terça-feira, 30 de maio de 2017

A FALÊNCIA DO PARTIDARISMO: TEMPO PARA ENSINAR NOVOS TRUQUES A CÃES VELHOS


Existe na língua inglesa um ditado que, traduzido para o português fica mais ou menos como “não é possível ensinar novos truques a cães velhos”. Tal provérbio encerra a noção de que você não pode fazer as pessoas mudarem seus padrões de opinião e comportamento já bem estabelecidos. É difícil, na melhor das hipóteses. Porém, os naturalistas têm opinião diferente. Eles argumentam que nunca é tarde para ensinar novos truques a um cão velho! Se você criar um cão velho, você pode se surpreender com a sua capacidade de se concentrar e aprender coisas novas. Segundo esses especialistas, cães adultos são muitas vezes mais fáceis de treinar do que os cachorros, porque eles têm a capacidade de se concentrar por um longo período de tempo.
Vem esse intróito a propósito dos recentes pronunciamentos de políticos nacionais sobre a possível corrupção que seus partidos estão sendo alvos. Sande Carmona afirmou recentemente que no MDM existem membros com características de inimigo. Alguns membros do Comitê Central da Frelimo denunciaram a “infiltração” de agentes estranhos seio do seu partido; que apenas se interessam com os benefícios.
Bem, discursos vigorosos sempre soam bem quando se está em desvantagem. Longe de sugerir a infiltração, talvez fosse possível e mais profícuo questionar como tal foi possível. Durante o tempo de Samora Machel, nem todos moçambicanos eram membros da Frelimo – automaticamente. O cidadão solicitava o cartão de membro, era escrutinado e admitido. Mas aquele foi um tempo ido. O advento da democracia multipartidária possibilitou a emergência de outros partidos. Porém, algumas práticas da Frelimo mantiveram-se intactas e quase que usadas como forma para gestão e manutenção do poder: desconto de cotas do partido “na fonte”, reuniões de célula do partido no local de trabalho, nomeação para cargos de direcção por confiança manifestamente política, entre outros. Ou seja, estamos a falar da chamada partidarização do estado. Ora, na minha opinião, o que alguns membros da Frelimo chamam por “infiltração” não passa da “maturação de um processo clientelista”, que muitas vezes não é capaz de satisfazer as expectativas de todos, frustra a tantos e promove a exclusão.
É hora de mudar de política, de encontrar novas formas de gestão de quadros e de fidelização de membros e, mais importante ainda, é hora de mudança de paradigmas.
Por muito tempo até há pouco, qualquer homem sensato interessado em crescer profissionalmente, principalmente no estado e nos negócios era natural e lógico parecer ser da Frelimo. Tal lhe possibilitava inscrever-se com sucesso nos seus objectivos. Membros da Frelimo tinham que evitar amizades com pessoas “percebidas” como da oposição e vice-versa. O termo “camarada” era a contra-senha do alinhamento. Ou seja, apertou-se o cerco aos recursos do poder e ao próprio poder a todos aqueles que não fossem membros da Frelimo. Como seria possível fazer a selecção de melhores membros, distinguir entre interesseiro do verdadeiro, do membro laborioso do malandro se a própria Frelimo decidira fechar as fontes de sobrevivência a todos que parecessem com “inimigo” por esta via impediu que a adesão as fileiras fosse por vontade e convicção próprias? O que estou a dizer não é segredo para ninguém. E cresceu ao longo do tempo a percepção dentro dos próprios membros da Frelimo, a expectativa de recompensa pecuniária pelo alinhamento e punição pelo desalinhamento. Pelo que, a condição principal para singrar já não era o profissionalismo, a inovação ou a entrega. Bastava gritar muitas vivas em tudo para ser considerado apto. É óbvio que isso atraiu todo tipo de gente, quais mariposas na presença da luz!
Ora, que solução? Purgar as fileiras? Como se faz isso? 
O Professor Julião Cumbane teria alinhavado num post de Facebook algumas ideias. Mas uma das coisas que a própria Frelimo deve saber – e sabe – é que com o andar do tempo, as vitórias retumbantes vão ser cada vez mais difíceis de assegurar. É que as pessoas pensam diferente e gostam de mudanças. Ora, se a própria Frelimo não se antecipar à própria mudança, as suas vitórias serão ainda mais mitigadas. O discurso de “infiltrado” nosso/deles está longe de ser a mudança que se quer. Os motivos para adesão ao partido devem ser diferentes da mera sobrevivência.
O modelo neopatrimonialista está esgotado. O partido deve não só modernizar-se, incluindo o seu redimensionamento, como deve mudar de foco na sua acção política: em vez de ter um modelo de crescimento ancorado na angariação de mais membros pela lógica clientelista (punição/recompensa pela filiação) - algo que promove a sensação de exclusão, ela deve falar com os cidadãos. Os votos vêm dos cidadãos e não necessariamente dos membros. Quem dá vitória aos partidos políticos são cidadãos que votam. E esses cidadãos devem sentirem-se bem com a governação e engajados na mesma. O que estou a sugerir é o rebranding da própria Frelimo e não o seu regresso aos modelos stalinistas de governação e purga políticas sugeridos por alguns. Olhem para outros partidos lá fora: Estados Unidos, Inglaterra, Nigéria ou mesmo Kenya: o que os definem não são necessariamente as cores partidárias, mas a identificação partidária dos cidadãos. Uma governação suprapartidária sempre trás benefícios para o partido no poder enquanto o partidarismo cria facções, fricções e conflito pelo acesso a recursos de poder e por esta via, uma sociedade polarizada.
Não são as pessoas que se infiltram no partido, seja eles MDM, Renamo ou Frelimo. São as políticas e as estratégias adotadas por esses partidos que permitem tais comportamentos clientelistas. De uma ou de outra forma, o sucesso da Frelimo (partido que governa) vai depender do nível e da sua capacidade de engajar os cidadãos na governação e não necessariamente na purga às suas fileiras. É só pensar assim: se já enquanto estão dentro da Frelimo são tão maus, imagina eles fora? O mesmo que se diga em relação aos partidos da oposição. A politica de recrutamento de novos membros apenas deve ser guiada para o resultado final, que é a de manter uma máquina suficiente e eficiente para levar a cabo o trabalho político necessário junto do eleitorado.
Os partidos políticos devem aprender novas formas de gestão partidária pois os modelos ora em voga estão esgotados. Parem de fazer política virada a membros. Façam-na olhando aos cidadãos. Os partidários são parte activa do trabalho político, e não clientes partidários.
Bem-vinda a ciência!
VOCABULÁRIO
Partidarismo: comportamento partidário excessivo; em que há fanatismo ou exagero partidário; obsessão cega por uma divisão ou por determinado partido (político), que no extrema leva à apresentação de atitudes e posturas parciais e injustas.
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37 comentários
Comentários
Renaldo Reagan Constâncio Simango
Renaldo Reagan Constâncio Simango Granda reflexao Dr!, muitos estao na politica meramente pelo estomago..
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 · 7 h
Delson Quive
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 · 7 h
Joaquim Constantino
Joaquim Constantino Muito bom....aconselho a todos que leiam o texto ate ao fim...Bem-vinda a ciência...!😉
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 · 7 h
Mohomed Rafique
Mohomed Rafique Boa visão.
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 · 7 h
Sérgio René Sabão
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 · 7 h
Eddy Prínce Xisiwana
Eddy Prínce Xisiwana Belíssima aula, espero que todos os partidos desde o governamental até os opisicionistas aprendam e partam para uma mudança
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 · 6 h
Ernesto Armando
Ernesto Armando Uma boa reflexão espero que os partidos políticos tomam nota!
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 · 6 h
Nelson Matsinhe
Nelson Matsinhe Por agora o PR Nyussi tem estado a trilhar o caminho que propõe, vamos ver até quando, há mto tubarão descontente com boas práticas, vamos torcer para que não lhe cortem os cordelinhos...
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 · 5 h
Ed Mazive
Ed Mazive meus parabéns pelo carácter frontal do problema e sobretudo por ter a cpragem e sabedoria de picar o óbvio: as pessoas vao a frelimo por ter medo da punicao ou por perseguir uma recompensa. os mais perigosos sao os que vao lá a procura de recompensas, essas pessoas são capazes de tudo para se drem bem materialmente e nao têm escrúpulos para se esforcarem para ser pessoas melhores sao verdadeiros "basta viver" (kanga hanha como se diz em changana)!!!
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 · 5 h
Carlos Edvandro Assis
Carlos Edvandro Assis Tiro chapeu quando as coisas sao bem faladas. Egidio Vaz estas viajens aos EUA e pelo mundo fora e a troca de experiencia (ouvir outras vozes e as suas experiencias contemporaneas), confesso tem estado a ser bom para ti e para a tua sociedade (mocambicana, mutararense, alto-mae-(nse) e etc etc. Meu conselho. Faca um booklet deste testo e acredite em mim podes vender muito. Nao so vais vender materialmente (dinheiro) mais tambem em consciencia que se precisa as sociedades que mencionei acima. Pois estas sociedades eh que fazem os partidos politicos que temos.
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 · 5 h · Editado
Amade Faquira
Amade Faquira Boa aula de sabiencia ilustre pena estarmos num pais orientado por um Pe descalco.
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 · 5 h
Luciano Mapanga
Luciano Mapanga "Parem de fazer política virada a membros. Façam-na olhando aos cidadãos. Os partidários são parte activa do trabalho político, e não clientes partidários." Ponto final!
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 · 5 h
Salvador Traquino
Salvador Traquino Falou tudo e bem Dr. Egidio Vaz.
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 · 5 h
Sergio Serpa Salvador
Sergio Serpa Salvador Quanta lucidez
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 · 5 h
Ericino de Salema
Ericino de Salema "Cães velhos"! Acrescentaria: "...e cansados"! Kkkkkkk
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 · 5 h · Editado
Egidio Vaz
Egidio Vaz 😀🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
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 · 4 h
Sidonio Pedro
Sidonio Pedro Ericino de Salema, o Sande Carmona está velho?
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 · 3 h
Francisco Jose
Francisco Jose "Não é nosso...",
"É doutro lado..."
"É da oposição..."


Termos que irritam...
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 · 5 h
Manjate Custodio
Manjate Custodio Bem pensado
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 · 4 h
Nelson Junior
Nelson Junior Boa Analise!...A Frelimo, pra ser honesto transformou-se numa organizacao de, so so e so interesses economicos...e a renamo e o mdm, tentam de imita-la:..qual eh a ideologia da frelimo???...enfim
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 · 3 h
Lionel Magul
Lionel Magul Políticos com interesses, razão pela qual 99% dos políticos de Moçambique são empresários. Dá nojo, sem querer ofende-los...
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 · 3 h
Helder Condjo
Helder Condjo Falou tudo Dr.
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 · 3 h
Padil Salimo
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 · 3 h
Geraldo Obra
Geraldo Obra Em vez de cão podia ter chamado por cavalos. O resto está conforme. Nada que não se saiba. Apenas a forma de expor de forma agradável. Pena que os mais interessados não leiam, estão preocupados com o seu quinhão. Em Setembro virão com mesmas ideias. Moz. ..
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 · 3 h
Mahanguica Eduardo
Mahanguica Eduardo Acrescento»Caes velhos» Cansados»..... e Preguiçosos». kkk
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 · 3 h
Paulo Samo Gudo
Paulo Samo Gudo Não poderia concordar mais consigo meu caro Egidio...

Seria bom que puséssemos todos a mão na consciência e olhássemos para o que estamos a fazer com o nosso país. Ainda há tempo de salvá-lo...


A ordem de importância da "tríade política" (Eu, o meu Partido, e o meu País) foi mudando dia após dia...
Devia para todos nós ser: "Moçambique - Eu - O partido"...
Passou a ser "O Partido - Eu - Moçambique" (Grupo dos excessivamente bajuladores, que não fazem nada e nem sabem fazer, e para disfarçar a incompetência ajudam a conduzir o país a mediocridade)...e "Eu - O Partido - Moçambique" (Grupo dos que geraram o Caos para delapidar o País)....
Não sei quero dos grupos é pior...
Só peço a todos os meus irmãos moçambicanos que comecem a colocar Moçambique acima de tudo (pessoas e partidos)...
Abraços
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 · 2 h
José Jaime Macuane
José Jaime Macuane Egídio Egidio Vaz. Excelente reflexão. Tenho escrito sobre este tema ultimamente. Uma pequena contribuição ao debate: o esgotamento do modelo também tem a ver com um paradoxo inerente à forma como é financiado. É um modelo baseado em rent-seeking. Quase ninguém produz, apenas se transfere rendas de um lugar para outro, ao mesmo tempo se amplia a coalizão pensando em potenciais vitórias eleitorais e a segurança de se continuar vencedor. Naturalmente que isto acaba impondo um limite económico à reprodução do modelo. Com uma coalizão cada vez maior com rendas cada vez limitadas, os conflitos intra-elite se acirram e tenderão a crescer. As rendas do gás podem ser a solução imediatista para manter a coalizão unida, mas os seus efeitos para o país, em termos de desenvolvimento socioeconómico, serão nefastos. Até que um dia a casa cai...
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 · 2 h · Editado
Xavier Jorge Uamba
Xavier Jorge Uamba Bebendo ciências políticas integralmente.
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 · 1 h
Egidio Vaz
Egidio Vaz Obrigado Professor por essa contribuição angular. São assuntos como esses que deveriam ser discutidos e não a consequência do clientelismo. Obrigado mais uma vez.
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 · 50 min
Angelo Oliveira
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 · 2 h
Angelo Oliveira
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 · 2 h
Angelo Oliveira
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 · 2 h
Angelo Oliveira
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 · 2 h
Alito Gujamo
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 · 2 h
Juvenaldo Cumbane
Juvenaldo Cumbane Uma verdadeira aula de sapiência. Para os visados, está aqui o ponto de partida para a resolução de parte dos problemas...
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 · 2 h
Ana Aventina Sitoe
Ana Aventina Sitoe Parece que quando se é membro de um partido político perde-se a capacidade de análise e reflexão. Ao menos se lessem o que os analistas escrevem. ...
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 · 2 h
Xavier Jorge Uamba
Xavier Jorge Uamba Meu ilustre Egidio Vaz era suposto que tivesse pegado exemplos concrectos. Temos muitos fanáticos que deambulam por aqui. 
Enfim espero que tenham acatado a dica.
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 · 1 h
Pedro Jose Formigao
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 · 1 h
Jacob Jochua Tsambi
Jacob Jochua Tsambi Força, e evidente que as as coisas mudam junto das suas populaçoes, mas as leis não acompanham esta evolução, elas continuam intacta. Há mais luta pelo poder e menos luta pelo trabalho
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 · 39 min
Francisco Joaquim Langa
Francisco Joaquim Langa Concepção válida para todas as forças vivas da sociedade! Bem haja dr.!
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 · 9 min
João Chilengue
João Chilengue temos que ter capacidade de síntese...
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 · Agora mesmo

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