 portugueses.
Filme feito entre Portugal e Moçambique.
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