quinta-feira, 13 de abril de 2017

As dívidas consideradas não-reveladas: O pano começou a cair!

O pano começou a cair!
Por: Armindo Chavana, jr
As dívidas consideradas não-reveladas, da PROINDICUS e da MAM, constam da Conta Geral do Estado de 2015, ora submetida à presente sessão da Assembleia da República. Se esta as aprovar, como é esperado, mandando-as inscrever, elas tornam-se lei. Em termos jurídicos, isso significa que não há crime financeiro de tipo violação de legalidade orçamental, ou seja, a AR reconhece que compreendeu e aprovou as circunstâncias que ditaram a sua contratação pelo governo de Armando Guebuza e, assume, retroactivamente, que todas as “irregularidades” de ordem administrativa associadas a este processo, estão sanadas. Exercício similar aconteceu no ano passado quando a AR formalizou a conta da EMATUM.
Esta semana, o governador do Banco de Moçambique acrescentou um dado novo quando revelou a participação de cinco bancos comerciais nacionais no financiamento. Mas será que é apenas hoje que o Banco Central sabe disso? (uma informação crucial na leitura e compreensão de todo este imbróglio mantida em segredo, quando a sua revelação mudava o curso do debate!?).
Hoje, a formalização destes empréstimos poderia parecer branqueamento por via de maioria parlamentar se, na minha opinião, não tivessem ocorrido as seguintes circunstâncias, políticas:
1. O governo recusou (propositadamente), receber os credores quando estes o procuraram em devido tempo. (deixou-os de molho perto de 3 semanas no Radison). Foi quando se cristalizou a percepção internacional de que Moçambique não queria, ou não estava em condições, de honrar os seus empréstimos. A sua queda nos ratings das agências de notação financeira, e as pressões do FMI resultam mais dessa percepção do que de indicadores macroeconómicos objectivos, do país, nessa altura.
2. Propositadamente institucionalizou-se um discurso (enganador, e enganoso) de cofres vazios (pressupondo que AEG os tivesse esvaziado à saída), quando havia um saldo de mais de 140 milhões de dólares, na conta. (essa mentira foi angular no processo de inculcar na mente dos moçambicanos a ideia de que o mandato então terminado fora um verdadeiro catálogo de crimes, com um bandido à cabeça). 
3. (Articulando os dois pontos anteriores), por conveniência, deixou-se que uma questão ordinariamente simples, se transformasse em propositadamente complexa. Porquê?
Ps. A fechar, repito uma pergunta do post anterior: e se a presente ordem de quebra de sigilo bancário indicar que os valores constantes das contas dos ora arrolados (e outros que se venha arrolar) não resulta de processos associados a estes dossiers, por onde se pega a questão?(x)

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Mablinga Shikhani A porca vai torcer "aquela parte" e no fim, pelo que parece, fica sem ela.
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Jose Mani Samuel Caro Armindo Chavana se se recordar da minha última intervenção eu disse a dado passo que "reckless management" era o modus operandi em Moçambique e as perguntas que levantas só confirmam esta minha percepção.

A inclusão hoje na conta geral do estado não iliba o "crime de não comunicação a assembleia".
A mesma assembleia ao aprovar essa conta como legítima que não foi comunicada conforme os procedimentos legitimiza uma ilegalidade. É aí que entra o conceito de reckless management também por parte da assembleia. outro ponto a tomar em consideração é o de que a bancada que está a aprovar a conta é a mesmo que no principio impediu que se discutisse o caso e agora de facto ao aprovar legaliza o ilegal e btanqueia como tu dizes. como diriam os ingleses : shame on Assembleia da república .
ainda mais uma legalização post factum de uma ilegalidade reconhecida por todos em sede da assembleia da república é a maior aberração que só se pode comparar com o rei passeando nu no seu reinado.
Respeito a sua posição de quer defender o indefensável mas repugna me brincar com os cidadãos.
Os que estavam a frente do banco juraram a princípio de pés juntos que não sabiam de nada. Estes estão vivos e podem ser chamados a esclarecer os factos se houver interesse.
já agora que bancos são e qual é a composição accionistas destes bancos.
Um abraço fraternal para um debate saudável de ideias
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Isaias Adelino Joao Estou plenamente de acordo consigo Dr Chavana. Muitos "apatridas" que vivem neste Pais ainda vao estar cabisbaixo.
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Jose Mani Samuel poderá explicar esse conceito de "apatridas"? para podermos falar a mesma língua.
Tito Tezinde !!!!!
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Cesar Tique Moçambique já está a pagar essas dívidas desde 2015 é por isso que fazem parte das contas gerais do Estado. Não esqueçamos que as dívidas tiveram garantia soberana....como é que o Governo iria paga-las e depois não iria justificá-las? É um mero procedimento burocrático....agora da sua legalidade e se foi para conta de particulares...etc isso é outra conversa.
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Yolanda Arcelina Acho que a Fábula: O Lobo e o Cordeiro poderia ser um bom contributo para esta troca de ideias : -

Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da água.
- Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo - disse o lobo, que estava alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome.
- Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando.
- Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal de mim no ano passado.
- Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha nascido.O lobo pensou um pouco e disse:
- Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo.
- Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou filho único.
- Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado.
MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor. Jean de La Fontaine
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Boaventura Mausse Mocambique deve ter uma Ar com equilibrio nos assentos, p k prevaleca ditadura do voto, um dia chegamos la
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Boaventura Mausse Ar sem ditadura do voto.
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Jose Mani Samuel Senhores aprovar as contas significa validar o que ainda está sob auditoria o que em contabilidade não é exequível. Salvo uma explicação convicente que justique "overriding the principles" continuo a pensar que os legisladores estão a incorrer numa ilegalidade se aprovarem a conta e oxalá não sejam chamados em juízo num dia desses
Armistício Mulande Podem dizer tudo o que quiserem, na minha cabeça cristalizou-se a ideia de que o governo que entrou em funções no dia 15 de Janeiro de 2015 arrastou-nos para esta situação trágica em que estamos. 

A única coisa que ainda não consigo formular na minha cabeça é: porquê?. O que é que estava na cabeça dos novos governantes para proceder como procederam? Foi por incompetência (Elisio Macamo chamou isso de masoquismo incompetente), foi por alguma visão de ganhos políticos (consolidação do poder), foi por pura birra...? 
É que mesmo em situações em que outro partido ganha eleições e todos os ministros são substituídos já vimos uma melhor coordenação e "asseio" na transição. Ainda vamos ter respostas sobre o que realmente aconteceu com este governo que conseguiu, em menos de 1 ano, destruir a credibilidade dum país. Mas como sempre, os culpados são outros!
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A defesa do ex-presidente Armando Guebuza no caso do endividamento ocultado podia ser mais perspicaz, buscando argumentos mais claros e assertivos. Como ela esta sendo feita, apenas fragiliza o homem e abre flancos para se conjenturar suspeições sobre sua responsabilidade nos processos da Ematum, Man e ProIndicus. A reação ao vazamento recente de um pedido judicial de levantamento de sigilo bancário sobre o ex-Presidente, seus filhos e elementos da sua administração foi trivial. Em vez de se disponibilizar para a clarificação no foro prilegiado que ele merece, foi feita a apologia da sanha persecutória e da rixa politica. E agora o jornalista Armindo Chavana pretende reduzir toda esta intrincada a um mero processo administrativo. Segundo ele, se a AR aprovar a Conta Geral do Estado de 2015, onde já constam os dados da MAM e Proindicus, fica tudo sanado.As regularidades administrativas" ficam normalizados. Do ponto de vista jurídico, diz ele, o endividamento oculto deixa de ser problema porque a AR chancelou a conta e sanou o facto de não ter sido consultada. Chavana advoga esse branqueamento parlamentar de procedimentos que se situam à montante, violados pelo Governo de AEG. Tudo o que vem depois, em toda a cadeia de valor do processo de instalação desse sistema de vigilancia costeira não conta. O "value for money' não interessa. Se o dinheiro foi aplicado ou não que se lixe. Nunca vi a auto estima de Guebuza em maré tão baixa. Seus defensores tem a obrigação de enxergar mais longe. Este assunto do endividamento ja não se resume apenas à violação da lei orcamental e ao benix aos mecanismos de checks and balances. Extravasa tudo isso.
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Nordine Mussagy Mussagy Por que será?
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Carlos Joao Marcelo Mosse, o acto da AR é independente dos processos de investigacao em curso. nao ha nenhuma relacao em dossiers investigativos serios. Ex.: se provado o desvio de fundos por um funcionario do ministerio Ematum, por exemplo, este pode ter processo disciplinar e ser aministiado. Paralelamente, em sede do tribunal este pode ser condenado.
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Laurindo Machado O plantra sempre quer baralhar a opinião pública. Provavelmente, nunca haverá responsabilização sobre a questão da Emanuel, MAM e proindicus! O melhor é esquecer-mos o parlamento porque é controlado pelos envolvidos nesta situação patética! O estado ainda está refém dessas mentalidades de gatunagem!
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Laurindo Machado O pilantra e EMATUM quis eu dizer
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Hussene Algy Adamo daqueles filmes sem legenda nem som
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Damiao Cumbane Por acaso li o artigo do Armindo Chavana e fiquei com a impressão de que ele apenas se fez de palhaço para poder falar à vontade. Doutro modo não teria coragem para fazê - lo. Mas isso não descarta a hipótese de is conhecimentos do Chavana serem tão curtos e obscuros como a tentativa de dissertação por ele feita. Há gente que não sabe que o silêncio é de ouro.
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Evaristo Cumbane International donors are not paying Kroll in vainVer Tradução
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Kleber Alberto Ha uma manobra de diversao para o tempo correr, mx pela magnitude da roubalheira, o tempo so joga a desfavor dos gatunos, pois cada dia a sua influencia e poder diminuem, aguardemos.
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Eliha Bukeni Se eu fosse AEG, mandava a todos eles calerem-se, porque os seus artigos, no lugar de amenizarem, incrementam as suspeições. Há dias, o Chivale quis nos fazer crer que, uma vez que os dinheiros da Ematum, Proindicus e MAM foram transferidos directamente das contas do Credit Suisse e do VTB para os fornecedores Prinvest e Abu Dabhi Mar, não se justifica a diligência da PGR do leventamento do sigilo bancário ao G19+1. Esta do Chavana é demais, dizer que a inclusão das dívidas da Proindicus e MAM na CGE as transforma em lei . Para começar, a CGE é aprovada por meio de uma resolução. O OGE é que é lei. A AR vai apenas registar as garantias que o Estado prestou as 2 empresas privadas. Quando o amortização das dívidas fôr inscrita na tabela de despesas do OGE, aí sim estaremos de falar de lei, porque irão constar da lei orçamental. Chavana vai mais longe, ao referir que, com a inserção das dívidadas na CGE, "significa que em termos jurídicos, não há crime financeiro tipo violação da legalidade orçamental" he he he... se eu espancar o Chavana (que é crime), e depois levarem-lhe ao hospital e ele ficar curado (o crime desaparece). Sobre os 5 bancos nacionais, que se saiba, não financiaram directamente as empresas. Estes bancos, tal como outros credores, compraram obrigações emitidas pelo Credit Suisse e VTB, que garantiram o financiamento das empresas. Os Bancos envolveram-se no mercado internacional especulativo de títulos de dívida pública. Anyway, o mais interessante de tudo é que os dois pretensos defensores oficiosos de AEG, colocam óculos de madeira, para não verem o que está de facto em causa. Há muito que o pomo da discussão deixou de ser a legalidade das dívidas, hoje por hoje, o que está em causa é o facto de os activos adquiridos com os USD 2,2 bis não cobrirem USD 1 bi. Deixemos a Kroll e a PGR "follow the money". Seria mais útil se dupla Chivale/Chavana trouxessem o debate para este capítulo!
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Marcelo Mosse Justamente meu caro...
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Ricardino Jorge Ricardo A ser assim só posso dizer que, este de CHAVANA só quer nos entreter com suas idéias "fora dos carris".
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Rildo Rafael Apóstolos da dívida oculta ou pastores do endividamento
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Joaquim Joao Correia Estamos afogando a cada dia q se passa....verdade seja dita a grana ja sumiu
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Joao Mazivila Antonio DEUS ESCREVEU,VAO TER A JUSTICA,SERA UMA CATASTROFE.DAS FAMILIAS,O QUE O POVO VIVE HOJE,SERA POUCO QUE O QUE SEUS DESCENDENTES HERDARAO
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Carlos Sérgio Num crime existem os autores, cumplices e encobridores e todos sao chamados pela justica para serem julgados pela sua participacao no crime.
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Lito Elio Chavana apenas expôs a opinião dele. Não o insultem, exponham as vossas também, se as têm.

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