domingo, 16 de abril de 2017

“Sim” a Erdoğan vence o referendo, mas oposição vai contestar resultado

TURQUIA

Em direto/“Sim” a Erdoğan vence o referendo, mas oposição vai contestar resultado

Com 98,31% dos votos contados, o "Sim" que vai permitir a extensão dos poderes de Erdoğan vence com 51,32%. Matematicamente, reviravolta é quase impossível. Mas a oposição diz que houve fraude.
OZAN KOSE/AFP/Getty Images
Atualizações em direto
  • No seu discurso perante os apoiantes, uma das partes em que Erdoğan arrancou mais aplausos à plateia foi quando disse que ia discutir com o primeiro-ministro o regresso da pena de morte na Turquia.
  • Depois de falar aos jornalistas, Erdoğan discursa perante apoiantes

    Agora, Erdoğan já fala a uma multidão de apoiantes que se concentra em Istambul:
  • Erdoğan declara vitória e manda mensagem à oposição: "Não precisamos de conversas e discussões desnecessárias"

    Recep Tayyip Erdoğan, o Presidente da Turquia e o homem cujo futuro se joga neste referendo, acabou de falar. A comunicação foi feita numa sala de imprensa, perante vários jornalistas, e durou cerca de 20 minutos. Inicialmente, havia previsão de perguntas dos media. Porém, no final do discurso, o Presidente da Turquia disse “o meu povo à minha espera lá fora à chuva” e saiu porta fora. Eis algumas das suas citações, antes de sair da sala:
    “A democracia turca tem de respeitar a democracia e Deus nos ajude a usar o nosso voto para uma democracia melhor. Demonstrámos isso na tentativa falhada de golpe de 15 de julho e o dia 16 de abril é um dia importante para demonstrar ao mundo que o nosso povo, os nossos cidadãos, a nossa nação depositaram os seus votos para proteger a democracia que temos no nosso país”;
    “É um momento histórico, não é um dia normal, não é um dia banal, é uma mudança séria que está a acontecer na Turquia. É fácil defender o que existe e é difícil mudar para algo novo, algo que não conhecemos. Mas esta mudança constitucional é muito importante para nós, embora a mudança que nós propomos sejam só 18 artigos, estes artigos são muito importantes para o nosso país”;
    “Somos uma democracia e temos de ter em conta que temos diferentes opiniões e resultados em várias cidades, mas de forma geral os turcos expressaram a sua opinião”;
    Quero felicitar os cidadãos turcos que vivem fora da Turquia. Vivem nesses países, e eu sei o quão difícil deve ser para eles viver noutros países e ao mesmo tempo proteger os seus interesses culturais e ver o que se passa na Turquia. Agora, estamos a começar uma nova era e abrimos uma nova página na política da Turquia”;
    “Vamos começar a reconstruir a Turquia a partir de amanhã. Não precisamos de conversas e discussões desnecessárias, porque elas não vão beneficiar o nosso país. Só temos de criar projetos, respeitar o que o povo turco decidiu hoje e temos de trabalhar arduamente, incluindo na nossa luta contra o terrorismo. Temos de tirar o terrorismo da Turquia. Só espero que o resultado de hoje traga boas notícias para a Turquia”.
  • Erdoğan já fala

    O Presidente da Turquia, Erdoğan, já fala. Em breve, publicaremos uma tradução das suas palavras.
  • O que diz o HDP, um dos partidos que vai contestar os resultados?

    O HDP, um dos maiores partidos da oposição e defensor do “Não”, fez uma conferência de imprensa para explicar a sua posição em relação aos resultados que dão a vitória ao “Sim”.
    Para o HDP, há uma diferença entre os números avançados pela agência Anadolu (que estão a ser usados para justificar a vitória do “Sim”) e os números que o Comité Eleitoral Supremo está a enviar aos partidos. “A AA [Agência Anadou] diz que 99% das urnas foram abertas. Mas a o Comité Eleitoral Supremo diz que 91% das urnas foram abertas”, disse.
    “Isto é uma manipulação da perceção público e lança dúvidas sobre a validade dos resultados”, acrescentou.
    O HDP quer ainda saber qual é a percentagem de boletins sem selo oficial que foram contados. “Só a resposta a esta pergunta vai determinar a dimensão da controvérsia”, disse.
  • Primeiro-ministro: "Aqueles que quiseram manipular a Turquia e quiseram pisar-nos os pés voltaram a perder"

    Em Ancara, acaba de falar o primeiro-ministro do turco, Binali Yıldırım, militante do AKP, fundado por Erdoğan. O discurso é de vitória mas não deixa de ser irónico: Binali Yıldırım acaba de se congratular pela vitória de um referendo que ditará o fim do seu posto, já que vai tornar a Turquia num sistema presidencial. Mas isso, a acontecer, será só em 2019.
    Vamos a algumas citações do discurso do primeiro-ministro da Turquia:
    “Agora, uma nova página foi virada. Quero que tenham a a certeza de que o resultado do referendo será usado para o benefício de todos”;
    “A nossa nação demonstrou que não se vai vergar a forças estrangeiras. A cobarde tentativa de golpe de Estado de 15 de julho [de 2016] foi feita por uma organização terrorista e a melhor resposta que a nossa nação lhe podia dar era nas urnas! Somos todos cidadãos da República da Turquia. A nossa unidade e integridade nunca vão ser menorizadas”;
    “Nós não queremos quebrar o coração de ninguém, não queremos que ninguém fique triste com o resultado deste referendo. Começámos esta maratona 26 de fevereiro e terminamos agora. No processo, o nosso presidente visitou várias províncias e abraçou cidadãos nelas todas. A campanha tornou-se num festival de força. A nossa nação encheu praças, expressou várias opiniões”;
    “Durante este processo, os nossos cidadãos a viver no estrangeiro demonstraram que o amor e afeição pelo seu país é inabalável e mantiveram-se firmes (…). Aqueles que quiseram manipular a Turquia e quiseram pisar-nos os pés voltaram a perder e hoje estão com vergonha. O resultado é o que a nação diz, não o que eles dizem.”
  • O mapa da fraude eleitoral, segundo um grupo de jornalistas independentes

    O Sosyalkafa, um projeto que congrega jornalistas independentes em toda a Turquia, tem uma ferramenta disponível online onde são denunciados casos de alegada fraude eleitoral. As denúncias são várias, sobretudo em Istambul, Ancara e no Este do país, incluindo nas províncias de maioria curda. Para consultar a lista completa, clique aqui.
  • A festa do AKP, de Erdoğan

    Erdoğan estará prestes a discursar, enquanto uma multidão de apoiantes do AKP, o partido que apoio o Presidente, festeja em Ancara.
    Há razões para festejar? Bom, os resultados dão a vitória ao “Sim”. Mas essa mesma vitória é por uma margem pouco clara e a oposição já alega que houve fraude.
  • Primeiro-ministro alemão apela à "calma" e diz que é "bom" a campanha eleitoral ter chegado ao fim

    Enquanto os votos ainda são contados na Alemanha, o primeiro-ministro germânico e número dois de Berlim já reagiu ao impasse na Turquia.
    “Parece que será um resultado renhido, como se esperava. Independentemente de como for a votação do povo turco, seria prudente da nossa parte manter a calma e proceder de forma equilibrada”, disse Sigmar Gabriel num comunicado. “É bom que a campanha eleitoral, que foi uma luta azeda, incluindo aqui na Alemanha, tenha agora terminado.”
  • Deputado acusa comité eleitoral de não mandar resultados a partidos

    A oposição desdobra-se em acusações de fraude. Agora, o deputado Sırrı Süreyya Önder, do HDP, acaba de dizer que o Comité Eleitoral Supremo parou de enviar os resultados aos partidos a partir do momento em que 60% dos votos já estavam escrutinados. “Há uma grande diferença entre os resultados oficiais e aqueles que temos nas mãos”, disse.
    Recorde-se que o “Sim” começou a aparecer com uma margem confortável, surgindo para lá dos 60%, no início da contagem. À medida que esta foi avançando, os números começaram a ficar cada vez mais complicados para o “Sim”, apesar de este nunca ter ficado atrás do “Não”.
  • Partidos da oposição não aceitam resultado que dá vitória ao "Sim"

    Dois dos maiores partidos da oposição, o CHP e o HDP, já disseram que não aceitam os resultados que dão a vitória ao “Sim”.
    Segundo a Associated Press, o CHP vai pedir a recontagem a 37% dos votos, alegando que o Comité Eleitoral Supremo (CES) aceitou 1,5 milhões de votos sem selos oficiais — uma situação que o CES reconheceu, dizendo que só não contaria os boletins que fossem “trazidos de fora”, mediante prova.
    Também Meral Akşener, do MHP, diz que os verdadeiros resultados foram 52% para o “Não” e 48% para o “Sim”.
    Do lado do AKP e dos setores pró-Erdoğan já se canta vitória — mas agora a situação está longe de ser festiva.
  • Emigrantes podem confirmar vitória (magra) de Erdoğan. Veja os números:

    Seguem os números dos votos dos emigrantes nos três países com mais imigrantes turcos. Para já, todos dão vantagem ao “Sim”.
    Alemanha (1 430 136 eleitores)
    Votos escrutinados: 41,12%; Participação: 42,20%
    Sim – 62,93%
    Não – 37,07%
    França (326 375 eleitores)
    Votos escrutinados: 27,33; Participação: 41,37%
    Sim – 64,67%
    Não – 35,33%
    Holanda (252 862 eleitores)
    Votos escrutinados: 26,85%; Participação: 35,92%
    Sim – 69,26%
    Não – 30,74%
  • Com os votos na Turquia quase todos contados, a atenção vira-se para os imigrantes

    É irónico que, depois da crise diplomática entre a Turquia e alguns países da Europa, a decisão deste referendo final caiba aos emigrantes.
    Nesta altura, os votos na Turquia já estão praticamente todos contados. Por exemplo, em Istambul, a maior província, 99,69% dos votos já foram vistos. E em Ancara, a segunda maior província, o número é 99,61%.
    No entanto, no cômputo geral, 97,46% dos votos estão contados. Esta pequena diferença, que aponta para cerca de 1,5 milhões de eleitores, diz respeito a alguns eleitores por contar na Turquia, sim, mas sobretudo os emigrantes.
    A maioria estão na Alemanha, onde 1,4 milhões de emigrantes podem votar. Depois há França, com 326 mil. A fechar, a Holanda, com 252 mil.
    É para aqui que vamos olhar agora.
  • Com os votos na Turquia quase todos contados, a atenção vira-se para os imigrantes

    É irónico que, depois da crise diplomática entre a Turquia e alguns países da Europa, a decisão deste referendo final caiba aos emigrantes.
    Nesta altura, os votos na Turquia já estão praticamente todos contados. Por exemplo, em Istambul, a maior província, 99,69% dos votos já foram vistos. E em Ancara, a segunda maior província, o número é 99,61%.
    No entanto, no cômputo geral, 97,46% dos votos estão contados. Esta pequena diferença, que aponta para cerca de 1,5 milhões de eleitores, diz respeito a alguns eleitores por contar na Turquia, sim, mas sobretudo os emigrantes.
    A maioria estão na Alemanha, onde 1,4 milhões de emigrantes podem votar. Depois há França, com 326 mil. A fechar, a Holanda, com 252 mil.
    É para aqui que vamos olhar agora.
  • Para o "Não" dar a volta, o "Sim" não pode ter mais do que 19,9% dos votos que falta contar

    Neste momento, é muuuuuuito difícil o “Não” dar a volta.
    Com 96,53% dos votos contados, há um total de 1 751 145 votos por contar. Ora, tendo em conta a desvantagem que o “Não” ainda tem em relação ao “Sim”, só um grande desequilíbrio nos boletins que falta apurar é que poderia levar a uma vitória do “Não”.
    As contas, que me puseram a cabeça a fumegar, são estas: para vencer, o “Não” precisa de conquistar 80,1% dos votos em falta, deixando o não com 19,9%. Um cenário que, agora em jeito de piada, não deve acontecer nem que Erdoğan pinte o cabelo com as cores do arco-íris.
  • Com 95,5% dos votos, "Sim" está à à frente com 3,24%

    Dificilmente a vitória escapa ao “Sim” — mas também não será por muito que a opção defendida por Erdoğan vai ganhar.
    Aqui está o que sabemos, com 95,5% dos votos escrutinados:
    Sim – 51,62%
    Não – 48,38%
    Então, feitas as contas, são 3,24% que separam os dois lados.
  • O gráfico que Erdoğan deve temer

    O Europe Elects acaba de publicar um tweet com um gráfico que deve preocupar o Presidente da Turquia: se a tendência de recuperação do “Não” se mantiver, este acabará por ganhar. Será?
  • As três maiores províncias já são do "Não"

    Ancara acaba de virar para o “Não”, que agora surge à frente do “Sim” com uma vantagem de 0,44% (14 mil votos).
    Assim, junta-se a Istambul e a Izmir e consuma um facto pouco favorável a Erdoğan: as três maiores províncias da Turquia não querem que ele tenha mais poderes.
  • "Sim" já está abaixo dos 52%

    Na descida do “Sim”, que já teve mais de 60% dos votos, já se afundou para lá da barreira psicológica dos 52%.
    São 93,20% de votos escrutinados e as contas estão assim:
    Sim – 51,99%
    Não – 48,01%
  • 92,33% dos votos contados apontam vitória magra para ao "Sim"

    E agora que já estão contados 92,33% dos votos, o “Sim” a Erdoğan continua à frente:
    Sim – 52,12%
    Não – 47,88%
  • "Não" com pouca margem para chegar a uma reviravolta

    Neste momento, já estão contados 90,69% dos votos. E os resultados são estes:
    Sim – 52,38%
    Não – 47,62%
    Parece pouco provável que o “Não” consiga, com menos de 10% dos votos por contar, dar a volta ao resultado. Até porque Istambul, que tem sido o motor desta remontada na fase final da contagem dos votos, já tem mais de 95% dos votos contados.
  • Dez maiores províncias divididas entre "Sim" e "Não"

    Neste momento, o “Sim” e o “Não” dividem-se igualmente entre as 10 maiores cidades do país — mas nas três maiores, o “Não” surge à frente em duas.
    Quando olhamos para as 10 mais habitadas, é isto que temos:
    “Sim” – Ancara (2ª), Bursa (3ª), Konya (7ª), Gaziantep (8ª), Şanlıurfa (9ª)
    “Não” – Istambul (1ª), Izmir (3ª), Antalya (5ª), Adana (6ª), Mersin (10ª)
    Em Ancara, a capital, apenas 49 mil votos mantêm o “Sim” à frente do “Não”. Se esta situação der a volta na capita, isto não significa uma vitória no cômputo geral — mas Erdoğan saberá então que os centros urbanos são cada vez menos seus.
  • "Sim" à frente com 52,77%

    Já estão contados 87,84% dos votos. E é assim que eles se distribuem:
    Sim – 52,77%
    Não – 47,23%
  • Na reta final, "Sim" a Erdoğan continua à frente...

    … mas ainda não parou de perder vantagem.
    Neste momento, com 85,27% de votos contados, as contas estão assim:
    Sim – 53,08%
    Não – 46,92%
  • Istambul já dá vantagem ao "Não" a Erdoğan

    Acaba de acontecer uma reviravolta em Istambul. Depois de o “Sim” ter estado à frente, o “Não” chega ao primeiro lugar. Já está com uma vantagem de pouco mais de 20 mil votos. Eis o que sabemos de Istambul:
    Sim – 50,12%
    Não – 49,88%
  • Com 4/5 dos votos contados, "Sim" de Erdoğan continua a perder vantagem — e a culpa é de Istambul

    Já estão contados 82,18% dos votos e o “Sim” continua à frente, mas a perder vantagem. Eis o que sabemos, de acordo com a Anadolu:
    Sim – 53,47%
    Não – 46,53%
    Isto acontece muito graças à contagem dos votos da província de Istambul. É que se há minutos a vantagem do “Sim” naquele círculo eleitoral era de cerca de 110 mil votos, agora já é só de cerca de 10 mil.
  • Erdoğan à frente em seis das 10 províncias mais populosas

    Neste momento, Erdoğan segue à frente na maioria das províncias mais populosas da Turquia.
    Quando olhamos para as 10 mais habitadas, é isto que temos:
    “Sim” – Istambul (1ª), Ancara (2ª), Bursa (3ª), Konya (7ª), Gaziantep (8ª), Şanlıurfa (9ª)
    “Não” – Izmir (3ª), Antalya (5ª), Adana (6ª), Mersin (10ª)
    É, obviamente, um cenário favorável a Erdoğan
  • Província de Istambul pende para o "Sim" e é neste momento a que mais importa

    A Turquia é um país enorme, com 81 províncias. Mas, neste momento, há uma que interessa seguir mais do que qualquer outra: Istambul.
    Foi nesta província, com o mesmo nome da cidade mais populosa da Turquia, que foram registados mais votos. E, para já, a contagem está bastante renhida, pendendo apenas ligeiramente para o “Sim”. Eis os resultados, com 75,20 dos votos contados naquela província:
    Sim – 50,76% (3 497 211 votos)
    Não – 49,24% (3 392 338 votos)
    Ou seja, neste momento, pouco mais de 100 mil votos separam as duas opções naquela província. Enquanto a margem se mantiver assim, para o lado do “Sim”, Erdoğan pode começar a abrir uma garrafa — de sumo de laranja, claro, porque ele não é muito amigo de álcool.
  • "Sim" ainda à frente, mas a novamente a perder gás

    Já estão contados mais de dois terços dos votos. Especificamente, 70,86% dos boletins já foram contados. E eis o que eles nos dizem, segundo a agência Anadolu:
    Sim – 54,8%
    Não – 45,2%
  • Participação eleitoral maior do que noutros referendos constitucionais

    Enquanto os resultados finais não são conhecidos, há um número que já é certo: a participação neste referendo foi de 83,89%.
    É um número notável, sobretudo se tivermos em conta aqueles que foram registados nos últimos dois referendos constitucionais na Turquia já na era Erdoğan. Em 2007, 67,49% dos turcos foram às urnas. No outro referendo, de 2010, o número subiu para 73,71%. Agora, voltou a crescer. Se vencer o “Sim”, Erdoğan e a sua clique irá certamente usar estes números como factor legitimador do que aí vier.
  • Vantagem do "Sim" encurta, "Não" vai crescendo

    Com 61,38% dos votos contados, o “Sim” continua à frente mas já não conta com uma margem tão larga.
    Sim – 55,99%
    Não – 44,01%
  • "Sim" à frente junto dos emigrantes, depois de campanha quente no resto da Europa

    Se bem se recorda, há coisa de um mês, alguns países da Europa e a Turquia viram-se frente a frente com uma crise diplomática grave. De forma resumida, políticos próximos de Erdoğan quiseram deslocar-se até países com uma forte presença de imigrantes turcos em atos de campanha. Assim, havia duas paragens incontornáveis: acima de tudo a Alemanha e também a Holanda.
    Refiro a Holanda porque, enquanto esta estava em eleições, foi tomada a decisão por autoridades locais de não permitirem a realização de comícios relativos ao referendo turco. Tudo isto culminou com a expulsão de uma ministra turca da Holanda, sendo esta encaminhada até à fronteira. Erdoğan chamou o Governo holandês de nazi. E as relações diplomáticas foram cortadas.
    E agora? Bom, agora, o “Sim” à extensão de poderes de Erdoğan está claramente à frente nesses dois países. Ora veja:
    AlemanhaSim – 63,34% 
    Não – 36,66%
    HolandaSim – 71,88% 
    Não – 28,12%
  • "A Turquia já entrou na fase de Estado bipolar"

    Tunc, um dos jovens com quem o Observador falou sobre as reservas que alguns deles sentem em relação ao futuro sob Erdogan, foi votar e enviou-nos este relato:
    Eu fui votar sozinho porque vivo um pouco mais afastado do centro de Istambul mas todos os meus colegas e a minha família foram votar também. Não falei com ninguém que não tenha votado. Há gente na rua, das duas fações, há bandeiras e as pessoas estão reunidas, mas os que se opõem a estas mudanças não são tão vistosos porque há o risco de violência. Ainda não é possível sabermos a votação mas o país, aconteça o que acontecer, já entrou numa fase de Estado bipolar, está dividido e muita gente acha que começamos a perder o rumo muito antes deste referendo”
  • Sim - 58,18%; Não - 41,82; Votos escrutinados - 48,54%

    Agora que praticamente metade dos votos estão contados, o “Sim” desce ligeiramente para os 58,18% mas continua a ter uma vantagem mais do que confortável em relação ao “Não”, que, com 41,82% dos votos, muito dificilmente conseguirá contrariar esta corrente pró-Erdoğan.
  • Novo falhanço das sondagens à vista?

    Já se tornou habitual dizer, depois de um ato eleitoral, referir que as sondagens estavam erradas. Agora, ainda cedo demais para isso de forma taxativa em relação a este referendo. Mesmo assim, já há alguma desconexão entre o que as sondagens previam e o que a contagem de votos indica. As sondagens davam uma vitória ao “Sim”, mas com este lado a conquistar algo entre 51% e 56%. Agora, com os votos que já foram contados, sabe-se que já são cerca de 60% os votos a favor do “Sim”.
    Resumidamente: Erdoğan pode estar a caminho de uma vitória maior do que aquele que era esperado.
  • Com quase 1/3 dos votos contados, o "Sim" vence com margem com confortável

    Embora o Comité Eleitoral Supremo não tenha levantado a suspensão da cobertura jornalística do referendo constitucional, já praticamente todos os jornais turcos estão a partilhar os resultados. Este que agora partilho são da cortesia do Daily Sabah:
    SIM – 61,3%
    NÃO – 38,7%
    (Votos escrutinados: 32,35%)
    (Daily Sabah)
  • Risco de fraude eleitoral? Alguns já começam a temer essa possibilidade

    Na Turquia, é regra as urnas serem seladas a lacre. Hoje, pelos vistos, essa realidade falhou.
    Agora, o Comité Eleitoral Supremo anunciou que todos os votos que estejam em urnas que não fora seladas a lacre podem ser contados na mesma — a não ser que haja provas de que tenham sido trazidos para as assembleias de voto a partir de fora.
    Este desenvolvimento está a causar alguma inquietação.
  • Primeiros resultados divulgados por jornal pró-Erdoğan

    O jornal Yeni Şafak já está a divulgar as primeiras contagens dos resultados — mesmo que os outros jornais ainda não a façam ou divulguem. Recorde-se que a autoridade máxima eleitoral da Turquia suspendeu a cobertura jornalística das eleições até aviso em contrário. Pelos vistos, o Yeni Şafak — bastante próximo da linha política de Erdoğan — passa ao lado disso.
    Feita esta introdução, cá vão os resultados que este jornal apresenta para já: com 15,9% dos votos escrutinados, o SIM vence com 64,9% e o NÃO está com 35,1%.
  • Espera-se participação alta no referendo

    Kareem Shaheen, correspondente do diário britânico Guardian na Turquia e no Líbano está a acompanhar a votação neste referendo. A julgar pelas fotos e relatos que vão chegando às redes sociais, espera-se uma participação alta neste referendo. O presidente Erdogan votou por volta do meio-dia e, cá fora, esperava-o uma multidão de apoiantes. Esta fotografia foi tirada pelo jornalista em Çankaya, no centro da capital Ancara, e diz: “Se este senhor que precisa de uma garrafa de oxigénio para respirar pôde vir votar, tu também podes”. Kareem diz também, em outro tweet, que um dos representantes do partido de Erdogan, o AKP, lhe disse que a participação na capital pode ter sido superior 80%.
  • O que pode mudar com este referendo?

    Enquanto esperamos, convém perceber, afinal de contas, o que está verdadeiramente em jogo neste referendo na Turquia.
    Resumidamente, estão em causa 18 artigos da Constitução turca. Se o “sim” ganhar, é isto que vai mudar na Turquia:
    • O posto de primeiro-ministro desaparece;
    • Os ministros passam a ser escolhidos pelo presidente;
    • O presidente torna-se a figura mais importante do ramo executivo do poder e pode emitir decretos de lei ou ordens executivas se o país estiver sob estado de emergência (como atualmente);
    • O presidente poderá manter as ligações e funções políticas no seu partido;
    • Eleições para o parlamento e para a presidência irão acontecer no mesmo dia, de cinco em cinco anos;
    • O parlamento deixará de poder “interpelar” o governo, um mecanismo que existe para questionar uma determinada lei ou política e que pode resultar numa moção de censura;
    • O presidente ganha imunidade penal;
    • O presidente escolhe a maioria dos juízes do Tribunal Constitucional (que passam de 17 a 15) e também do Conselho Supremo de Juízes e Procuradores (que passa de 22 membros para 13).
    Se quiser saber mais sobre este tema, sugiro-lhe a leitura do explicador publicado aqui no Observador: Estará a Turquia perto de cometer um suicídio democrático?
  • Às oito da manhã já havia fila para votar em Istambul

    A agência de notícias Associated Press tem estado a acompanhar a votação e conduziu um mini vox pop à porta de uma urna no centro de Istambul, ainda antes das oito da manhã.
    “Estamos aqui tão cedo para dizer ‘não’ pelos nossos filhos e pelos nossos netos”, disse Murtaza Ali Turgut, reformado do Ministério das Finanças. A sua mulher, Zeynep, também se mostrou ansiosa para votar: “Eu era para vir dormir aqui para poder votar logo que o dia nascesse”. Também Husnu Yahsi, de 61 anos, disse que votaria contra a revisão constitucional: “Não quero entrar num autocarro sem sistema de travagem. É isso que representa um sistema em que apenas um homem tem o poder”. Mas Mualla Sengul, por outro lado, escolheu apoiar as propostas do presidente Erdogan: “Sim! Sim! Sim! Nós vamos sempre apoiá-lo, ele está a governar o país tão bem!”
  • Já fecharam as urnas em todo o país

    Agora já só falta contar os votos.
    As urnas acabaram de fechar na zona Oeste da Turquia (a mais populosa), uma hora depois de já terem fechado no Este. São 15h00 em Lisboa e 17h00 em toda a Turquia — mas os resultados ainda vão demorar a sair. As previsões apontam para sabermos algo mais concreto perto das 22h00 de Lisboa (00h00 locais).
  • Urnas estão quase todas fechadas, mas os resultados ainda demoram

    Nesta altura, as urnas na zona Este da Turquia já estão fechadas desde as 14h00 de Lisboa (16h00 locais). No resto do país, fecham às 15h00 de Lisboa (17h00 locais). Ou seja, dentro de pouco mais de 20 minutos.
    Isto não quer dizer que os primeiros resultados sejam imediatamente conhecidos. Neste momento, a Comité Eleitoral Supremo proíbe os media de publicarem informações sobre o referendo. A proibição começou logo às 00h00 deste 16 de abril e vai continuar até… bom, até o Autoridade Suprema Eleitoral dizer. Para já, não há nenhuma previsão de quando é que essa proibição vai ser levantada.
    Ainda assim, a maior parte das previsões aponta para que os resultados sejam conhecidos e divulgados às 22h00 de Lisboa (00h00 locais).
  • Boa tarde!
    Hoje é dia de referendo na Turquia. E não é um referendo qualquer: hoje os turcos decidem se querem dar ainda mais poderes ao Presidente. A proposta parte de Recep Tayyip Erdoğan, o político que há mais tempo sobrevive no topo do poder na Turquia. Se o “sim” ganhar — ou seja, se Erdoğan levar a sua avante — isto significado que ele pode vir a ser Presidente até pelo menos 2029.
    Não é coisa pouca, o que se discute hoje na Turquia. Por isso mesmo, vamos acompanhar tudo em direto até serem conhecidos os resultados.
    Vamos a isso?

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