quinta-feira, 30 de março de 2017

Dívida pública de Moçambique quase em 110%, a mais alta da África subsaariana

Moçambique


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A consultora Business Monitor Internacional estima que a dívida pública de Moçambique deverá chegar aos 109,7% do PIB este ano, tornando-a a mais elevada na África subsaariana.
O incumprimento financeiro e a assunção da incapacidade de servir a dívida serviu para descer a despesa pública, e por isso a BMI prevê que o défice das contas públicas baixe este ano para 6,2% do PIB
AFP/Getty Images
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  • Agência Lusa
A consultora Business Monitor Internacional (BMI) estima que a dívida pública de Moçambique deverá chegar aos 109,7% do PIB este ano, tornando-a a mais elevada na África subsaariana, numa nota de análise sobre o país. “Depois de ter caído em incumprimento financeiro a 20 de janeiro, os próximos anos vão ser definidos pela capacidade do Governo em fazer regressar o peso da dívida global para um nível mais sustentável; prevemos que a dívida total do Governo vá chegar aos 109,7% do PIB este ano, a maior da África subsaariana”, lê-se numa nota, a que a Lusa teve acesso.
No documento enviado aos investidores, esta unidade de análise detida pelo grupo Fitch sublinha que “a maioria da dívida é denominada em moeda estrangeira, tornando-a suscetível à volatilidade das taxas de câmbio”. Esta volatilidade, acrescentam, foi evidente durante o ano passado, quando o metical se desvalorizou quase 33% face ao dólar, elevando ainda mais a dificuldade do Governo em servir a dívida, que subiu para níveis insustentáveis e obrigou o Governo a não pagar a primeira prestação, de quase 60 milhões de dólares, da emissão de dívida internacional que fez em abril do ano passado, no valor de 727,5 milhões de dólares.
Os analistas da BMI consideram que, se o acordo financeiro que Moçambique pretende obter do Fundo Monetário Internacional for alcançado, “restringir a despesa pública deverá ser uma grande parte” desse acordo, o que melhorará a análise que é feita pelos investidores internacionais sobre o país. No entanto, acrescentam, “qualquer regresso aos mercados internacionais no futuro” será recebido pelos investidores de forma negativa devido à “maneira pouco simpática como os trataram durante o processo de ‘default'”, no qual recusaram privilegiá-los face a outros credores, apesar de os detentores dos títulos de dívida terem aceitado uma reestruturação ainda em 2016.
“Esta decisão deverá aumentar os custos de financiamento no futuro, já que os investidores deverão incluir no preço dos empréstimos o histórico de incumprimento e a falta de cooperação”, conclui a BMI.
Para já, o incumprimento financeiro e a assunção da incapacidade de servir a dívida serviu para descer a despesa pública, e por isso a BMI prevê que o défice das contas públicas baixe este ano para 6,2% do PIB, uma melhoria face aos 10,3% de 2014, e deverá ainda baixar mais se Moçambique entrar num programa de ajuda financeira do FMI, concluem os analistas.

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