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Escrito por Adérito Caldeira em 27 Março 2017 |
Durante o primeiro ano de governação de Filipe Jacinto Nyusi, e ainda antes da descoberta dos empréstimos ilegais da Proindicus e da Mozambique Asset Management(MAM), Moçambique tornou-se num País onde se vive pior, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano(IDH) divulgado semana finda pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Quando o Presidente, que diz que o povo é seu patrão, afirmou no balanço do seu primeiro ano de governação que o "Estado da Nação não era satisfatório mas também não é mau" poucos moçambicanos acreditaram na sua avaliação. Ora o IDH elaborado com dados de 2015 mostra que o Estado Nação moçambicana piorou nesse ano. Moçambique não só continua a ser um dos dez piores Países do mundo, em 188 avaliados pelo PNUD, como ainda caiu do 180º lugar que ocupava em 2014 para 181º, a “Pérola do Índico” foi ultrapassada pela Serra Leoa.
Piores que o nosso País só mesmo a República Centro-Africana, o Níger, o Chade, o Burkina Fasso, o Burundi, a Guiné e o Sudão do Sul.
De uma forma geral o desenvolvimento humano em Moçambique estagnou, a expectativa de vida continua a ser 55,5 anos de idade, o número de anos previstos de permanência na escola continua a ser de 9,1 anos. Mas o que caiu muito foi rendimento per capita dos moçambicanos que passou de 1.123 dólares norte-americanos para somente 1.098 dólares.
O Índice do PNUD revela que embora o número de moçambicanos que vivem no Limiar da Pobreza nacional tenha se mantido nos 54,7% o número de cidadãos que vive no novo Limiar da Pobreza global, reajustado de 1 dólar para 1,9 dólares, aumentou de 60,7% para 68,7%.
Aliás este IDH é corroborado paras estatísticas oficiais que indicam que o número de pobres em Moçambique, ainda antes da descoberta dos empréstimos ilegais da Proindicus e da Mozambique Asset Management(MAM) que precipitaram a crise económicas que estamos a viver desde 2016, tinha aumentado.
Ainda de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano, em Moçambique a desigualdade do género continua a aumentar, com vantagem para os homens. Para cada 100 mil nascimentos, 489 mulheres morrem de causas relacionadas com a gravidez, em 2014 morriam 480 moçambicanas, a taxa de natalidade em adolescentes é de 139,7 nascimentos por cada mil crianças nascidas vivas, comparativamente a 137,8 no ano anterior.
Quase 1.500 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento vivem no que o PNUD chama pobreza multidimensional, um índice que leva em conta factores como o acesso a água potável, combustível e serviços de saúde, assim como artigos domésticos e outros.
Uma evidência do fraco desenvolvimento de Moçambique no que a pobreza multidimensional diz respeito são as doenças diarreicas, com destaque para a cólera, que todos os anos atormentam milhares de moçambicanos. Se todos os moçambicanos tivessem acesso a água potável canalizada, e não somente 17%, e ainda tivessem casas de banhos convencionais estas doenças poderiam deixar de ser um problema de Saúde cíclico.
Diga-se que o Presidente empregado do povo propõe-se a aumentar o acesso à água canalizada para 22%, até ao final do seu mandato e deixar o drama de saneamento como está - apenas 3% da população tem casa de banho convencional e 14% possuem sanitas conectadas à fossas sépticas.
Noruega é o País onde melhor se vive
Entretanto, segundo este Índice, a Noruega continua a ser o País onde melhor se vive no mundo. Austrália, Suíça, Alemanha, Dinamarca, Singapura, Países Baixos, Irlanda, Islândia e Canadá, empatado com os Estados Unidos da América, completam os dez primeiros lugares da classificação elaborada anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e que leva em conta as receitas, a esperança de vida e o nível de educação.
A Noruega lidera também a classificação do IDH ajustado pela desigualdade interna (IHDI), uma lista na qual se destacam de forma negativa entre os países do primeiro grupo o Chile, Argentina, Coreia do Sul, Estados Unidos e Israel. O ONUD ressaltou que o IDH global melhorou mais de 20% desde 1990, 45% no caso dos países menos desenvolvidos.
O IDHI mostra por outro lado que, considerando os indicadores de desigualdade, 22% do progresso nesse desenvolvimento perdeu-se nos último quinze anos e que a maior perda recai nos países com menor desenvolvimento humano, com uma média de 32%.
Quanto ao Índice de Desigualdade de Género, outro indicador incluído no relatório, a Suíça é o país com menor desigualdade entre homens e mulheres, seguida pela Dinamarca, Países Baixos, Suécia e Islândia, enquanto o Iémen ocupa o último lugar dos 159 países, atrás do Níger, Chade, Mali e Costa do Marfim.
Ao nível mundial, o estudo revela que o Índice de Desenvolvimento Humano médio é seis pontos percentuais menor para as mulheres, uma lacuna que se reduz a dois pontos nos países do primeiro grupo e aumenta a quinze nos de baixo desenvolvimento.
O relatório, baptizado este ano de “Desenvolvimento Humano para todo o mundo”, ressalta que apesar dos progressos gerais vividos nos últimos 15 anos, uma em cada três pessoas no mundo continua a viver com baixos níveis de desenvolvimento e que mais de 300 milhões nos países avançados vivem na pobreza relativa.
O PNUD ressalta que quase em todos os países, grupos como as mulheres, indígenas, minorias étnicas, deficientes, emigrantes e refugiados, e lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais sofrem desvantagens específicas que se sobrepõem e reforçam, aumentando a sua vulnerabilidade.
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