CRÔNICA
*Por Euclides Flávio*
Estava eu, ontem, no meio de transporte colectivo, vulgo XAPA. O veículo arrancava a partir da Junta, uma zona de confluência de trânsito a nível da cidade da Maputo. Quando o cobrador assobiou para o seu CHOFERO como forma de ordenar a marcha, fui me perguntando sobre as reais razões que tornam estes XAPAS de “semi-colectivos”, ou seja, o que as pessoas tem em comum, para alem de irem a algum lugar?
Quando comecei a olhar para os quatro cantos, ia encontrando cada traço, cada diferença, cada rosto, cada hábito. Uns rostos cheios de aflição, outros amarotados e boa parte mostrando disposição para o inicio de mais uma jornada de trabalho.
Naquela manhã, já era possível sentir os 37 graus de temperatura máxima que iam se observar durante a tarde. Imagine essa temperatura no meio de um *PUMM*? Sim, uma *PEIDA*, ou simplesmente KU-TXUTA (CHANGANA).
É que antes de chegar na zona do Cemitério de Lhanguene, alguém tinha lançado uma rajada de *PUNS* naquele transporte. Fiquei um tempinho para caçar a fonte do cheiro, mas nada. A autora tinha feito tudo com mestria. Tratava-se daquelas peidas silenciosas que libertam o ar instantaneamente mas deixam a pessoa acometida.
Cheguei a pensar que um dos carros da vala comum, depositava *CADÁVERES* naquela cemitério antigo, no momento em passavamos. Passei mal, pois, na altura não trazia nenhum *PEDIATROCOCETAMOL*, uma bomba que tenho usado para me reanimar em caso de cheiro nauseabundo na minha cidade.
É que sou *PEIDOFOBIA*, ou seja, tenho medo da peida, as vezes ate saiu do XAPA para tomar outro pois, causa-me tonturas e mà disposição.
Do lado esquerdo estava um velho de barba branca que esticara as suas antenas para responder a minha preocupação uma vez já não conseguia respirar bem.
- *O VELHO BARBUDO PERGUNTOU*:
-Filho o que se passa?
-EU- alguém peidou pai.
-O velho HUMMM… Deixe-me concentrar. Afinal de contas o velho era profeta. E logo deu me sinal, indicando uma jovem alta, bonita, e cheirosa, aparentemente dos seus 25 anos. O facto curioso é que ela estava dumas *TXUNA BABYS* bem apertadas, não pude perceber com que *Engenharia* o PUM soltou-se. Imaginem vocês. Como tem sido habitual, *associa-se esse tipo de práticas aos mal vestidos e aos aparentemente MOLUENES*. Quando iam suspeitando de um pobre jovem que trazia dois bidons de agua para ganhar o seu pão no cemitério, fiquei chocado duplamente. *Primeiro* porque via um jovem a ser insultado pelos passageiros devido a sua condição apenas pois, ninguém tinha certeza que era ele. Apenas eu e velho profeta é que sabíamos de tudo. *Segundo* a moça linda que me foi indicado pelo profeta como autora do escândalo de PUNS começou a transpirar na zona do mercado Fajardo. Quando ela descera na Belita, já não aguentava de tanto rir uma vez que tinham soltado uma piada que mexeu com todos. *Não aguentando com a PIADA ela riu-se tanto ate que peidou mais uma vez*. Mas desta vez foi aquele PUM sem segredo. E todos descobriram. A moça chik quase seria linchada pelos passageiros que a suportaram desde a paragem da junta. Foi um vexame.
Face a esta situação recorrente nos XAPAS, as perguntas que não querem calar são essas: *quem vai estabelecer o teor do mau cheiro? O município? Os cobradores? Por acaso vão inventar um FEDÔMETRO* com escala de 1 a 20, para depois aproximar aos passageiros nas suas paragens e analisando o grau de emissão de gases?
Vão contratar um bando de estagiários do municípios da cidade de Maputo para entrar nos *XAPAS* e sair cheirar os passageiros? Outro dia sentei ao lado de uma mulher que parecia ter tomado banho daquele famoso perfume, aquele perfume francês insuportavelmente forte e *doce da Dior*; *excesso de perfume também pode dar multa*?
É que parece que os usuários do sistema de transporte público da cidade da Maputo são consumidores vorazes dos desodorizantes que nem conhecemos a sua proveniência, e o mau cheiro é tanto que já é urgente que se penalize os passageiros que peidam e atingem os números estabelecidos na escala de FEDÔMETRO em potencial com *multa de 5500mt ou seis meses na cadeia*. Isso vale também para quem estiver usando roupas que deveriam estar na bacia há meses, meias cheirando e os que andam mal na estrada. Devemos rever a postura municipal.
Ou seja, as pessoas que têm o hábito de PEIDAR em viagem, melhor passarem a tomar *MY LOVE*, lá é razoável. Pois, trata-se dum espaço aberto, e o cheiro sai lago e acompanha a estrada, diferentemente dos semi-colectivo.
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