domingo, 30 de abril de 2017

"O euro está morto", diz Le Pen, que propõe duas moedas para França

Se vencer as presidenciais, Marine Le Pen admite um referendo à permanência no euro e uma eventual demissão caso a saída seja rejeitada.
LUSA/SEBASTIEN NOGIER
A candidata presidencial francesa da extrema-direita, Marine Le Pen, propôs a coexistência de duas moedas, uma para operações internas e outra para as internacionais, afirmando que o "euro está morto".
"Haverá uma moeda para compras diárias e outra para as grandes empresas que comercializam internacionalmente", explicou Le Pen, numa entrevista publicada hoje no jornal "Le Parisien", esclarecendo uma das suas propostas mais polémicas para as eleições presidenciais francesas de 7 de Maio.
Para a líder de extrema-direita, cujo principal adversário na segunda ronda é o liberal pró-europeu Emmanuel Macron, o euro é "em grande parte responsável pelo desemprego em massa" em França, por não estar "adaptado" à economia francesa.
Le Pen afirmou que se chegar ao poder vai negociar com a União Europeia a recuperação de quatro soberanias que considera "essenciais" e que são o território, a lei, a economia e a moeda, e adiantou que, caso falhe a negociação, avançará para referendo.
"Se votarem não, não poderei manter-me em funções", admitiu a candidata, cuja proposta de abandonar o euro levanta preocupações nos franceses, já que cerca de 70% são a favor da permanência na moeda única.
No entanto, frisou que se ganhar esse referendo passará a ter uma posição de força que a União Europeia será obrigada a aceitar, pois não quererá deixar partir um país fundamental, como aconteceu com o Reino Unido.
O liberal pró-europeu Emmanuel Macron venceu a primeira volta das presidenciais francesas com 24,01% dos votos, à frente da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, que conseguiu 21,30% dos votos.
Os dois candidatos, que vão disputar o Eliseu (Presidência francesa) numa segunda volta a 7 de Maio, ficaram separados por pouco menos de um milhão de votos.




  1. vinha2100
      
    A Le Pen está morta! Tocar no euro, que estupidez. Eh eh eh...
  2. arrassip31
      
    Com uma afirmação destas ela perderá as eleições.
    1. Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta
       
      ela perder as eleições presidenciais é uma certeza estatística. Estas propostas são já a campanha das legislativas em Junho.
  3. jmbmarte
      
    quer se queira quer não, a jogada é de mestre: triplo gambito: Le Pen força, na exacta medida 'frágil', quase lírica, em que expõe a jugular a referendo; 'acata' um não, e sai - chantagem pura, mas 'humilde'; e ao mesmo tempo não destrói a inserção da França no euro e na europa, ganhando todavia as 4 'soberanias' (se essa espécie de gato de Schrödinger da dupla moeda é possível, deixo aos magos brancos da actualidade, os economistas). Ou seja: não inviabiliza a europa, mas viabiliza a França. E tudo isto negociando democraticamente, ora na mesa diplomática ora nas urnas, cobrindo assim exemplarmente a via crucis do verdadeiro político democrático responsável. E colocando o ónus, aqui sim - e não como no caso do Velódromo - sobre La France, a França eleitoral maciça. Tudo ou nada -mas soft.
  4. Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta
     
    O euro está de facto morto. Mas as eleições presidenciais francesas já estão estatisticamente acertadas, são as legislativas que são discutidas nas entrelinhas destas propostas. Os que gostam do projecto europeu mas não tanto que os impedisse de o sacrificar à usura e ditadura do euro tem de começar a pensar em que tipo de política post-euro querem. A obsessão do antilepenismo oferece um pódio ao fascismo. E é isso que terão daqui a 5 anos se não descobrirem que outras propostas post-euro andam por aí. De outra forma vão deixar que as boas ideias acabem associadas às pessoas erradas. Os que ainda não leram o incontornável livro do Nobel da Economia Joseph Stiglitz sobre a impossibilidade ruinosa do euro deviam por as leituras em dia - "The Euro: How a Common Currency Threatens the Future"
    1. Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta
       
      Aos que têm as leituras em dia recomendo o estudo do Wir Bank na Suiça, o m-pesa em África e agora a entrar na europa de leste, e é claro a excelente iniciativa do "positive money" no UK. Ter os vídeos em dia é também boa idea, o "97% Owned - Positive Money Cut" que lançou esse movimento na opinião pública em 2012 é incontornável. A menos que gostem de Le Pen (temos todos o direito a uma opinião), por favor não deixem que o nome dela fique associado a uma ideia de futuro em que tantos democratas trabalham há tantos anos. Estudem!
    2. jmbmarte
        
      ah, pronto, cá vêm os economistas (que o não são: o que faria se fossem!). I stopped listening to the holocaust controversy precisamente no campo da economia: a inacreditável assertividade com que qualquer economista demonstra com um sorriso de estupefacção as falácias do oponente (o sorriso do 'como pode ele ser tão estúpido?') e a evidência apodítica das suas próprias receitas miraculosas - só tem par na absoluta convicção com que a parte oposta faz exactamente a mesma coisa. Tanta suficiência científica (já sem contar com a marxista) satura formidavelmente. É por isso que Le Pen percorre incoerentemente as zonas do 'euro morto' - sim, não, nim: apenas porque a política é a arte do possível. E da negociação. Não se trata 'do euro', mas da negociação francesa do euro. Não tem mistério.
    3. Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta
       
      jmbduarte, desconfio que saber que Stiglitz recebeu o Nobel pelo estudo e formalização de "sociedades de aprendizagem e conhecimento" (o futuro) não lhe merece nenhuma atenção especial. Acertei? Se errei, fica a inevitável obsessão com a leitura "Creating a Learning Society: A New Approach to Growth, Development, and Social Progress" Columbia Univ Press 2015.
    4. tripeiro
        
      Desconfio que o cozinheiro molecular mandou programar um bot para, diariamente, aqui vir verborrear as patacoadas do costume.
  5. Javali
      
    O PCP e o BE não diriam melhor. Os extremos sempre a tocarem-se.
  6. paulo
      
    A saida do euro e um dos passos essenciais para recuperar a independencia. Quem ama a Franca votara le pen. Quem quiser viver na miseria e see escravo dos mercados votara macron.
    1. ana cristina
        
      manda dizer o putin, grande financiador da sargenta?
    2. tripeiro
        
      E depois cada uma das regiões de França sai da moeda francesa e cria a sua própria para recuperar a independência; o mesmo para cada uma das sub-regiões, até que chegamos finalmente à lei da selva em que, cada um na sua independência, vale por si próprio.
    3. ana cristina
        
      :) ao putin dava imenso jeito. é por isso que financia a sargenta.
  7. Darktin, anti comunistas da extrema-direita
      
    Neste momento, este tipo de discurso de Le Pen já está a caminhar para ao anacronismo devido a loucura suicida que chega dos EUA. Por exemplo, alguém sabe qual é politica económica norte-americana atualmente? Alguém sabe o que vão fazer no futuro? O EUA económico atual é mundo de incertezas pois pior do que más decisões, é não haver nenhuma. Se fosse um grande investidor procuraria algo estável como o Euro do que o Carnaval do Dolar nos EUA. Mais ainda, o Euro tem uma oportunidade de ouro para preencher os espaços vazios gerados pelo presidente mais estúpido da História dos EUA. Este por si só, é mais perigoso do que qualquer estado mais negativo do Euro.
  8. ana cristina
      
    o Público continua a sua passeata populista. estende o micro à sargenta le pen, transmitindo as suas últimas declarações, sem uma palavra sobre as diferenças em relação às penúltimas e às antepenúltimas (que vêm descritas no le monde on line, leitura gratuita). e sem uma palavra sobre os desacordos internos no partido, uma vez que a outra herdeira do sistema le pen - a chefe do sul no front national - diz exatamente o contrário da tia sobre o euro. isto é levar o populismo às costas: esquecer de contextualizar, esclarecer, informar. e os populismos vivem disto: da desinformação. aqui tão gentilmente oferecida de bandeja.
  9. Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta
     
    Não são só os economistas que lhe dão razão, há vários países com mais do que uma moeda para sustentar as tais múltiplas economias. Googlar por exemplo "Wir Bank" para um sistema monetário que coexiste com o Franco Suíço no mesmo espaço económico. Aliás a ideia não é nova de todo, nem sequer nestas presidenciais - acabar com a monocultura tola da moeda única e tornar o euro apenas numa moeda comum (não única) foi um dos principais cavalos de batalha de Mélenchon.
    1. Darktin, anti comunistas da extrema-direita
       
      Continuo a achar interessante como se extrapolam vozes pequenas em relação a maioria e tentam fazer-nos querer acreditar que o que meia-dúzia dizem é mais valioso do que milhares. Por outro lado, adoro a expressão populista nacionalista do jonas ao colocar tudo no mesmo saco...muito cientifico:" Não são só os economistas". Quando tudo parece credível, então nada é credível.
    2. Darktin, anti comunistas da extrema-direita
       
      """If everything seems credible then nothing seems credible. You know, TV puts everybody in those boxes, side-by-side. On one side, there's this certifiable lunatic who says the Holocaust never happened. And next to him is this noted, honored historian who knows all about the Holocaust. And now, there they sit, side-by-side, they look like equals! Everything they say seems to be credible. And so, as it goes on, nothing seems credible anymore! We just stopped listening!"""
    3. ana cristina
        
      darktin: o ponto é mesmo esse. o fascismo da le pen ganha votos com esse amálgama de afirmações atiradas como se tudo pudesse ser verdade. na segunda-feira passada a le pen afirmou-se europeísta e que sair do euro não era nem prioridade nem necessidade. uma semana antes dizia o contrário. sobre o euro, a europa, como sobre as câmaras de gás, cada um diz a sua no partido e vão mudando para agradar ao maior número possível de enevoados.
    4. Sum Legend - Políticamente incorrecto
        
      Darktin, refere que "Continuo a achar interessante como se extrapolam vozes pequenas em relação a maioria e tentam fazer-nos querer acreditar que o que meia-dúzia dizem é mais valioso do que milhares"... Pena não usar este argumento (que gostava que o comprovasse) para outros assuntos da sociedade... Mas, essa minoria, não tem os mesmos direitos da maioria? Os votos não valem o mesmo? Já agora, populistas são todos os políticos, não são só os que não gostamos. Populismo funciona à esquerda, ao centro, à direita. Quem diz o que a maioria que refere quer ouvir, para ganhar, é tanto populista como ela. Facto.
    5. Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta
       
      Darkin, o que há de não científico na existência de múltiplas moedas na Suíça desde pelo menos 1934 (no caso do Wir Bank)? Aqui em NY há caixas multibanco para bitcoins ... Em África, já a chegar a países europeus como a Roménia, tem o m-peza que atravessa vários espaços monetários sem qualquer esforço? O que é "anti-científico" nesta realidade?



ö

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