“
Gloom situation” ou,
simplesmente, “Situação
sombria” é o título de uma
carta lavrada, em 1969,
por Uria Simango, pai de Daviz
e Lutero Simango, na qual abordava
a luta pelo poder no seio
da Frente de Libertação de Mo-
çambique (FRELIMO).
Poderá ser para um caminho
sombrio que o Movimento Democrático
de Moçambique
(MDM), dominado pelos irmãos
Simango e filhos do assassinado
nacionalista moçambicano, estará
a rumar, numa altura em que iniciou
a contagem decrescente para
as próximas eleições autárquicas,
previstas para 2018.
Em causa está um mal-estar
provocado pela ausência não justificada
de Mahamudo Amurane,
presidente do município de
Nampula e membro da Comissão
Política do MDM, na reunião
deste órgão, precisamente realizada
naquela cidade.
Com o objectivo de afinar a má-
quina para o segundo congresso
do partido, que terá lugar de 05
a 08 de Dezembro próximos, a
Comissão Política do MDM reuniu-se,
nos dias 19 e 20 do mês
em curso, na cidade de Nampula,
um município gerido pelo partido
dirigido por Daviz Simango,
a terceira maior força política em
Moçambique.
O encontro era visto também
como momento oportuno para a
“lavagem de roupa suja no seio do
galo”, na sequência dos últimos
pronunciamentos públicos de
Mahamudo Amurane.
Para o desagrado da CP e dos restantes
membros do MDM, Amurane
optou por não comparecer à
reunião, com a agravante de não
ter dado nenhuma justificação.
Como é de praxe, esperava-se
que Daviz Simango, presidente
do MDM, fosse recebido à sua
chegada a Nampula pelo “anfitrião”,
que ascendeu à presidência
daquela edilidade, após concorrer
às eleições autárquicas de 2013,
em nome do MDM. Mas tal não
aconteceu e quanto a Amurane
nem por sombras foi visto na CP.
O edil de Nampula foi indicado
membro de Comissão Política
Nacional do MDM no ano passado,
numa reunião realizada em
Agosto na cidade de Chimoio,
cidade capital de Manica, centro
de Moçambique.
O futuro dirá
A crispação no seio do MDM
agudizou-se depois de o edil
ter sido acusado em Janeiro por
membros do seu partido de ter
adquirido, com recursos do município,
uma residência em Portugal,
numa altura em que o visado
se encontrava naquele país.
Mahamudo Amurane desmentiu
as acusações e disse que estava a ser alvo de perseguições por
membros do seu próprio partido,
descontentes com o combate à
corrupção que afirma estar a empreender
no município e que culminou
com a detenção do vereador
das Finanças, Momade Juma.
Na mesma ocasião, prescindiu
dos advogados que haviam sido
disponibilizados pelo partido
para o defenderem das acusações
de corrupção.
Em contacto com o SAVANA,
na manhã desta terça-feira, para
esclarecimentos sobre a sua ausência
da reunião da CP, o presidente
do município de Nampula
respondeu que não tinha nada a
acrescentar fora do que já havia
dito à imprensa.
Frisou que não tira sequer uma
vírgula do que disse, deixando à
imprensa o ónus de qualquer outra
interpretação.
O edil enfatizou que é contra
práticas corruptas, manifestando
o seu repúdio contra o recurso aos
cofres do município como vaca
leiteira do partido.
Questionado se continua membro
do MDM e se nas próximas elei-
ções autárquicas irá candidatar-se
em nome do partido, Mahamudo
Amurane voltou a fincar o pé na
decisão de não acrescentar mais
nada às declarações que já prestou
à imprensa.
Ao que o SAVANA apurou,
está em curso um namoro entre
a Renamo e Amurane, para que
o actual edil de Nampula seja
cooptado pelo partido de Afonso
Dhlakama, para concorrer em
nome da segunda maior força
política em Moçambique à presidência
daquele município nas
autárquicas de 2018.
Estamos a analisar o caso
Amurane - MDM
O SAVANA contactou também
Sande Carmona, porta-voz do
MDM, que afirmou que o CP
não abordou a polémica em torno
de Mahamudo Amurane. Segundo Carmona, Amurane recebeu
o convite para tomar parte
na reunião da CP, “não tendo
comparecido por livre e espontâ-
nea vontade”.
Por se tratar de uma falta injustificada,
prosseguiu o porta-voz
do MDM, o caso já foi remetido
ao Conselho Nacional de Jurisdição,
que à luz do regulamento
e demais normas que orientam o
funcionamento do partido deverá
tomar as devidas medidas.
Esta não é a primeira vez que os
membros do MDM entram em
desavenças públicas. O primeiro
caso deu-se logo após as eleições
gerais de 2014, quando o edil de Quelimane, Manuel de Araújo,
reivindicou o poder da Zambézia
de nomeação do chefe da bancada
parlamentar do MDM na Assembleia
da República, com base
no facto da província ter conquistado
o maior número de deputados
para o partido.
A posição de Araújo colidia com
a orientação seguida pela direc-
ção do MDM. A vaga de chefe
da bancada do terceiro maior partido
moçambicano foi para, nada
mais, nada menos que Lutero Simango.
O MDM é um partido com oito
anos de existência e surgiu de
uma cisão na Renamo, ao nível da
cidade da Beira, após o “volte-face”
de Afonso Dhlakama na indicação
de Daviz Simango como
candidato às eleições autárquicas
de 2008, preferindo Manuel Pereira.
Não conformado com a decisão
de Dhlakama, um grupo de
apoiantes de Simango decidiu
avançar com uma candidatura independente,
que levou a melhor
sobre Manuel Pereira e Louren-
ço Bulha da Frelimo. No ano seguinte
foi constituído o MDM.
Na Frelimo, partido no
poder em Moçambique,
cresce a facção que defende
que as chamadas
dívidas ocultas sejam rejeitadas
pelo Estado e que a responsabilidade
pela contracção dos encargos
seja imputada aos seus autores,
refere a publicação britânica sobre
assuntos africanos Africa Confidential
(AC).
Na sua última análise sobre Mo-
çambique, divulgada esta semana,
o AC alerta, porém, que caso se
sobreponha a exigência de que as
dívidas ocultas devem ser repudiadas,
tal significaria a entrega de
quadros importantes da Frelimo à
justiça.
“Declarar os empréstimos ilegais
significaria, efectivamente, acusar
membros seniores do partido de
terem violado a lei, o que, actualmente,
seria inaceitável”, assinala
o texto.
Para corroborar a ideia de que as
autoridades moçambicanas consideram
seriamente a possibilidade
de apostar na teoria de que as
dívidas são ilegais, o AC lembra
que Maputo não interveio no pagamento
da primeira prestação da
Mozambique Asset Management
(MAM), em Maio do ano passado,
ao Crédit Suisse e ao russo VTB
Capital.
Enfatizando que existem alas na
Frelimo que se batem pela tese de
que as garantias assinadas pelo então
ministro das Finanças, Manuel
Chang, a favor da MAM, Proíndicus
e Ematum são ilegais e passí-
veis de nulidade, a análise do AC
sublinha que Maputo falhou, a 18
de Janeiro, o pagamento de uma
prestação de 59.8 milhões de dólares
do empréstimo de 727 milhões
de dólares da Ematum.
O texto recorda que o valor resulta
de uma renegociação que as
autoridades moçambicanas conseguiram
no ano passado com os
detentores de títulos da Ematum.
“Seria difícil para Maputo fundamentar
que não deve pagar os títulos,
porque os mesmos não violam
a lei moçambicana”, refere o documento,
citando banqueiros.
Contudo, prossegue o AC, o Governo
moçambicano tem-se recusado
a pagar, até porque não tem
capacidade financeira para cumprir
essa obrigação.
Por outro lado, e em relação à
MAM, as autoridades moçambicanas
reconheceram a legitimidade
das garantias, dado que em
Março do ano passado pagaram a
primeira prestação da dívida contraída
pela companhia e avalizada
pelo Estado, defende a publicação.
Uma nova e eventual postura de
considerar as dívidas ilegais, obDívidas
ocultas
“Frelimistas” que defendem nulidade
ganham peso
serva o AC, resulta de aconselhamento
que o Estado moçambicano
tem vindo a obter de diversos
peritos.
Nyusi pode repudiar? – Rhula
Intelligent Solutions
Uma análise divulgada esta semana
pela companhia de gestão de
risco sul-africana Rhula Intelligent
Solutions aponta como solução
possível para o Governo de
Filipe Nyusi a declaração de que
o aval dado pelo anterior executivo
às dívidas escondidas é ilegal e
nulo, desonerando-se do seu pagamento.
A segunda opção seria apontar o
dedo aos bancos que concederam
os “empréstimos predadores”. Há
uma clara ausência de estudos de
viabilidade por parte dos bancos
e os beneficiários das dívidas incluem
entidades estrangeiras e
figuras poderosas do Governo do
executivo de Armando Guebuza.
Não houve um benefício palpável
a favor da população moçambicana,
acrescenta a Rhula Intelligent
Solutions.
Uma possível recusa do actual Governo
de pagar os empréstimos
obrigaria os detentores dos títulos
a intentar uma acção judicial contra
o Estado moçambicano ou aos
bancos.
A terceira opção seria incluir todas
as dívidas num pacote e tentar
uma renegociação com os detentores
dos títulos de dívida, com uma
recalendarização do pagamento
dos encargos.
Aquela entidade, que presta serviços
para multinacionais com
interesses em Moçambique, destaca
que perseguir judicialmente
figuras do Governo de Armando
Guebuza vai provocar fricções nos
escalões de topo do partido no poder
em Moçambique.
“Será uma oportunidade para os
partidos da oposição e grupos da
sociedade civil, gerando um enorme
embaraço para o partido no
poder, dentro e fora do país, face
à aproximação das eleições municipais,
em 2018, e gerais, previstas
para 2019.
Recorde-se que numa entrevista
concedida em Maio do ano passado
ao SAVANA, Jorge Rebelo,
um dos fundadores da Frelimo,
onde foi o temido secretário do
Trabalho Ideológico nos tempos
de Samora Machel, fez notar que
uma eventual responsabilização
criminal a Guebuza e elementos
do seu governo, que tiveram um
papel central nas dívidas ocultas,
provocaria rupturas na Frelimo,
mas vincou que: “se a ruptura
acontecer, que venha”.
“É previsível que provoque ruptura,
porque Guebuza tem muitos
apoiantes nos vários níveis da governação,
que ele colocou lá e que
beneficiavam da ligação com ele.
Creio que é por isso que o governo
actual insiste em assumir a responsabilidade
pelos desmandos do
governo de Guebuza, e recusa responsabilizá-lo.
A minha opinião é:
se a ruptura acontecer, que venha.
Preparemo-nos para enfrentá-la”,
rematou Rebelo.
Negócios “à moçambicana”
criam pânico em Angola
Planos do Governo angolano
para uma grande expansão da sua
capacidade naval com a ajuda da
Privinvest Shipbuilding Group, a
mesma companhia que vendeu navios
de pesca de atum e barcos de
patrulha com tecnologia de ponta
a Moçambique, estão a provocar
pânico em Angola, relata ainda o
AC.
O AC lembra que os negócios
entre o então Governo moçambicano
e a Privinvest atolaram Mo-
çambique numa dívida ruinosa de
dois biliões de dólares.
A Privinvest anunciou contactos
com as autoridades navais angolanas
em Setembro do ano passado,
levantando logo questionamentos
sobre a viabilidade do negócio.
A Privinvest indicou na altura que
iria construir uma série de navios
de guerra, incluindo 17 barcos de
patrulha, num contrato orçado em
495 milhões de dólares.
O negócio, continua o AC, inclui
a transferência de tecnologia para
permitir a construção de navios de
guerra em Angola e o desenvolvimento
e operação de um estaleiro,
em parceria com a empresa local
do ramo Simportex, propriedade
do Ministério da Defesa de Angola
e responsável pelas aquisições
para o exército.
“O negócio carrega uma forte semelhança
com os contratos de
aquisição de navios de patrulha e
construção de estaleiros feitos entre
o Governo moçambicano e a
Privinvest”, realça o AC.
O AC assinala que fontes bem
colocadas em Moçambique afian-
çaram à publicação que Angola
tinha comunicado às autoridades
moçambicanas que pretendia
comprar os navios que Moçambique
planeava construir nos estaleiros
da MAM, que seriam constru-
ídos com a ajuda da Privinvest.
As autoridades moçambicanas
acreditam que Angola recuou na
sua intenção de fazer negócios
com a MAM, concorrendo para
os enormes prejuízos acumulados
pela empresa.
O AC diz que as dúvidas que se levantam
em relação à credibilidade
dos negócios feitos por Moçambique
com a Privinvest colocam-se
quanto à Angola, ademais porque
Luanda não apresenta publicamente
nenhum plano de negócios.
Dados sobre a capacidade naval
angolana falam da existência de
apenas mil barcos e de nenhuma
experiência na construção de navios.
Peritos expressam dúvidas sobre a
capacidade de Angola deter recursos
humanos aptos para a constru-
ção de navios.
O AC diz que o Governo angolano
gasta 20% do seu Orçamento
na defesa, despendendo mais
do que qualquer outro estado da
África Subsaariana nessa rubrica,
apesar de ter apenas 24 milhões de
habitantes e não estar em guerra
desde 2002.
Por Ricardo Mudaukane
Uma gang, munida de AKMs, raptou por volta das 21horas
desta quarta-feira a esposa do proprietário do complexo
Papu (Bombas de combustíveis, lojas e Take away),
localizada na vila da Manhiça, 80 km, a norte da cidade
de Maputo.
Ao que o SAVANA apurou, a esposa de Papu pai (Nadimo) foi
levada, por homens armados, dentro da pastelaria, onde se encontrava
com o marido. Os raptores, depois de dispararem alguns tiros,
seguiram em direcção à cidade de Maputo.
Até ao fecho da presente edição ainda eram escassas informações
sobre este rapto que está a abalar a pacata vila da Manhiça. Mas
apurámos que os protagonistas da acção ainda não haviam contactado
os parentes das vítimas no sentido de exigir resgate.
O fenómeno de raptos afecta praticamente todo o país, com maior
incidência nas cidades de Maputo, Matola e Beira, estimando-se
em mais de quatro dezenas de pessoas já raptadas e mais tarde
libertadas a troco de elevadas somas de dinheiro
Arecuperação da economia
moçambicana
este ano será a um
nível modesto, com o
Produto Interno Bruto (PIB) a
alcançar apenas 3,8%, defende
uma previsão do Standard Bank
sobre África.
“Mantemos a nossa expectativa
de que o crescimento real do
PIB vai acelerar ligeiramente
este ano para 3.8%, ajudado
pela subida das actividades primárias,
cessação da tensão militar
e melhoria da confiança na
economia”, defende aquela instituição
bancária.
O Standard Bank espera, continua
a análise, que as autoridades
moçambicanas voltem a receber,
ao longo do ano em curso, o
apoio financeiro do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e
dos doadores, suspenso em
2016 na sequência da descoberta
das chamadas dívidas ocultas.
Adicionalmente, pelo menos
uma decisão final de investimento
(FID) para o projecto de
gás natural da bacia do Rovuma
será tomada, muito provavelmente
para o projecto de LNG
flutuante da ENI, o que pode
ajudar a estimular a confiança e
o apoio ao investimento do sector
privado.
O Standard Bank assinala que o
país conseguiu avanços substanciais
na auditoria aos empréstimos escondidos
de dois biliões de dólares,
contraídos entre 2013 e 2014 durante
o governo de Armando Guebuza,
a favor das empresas EMATUM,
Proíndicus, e MAM.
“Os auditores conseguiram uma
prorrogação de apenas um mês e
espera-se que os resultados estejam
disponíveis em finais de Março”,
destaca o texto.
O Standard Bank observa que a
inflação começa a desacelerar, mas
considera que ainda é muito cedo
para as taxas de juro seguirem essa
tendência.
A inflação caiu 470 pontos-base
em Janeiro para 20.6%, em termos
anuais, depois de ter atingido
25.3% em Dezembro, reflectindo o
impacto da queda registada no último
mês do ano passado.
Para o Standard Bank, os riscos
para a inflação continuam elevados,
contudo, espera-se que a pressão
sobre os preços da alimentação suavize
ao longo deste ano, à medida
que a actividade agrícola for melhorando
graças a uma queda de
chuvas mais satisfatória.
“Espera-se que a apreciação do
metical ajude a mitigar a inflação,
contudo, espera-se que os pre-
ços não relacionados com a
alimentação aumentem, dado
que é provável que o Governo
continue com a reforma aos
subsídios aos combustíveis, resultando
no incremento de pre-
ços”, lê-se no documento.
Simultaneamente, espera-se
que outros preços administrados
sejam agravados, estima o
Standard Bank.
A instituição lembra que o Comité
de Política do Banco de
Moçambique manteve as taxas
de juro de política em Fevereiro
e que anunciou a entrada em
vigor de uma nova política de
fixação das taxas de juros a partir
de 15 d Abril.
Estas taxas de juros, prossegue
o documento, deverão ser
usadas como referência pelo
Banco de Moçambique na sua
intervenção no mercado para
injectar liquidez e, muito provavelmente,
vão navegar num
corredor abaixo da taxa de
Facilidade Permanente de Cedência,
que, actualmente está
fixada em 23.25%.
A medida, prossegue o Standard
Bank, deve ser vista como
um passo no sentido da implementação
de um único ´prime
rate` para o sistema bancário.
Acrise económica que se
abate sobre o país, há longos
dois anos, parece estar
a bater à porta na Televisão
que, ironicamente, mais se esforçou
em desmentir que o Estado estava
de cofres vazios, em consequência
da gestão danosa do erário público
pelo governo da Frelimo. O que é
certo é que até 20 de Fevereiro corrente,
data até à qual a Televisão de
Moçambique (TVM) pagava, habitualmente,
os salários, “a nossa televisão”
não tinha liquidado os salários
referentes ao mês em curso e muito
menos sabia até quando o faria,
prometendo fazê-lo numa data por
anunciar. O presidente do Conselho
de Administração (PCA) da TVM,
Jaime Cuambe, desdramatiza a situação,
mas um comunicado interno
do Conselho de Administração a que
o SAVANA teve acesso revela haver
défice orçamental que fragiliza a tesouraria
da empresa pública no cumprimento
das suas obrigações.
O alarme foi dado a 17 de Janeiro
último, quando em ofício com a
referência 04/DNT/GAB/2017, o
Ministério da Economia e Finanças
(MEF) informou à Televisão de Mo-
çambique sobre o corte, em 60 porcento,
da dotação mensal do subsídio
do défice de exploração para o ano de
2017.
Trata-se de uma dotação que, apesar
de não ser direccionada, exclusivamente,
para os salários, historicamente,
serviu de fonte de pagamento
das remunerações aos trabalhadores
da TVM e não as receitas próprias da
Televisão por serem insustentáveis.
Num comunicado interno destinado
aos trabalhadores da empresa pública,
datado de 20 de Fevereiro, o Conselho
de Administração da TVM refere
que a medida do MEF “influencia
negativamente no pagamento regular
de salários nas datas habituais (até dia
20 de cada mês) e fragiliza a nossa
tesouraria no cumprimento das obrigações
da empresa”.
No comunicado desta segunda-feira,
a TVM referia que, face ao exposto,
o pagamento do salário referente ao
mês de Fevereiro seria efectuado em
data a anunciar.
O documento interno a que o nosso
Jornal teve acesso destaca que a situação
surge em virtude da conjuntura
económica do país e das medidas de
contenção que o Governo tem vindo
a apelar a todos os sectores públicos.
Acrescenta o Conselho de Administração
que está a envidar esforços
junto das tutelas para a revisão do
montante atribuído do subsídio do
défice de exploração para colmatar a
situação.
Perguntamos, na tarde desta quarta-
-feira, ao PCA da TVM, quanto a
empresa pública de comunicação
social recebe, mensalmente, em subsídios
do Governo. Jaime Cuambe
disse que não podia precisar dos nú-
meros porque estava fora do escritó-
rio.
Entretanto, ao que foi dito ao SAVANA,
a TVM, com cerca de 600
trabalhadores espalhados em todo o
território nacional, um número tido
como elevadíssimo, tem uma folha
salarial de 23 milhões de meticais por
mês, mas só estavam disponíveis apenas
11 milhões.
Anteriormente, a folha salarial era de
10 milhões, mas quando abriu o canal
2, primeiro subiu para 14 milhões, até
atingir a actual casa dos 23.
Fontes garantem que antes a Televisão
pedia adiantamento à banca para
pagar salários, mas o sector já não
aceita, alegadamente, porque a empresa
está a dever.
De acordo com os Relatórios e Pareceres
sobre a Conta Geral do Estado
referentes aos anos de 2014 e 2015,
Crise na TVM
do Tribunal Administrativo (TA), a
TVM recebeu, em subsídios do Estado,
em 2010, 134.521 mil meticais;
179.211 mil em 2011; 258.345
mil em 2012; 286.782 mil em 2013;
354.905 mil em 2014 e 338.147 mil
em 2015.
Em 2015, por exemplo, ano em que
recebeu 338.147 mil, a TVM teve
uma situação líquida final negativa
em 35.605,48 mil meticais, com proveitos
de 539.685,36 mil e custos de
575.366,38 mil meticais.
A situação a que está mergulhada
a TVM pode reflectir a situação financeira
por que passam muitas empresas
públicas e mistas controladas
pelo Estado que, regra geral, tem um
quadro de pessoal elevado que sugere
muita gordura e ociosidade alimentada
pelo erário público.
Ao que o SAVANA apurou, a RM
também sofreu cortes orçamentais.
Actualmente, a Rádio tem cerca de
2 mil trabalhadores espalhados em
todo o território nacional, contra
cerca de 400 da Sociedade de Notícias
também mergulhada em crise
financeira gerada, em parte, por uma
gestão pouco criteriosa da empresa
controlada pelo Estado através do
Banco de Moçambique (BM) e da
Empresa Moçambicana de Seguros
(EMOSE).
“São percepções”- Jaime Cuambe,
PCA da TVM
Ao SAVANA, o PCA da TVM desdramatiza o caso, afirmando
que não há nenhuma situação de alarme.
Diz tratar-se de cortes normais enquadrados nas medidas de
contenção anunciadas pelo governo moçambicano. Lembra
que o país está a passar por dificuldades financeiras e a “nossa televisão”
não é uma ilha.
“Não há nenhum caso exclusivo da TVM, são as medidas de contenção
que estão a correr em todo o país. Portanto, não há nada de anormal que
aconteceu”, disse.
Embora o comunicado interno se refira ao não pagamento de salário nas
datas habituais (até dia 20 de cada mês), o PCA diz que não há atraso
salário na TVM, o que há são percepções.
“Dia 25 é o dia estipulado para salários, mas quando a empresa tem
receitas, naturalmente, faz um adiantamento, esperando que o Estado
cumpra a sua parte”, frisou.
Admite que a massa laboral esteja preocupada, mas diz que é normal
porque “salário é salário”.
“Não vemos isto como um drama ou problema porque não está escrito
em nenhum documento que o dia de pagamento de salário é dia 20” diz.
Entretanto, admite que o corte da dotação mensal do subsídio do défice
de exploração para o ano de 2017 é um desafio no sentido de a empresa
encontrar, por meios próprios, fontes alternativas de receitas.
Diz mesmo que a Televisão tem de ser criativa. “É o que estamos a fazer.
A televisão está a capacitar-se para ter alguma robustez financeira,
sendo mais criativa e agressiva na recolha de receitas, criando outros
mecanismos de captação de receitas”, anotou.
TEMA DA SEMANA Savana 24-02-2017 5
PUBLICIDADE
TEMA DA SEMANA 6 Savana 24-02-2017 SOCIEDADE
Caiu, em primeira instância,
esta terça-feira, o
pano do mediático “caso
Josina Machel” que, desde
ano passado, vem criando um
aceso debate na opinião pública.
Naquela que foi a quarta e última
sessão sobre o caso, foi lida a polémica
sentença que condenou o
ex-namorado da filha do primeiro
presidente de Moçambique, Samora
Machel e da activista social,
Graça Machel. Rofino Licuco apanhou
pela medida grande e, a contar
de 21 de Fevereiro, tem 30 dias
para desembolsar 200 milhões de
meticais em indemnização. Vencido
o prazo de um mês sem o cumprimento
dessa decisão judicial,
Rofino recolhe aos calabouços.
Mas promete recorrer da decisão,
um indicativo de que a batalha ainda
está longe de terminar.
Catorze dias depois das alegações
finais, a Terceira Secção do Tribunal
do Distrito Municipal KaMfumo
deu um veredicto que está a dar que
falar na opinião pública, com os pró-
-Josina, por um lado e, por outro, os
pró-Rofino, a se digladiarem, desde
os cafés, passando pelas incontorná-
veis redes sociais, até às páginas de
jornais e espaços de antena em rá-
dios e televisões.
A sentença desta terça-feira, baseada
num laudo médico tido pela defesa
do condenado como sendo, simplesmente,
falso e fabricado em casa da
queixosa, castiga Rofino Licuco a
três anos de prisão maior por violência
física grave; seis meses de prisão
por violência psicológica e seis meses
de multa.
Mas o Tribunal preferiu acumular
as sanções em pena única de três
anos e quatro meses, entretanto,
suspensa mediante pagamento de
200.579.919,00 Meticais, subdivididos
em 200 milhões pelos danos não
patrimoniais e 579.919 Meticais pelos
patrimoniais.
A indemnização pelos danos não
patrimoniais compensa os danos
sofridos pela vítima, enquanto os
patrimoniais incluem despesas de
Acidade da Beira, capital
de Sofala, acolhe
entre os dias 22 a 24
de Março deste ano,
uma conferência internacional
denominada “Moçambique:
que Caminhos para o Futuro”,
uma iniciativa da sociedade civil
destinada a apoiar a paz e a
reconciliação em Moçambique.
O principal objectivo da conferência,
concebida pela Universidade
Católica de Mo-
çambique (UCM), Instituto de
Estudos Sociais e Económicos
(IESE) e Fundação MASC,
é debater a forma como a estrutura
e a natureza da economia
política de Moçambique precisam
de se adaptar, para serem menos
propícias à instabilidade, à exclusão
social e ao crescimento assente em
rendimentos improdutivos.
A conferência tem origem num
documento aprovado, no início de
Maio de 2016, por destacados lí-
deres religiosos e organizações da
sociedade civil.
“A sua premissa básica é que repensar
Moçambique, ou seja, idealizar
e visualizar o seu caminho para o
futuro, em termos económicos, sociais
e administrativos, faz parte de
uma agenda mais ampla e a longo
prazo para a paz sustentável,
e de uma perspectiva mais integrada
do desenvolvimento
sócio-económico, em harmonia
com a Agenda 2030 das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável (Objectivo 16)”,
sublinham os organizadores.
As organizações consideram
igualmente oportuna a realiza-
ção da conferência, num momento
em que Moçambique
está a sofrer três dinâmicas
inter-relacionadas que, em conjunto,
põem o país à beira do
colapso do Estado e do colapso
fiscal.
Moçambique: que caminhos para o Futuro?
Josina Machel ganha batalha na primeira instância
A sentença que ainda vai dar que falar
Por Armando Nhantumbo
tratamento e viagens na sequência
da agressão sofrida.
Apesar de o valor determinado pelo
Tribunal não atingir os 300 milhões
de meticais exigidos pela família
Machel, é considerado, por alguns
sectores, como, simplesmente, absurdo
para o caso em alusão.
Trata-se de uma indemnização que
representa cerca de metade dos
459.395 mil meticais que o Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades
(INGC) precisa, urgentemente, para
responder aos estragos do ciclone
Dineo que semana passada arrasou o
país, com maior violência na província
de Inhambane.
Embora Graça Machel, a mãe da
vítima, afirme que a sua família não
influenciou a sentença em função do
nome e da posição social, questiona-
-se a equidistância da decisão do
Tribunal, perante uma respeitada
família Machel que se transformou
num mito nacional.
Naquele que foi o dia “D” do célebre
caso de violência doméstica, que data
da madrugada de 17 de Outubro de
2015, quando, alegadamente, Rofino
desferiu socos que causaram perca
de olho direito à Josina Machel, a
juíza do caso, Marina Augusto, disse
que inexistiam dúvidas sobre crime
de violência física grave e crime de
violência psicológica.
Por isso, disse Marina Augusto, é
manifestamente improcedente a
alegação da defesa de Rofino Licuco,
que pediu a absolvição do jovem
empresário.
No entendimento da juíza de Direito,
Rofino Licuco sequer mostrou
arrependimento, chegando a mostrar
que agiu por compaixão.
Trata-se de uma sentença que, para
a defesa de Rofino, espelha o sistema
de administração da justiça que
temos.
“É a confirmação de que estamos
diante de uma justiça precária”, disse
a advogada Anita Sumburane, que
também estranha o facto da activista
social, Graça Machel, ter convocado
uma conferência de imprensa para
falar do caso dias antes da leitura da
sentença.
mos que o tribunal de recurso decida
com a devida equidade”.
Por sua vez, Josina Machel classifica
a sentença como a vitória de todas
as mulheres vítimas de violência doméstica
e dedicou-a, especialmente,
àquelas que diariamente morrem
vítimas de agressões, mas que preferem
manter os casos em segredo.
Disse que foi o fim da mais humilhante
experiência na sua vida. Informou
que criou um movimento
denominado “Kulhuca” para, através
do valor da indemnização, advogar
em prol do combate contra a violência
doméstica e pelos direitos da
mulher.
filha, ficou com o sangue da minha
filha nas mãos” disse Graça Machel,
brava.
“Essa é a sentença maior e não há
lixívia que lava”, declarou a activista.
Reconheceu, contundo, que nem a
filha, muito menos ela são perfeitas.
Posto isto, atacou a opinião pública,
incluindo a comunicação social.
Disse que a opinião pública foi feita
pensar que Josina Machel fabricou a
versão de que perdeu o olho, numa
campanha de assassinato de carácter
para a qual foi arrastada, inclusivamente,
a própria Graça e toda a família
Machel.
Nos tiros contra a media, disse que
nunca foi contactada para dar a sua
versão sobre o que chama de assassinato
de carácter de Josina e sua
família.
Mas é importante frisar que foi a
própria Graça Machel que sempre
disse a jornalistas, quando interpelada
à saída da 3ª Secção do Tribunal
do Distrito Municipal KaMfumo,
que não se iria pronunciar sobre o
caso antes da decisão final.
Dito e feito, a activista manteve-se
em silêncio e só esta terça-feira é
que, convenientemente, quebrou o
silêncio para, dentre vários desabaPara
ela, não faz sentido que se tenha
tomado uma decisão com base
num exame de uma perícia que, desde
o primeiro minuto, a defesa provou
que era falso.
“Mas é assim como a justiça decidiu”,
lamentou. Inconformada, prometeu
recorrer da decisão e, “esperaA
sentença de sangue
Cerca de duas horas depois, a activista
Graça Machel, mãe de Josina,
reagia à sentença, em conferência de
imprensa. Foi na verdade um desabafo
em que nem a própria comunicação
social escapou.
Perante jornalistas, a viúva de Samora
Machel e de Nelson Mandela, o
ícone da Nação arco ires, disse que
estava satisfeita com a condenação
de Rofino Licuco, mas não gostou
que a pena tenha sido suspensa.
“Eu desejava que fosse à prisão”,
disse, acrescentando que, para desencorajar
a violência doméstica, é
preciso que se envie a mensagem de
que o destino dos agressores, aqueles
que abusam das mulheres, é cadeia e
não apenas o pagamento de multas,
porque a vida de mulheres não tem
preço.
Mas Graça Machel disse que, independentemente,
da sentença do Tribunal,
há uma outra sentença, essa
maior, que Rofino tem e da qual não
se livrará nunca até ir à cova.
Para Graça, naquela madrugada de
17 de Outubro de 2015, Rofino assinou,
propriamente, a sua sentença
maior. “Quando ele agrediu a minha
fos, acusar toda uma classe de atropelar
regras básicas do jornalismo,
nomeadamente, o princípio de contraditório.
Chegou a dar lições de jornalismo,
desafiando a mais objectividade e
cruzamento de fontes.
Vitória é também para os movimentos
feministas que, desde a primeira
hora, transformaram o caso numa
campanha pelos direitos da mulher.
Ao SAVANA, na tarde desta
quarta-feira, a directora executiva do
Fórum Mulher, Nzira de Deus, disse
que, apesar de as mulheres terem
saído vitoriosas com a condenação,
a sentença é injusta e branda para o
tipo de agressão cometido e os danos
causados.
Na mesma linha com a família Machel,
de Deus diz que Rofino devia
ter recolhido à reclusão.
Quando questionada se achava razoável
ou não a indemnização orçada
em mais de 200 milhões de meticais,
a directora executiva do Fórum
Mulher retorquiu, considerando essa
como uma análise simplista.
Argumentou que, ao invés do dinheiro,
a sociedade devia se concentrar
na violência que foi cometida
contra uma mulher que é apenas a
amostra de diversos casos que começam
e terminam no segredo dos
deuses.
Juíza Maria Augusto, entre o colectivo de juízes que decidiu o caso “Josina Machel”
Graça Machel e família na hora de reagir à sentença do tribunal
SOCIEDADE Savana 24-02-2017 7
PUBLICIDADE
TEMA DA SEMANA 8 Savana 24-02-2017 SOCIEDADE
Um dos filhos do madeireiro
português raptado, por
desconhecidos, em meados
do ano passado, em
Nhamapaza, distrito de Marínguè,
em Sofala, viu-se na obrigação de
viajar de Portugal para Moçambique,
em Dezembro do ano passado,
com o objectivo de buscar informações
que pudessem conduzir
a um possível resgate do pai.
Chegado a Maputo, o filho do madeireiro
seguiu imediatamente para
Sofala, particularmente para a cidade
da Beira.
Num primeiro momento, era ideia
do filho do cidadão português desaparecido
em circunstâncias estranhas
conseguir uma audiência com
a governadora provincial de Sofala,
Maria Helena Taipo. Entretanto,
todas as tentativas não resultaram.
As várias audiências pedidas simplesmente
não foram respondidas.
Foram, isso sim, ignoradas pela governadora
provincial.
A necessidade de uma reunião com
aquela dirigente tinha, para o filho
do madeireiro, importância capital.
É que continua assente a tese de
que o madeireiro não foi raptado
por pessoas ligadas à Renamo, ou
por desconhecidos como oficialmente
se diz. Mas, sim, que o rapto
teria sido protagonizado pelas For-
ças de Defesa e Segurança (FDS),
no âmbito da actuação dos “esquadrões
de morte”.
O que se diz com muita frequência,
até em meios das Forças de Defesa
e Segurança, é que havia uma grande
suspeita de que o madeireiro,
identificado pelo único nome de
Américo, era apoiante e admirador
da Renamo. Daí o apoio que as
FDS acreditam que Américo oferecia
aos homens armados da Renamo
na sua actuação, nas zonas de
Gorongosa e Marínguè.
A concessão de Américo estava no
distrito de Marínguè, zona, a par de
outros distritos de Sofala, de uma
grande influência da Renamo.
Aliás, os quartéis-generais da Renamo,
durante a guerra civil, estavam
localizados nos distritos de
Marínguè e Gorongosa.
Foi durante cerca de um mês que
o filho do madeireiro tentou buscar
informações em Sofala, tendo
inclusive ido até Gorongosa. Com
todas as tentativas a não resultarem,
ele decidiu regressar a Portugal
com sentimento de grande frustra-
ção e revolta.
É a partir daí que, passando informação
para as autoridades de
Lisboa, se iniciaram démarches diplomáticas
que, actualmente, estão
a frustrar o governo português em
virtude do que se considera “falta
de reacção” de Maputo.
O jornal Público de Portugal escreveu,
no início desta semana, que
Marcelo Rebelo de Sousa enviou
missivas a Filipe Nyusi, mas o presidente
moçambicano simplesmente
mantém-se em silêncio. O PM
português também, segundo escreve
ainda o Público, falou directamente
com seu homólogo de Maputo,
Carlos Agostinho do Rosário,
mas das diligências nada resulta.
A suspeita de apoio à Renamo não
caiu apenas sobre o empresário
português, pois, a empresária espanhola,
Ana Alonso, também viu
a sua concessão madeireira, a ser
tomada pelas Forças de Defesa e
Segurança, no ano passado. Tempo
depois, Helena Taipo decidiu
retirar a licença de exploração que
estava a favor da cidadã espanhola,
também localizada no distrito
de Marínguè. No meio de ameaças
de morte, a cidadã espanhola viu-
-se obrigada a abandonar o país,
regressando à Espanha.
(Redacção)
Uma brigada da Inspec-
ção Nacional de Actividades
Económicas
(INAE) encontrou,
sábado último, diversos produtos
para consumo humano fora
do prazo no Hotel Milénio, na
cidade de Nampula, entre eles,
barras de queijo, conservas, refrescos,
sumos, palone.
Chefiada pela Inspectora Geral
da INAE, Maria Rita Freitas,
a brigada visitou vários compartimentos
do Hotel Milénio,
tendo se deparado com uma
deficiente higiene e limpeza nos
sectores de suporte do Hotel
Milénio, principalmente nas casas
de banho para os trabalhadores,
cozinha e área de acondicionamento
de resíduos sólidos.
A situação viria a determinar
a suspensão temporária da cozinha
do Hotel Milénio e da
destruição dos produtos fora de
prazo.
Em casos similares, a INAE,
instituição sob tutela do Ministro
da Indústria e Comércio,
Max Tonela, aplica multas
e noutros o estabelecimento é
obrigado a suspender a actividade
até criar condições básicas
que não perigam a saúde pública.
Rita Freitas trabalhou na Província
de Nampula semana passada,
tendo escalado a capital
provincial (cidade de Nampula),
os municípios de Nacala e Ilha
de Moçambique.
O Hotel Milénio, de três estrelas,
é frequentado pelas elites política e
económica do País.
Falando no final da sua visita a
Nampula, a Inspectora Geral disse,
em conferência de imprensa, que
apesar de “algumas situações anó-
malas” que encontrou “a província
de Nampula, de uma forma geral,
tem exemplos de estabelecimentos
comerciais que são exemplos a seguir”.
Na cidade de Nampula, a Inspectora
Geral suspendeu a actividade
da Padaria Gulamo devido a graves
condições de higiene e limpeza.
“Não tínhamos como não fechar a
padaria Gulamo, a situação era tão
grave, tão grave que não havia outra
medida se não mandar fechar e foi
o que fizemos”, disse a jornalistas.
Tal como as várias padarias visitadas
pela INAE em diferentes pontos
do país, principalmente Maputo,
a Padaria Gulamo tinha a sua
casa de banho com a porta para a
área de produção de pão, exalando
cheiro nauseabundo.
Contudo, Rita Freitas disse que a
maioria dos agentes económicos já
começou a ganhar consciência da
importância e necessidade de colaborar
com a INAE, observando
todos os requisitos no que se refere
à higiene e segurança no trabalho.
“Os agentes económicos já percebem
a necessidade de manter o
produto limpo, bem arrumado e
separar produtos de higiene e de
limpeza dos produtos alimentares
entre outros. Nas padarias, pastelarias
e restaurantes é onde existem
sérios problemas, não só a nível de
Nampula, mas sim em todo o país”,
disse a Inspectora.
Segundo Rita Freitas, vários estabelecimentos
foram encerados nos
primeiros dois meses do presente
ano, a maioria dos quais padarias
em Maputo, Beira e Nampula, “devido
a problemas muito sérios de
higiene e limpeza”.
Em Maputo, a INAE suspendeu as
actividades do Continental, Grelhados
Tropicais e Estoril devido
a problemas de falta de limpeza e
higiene, presença de ratos, baratas e
gatos. Já autorizou a reabertura dos
primeiros dois estabelecimentos.
“O Estoril não está a colaborar”,
disse a Inspectora
Geral.
A fonte disse que os problemas são
semelhantes na província de Nampula,
ou seja, falta de higiene nos
vestiários e casas de banho. Também
foram detectados problemas
de falta de higiene nos locais de
produção e venda.
Segundo Rita Freitas, a INAE vai
continuar a trabalhar nesses estabelecimentos
para reverter o cenário.
“Nós exigimos aos proprietários
das padarias para se preocuparem
também com os locais onde os trabalhadores
têm de usar, ou seja, a
casa de banho onde os trabalhadores
precisam de ter no mínimo uma
torneira para lavarem as mãos,
um lavatório e um secador de
mãos. Os trabalhadores também
não podem criar unhas
ou barba”, referiu.
Na ocasião, a fonte ameaçou
penalizar com multas ‘pesadas’
os agentes económicos renitentes
e que teimam em desrespeitar
as recomendações da
INAE.
Refira-se que no seu regresso
e em pleno voo a Inspectora
Geral ordenou o enceramento
da casa de banho do avião da
LAM por deficiência de escoamento
de fluidos líquidos e
sólidos.
Trata-se do voo TM 1108 que
era suposto partir de Nampula
às 19:35 horas, do último
sábado, mas que só viria a partir
com pouco mais de meia
hora de atraso.
Produtos fora do prazo achados pela INAE no Hotel Milénio
Viajou de Portugal para Moçambique para tentar resgatar o pai, mas:
-Governo de Maputo continua em silêncio num caso que está a resvalar para desinteligências diplomáticas
Rita Freitas, Inspectora Geral
da Inspecção Nacional de
Actividades Económicas
Problemas de higiene que atentam à saúde pública obrigaram a INAE a sancionar
os gestores do Hotel Milénio
Helena Taipo, governadora da província de Sofala
Savana 24-02-2017
9
PUBLICIDADE PUBLICIDADE
10 Savana 24-02-2017 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Numa altura em que
o Presidente da
República, Filipe
Nyusi, e o líder da
Renamo, Afonso
Dhlakama, acabam de traçar
um novo roteiro para a busca de
uma paz efectiva e duradoura,
o académico e reitor da Universidade
Técnica de Moçambique
(UDM), Severino Ngoenha, defende
que é chegado o momento
das partes abrirem as portas do
diálogo para outros intervenientes,
para que haja um debate amplo
sobre a paz.
Ngoenha, uma das personalidades
atentas ao processo de paz em
Moçambique, defende que o dossier
é demasiado importante para
se deixar somente a dois partidos,
pelo que é preciso fazer deste momento
uma grande oportunidade
para resolver os problemas do
povo e não somente da Renamo.
Filósofo de formação, Severino
Ngoenha argumenta que o
desconhecimento das bases que
sustentam os sucessivos acordos
de paz pode estar na origem das
“sucessivas rupturas” e consequentes
regressos a conflitos. Isto não
significa, na sua óptica, que o povo
pretende saber os detalhes de fundo.
“Há segredo de Estado, mas há
que primar pela transparência sob
pena de não se estar na democracia”,
sublinha.
O respeito a estes princípios, de
acordo com Ngoenha, vai ajudar a
criar um jogo político limpo e que
respeite o preceituado na Constituição.
Mas, para tal, é preciso que
haja uma plataforma que permita
a participação do povo para que
empreste outras ideias no debate e
ajude na monitoria.
Tomou a reivindicação das seis
províncias pela Renamo, que é
o móbil da actual tensão póseleitoral,
apontando que não se
sabe o que Filipe Nyusi e Afonso
Dhlakama acordaram a 9 de Fevereiro
de 2015, enquanto o primeiro
celebrava o seu aniversário.
Através dos meios de comunica-
ção ficou-se a saber que o chefe
de Estado acordou com o líder
da Renamo a fundamentar aquela
proposta e submetê-la à Assembleia
da República para que fosse
legislada.
Segundo o académico, à luz da
Constituição, a governação das
seis províncias não tem espaço
neste preciso momento, porque
aquelas eleições visavam eleger
outras figuras e não governadores.
“Se a Renamo acha que foi roubada
nas eleições, o que não é impossível,
deveria não ter tomado
posse no Parlamento e continuado
a reivindicar os resultados através
de outras plataformas pacíficas.
Mas a partir do momento em que
aceitou ir ao Parlamento em nome
daqueles resultados, não pode pensar
que no meio do jogo vai mudar
Severino Ngoenha chama atenção ao governo e à Renamo para uma paz duradoura
Malabarismos políticos sempre acabam mal
Por Argunaldo Nhampossa
É neste prisma que defende a ideia
de que não se pode criar uma paz
viciada com a atribuição de benesses
à Renamo, sob pena de se
estar a gerar outros problemas. O
primeiro, segundo ele, é que os
outros movimentos podem entender
que pegar em armas é única
via para obter mordomias.
O segundo é a própria Renamo
passar a fazer parte de uma elite
económica que estaria no poder
político ou económico em detrimento
daquilo que as pessoas querem
e o terceiro e último é que as
pessoas começariam a não acreditar
nos partidos políticos, o que
pode ser o fim da democracia.
“O que nos interessa e me parece
importante é que de facto haja paz,
mas que esta paz tem de ser negativa,
calando-se as armas e daí fazer
um trampolim, saltar para positiva,
mas ser positiva não significa
resolver os problemas da Renamo
apenas, significa resolver os problemas
dos moçambicanos”, disse.
Referiu ainda que é neste âmbito
que concorda que se faça uma re-
flexão ampla em torno do diálogo,
que neste momento é bipolarizado
entre a Frelimo e a Renamo. Por
sua vez, o MDM contesta porque
quer estar presente, os extraparlamentares,
a chamada sociedade
civil e os intelectuais também querem
estar presentes no processo.
Deste modo, aponta que há que
pensar e repensar numa fórmula
que possibilite a abertura de espa-
ço para que através de representa-
ções estes grupos possam ter uma
oportunidade de dizer algo.
No actual contexto, prossegue
Ngoenha, vive-se uma democracia
em que o povo elegeu os seus
governantes que nem sequer o
consultam sobre os dossiers mais
estruturantes da sociedade, com o
agravante de que, diferentemente
de outros países, nós não temos
plebiscito e nem referendo para
poder dizer ao presidente que o
que está a fazer não é correcto.
“Se ouvirmos o que as pessoas dizem,
nos chapas, nos cafés, vamos
concluir que aqueles que elegemos
não prestam serviços à altura do
povo. As canções, os teatros e entre
aspectos mostram indignação e
falta de transparência”.
Considera Ngoenha que a revisão
da Constituição, para além de conter
aspectos sobre a descentraliza-
ção, deve introduzir mecanismos
para que os problemas crucias
como a guerra, a paz, o desenvolvimento
entre outros, passem por
um escrutínio popular mais alargado.
Diz ter chegado o momento
de dar um basta aos governantes
que ficam um mandato fazendo
e desfazendo e se fazendo passar
por pessoas que têm soluções para
tudo, mas na prática mostram o
diferente.
as cartas na mesa”, disse.
Fez notar que desde a primeira
hora esteve contra o argumento
do constitucionalista Gilles Cistac
que defendia que o quadro constitucional
abria espaço para a possibilidade
da governação das seis
províncias.
“Não pelo facto de que tecnicamente
fosse ou não possível, mas
que as regras de jogo que nortearam
aquele escrutínio não contemplavam
a eleição dos governadores
provinciais”, frisou.
Prosseguindo, aponta que num país
em que se respeita a Constituição,
nenhum Presidente da República
poderia sugerir a sua contraparte
que submetesse um produto
daquela natureza ao parlamento
por ser inconstitucional. Diz que
foi justamente por isto que, depois
daquele entendimento, as brigadas
da Comissão Política da Frelimo
espalharam-se pelas províncias
desfazendo os consensos das duas
lideranças, porque estava-se perante
uma acção inconstitucional.
O nosso interlocutor equiparou
a inconstituciaonalidade da governação
das seis províncias à medida
recentemente decretada pelo
presidente dos Estados Unidos de
América (EUA), Donald Trump,
ao assinar um documento interditando
a entrada de indivíduos
de certos países nos EUA, que foi
prontamente revogada pelo poder
judicial, por desrespeitar o postulado
na lei mãe.
No entender do reitor da UDM, os
acordos políticos devem ser feitos
dentro do quadro constitucional
estabelecido. É justamente por isto
que diz ser oportuno que o povo
saiba dos alicerces dos acordos entre
as partes, o que permitirá saber
que o objectivo era de acomodação
da Renamo e das suas elites ou a
resolução dos problemas do povo.
“O malabarismo político queria
existir, mas se você é malabarista, as
coisas acabam saindo mal. Depois
do Acordo Geral de Paz (AGP),
assinado em 1992, em Roma,
capital italiana, houve tentativas
de malabarismo que resultaram
em guerras sucessivas e o país não
pode depender da vontade de duas
partes”.
Descentralização um parto difícil
Severino Ngoenha diz não estar
contra a descentralização, pois nos
primórdios da democracia multipartidária
já defendia a criação de
um Federalismo, no qual previa a
eleição de um administrador distrital,
o que mostra que comunga
da ideia da eleição dos governadores
provinciais. Porém, para se
chegar a esse patamar, defende
que as actuais equipas constituí-
das para trabalhar nas matérias de
descentralização devem agilizar o
processo de revisão constitucional
para que sejam definidas as
regras de jogo antes das próximas
eleições.
Argumenta que a descentraliza-
ção é um processo longo e difícil
principalmente para um país como
o nosso que viveu 40 anos centralizado,
pelo que não será de um
dia para outro a chegar-se a uma
descentralização plena, independentemente
da boa vontade e das
intenções das políticas internacionais.
Tal como aconteceu em vários
círculos, o académico aplaude a
extensão da trégua por um tempo
indeterminado. Apesar de ser um
passo muito significativo, porque
o país regressa à normalidade, olhando
para a história dos conflitos
do país, diz que isto pode não significar
nada, pois “várias vezes já se
disse que a paz vinha para ficar e
nunca chegou a ficar”, porque no
desenrolar das negociações os beligerantes
podem se desentender e
retornarem novamente à guerra.
Iluminado pelo discurso do PR no
dia dos Heróis moçambicanos, que
apelou aos intelectuais para acarinharem
este processo, diz que para
os filósofos existem dois tipos de
paz, uma positiva e outra negativa.
Definiu a paz negativa como sendo
o calar das armas, não há mortes
em virtude das incursões militares,
não há colunas, não há Muxúnguès
e Santugiras, a mesma paz seria
positiva se resolvesse os problemas
que fazem com que a paz aconteça,
neste caso, o entendimento comum
em volta dos valores comuns que
tem de encontrar a sua plataforma
e seu substrato na Constituição.
Assim, defende que é preciso que
tenhamos uma Constituição reconhecida
por todos e aplicada rigorosamente
de modo que, quando
há divergências e diferendos, o
método de resolução seja o diálogo
previsto constitucionalmente e não
a força das armas.
“Aquilo que leva as pessoas ao
conflito pode parecer questões
ideológicas, os homens e mulheres
da nossa terra têm necessidades
quer políticas, económicas, sociais,
matérias e imateriais. Se estes
problemas não são resolvidos, apesar
de não haver armas, as pessoas
continuam em conflito. Quer dizer
que a guerra está lá presente, só
há paz verdadeira quando conseguimos
calar as armas e fazer com
que as condições de realização das
necessidades e imperativos dos
grupos sejam resolvidos em termos
económicos, sociais entre outros”,
anotou.
Este pensamento surge porque,
segundo Ngoenha, vivemos num
país onde há grandes discrepâncias
sociais, ou seja, há poucos com
muitas coisas e há muitos que não
têm nada e esse estado de coisas
leva com que haja uma espécie de
conflito de confrontação. Fez uma
breve incursão às redes sociais
após o assassinato da Valentina
Guebuza e disse que a malograda
era acusada de se ter apropriado
de bens públicos, de ter enriquecido
ilicitamente e de ter sido empresária
graças ao pai que tinha.
Nisto, diz que as pessoas criticavam
a diferença de oportunidades
que existem entre os cidadãos, fazendo
com que a maioria continue
vivendo sem grandes condições.
A constituição revista deve contemplar mecanismos de participação do povo na
tomada de decisões
Savana 24-02-2017 11 PUBLICIDADE 12 Savana 24-02-2017 SOCIEDADE
Celeridade, clareza e
transparência é o que
os agricultores das
províncias de Nampula
e Zambézia pedem na
implementação do “Projecto
Sustenta”, aprovado e lançado
semana finda, no distrito de
Ribáuè, província de Nampula,
pelo Presidente da República,
Filipe Nyusi.
Concebido para fomentar e financiar
a agricultura familiar,
o “Sustenta” apresenta-se como
um projecto pioneiro e ambicioso
no apoio à agricultura familiar,
através de financiamento
de insumos, com taxas de juro
zero, conforme garantiu o Ministro
da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural, Celso
Correia.
Ouvidos pelo SAVANA à margem
da cerimónia, que durou
mais de duas horas e que contou
com a presença de diversas figuras
da arena política e econó-
mica, os “motores” da economia
nacional saudaram a iniciativa e
consideraram-na fundamental
para a melhoria das suas vidas,
visto que “está virada às camadas
mais desfavorecidas”, porém,
pedem que a sua implementação
seja célere, clara e transparente.
Elias Vasco, agricultor privado
de Ribáuè, diz que o Projecto
é bem-vindo porque vai ajudar
a população daquele ponto do
país a aceder ao financiamento,
um dos maiores problemas dos
pequenos agricultores.
Vasco explica que, nos moldes
em que a agricultura é praticada,
actualmente, é quase impensável
o desenvolvimento do pequeno
agricultor, pois, não tem acesso
ao financiamento e muito menos
ao mercado.
“A maior parte dos moçambicanos
praticam a agricultura para
o seu sustento e as colheitas são
insuficientes para entrarem no
mercado e com competitividade”,
considera.
Aquele pequeno agricultor, que
vê neste projecto uma oportunidade
para alavancar as suas
economias, diz ser detentor de
uma área de 84 hectares, mas só
explora 20 devido à falta de recursos
financeiros.
“Faltam tractores e pessoas para
me ajudarem a trabalhar a terra.
Temos uma terra que permite o
cultivo de todo o tipo de cultura,
mas porque não temos apoio, a
maior parte da terra está cheia
de capim”, explicou, revelando
que produz, anualmente, mais
de 20 toneladas, com destaque
para a mandioca e o tomate.
“É na base da agricultura que
comecei a construir bombas de
combustível, mas não estão operacionais
porque falta dinheiro
para terminar as obras”, disse.
Entretanto, para que o “Sustenta”
tenha sucesso, Vasco diz ser
necessário que a sua implementação
seja clara e transparente,
de modo a beneficiar aos agricultores
e não aos dirigentes.
“É preciso que os beneficiários
não sejam indicados a dedo,
como acontece nos outros projectos”,
afirma, citando os casos
do Fundo de Desenvolvimento
Distrital (FDD), vulgo sete milhões,
cujos beneficiários têm
ligação com o partido no poder,
numa província que maioritariamente
vota na oposição.
Outras lamentações e expectativas
são partilhadas por Afonso
Dinis, agricultor do distrito de
Ile, norte da Zambézia, também
abrangido pelo projecto-piloto.
Dinis vê o “Sustenta” com bons
olhos, pois lhe permitirá produzir
com perspectivas comerciais,
algo que não o faz, hoje.
“Tenho sete hectares, mas só
cultivo dois porque não tenho
dinheiro para alugar tractor, alfaias
e nem pessoas para me ajudarem”,
disse, revelando ainda
que “não tem sido fácil trabalhar
os dois hectares”.
“Com um pouco de dinheiro
para pagar pessoas para me ajudar,
sei que posso cultivar mais
que sete hectares”, assume, assegurando
estar ansioso pela implementação
do projecto.
“Espero ser contemplado pelo
projecto porque já concorri a
vários e em nenhum deles fui
financiado”, revela.
Se uns choram por mais apoio
para o incremento da produção,
outros choram pela melhoria
das condições de escoamento e
acesso ao mercado. É o caso de
Faria Hilário, do Gurué, também
na zona norte da província
da Zambézia.
Hilário é dono de uma área de
nove hectares, onde colhe, anualmente,
mais de duas toneladas
de feijão nyemba, cinco toneladas
de feijão-bóer e outros tantos
de milho.
Entretanto, Hilário revela não
estar feliz porque, anualmente, a
sua produção perde-se ainda na
machamba à espera, de um lado,
de transporte, e, por outro lado,
pelo comprador.
“Poucos carros entram nas nossas
machambas porque não há
estrada. É difícil escoar a produ-
ção. Os produtos deterioram-se
nos locais de produção porque
nem temos onde conservar”,
conta.
“Quando se deslocam à machamba,
os compradores adquirem
os produtos a preços baixos,
o que também nos prejudica”,
acrescenta a fonte, esperando
que o projecto venha melhorar a
qualidade das estradas e condi-
ções de conservação.
Para o Coordenador da Equipa
de Formação da União Nacional
dos Camponeses (UNAC),
Inácio Manuel, o projecto vai
acomodar algumas das preocupações
da sua organização, visto
que irá colmatar o maior problema
dos pequenos agricultores.
“Tem a particularidade de estar
virado para os agricultores de
pequena escala porque a maior
parte dos projectos estão virados
para os agricultores industriais”,
diz Manuel, revelando estar ansioso
pela sua implementação.
“É um projecto muito ambicioso
e bem desenhado, mas
estamos interessados pela sua
implementação porque muitos
projectos têm sido concebidos,
mas a sua implementação não
tem sido satisfatória”, sublinha.
Para que se alcance os objectivos,
a UNAC diz que é preciso
que se aposte na reabilitação
das estradas para facilitar o escoamento
dos produtos, assim
como na facilitação de acesso ao
mercado, pois, estes são alguns
dos constrangimentos dos pequenos
agricultores.
Apesar de estar virado, na sua
maior parte, para a agricultura,
o “Sustenta” será implementado
pelo Ministério da Terra, Ambiente
e Desenvolvimento Rural
(MITADER), facto que cria
desconforto em alguns sectores
da sociedade.
“Não constitui maior preocupa-
ção para nós porque o enfoque
do projecto é o desenvolvimento
rural. Esperamos que haja boa
coordenação na implementação
deste projecto”, considera Inácio
Manuel.
O “Sustenta” não é o primeiro
projecto de desenvolvimento
rural a surgir no país. O FDD,
o PROAGRI e o PEDSA são
exemplos de alguns ensaios feitos
para desenvolver a zona rural,
com destaque para a agricultura,
a base de desenvolvimento
do nosso país, como a Constituição
da República apregoa,
mas que ainda não mostraram
resultados visíveis.
Dados partilhados pelo Presidente
da República, durante
a cerimónia, recorrendo-se ao
Relatório de Inquérito ao Or-
çamento Familiar 2014/2015,
indicam que, de 2008 a 2015, o
nível nacional de pobreza reduziu
de 54,4% para 46,1%,
Agricultores exigem clareza e
transparência na implementação
nosso alcance, basta que nos entreguemos de corpo e alma”, Filipe Nyusi.
Afonso Dinis
Elias Vasco Faria Hilário
Savana 24-02-2017 13 SOCIEDADE SOCIEDADE
mas a zona rural continua
sendo a mais carenciada com
50,1% da população a viver na
pobreza (na zona urbana, apenas
37,4% da população vive na pobreza).
O relatório aponta a zona norte
como a que regrediu, com a
pobreza a agravar-se de 45,1%
para 55%, com as províncias de
Niassa e Cabo Delgado a serem
as mais afectadas. Niassa saiu
de 33% para 60,6%, enquanto
Cabo Delgado agravou-se de
39% para 44,8%.
Para inverter este cenário, Nyusi
diz que o Governo tem investido
todo o seu saber e com responsabilidade.
Diz que o “Sustenta”
representa esperança para as comunidades
rurais e acredita que
é um desafio ao nosso alcance,
basta que “nos entreguemos de
corpo e alma”.
Nyusi sublinha que, com este
projecto, o Governo pretende
incrementar a capacidade de
produção dos pequenos e mé-
dios agricultores e facilitar-lhes
o acesso aos mercados e ao financiamento.
Como que se adivinhasse o cepticismo
que existe em torno da
implementação do projecto, o
Presidente da República garantiu,
mas sem revelar como, que
“haverá grande rigor neste processo
e com critérios bem estabelecidos”.
Dirigindo-se aos gestores do
projecto, Nyusi disse que a organização
da terra é um factor
decisivo para o sucesso do “Sustenta”,
pelo que o trabalho desenvolvido
no programa “Terra
Segura” é de extrema importância.
“Devido à peculiaridade das
nossas zonas rurais, nem sempre
a solução aplicada num distrito
deve ser replicada, mecanicamente,
nos outros. Há que
estudar, criteriosamente, as necessidades,
a adaptação e as condições
específicas de cada local”,
recomendou, esclarecendo ainda
que o projecto não é exclusivo
do MITADER.
“A estrada de que necessitamos
para o escoamento não é feita
pelo MITADER, o mesmo que
acontece em relação à produção
agrícola”, exemplificou.
A fase piloto será implementada
nos próximos cinco anos,
contudo, o Presidente da Repú-
blica afirma: “quando se trilha
um caminho não se pode exigir
resultados imediatos para não
colocar em causa todo o trabalho
realizado. Vamos trabalhar.
Vamos deixar os gestores implementarem
o projecto”, disse
Nyusi.
O Director Nacional do Banco
Mundial, em Moçambique
(principal financiador), Mark
Lundell, explica que o desenvolvimento
rural é a base de desenvolvimento
de um país e cita os
casos do Brasil e da China, cujas
economias foram alavancadas
pelo desenvolvimento rural e
não pela indústria.
Devido a esta nova visão do Governo
moçambicano, Lundell
revela que, pela primeira vez, a
sua instituição coloca à nossa
disposição 40% do seu investimento
(16 mil milhões de meticais).
“Há três anos só colocávamos
menos de 5% do nosso investimento.
Apoiamos esta estratégia
porque representa a sabedoria
do Governo que reconhece que
ter uma base de desenvolvimento
rural com um povo educado,
trabalhando forte e aproveitando
das oportunidades que a
economia rural oferece é fundamental
para o desenvolvimento
de um país”, disse, sublinhado
que a transformação do meio
rural será possível com “vontade
e determinação política”.
Realce-se que, na sua fase piloto,
o projecto será implementado
nos distritos de Mocuba, Ile,
Gilé, Alto Molócuè e Gurué,
na província da Zambézia; e Ribáuè,
Malema, Lalaua e Mecuburi,
na província de Nampula.
14 Savana 24-02-2017 Savana 24-02-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Odirector do Centro Integridade
Pública (CIP), Adriano
Nuvunga, disse ao SAVANA
que espera que o 11°
Congresso da Frelimo, a realizar-se na
cidade da Matola, de 26 de Setembro a
1 de Outubro próximo, reabra espaço
de debate e receptividade de ideias diversas
para o bem do país. Nuvunga,
que é docente universitário, diz que o
espaço de debate no seio da Frelimo
fechou-se no reinado de Armando
Guebuza.
Na mesma entrevista, Nuvunga analisa
a crise do MDM e diz que o partido
deve libertar-se das amaras familiares
para atender à agenda nacional.
Nas linhas abaixo, segue a entrevista
onde o académico analisa o cenário
político após o regresso de Dhlakama,
bem como o modelo de descentraliza-
ção ideal para o país.
Nos últimos dias, o MDM está a viver
um ambiente de tensão e pouco
saudável para o período eleitoral que
se aproxima. O ponto mais alto foi a
aparição pública do edil de Nampula,
Mahamudo Amurane, a lançar farpas
à direcção do partido, depois a resposta
do partido e, por fim, a sua ausência,
na própria cidade, na reunião
da comissão política onde é membro.
Esta é parte de tantas crises que assistimos
no partido desde a sua criação
há oito anos. O que está a falhar?
Não sei o que se passa para ser difícil
discutir-se questões internas dentro dos
órgãos do partido. O que posso dizer é
que, numa perspectiva histórica, onde
o sistema político é dominado por um
partido que outrora foi movimento de
libertação, o espaço de acção política
fica fechado.
O surgimento de partidos como MDM
é possibilitado pelo agrupamento de
individualidades diversas, dos mais variados
quadrantes da sociedade que se
juntam em torno de um líder, de um
ideal, mas que as pessoas não se conhecem.
Só se juntam pela ansiedade de
avançar com abertura democrática.
O objectivo primeiro é forçar uma
abertura, criar um grupo coeso e que
pode granjear simpatias na sociedade e
nos eleitores.
Uma vez realizadas as eleições, depois
ficam questões de expectativas porque
as pessoas, que se tendo juntado à organização,
não conseguiram entrar no
parlamento, nas Assembleias provinciais
ou nos diferentes órgãos autárquicos,
virão seus objectivos individuais
não satisfeitos, sobretudo num contexto
onde basta você aparecer a demarcar-
-se politicamente da Frelimo, o espa-
ço político de acesso às oportunidades
fecha-se.
Está a dizer-nos que as expectativas
das pessoas que se juntaram ao MDM
foram defraudadas e este é o motivo
das constantes crises no partido?
Não é isso. É bom perceber o seguinte:
na Frelimo, depois de 10 anos de luta, as
elites conheceram-se ao fundo. Quando
Adriano Nuvunga espera que o Congresso de Setembro reabra espaço para o debate de ideias
tomaram o poder, além de satisfazer o
objectivo colectivo, encontraram formas
de atender às expectativas individuais,
porque as oportunidades eram
enormes. Veja que se não conseguiu ser
ministro, foi governador, embaixador,
director nacional, director provincial,
administrador distrital ou das empresas
públicas, deputado, entre outras formas
de acomodação. Isso aconteceu porque
a Frelimo controla o Estado.
Mas, para os partidos da oposição,
como é o caso da Renamo ou MDM,
uma vez perdida a oportunidade de
ir ao parlamento ou de ocupar órgãos
autárquicos, acaba tudo, e isso cria
tensões, porque há pouca comida para
dentro dos partidos da oposição. E essa
pouca comida não é necessariamente
natural. É criada pelo partido no poder
e serve como instrumento político para
se manter no poder.
As crises no MDM resultam do facto
de a Frelimo, como partido dominante,
fechar espaço de manobra para o
crescimento dos partidos da oposi-
ção?
Claramente, a dominação da Frelimo
é utilizada como instrumento político
para garantir mais supremacia e, por
essa via, marginalizar e excluir todos
aqueles que não dizem viva Frelimo.
A economia política da governação em
Moçambique é feita justamente para
perpectuar a governação da Frelimo
através da dificultação de oportunidades
e espaço de acção de todos aqueles
que não cantam hossanas à Frelimo.
Sabendo que a Frelimo nunca irá facilitar
o trabalho dos adversários, porque
é que a oposição não se organiza
internamente para contornar estes
obstáculos, visto que o que se vê é que
os nossos partidos não estão coesos.
Isso é uma interpretação teórica porque,
no cômputo geral, as pessoas que
aceitam abraçar projectos políticos da
oposição vivem numa incerteza extraordinária,
justamente porque o partido
no poder concentra os instrumentos
políticos e a economia política da governação
para bloquear qualquer oportunidade
de acesso às oportunidades de
pessoas que não são deste partido.
Estando na oposição, as oportunidades
são bastantes pequeninas e as eleições
são de cinco em cinco anos. As pessoas
podem aguentar três, quatro ou cinco
meses, mas cinco anos é muito tempo
para haver uma nova actividade política
porque a democracia moçambicana
acontece nos intervalos das eleições e as
pessoas precisam de sobrevir.
Perante o quadro que descreve nas linhas
acima, qual é o futuro da oposi-
ção moçambicana?
Estruturalmente, uma democracia
pressupõe que haja mais de um partido.
Porém, os partidos não geram dinheiro,
têm de ter fontes de apoio para
poderem existir e agitar para granjear
mais apoios e articular as expectativas
das pessoas e concorrem para os postos
públicos.
A participação dos partidos da oposi-
ção na governação é uma forma através
da qual os partidos se promovem
e crescem. Mas, no momento inicial, é
preciso que haja oportunidades de os
partidos poderem concorrer e ganhar
postos públicos.
A origem histórica e o enquadramento
cultural do nosso sector privado também
não ajuda. O nosso sector privado
comporta-se como estando proibido de
articular com pessoas da oposição. É
maioritariamente dominado por pessoas
que exibem cartão vermelho para ter
acesso às oportunidades. Sem ter cartão
vermelho não tens apoio porque, estruturalmente,
os nossos empresários estão
proibidos de conviver com a oposição.
Quem arriscar automaticamente perde
oportunidades de acesso aos negócios.
Pelo contrário, a Frelimo tem acesso aos
recursos públicos e daí suplanta oposi-
ção.
Infelizmente, quem perde somos nós os
cidadãos que não temos aquela possibilidade
de os partidos se desenvolverem
para articular melhor aquilo que são os
nossos anseios e nós escolhermos melhor.
Um estudo levado a cabo por Adriano
Nuvunga e José Adalima concluiu que
o MDM é o mesmo alimento a que os
moçambicanos estão acostumados,
diferenciando-se no facto de ser servido
em novos pratos. O que queriam
dizer com essa conclusão?
Quando o MDM surgiu teve uma
grande gama de simpatia pública e
por tudo quanto sofreu nas eleições de
2009, com a exclusão eleitoral, granjeou
uma enorme simpatia, mas não vimos
da parte da liderança do MDM uma
correspondência positiva dessa simpatia.
Antes pelo contrário, os problemas
começaram a emergir.
São conflitos de natureza e de distribui-
ção do poder que tinham uma dimensão
familiar. Não eram problemas de
articulação de agenda pública. Ora, isso
não pode acontecer porque a gestão pú-
blica tem de ser conduzida pelas mais
variadas elites tendo vários elementos
de diferentes origens.
A excessiva intromissão familiar em
assuntos do partido estará, em parte,
por detrás das crises no seio do
MDM?
Essa é uma questão muito séria que diminuiu
o nível de simpatia que muitas
pessoas tinham pelo MDM. Esta defesa
acérrima de manutenção do sentido
familiar, mesmo perante vozes internas
que se incomodavam assim como externas
que mostravam preocupação, a
direcção do MDM manteve-se firme e
continuou a privilegiar laços familiares.
O MDM deve criar confiança para que
as pessoas possam sentir que, de facto, é
um partido capaz de articular bastante
bem aquilo que são as frustrações e as
preocupações dos excluídos.
A situação de Nampula não poderá
contribuir para cisão do partido?
O MDM nasceu duma cisão. Se Mahamudo
Amurane entender que não há
condições para continuar no partido
e avançar de forma independente ou
criar outro movimento, isso é muito
bom para a democracia. Não podemos
ter receio disso porque irá permitir que
novas elites surjam e o MDM possa
reflectir seriamente em função disso. É
em função de choques que os partidos
reflectem e desenvolvem.
O MDM apresenta-se como alternativa
ao regime do dia. Condena publicamente
o facto de a Frelimo usar
fundos públicos para uso partidário.
Porém, Amurane diz que o partido
estava a pressionar-lhe para desviar
fundos do município de Nampula
para uso partidário. Não será isso incongruência
da parte da direcção deste
partido?
A utilização de património público por
parte da Frelimo para prossecução da
sua agenda política é clara. Basta ver o
comportamento de funcionários públicos.
Infelizmente, todos os que deviam ser
servidores públicos e apartidários pensam
que são parte do governo da Frelimo.
Umbilicalmente ainda não foi feito o
corte entre o partido e Estado. Foram
feitos alguns ensaios com vista ao embelezamento
de algumas terminologias,
mas, estruturalmente, esta ligação de
partido-Estado mantém-se intacta.
O Estado moçambicano entende que
a sua função primeira é defender o
poder da Frelimo e não de atender às
preocupações públicas dos cidadãos em
igualdade de circunstâncias independentemente
das suas paixões políticos-
-partidárias.
Mediante esse cenário, o MDM não
podia ser excepção. Os partidos têm o
erário público como a fonte para alimentar
suas elites e garantir a sobrevivência.
“Há que reinventar o Estado”
Como é que avalia a actual organiza-
ção do Estado moçambicano?
Neste momento, não temos um Estado
orientado para o cidadão. Temos
de reinventar o Estado para atender
às preocupações públicas dos moçambicanos
onde os partidos políticos vão
surgir e concorrer pelo exercício do
poder do governo. Basta olhar para os
discursos dos fundadores da Frelimo
é possível ver que o partido no poder
considera-se Estado.
A concepção que os fundadores da república
têm é de que o Estado é do partido
Frelimo.
Quando fala de reinvenção de Estado
não estará a ignorar as preocupações
da Renamo que quer ver seus quadros
integrados e a ocupar altos cargos pú-
blicos?
Os partidos políticos precisam de agenda
e penso que é legítimo que falem e
têm razão, porque há questões sérias
desde a governação eleitoral, sistema de
administração da justiça que precisam
de mostrar uma maior equidistância
em relação ao poder político estruturado
pela Frelimo que neste momento
acontece.
Para isso precisámos de ter um Estado
capaz de responsabilizar o governo pelas
suas acções.
O Estado é dos cidadãos, é dos cerca
de 24 milhões de moçambicanos. Os
partidos políticos vão concorrer para
exercer o poder desse mesmo Estado.
Agora, se queremos ser integracionistas,
que é uma fórmula que creio
que não seja adequada para resolver o
nosso problema de desenvolvimento,
podemos integrar a Frelimo, Renamo,
MDM e outros partidos, mas que fique
claro que essas organizações estarão lá
apenas para atender suas preocupações.
O que os partidos da oposição querem
não é necessariamente o interesse geral,
são vontades individuais.
Na realidade, estes partidos, vendo que
a Frelimo está, sozinha, a usar meios
públicos para distribuir pelos seus, também
querem essa oportunidade para
agradar os membros e nós outros que
não pertencemos nem num, nem noutro
seremos marginalizados.
No actual contexto, haverá condições
para se contornar o modelo integracionista
e se avançar para reinvenção
do Estado?
Devemos acreditar. No discurso inaugural
ouvimos o presidente Nyusi a defender
que pretende construir um Estado
acima das preocupações partidárias.
É preciso dar crédito a Nyusi neste
aspecto e, como forças vivas da sociedade,
deveremos lutar por um Estado não
construído apenas pelos políticos, mas
por todos nós.
Guebuza sufocou o espaço
público
No próximo mês de Setembro, a Frelimo
realiza o seu 11° Congresso. Será
o primeiro a ser dirigido por Filipe
Nyusi. O que podemos esperar?
Não sou membro da Frelimo e não
sei o que vai acontecer. Contudo, é
importante frisar que quando éramos
liderados pelo presidente Chissano, as
pessoas chamavam-no de mariazinha e
a sociedade clamava por um líder forte
com um sentido autoritário.
Depois veio Guebuza que sufocou o
espaço público e deixou muita gente
desgastada e reclamou-se a saída dele.
Veio Nyusi que aparenta ter um perfil
um pouco semelhante ao de Chissano
do tipo deixa as coisas acontecerem.
Pelo menos na era chissaniana tivemos
alguns ganhos com essa forma de deixar
as coisas acontecerem num modelo
muito mais próximo de Estado e afastado
do partido. Nyusi está a começar
a definir-se, a expectativa é grande, os
problema são enormes.
Não esqueçamos que o momento de
graça já passou...
Sim, mas foi passado no meio de problemas.
A lua de mel de Nyusi foi passada
pela magnitude dos problemas
herdados da governação anterior e isso
pode estar a confundir algumas das
suas políticas públicas.
No entanto, não podemos deixar de
dizer que há algumas coisas que são
um verdadeiro desastre na sua governa-
ção. Por exemplo: esta coisa de tseke.
Interpreto isso como um insulto aos
moçambicanos.
A Frelimo precisa de democratizar-se
e o processo de democratização é feito
pelo estilo das pessoas que estão no
poder. A humildade de Nyusi pode ser
ideal para garantir a democratização do
partido mesmo que seja por defeito no
sentido de que deixa andar e as coisas
acontecem de forma tácita.
Com a governação passada consolidou-
-se a arrogância da Frelimo e é preciso
acabar com isso.
Há condições políticas para se acabar
com essa arrogância dentro da Frelimo?
Penso que sim. Pode não ser programaticamente,
mas por defeito. É importante
que esse cenário diminua para que
a Frelimo seja cada vez mais acessível
aos não frelimistas porque a Frelimo
gere dinheiro público. Portanto, tem
de ser acessível a todos nós para criticarmos
e contribuirmos na governação.
A Frelimo é hostil aos não frelimistas
e quem perde com essa arrogância é o
cidadão e não os próprios frelimistas
visto que a má qualidade das políticas
públicas que temos aqui no país é resultante
do facto da Frelimo só girar
dentro dos frelimistas.
Mais de 20 milhões dos moçambicanos
estão excluídos do acesso às oportunidades
e de influenciar na governação da
Frelimo.
Uma das coisas que este Congresso devia
discutir é criar condições para voltarmos
a ter uma Frelimo mais aberta a
ideias contrárias.
Algumas correntes da sociedade mo-
çambicana são da opinião de que o
presidente que tomou posse no dia 15
de Janeiro de 2015 não é o mesmo que
governa o país hoje. Compartilha a
mesma ideia?
Isso é normal. No dia do casamento há
muita exuberância entre os noivos, mas
nos dias posteriores as coisas mudam
completamente. Acredito que o mesmo
aconteceu com Nyusi, leu discurso bonito,
mas a implementação foge completamente.
Conheço líderes mundiais que escrevem
seus discursos, têm obra escrita
que nos permite conhecer o pensamento
dessa figura. Mas, no caso concreto
de Nyusi é contrário. Não há obra feita,
A mata é o forte de Dhlakama
Últimos desenvolvimentos indicam que a paz está
de volta e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama,
poderá deixar a mata a qualquer momento. Qual é
a sua expectativa?
Isso é importante. Como moçambicanos temos o
direito de saber onde é que está o líder da oposição.
Não é qualquer pessoa. É o segundo mais votado.
Tem um papel fundamental na construção da histó-
ria democrática do país e precisamos de saber onde
é que ele vive ou trabalha para mandarmos correspondências,
fazer questões e interagir com ele sobre
o país.
Em 1992, assinou o Acordo Geral de Paz, em
Roma. Porém, de lá a esta parte o líder da Renamo
nunca abandonou as matas. Vem para cidade e
depois regressa às matas. Será uma estratégia que
encontrou para fazer a sua política?
Historicamente, Dhlakama sempre recorreu às matas,
aliás, nunca abandonou completamente a mata.
Sempre que se sente injustiçado pela Frelimo recorre
às matas para reivindicar.
Esta forma de ser de Dhlakama é uma resposta à
forma como a Frelimo, sobretudo, no reinado de
Guebuza, tratou a própria Renamo. Recorre às matas
para fugir das pauladas da Frelimo.
Sempre que a Renamo sente que está a levar pauladas,
ou precisa de reivindicar um doce, foge para
as matas porque é lá onde está o forte dele. Toda a
juventude de Dhlakama foi feita nas matas.
Essa estratégia continuará numa Renamo sem
Dhlakama?
Creio que as matas nalguns momentos são o escritório
de Dhlakama. Entende as matas, tem uma relação
própria com as matas. Agora, sem Dhlakama
duvido muito. Acho que o parlamento será a base da
Renamo sem Dhlakama.
A Renamo continua a exigir a governação das seis
províncias onde supostamente venceu as eleições.
Acha essa pretensão viável?
Democraticamente falando, as regras do jogo são
estabelecidas antes. Nas eleições de 2014, o que
estava em disputa eram eleições do Presidente da
República, Assembleia da República e Assembleias
provinciais e não de governadores provinciais.
Não vejo a viabilização das pretensões da Renamo
porque Moçambique é um Estado unitário e a sua
estrutura de governação é hierarquicamente centralizada.
No actual contexto legal não sei o que pode
fazer o governador da Renamo numa província.
Não sou apologista da ideia de que a Renamo devia
governar as seis províncias.
Também não acredito que, de facto, a Renamo esteja
interessada em governar as seis províncias neste
momento. Ela está a usar isso como pressão para
conseguir outros objectivos políticos, para obter outros
ganhos políticos.
O que a Renamo deve fazer é encontrar formas de
fazer revisão legal para se acomodar as suas exigências
no futuro.
Os actuais modelos de descentralização não respondem
aos anseios de participação política da oposição
na governação. A Frelimo não ganha tudo, mas leva
tudo e a oposição fica sem nada. Basta perder elei-
ções, a oposição também perde oportunidade polí-
tica de ter recursos para atender a necessidades das
suas pessoas nas províncias porque o ganhador levou
tudo para si.
Precisamos de aprofundar a democracia e permitir
que as elites da oposição possam disputar municí-
pios e províncias e daí se afirmarem politicamente
e financeiramente e atacar desafios políticos futuros
muito mais pujantes.
tunidade de falar com o PR e colocá-
mos a nossa preocupação. Dissemos
que as possibilidades do avanço do
nosso desempenho económico e democrático
no país depende da perseveran-
ça e liderança na questão de combate à
corrupção.
Tenho certeza de que, tirando a questão
da paz que é fundamental, se o PR
concentrar-se seriamente no combate à
corrupção, o nível de recuperação económica
e institucional pode triplicar os
ganhos.
Como é que analisa a forma como o
PR está a gerir o dossier das dívidas
ocultas.
Penso que no início do processo não foi
bem gerido. A imagem de chacota e de
falta de seriedade com que o país ficou
no início foi bastante degradante.
Mas, com o tempo, as coisas foram melhorando
e a aceitação que o governo
fez para que se realizasse auditorias externas
ajudou o país a recuperar a credibilidade
e a confiança do país junto aos
parceiros de cooperação.
Sei que há dificuldades no acesso à informação,
mas acho que com novo timoneiro
nos Serviços de Informação e
Segurança de Estado as coisas mudem
para melhor e todos nós como moçambicanos
nos possamos esclarecer e saber
o que na verdade aconteceu para além
de responsabilizar os possíveis culpados
e o país avançar rumo ao desenvolvimento.
Caso as conclusões da auditoria obriguem
a Justiça a ter de levar algumas
cabeças à cadeia. Estamos a falar de
figuras como Armando Guebuza.
Como é que Nyusi poderá gerir essa
situação dentro do partido?
Democracia é isso mesmo, justiça é isso
mesmo, doa a quem doer, seja quais
forem as consequências, os processos
têm de avançar. Se chegar à conclusão
de que fulano e sicrano devem responder
pelos seus erros e o património que
amealharam ilegalmente seja devolvido
ao Estado deverá ser isso.
Quantas crianças morreram por falta
de medicamentos, quantas pessoas não
tiveram seus processos de progressão
nas carreiras e quantas coisas ficaram
paralisadas por causa deste problema.
E porquê aceitamos hipotecar a vida de
centenas de crianças que morreram por
falta de medicamentos nos hospitais
não comprados porque meia dúzia de
pessoas apoderou-se do dinheiro pú-
blico.
estamos a aprender a conhecer as ideias
dele cada vez que vai governando e, infelizmente,
algumas das suas ideias não
convencem.
A partir deste congresso teremos uma
comissão política à imagem de Nyusi?
No contexto actual não sei qual é a
função dum órgão como comissão política.
Hoje, os órgãos dos partidos políticos
são congresso, comité central e
a associação dos combatentes. A ideia
de comissão política tende a desaparecer
porque acaba sendo um órgão que
muitas vezes obstrui ou impede que a
liderança do indivíduo, neste caso, o
Presidente da República, se exerça plenamente.
Acaba sendo outro poder que viaja para
as províncias com todo o protocolo e
mediatização e baralha o esquema produtivo
dos servidores públicos.
O desejável era ouvir que o congresso
extinguiu a figura de comissão política
para dar mais tempo ao presidente de
trabalhar para o cidadão que o elegeu.
Como é que avalia a forma como o
presidente Nyusi gere a questão da
corrupção?
É uma das grandes decepções da sua
governação. Como CIP, tivemos opor-
...e diz que o MDM deve libertar-se das amaras familiares para atender à agenda nacional
“A Frelimo é hostil aos não frelimistas”
Por Raul Senda (textos) e Ilec Vilanculos (fotos)
16 Savana 24-02-2017 PUBLICIDADE SOCIEDADE
A Eni East Africa S.p.A. (EEA) convida à todas as empresas
interessadas e experientes para submeterem a sua Manifestação
de Interesse para a prestação de serviços de tecnologias
de informação (TI) a ser executado na República de Moçambique.
As empresas interessadas poderão submeter a sua Manifestação
de Interesse para “prestação de serviços de tecnologias
de informação (TI)”, através do seu registo no nosso website
abaixo indicado (Mozambique Application), submetendo os
seguintes documentos:
nome da entidade jurídica e da pessoa de contacto para a Prova documentada de, pelo menos, três serviços anteriores
com clientes internacionais, preferencialmente operando
no sector de Petróleo e Gás;
3. Evidência do Sistema de Gestão de Qualidade em conformidade
com o padrão
esteja cotada na bolsa de valores);
6. Relatório da carteira de realização de serviços nas fases de
Transição e Transformação, bem como a operação dos seguintes
serviços (mas não limitado a):
a) Gerente Local de Entrega de Serviços;
b)
d) Gestão de Activos;
e) Serviços Pass-Through
f) Pessoal de Suporte de TI
g) Outros serviços de TI de back-end
7. Requisitos de HSE
As respostas devem ser limitadas à seguinte documentação
essencial necessária dequisitos
legais aplicáveis e outros requisitos relaccionados
com os aspectos de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (HSE)
das suas actividades, produtos e serviços são alguns dos principais
compromissos incluídos nas políticas da EEA.
O website para o registro está disponível no seguinte URL:
KWWSV HSURFXUHPHQW HQL LW LQWBHQJ 6XSSOLHUV 4XDOLÀFDWLRQ 0R]DPELTXH $SSOLFDWLRQ
(para as candidaturas em língua inglesa)
KWWSV HSURFXUHPHQW HQL LW LQWBLWD )RUQLWRUL 4XDOLILFD
Autocandidatura-Mozambico (para as candidaturas em línJXDSRUWXJXHVD LWDOLDQD
IMPORTANTE: A submissão deverá fazer referência ao códiJRGH3URGXWR 6HUYLoRDEDL[RLQGLFDGR
SS04AB43 - IT SERVICES: SPECIALIST IT SERVICES
CONVITE PARA MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE PARA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO (IT).
PARA ENI EAST AFRICA S.p.A. NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
Dentro da página da candidatura, na secção “Objecto de Candidatura”
seleccione na lista em cascata do Tipo de Candidatura a
opção “Supply of IT SERVICES in Mozambique”.
Por favor, note que as Empresas que possuem uma carta de
TXDOLÀFDomRYiOLGDGR*UXSR(QLHTXHMiVHDXWR DSOLFDUDPRX
aplicaram no passado para o mesmo serviço ou actividades siPLODUHV FRQÀUPDomRGHLQWHUHVVHH VHDSOLFiYHO GRFXPHQWDomR
requerida podem ser enviadas para O seguinte endereço de e-
-mail: eea.procurement@eni.com
Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e ao cumprimento
com toda a documentação acima indicada, as empresas
interessadas poderão receber da Eni East Africa o Pacote de
4XDOLÀFDomR
A Eni East Africa S.p.A fará uma avaliação da documentação
acima solicitada e, caso o resultado da avaliação seja satisfató-
ULR LUiLQFOXLU R FDQGLGDWR QD VXD /LVWD GH )RUQHFHGRUHV FRP
vista a considerar a empresa em futuros processos de concurso
relacionados com as actividades em questão.
$SHQDVDVHPSUHVDVRXFRQVyUFLRVRX-9TXDOLÀFDGRVTXHWrP
demonstrado capacidade e experiência recente do fornecimento
do serviço acima exigido serão considerados para potenciais
propostas para o âmbito do serviço descrito acima.
A solicitação de informação e documentação tem como objectiYRLQLFLDUXPD´DYDOLDomRSDUDTXDOLÀFDomRµHGDUXPDRSRUWXnidade
às empresas seleccionadas de fornecer detalhes da sua
estrutura legal, gestão, experiência, recursos e sua capacidade
global para executar o serviço.
Este inquérito não deverá ser considerado um convite para concurso
e portanto, não representa nem constitui nenhuma promessa,
obrigação ou compromisso de qualquer tipo da parte
da Eni East Africa S.p.A em celebrar contratos ou acordos com
qualquer empresa que participe do presente pré-inquérito.
&RQVHTXHQWHPHQWH WRGRV RV GDGRV H LQIRUPDo}HV IRUQHFLGRV
pela empresa não deverão ser considerados como um compromisso
por parte da Eni East Africa em celebrar um contrato ou
acordo com a empresa, nem deverá possibilitar que a empresa
reivindique qualquer indeminização da parte da Eni East Africa
S.p.A.
7RGRV RV GDGRV HLQIRUPDo}HV IRUQHFLGRV QR kPELWR GHVWHLQTXpULWR
VHUmR WUDWDGRV FRPR HVWULWDPHQWH FRQÀGHQFLDLV H QmR
serão divulgados ou comunicados a pessoas ou empresas não
autorizadas, com excepção da Eni East Africa S.p.A.
O prazo para a submissão da Manifestação de Interesse através
do nosso website termina é dia 24 de Marco de 2017.
Para qualquer questão adicional por favor contacte-nos através
do seguinte endereço: eea.procurement@eni.com
Quaisquer custos incorridos pelas empresas interessadas na
preparação da Manifestação de Interesse serão da total responsabilidade
das empresas, as quais não terão direito a qualquer
reembolso por parte da Eni East Africa S.p.A a este respeito.
Savana 24-02-2017 17 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Eni East Africa S.p.A. invites interested companies to submit
expressions of interest for the supply of IT SERVICES in
Mozambique to be carried out for eni east africa activities in
the Republic of Mozambique.
Companies interested in this invitation may submit their
Expression of Interest duly signed by the authorized person
WRJHWKHUZLWKFHUWLÀHG3RZHUV RI DWWRUQH\ RU RWKHUHYLdence
of authority of such authorized person) along with
the following mandatory information and documentation
providing evidence of:
6FDQQHG DQGFHUWLÀHGFRS\RI WKH WUDGH UHJLVWHU OHJDO
HQWLW\QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLÀFDtion
and commercial information;
2. Documented proof of at least three previous provisions
with international customers preferably operating in
the Oil & Gas;
+DYLQJ 4XDOLW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQV
DQG RU 4XDOLW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FRPSOLDQW ZLWK
international Quality Standards (e.g. ISO 9001:2008);
/DVW WKUHH\HDUVRI)LQDQFLDO6WDWHPHQWVLQFOXGLQJ%Dlance
Sheets;
5. Company and group structure with the list of major
VKDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV
6. Portfolio report of realization of services in the Transition
and Transformation phases as well as the Operation
of the following services (but not limited to):
a) Local Service Delivery Manager;
b) End-User Helpdesk and Desk side support;
c) IMAC – PC Install, Move, Add and Changes;
d) IT Asset Management;
e) Pass-Through Services
f) IT Support Personnel
g) Other Back-end IT Services
7. HSE Requirements
Responses are to be limited to the following required essential
HSE documentation:
a) Information and details of the company’s Health, Safety
and Environment Management System (HSE);
b) Information or evidences about ISO and OSHAS certi-
ÀFDWLRQ LIDQ\
c) Information or evidences of compliance with applicable
legal and other requirements related to the Health, Safety
and Environmental (HSE) aspects of its activities, products
and services is one of the core commitments that are
included in EEA policies.
d) -
The registration website (Mozambique Application) is
available to the following URL:
KWWSV HSURFXUHPHQW HQL LW LQWBHQJ 6XSSOLHUV 4XDOLÀ-
FDWLRQ 0R]DPELTXH $SSOLFDWLRQ (for application in English)
KWWSV HSURFXUHPHQW HQL LW LQWBLWD )RUQLWRUL 4XDOLÀ-
FD $XWRFDQGLGDWXUD 0R]DPELFR (for application in PorWXJXHVH ,WDOLDQ
REQUEST FOR EXPRESSION OF INTEREST
FOR THE SUPPLY OF IT SERVICES IN MOZAMBIQUE FOR ENI EAST AFRICA SpA ACTIVITIES
IN THE REPUBLIC OF MOZAMBIQUE
The submission must refer to the following commodity code
SS04AB43 - IT SERVICES: SPECIALIST IT SERVICES
The submission must refer to the following commodity code (for apSOLFDWLRQLQ3RUWXJXHVH ,WDOLDQ
Within the website application, under the section “Object of the
Application”, the area “Origin of invitation” shall be completed as
follows: “supply of IT SERVICES in Mozambique”
3OHDVHQRWHWKDW&RPSDQLHVZKLFKDUHLQSRVVHVVRIDYDOLGTXDOLÀFDtion
letter from Eni Group and which already self-applied or applied
LQWKHSDVWIRUWKHVDPHVHUYLFHRUVLPLODUDFWLYLWLHV FRQÀUPDWLRQRI
interest and, if applicable, the required documentation can be sent to
the following email address: eea.procurement@eni.com.
Subject to the submission and compliance of all the above documentation,
companies interested in this Expression of Interest may receiYHIURPWKHDERYHHPDLODGGUHVVWKH4XDOLÀFDWLRQ3DFNDJH
Eni East Africa will evaluate the above requested documentation
DQG LIVDWLVÀHG DVDUHVXOWRILWVFDUHIXOHYDOXDWLRQ ZLOOLQFOXGHWKH
applicant in its Vendor List for consideration in future tender processes
regarding the subject activities.
2QO\TXDOLÀHGFRPSDQLHVRUFRQVRUWLDRU-9WKDWKDYHSURYHQFDSDbility
and recent experience of supplying the above required services
will be considered for potential tenders for the scope of service
described above.
The purpose of the information and documents request is to start a
´TXDOLÀFDWLRQDVVHVVPHQWµDQGWRJLYHDQRSSRUWXQLW\WRWKHVHOHFWHG
companies to provide details of their legal structure, management,
experience, resources and overall capability to perform the service.
(QL(DVW$IULFDZLOOHYDOXDWHWKDWHDFKRIWKHÀQDOVHOHFWHGFRPSDnies
have the resources, management and all the capability to act
as a single legal entity (company) in order to achieve the required
targets of quality, HSE, standards and programme.
All responses are to be supported by such narrative, organisation
charts, resource charts and other information which the company
considers necessary to substantiate the individual responses and proYLGH(QL(DVW$IULFDZLWKWKHUHTXLUHGFRQÀGHQFHLQWKHFRPSDQ\·V
capabilities and experiences.
This enquiry shall not be considered an invitation to bid and therefore
it does not represent or constitute any promise, obligation or
commitment of any kind on the part of eni east africa, to enter into
any agreement or arrangement with you or with any company participating
in this pre-enquiry.
Consequently all data and information provided by you shall not be
construed as a commitment on the part of eni east africa to enter into
any agreement or arrangement with you, nor shall they entitle your
company to claim any indemnity from eni east africa.
All data and information provided pursuant to this enquiry will be
WUHDWHGDVVWULFWO\FRQÀGHQWLDODQGZLOOQRWEHGLVFORVHGRUFRPPXQLcated
to non-authorized persons or companies except eni east africa.
The deadline for receipt of Expression of Interest by the email address
indicated above is set at 24th March of 2017.
In this regard, any costs incurred by the companies interested in the
preparation of this Expression of Interest will be on the entire responsibility
of the companies, which will not be entitled to any reimbursement
by Eni East Africa S.p.A.
18 Savana 24-02-2017 OPINIÃO
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
NUIT: 400109001
Propriedade da
Maputo-República de Moçambique
KOk NAM
Director Emérito
Conselho de Administração:
Fernando B. de Lima (presidente)
e Naita Ussene
Direcção, Redacção e Administração:
AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73
Telefones:
(+258)21301737,823171100,
843171100
Editor:
Fernando Gonçalves
editorsav@mediacoop.co.mz
Editor Executivo:
Franscisco Carmona
(francisco.carmona@mediacoop.co.mz)
Redacção:
Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo
Nhampossa, Armando Nhantumbo e
Abílio Maolela
)RWRJUDÀD
Naita Ussene (editor)
e Ilec Vilanculos
Colaboradores Permanentes:
Fernando Manuel, Fernando Lima,
António Cabrita, Carlos Serra,
Ivone Soares, Luis Guevane, João
Mosca, Paulo Mubalo (Desporto).
Colaboradores:
André Catueira (Manica)
Aunício Silva (Nampula)
Eugénio Arão (Inhambane)
António Munaíta (Zambézia)
Maquetização:
Auscêncio Machavane e
Hermenegildo Timana.
Revisão
Gervásio Nhalicale
Publicidade
Benvinda Tamele (823282870)
(benvinda.tamele@mediacoop.co.mz)
Distribuição:
Miguel Bila
(824576190 / 840135281)
(miguel.bila@mediacoop.co.mz)
(incluindo via e-mail e PDF)
Fax: +258 21302402 (Redacção)
82 3051790 (Publicidade/Directo)
Delegação da Beira
Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A
Telefone: (+258) 825 847050821
savana@mediacoop.co.mz
Redacção
admc@mediacoop.co.mz
Administração
www.savana.co.mz
EDITORIAL Cartoon
S
empre que alguém surge com uma nova ideia para resolver
um problema antigo renasce a esperança de que desta vez
as coisas irão mesmo mudar. Mas, tragicamente, por vezes
a experiência nos ensina que quanto mais as coisas mudam
elas tendem a ficar na mesma.
E é este sentimento que prevalece depois do espectáculo que na
semana passada marcou o lançamento do programa Sustenta, uma
iniciativa que tem o nobre objectivo de reduzir drasticamente os
elevados índices de pobreza rural que ainda se verificam em Mo-
çambique.
Essencialmente, se bem sucedido, o programa tem um grande potencial
de vir a transformar camponeses que lutam contra todo o
tipo de adversidades em pequenos, médios e grandes agricultores,
com a sua actividade mais virada não só para a satisfação das suas
necessidades alimentares, mas também para a acumulação de riqueza
e aumentar a sua base de consumo. O programa pode, de
facto, contribuir de certo modo para o despontar de um processo de
industrialização baseado no campo, reduzindo desta forma o actual
fluxo de pessoas que abandonam o campo à procura de melhores
oportunidades nos principais centros urbanos.
Mas o sector da agricultura, que é um vector importante para este
programa, já foi no passado alvo de intervenções cujos resultados
foram, para se ser brando nas palavras, modestos. Mais recursos humanos
e financeiros foram gastos para movimentar a componente
administrativa e burocrática dos programas do que foram aplicados
directamente na produção agrícola ou no desenvolvimento rural.
Em alguns casos tratou-se de uma questão de erros típicos de uma
curva de aprendizagem, mas noutros, o fracasso se deveu à corrupção,
ao desvio de fundos e atribuição de recursos a pessoas que
menos os mereciam. Ao fim de muitos desses programas, ficaram
mais ricos funcionários governamentais, seus amigos e familiares,
enquanto os camponeses se tornavam mais pobres, com a sua única
salvação sendo o abandono do campo para engrossar as fileiras de
desempregados e de gente que vive à margem da sociedade nos
principais centros urbanos.
A problemática do desenvolvimento rural em Moçambique não
é nova. E este programa deve vir adicionar valor a inúmeras iniciativas
anteriores tais como o Programa Nacional de Desenvolvimento
Agrário (PROAGRI) – nas suas duas fases – e o Fundo
de Desenvolvimento Distrital (FDD), para mencionar apenas os
mais recentes.
Só por essa razão, este novo programa deve potencialmente ter
maiores probabilidades de sucesso, considerando que os seus autores
tenham levado em conta algumas lições aprendidas do passado.
Mas o facto de acreditarmos no sucesso do programa não nos
pode impedir de questionar quais são os elementos dos programas
anteriores que foram corrigidos para que este seja bem sucedido.
Costuma-se dizer que gato escaldado até de água fria tem medo.
Depois de rios de dinheiro terem sido desperdiçados no passado,
há razões de sobra para que persista alguma dose de desconfiança.
Uma das maiores fragilidades de todas as iniciativas anteriores parece
ter sido a crença de que burocratas, empoleirados nos seus gabinetes
climatizados em edifícios altos na cidade de Maputo, têm
todo o conhecimento sobre o que os camponeses precisam para
melhorar as suas condições de vida. Raramente foram realizadas
consultas para perceber dos próprios camponeses o que eles precisam
para dar uma viragem positiva sobre a fatalidade perene em
que se encontram armadilhados.
O novo programa, por exemplo, prevê um modelo de financiamento
ao desenvolvimento rural a ser assegurado pelo governo, contando
com a parceria da banca comercial, e a ser dirigido a “pequenos
produtores devidamente organizados”.
Resta apenas responder uma pergunta que nos parece lógica e legítima.
Se os bancos comerciais dificilmente conseguem financiar
o resto da economia, e tendo sempre considerado o sector agrícola
como uma zona de alto risco, onde é que irão buscar o dinheiro
necessário, e o que será que os irá mover agora para mudarem de
posição?
Desenvolvimento rural sustentável:
o que é que mudou?
É
cada vez mais inquietante a
incapacidade de Emmanuel
Macron ou François Fillon
assegurarem uma margem
segura para triunfo à segunda volta
contra Marine Le Pen nas eleições
presidenciais franceses.
A candidata da extrema-direita,
26% de intenções de voto, ganha
facilmente a primeira votação em
Abril e os principais opositores
quedam-se ambos pelos 21%, de
acordo com as últimas médias das
sondagens quotidianas da “OpinionWay/ORPI”.
Metade do eleitorado declara-se
ainda indeciso, mas Le Pen reduz
cada vez mais a diferença na segunda
volta em Maio, conseguindo
42% contra 58% de Macron e 43%
frente a Fillon que averba 57% das
intenções de voto.
A dinâmica política acentua, por
sua vez, um impasse à direita e ao
centro.
O escândalo de mordomias familiares
de Fillon quebrou qualquer
ímpeto de vitória do candidato de
Les Républicans, mas o indefinido
liberal Macron tem dificuldade
em impor-se, apesar da hemorragia
eleitoral do socialista Benoît Hamon
(15%) e de Jean-Luc Mélenchon,
La France Insoumise (11%).
Na definição da agenda política
contam, sobretudo, Macron e Le
Pen, mas o candidato de En Marche!
cometeu um erro político em
Argel que lhe poderá custar caro,
enquanto a líder do Front National
sacou um golpe de propaganda em
Beirute.
Por convicção ou expediente polí-
tico, Macron declarou em visita à
França não se recomenda
Argélia que a colonização francesa
constituíra um “crime contra a humanidade”.
O candidato clarificou posteriormente
pretender “terminar o luto”
de 132 anos de uma colonização
que comportou “elementos de civilização
e barbárie”.
Em 2012, Nicolas Sarkozy deplorara
o abandono dos “harkis”, colaboradores
e apoiantes das forças
francesas (cerca de 60 mil foram
executados após a independência
em 1962), e François Hollande lamentou
a acção policial em Paris
em Outubro de 1961 contra manifestantes
pró-independência da
Argélia que provocou entre uma
centena a duas centenas de mortos.
Nenhum Presidente apresentou,
contudo, pedido formal de desculpas
por alegados “crimes contra a
humanidade” na Argélia e a questão
divide visceralmente direita e
esquerda.
Inquéritos de opinião mostraram
de imediato que se 70% de eleitores
de esquerda apoiavam a posição de
Macron, 73% de inquiridos de direita
rejeitavam tais declarações.
As afirmações de Macron quadram
bem à esquerda e entre os 5% do
eleitorado de origem magrebina
tendencialmente de esquerda como
demonstra o voto em Hollande –
86% vs. 14% por Sarkozy em 2012
quando a segunda volta das presidenciais
se saldou por 52% para o
socialista contra 48% para o Presidente
em exercício.
O problema é que, caso Macron
passe à segunda volta, “o crime
contra a humanidade”, um “insulto
a França” no clamor de críticas
da direita e extrema-direita, poderá
contribuir para aumentar a absten-
ção conservadora.
Marine, entretanto, jogou forte em
visita ao Líbano, domínio francês
no Levante até 1943, herdado da
desagregação do império otomano,
onde os políticos gauleses fazem
questão de afirmar posições quanto
a grandes questões geopolíticas,
angariando discretamente financiamentos.
A candidata recusou colocar um
véu e cancelou inopinadamente um
encontro com o mufti Abdel Deriane,
a mais alta autoridade sunita nomeada
pelos poderes republicanos.
Le Pen declarou vincar assim os
valores republicanos gauleses, sem
hostilizar a religião muçulmana, recordando
ter tido um encontro em
2015 com Ahmed al Tayeb, reitor
da universidade Al Azhar do Cairo,
a mais prestigiada instituição teoló-
gica sunita, sem ter envergado véu.
Por aqui, Marine só tem a ganhar
tanto mais que joga a seu favor nova
vaga de violências nos subúrbios
das grandes cidades na sequência
de agressão policial a um jovem de
origem congolesa nos arredores de
Paris.
Longe ainda da grande vaga de três
semanas de tumultos de 2005, motins,
manifestações e vandalismos
vão levando água ao moinho de Le
Pen, chegam para reanimar Fillon e
levantam questões sobre a determinação
e orientação de Macron.
Tristemente, França não se recomenda.
*jornalista e colunista do jornaldenegocios.pt
Por João Carlos Barradas*
NÓS VIVEMOS O SONHO MICHELLE
TENHO
UM SONHO
MLK APRESENTA
Savana 24-02-2017 19 OPINIÃO
517
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
R
ádios, jornais, blogues e
redes sociais estão cheios
de preocupação, medo e
azedume no tocante aos
refugiados que procuram paz
na Europa. Estes refugiados
são encaixados em categorias
nacionais absolutas e tratados
como portadores das mesmas e
substancializadas características
sociais. Dessa maneira evacuam-se
os ventos belicosos do
grande Capital, os caciquismos,
os extremismos religiosos, os interesses
estratégicos das grandes
potências e dos aliados locais, as
Refugiados e medos
Escapei por uma unha negra a
uma perseguição feroz movida
por uma matilha de cães
acicatados pela fome no labirinto
dos becos de um subúrbio desta
cidade, no qual não me lembrava de
alguma vez ter estado. Era noite cerrada
e a escuridão e o silêncio caíam
sobre mim como um manto espesso
de chumbo. Apesar de todo o meu
esforço para pôr cada vez maior distância
entre mim e os meus perseguidores,
notava com desespero que
eles se aproximavam, pois conseguia
perceber o arfar surdo dos seus peitos
mais perto dos meus calcanhares.
Quando, numa curva do percurso,
dei de caras com um portão de
metal pintado de branco, a fechar a
entrada para um quintal cujos muros
tinham de certeza mais de 3 metros
de altura, disse para mim – “Este é
o fim da picada!” Preparava-me para
dar meia-volta e enfrentar, enfim, a
Há dias assim
morte de frente, quando o portão,
sem zumbido, deslizou ligeiramente
e deu espaço suficiente para eu me
esgueirar. Não tive que pensar muito:
de um salto estava lá dentro e o
portão, como que por magia, voltou
a fechar-se.
Então o espaço foi iluminado, de
repente, por uma luz fortíssima que
vinha algures de cima. Não me deu
tempo para pensar. O que me vinha
à cabeça, simplesmente, era: “Estou
safo!” Mas foi sol de pouca dura: com
efeito, naquele quintal vazio e imenso
de repente emergiu uma massa
compacta e uniforme que começou a
movimentar-se muito lentamente na
minha direcção, como uma enorme
onda.
Depois de o meu olhar se fixar, notei
claramente que era um bando de seres
sem rosto, empunhando calhaus,
barras de ferro e pedras, caminhando,
caminhando, caminhando… Foi
quando se ergueu lá do fundo uma
voz forte e firme – “Não o esfacelem!
Quero a cabeça inteira para o meu
jantar.” Então me compenetrei: caí
num covil de canibais.
Em desespero de causa, finquei os
ombros no portão, fiz força e, movido
por não sei que cargas d’água, o que
é facto é que o portão cedeu e eu me
vi de repente fora, outra vez. Respirei
fundo. A matilha tinha desaparecido,
o portão tinha-se fechado, os canibais
só se limitavam a ulular por trás
dele.
Pus-me a caminhar, mas não andei
muito. De trás dos becos, veio um alarido
de vozes femininas e, sem saber
como, dei de frente com um grupo
de 20 ou 30 mulheres de capulanas
e calças cintadas, de tronco nu, seios
descaídos, lábios tumefactos e rostos
decompostos, iluminadas pelas luzes
dos archotes que transportavam, e
gritavam em uníssono: “Apanhamos-
-te, malandro! Devolve-nos a nossa
juventude! Devolve a nossa frescura!
Devolve a nossa virgindade!”
Julguei reconhecer as vozes das mulheres
jovens que tinham passado por
mim e a quem tinha feito adormecer
ao longo de dezenas de anos nas
minhas promessas de El Dorado, de
flores, felicidade e muitos filhos bonitos.
Senti-me perdido, principalmente
quando notei que aquela que
chefiava o grupo trazia nas mãos um
enorme alicate de prata. Então eu
disse para mim – “Querem castrar-
-me.”
Estava nisto, quando, num impulso,
dei um salto para cima e me vi a voar,
a voar, para cair de costas na minha
cama. Despertei e disse: “Outra vez
este pesadelo.” Fixei os olhos no
tecto até me compenetrar da verdade
de que estava vivo. Olhei para o
relógio e vi que marcava 5H30 da
manhã. Amaldiçoei o facto de ser
ainda sexta-feira e, ainda por cima,
ter de aturar naquele dia a reunião
do Conselho Coordenador da minha
instituição, no qual me cabia o ingrato
papel de secretariado.
Estava condenado, pois, a ter de registar
aquele chorrilho de asneiras
que se dizem normalmente nesses
encontros, os truques dos homens
das finanças para aldrabar os números
e esconder as suas falcatruas, as
intervenções dos espertos da ocasião
a proporem soluções para problemas
que já não tinham solução desde há
muito, porque eram uma gangrena, e,
enfim, disse – “Este dia não há-de ser
para mim.”
Liguei o rádio por desfastio ou numa
tentativa última de salvar a minha
disposição que, reconhecia, estava
muito embaixo, e fui recebido por
um conselho ou observação que me
vinha de algures, distante, e dizia “All
you need is love”.
Desliguei o rádio, sacudi os len-
çóis num repelão, pus-me sentado
na borda da cama, mas levantei-me
logo. E sabendo, embora, que corria
o risco de apanhar um resfriado, fui
assim mesmo, de tronco nu e descal-
ço, para a cozinha. Servi-me de um
copo de água gelada, que sorvi absorto,
a olhar para a varanda de trás do
prédio que estava defronte, do outro
lado da rua.
Até que ela apareceu. Era a Jacobina,
a empregada doméstica daquela família.
Fiz-lhe uma pergunta com um
gesto de mãos no ar e ela respondeu-
-me com o polegar espetado para
cima. Para dissipar dúvidas, pouco
depois estendeu no arame um lençol
verde e eu disse para comigo – “O
porto está livre esta noite.”
Fiz os entretantos para trás e para
frente, porque não me apetecia ouvir
música, nem ler, nem falar ao telefone,
até que chegou a minha empregada,
que me ajudou a fazer os preparativos.
Quando ia sair, disse-lhe
– “Quando fores a largar o trabalho,
estende o lençol verde aqui na varanda
da cozinha. Não te esqueças.” Ela
disse – “Nunca me esqueceria.”
Fui curtir o meu calvário carregando
a minha cruz, que ficou mais pesada
ainda quando, depois de aturar
os diapositivos, diagramas e discursos
e intervenções, no fim o director
da instituição propôs que lhe fizesse
companhia para o jantar que tinha
com alguns de nós. Era um privilé-
gio, mas que a mim não me convinha
nada, porque tinha pressa de voltar
para casa, para ir cair nos braços da
Jacobina. Mas não tinha como negar.
Quando cheguei a casa tomado por
uma ansiedade terrível e com um nó
na garganta, cheguei à conclusão a
que já tinha chegado há muito tempo:
a casa estava vazia. Fui a correr
para o quarto num último acto de
desespero, e por cima da mesinha de
cabeceira estava um bilhete naquela
caligrafia regular dela, que dizia: “Oi,
meu Antúrio. São 23H15. Não posso
esperar mais. Tenho de ir caçar os
últimos “chapas”. Não posso admitir
a hipótese de passar a noite fora de
casa, por razões que conheces muito
bem. Até segunda! Tua ximamati.”
lutas de corredor e chancelaria e
os penumbrosos meandros das
secretas.
À generalização abusiva junta-
-se o medo local do desconhecido
havido como intruso, tanto
mais forte quanto as pessoas,
atormentadas com a recessão,
não confiam no futuro. É regra
geral nesse contexto que surge
a busca desenfreada dos bodes
expiatórios e floresce o êxito da
extrema-direita sob as clássicas
formas - quantas vezes trágicas
- do racismo, do etnicismo e do
xenofobismo.
O
Presidente da República,
Filipe Nyusi, endereçou
convites a alguns países para
assessorarem na nova etapa
do diálogo entre o Governo e a Renamo.
Em certas ocasiões, eu sugeri
a alguns políticos moçambicanos que
convidassem o México para mediar
este diálogo político, devido às semelhanças
nas dinâmicas políticas deste
país com Moçambique. É sabido que
México foi um Estado de partido
dominante, entre 1929 a 2000, sob
domínio do Partido Revolucionário
Institucional (PRI). Sendo assim,
abordarei sobre algumas reformas
eleitorais naquele país que seriam
cruciais para Moçambique.
O PRI utilizava sua posição criando
leis eleitorais que o favoreciam, omitindo
regulamentações financeiras ou
designá-las em seu favor. Até 1962
não haviam leis que regulamentassem
o financiamento de campanha
pública, de doações privadas, nenhuma
exigência de relatórios ou supervisão
do financiamento de partidos
e nenhuma proibição de doações
financeiras aos partidos por parte de
agências governamentais.
Uma reforma eleitoral promovida
pelo Ministro do Interior, Jesús
Reyes Heroles, em 1977, foi concebida
para encorajar a esquerda para
dedicar seus esforços na competição
partidária, acompanhada de uma lei
de amnistia que exonerou seus militantes,
torturados e presos durante
um conflito armado entre o Governo
e guerrilhas de esquerda nos anos
1970.
Dada a crise da dívida de 1982, a
oportunidade de gerar recursos através
do sector público diminuiu. Com
várias empresas públicas privatizadas
e com a diminuição do fluxo de dó-
lares públicos ilícitos, foi instituída
uma reforma em 1987 que aumentou
do financiamento nas campanhas.
Utilizou-se a fórmula nas eleições de
1988, e o PRI reteve 82,2% do financiamento
público e 86% de cobertura
televisiva.
A lei eleitoral de 1990 utilizada nas
eleições intercalares de 1991 mudou
a fórmula de distribuição de modo
que 90% dos fundos públicos foram
distribuídos por quota de voto anterior
e 10% foi dada igualmente a
todos os partidos. Isso resultou em
53,3% dos recursos públicos para o
PRI. O tempo de antena também era
proporcional ao voto o que representou
31% de cobertura mediática para
o PRI, 22,4% do Partido da Acção
Nacional (PAN) e 13,8% do Partido
da Revolução Democrática (PRD).
Entretanto, o PRI adicionou os novos
fundos públicos às suas vantagens.
A lei de 1993 usada nas presidenciais
de 1994 incluiu as primeiras
restrições ao financiamento privado e
governamental, bem como exigências
de relatórios. As doações financeiras
eram proibidas por parte de agências
governamentais, empresas mercantis,
empresas ou personalidades estrangeiras,
e instituições religiosas. As
contribuições privadas individuais
foram limitadas a 1% do financiamento
aos partidos e contribuições
de empresas para 5%. Assim, os partidos
deveriam relatar suas receitas e
despesas, mas não informações sobre
como despendiam. Como resultado,
o PRI tinha 65,3% de financiamento
público, o PAN 14%, e o PRD 3%.
Além disso, o PRI ocupou 33,4% de
tempo de antena, o PAN 21,9% e o
PRD 15,8%.
A reforma de 1996, utilizada nas
intercalares de 1997 e presidenciais
de 2000, nivelou o terreno político.
Em 1997, o financiamento público
era 12 vezes maior. O financiamento
privado foi limitado a 0,05% de cada
partido, só que o mais importante,
o Instituto Federal Eleitoral (IFE),
dotado de poderes de fiscalização e
independente de influências partidárias,
exigia relatórios detalhados.
Como resultado, o PRI tinha 65,2%
do financiamento público, o PAN
25% e o PRD 14%. Na televisão, o
PRI ocupava 34% do tempo de antena
e a oposição 20%.
Finalmente, nas eleições de 2000 os
registos mostram que o PRI obteve
57,4% do financiamento público, o
PAN 24% e o PRD 19%. No tempo
de antena, o PAN obteve 29%, o PRI
26% e o PRD 21%. No entanto, apesar
das fontes ilícitas de financiamento
de campanhas, a distribuição geral
em 2000, como também em 1997, foi
mais equitativa.
Em suma, a assimetria de recursos
entre o PRI e os rivais reduziram
com a privatização de empresas pú-
blicas, aumento no financiamento da
campanha pública, requisitos de relatórios,
limites de gastos, proibições de
contribuições governamentais para
partidos e regulamento de financiamento
privado. Assim, o terreno político
era mais justo e México chegou
ao nível de uma democracia estabelecida
onde nenhum partido tinha uma
vantagem injusta.
Deste modo, creio que Moçambique
deve adoptar algumas medidas
implementadas no México, que deve
incluir: a proibição de doações financeiras
de órgãos públicos para partidos;
despartidarização da Comissão
de Eleições (CNE), devendo a mesma
ser constituída por meio concurso
público, e com poderes fiscalizadores,
incluindo auditorias permanentes a
gestão financeira de todos os partidos;
e aumento de fundos aos partidos
com representação parlamentar,
de modo a reduzir a assimetria de
recursos, uma das raízes do conflito
armado. Sendo assim, acho pertinente
que México seja convidado a assessorar
o diálogo político entre os beligerantes
do conflito político-militar.
*Mestrando em Comunicação, Cultura
e Tecnologias de Informação no
ISCTE-IUL
Reformas eleitorais no México como
PRGHORGHSDFLÀFDomRHP0RoDPELTXH
Por Emmanuel de Oliveira Cortês*
20 Savana 24-02-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
Por: Carlos Pedro Mondlane - Juiz de Direito
Os telefonemas entre o Presidente
da República, Filipe
Nyusi, e o Presidente da
Renamo, Afonso Dhlakama,
que resultaram na cessação das hostilidades
militares, já estão inscritos no
livro de recordes (de Moçambique).
Daqui a uma semana e alguns dias, a 5
de Março, as tréguas terão já chegado
ao fim. Muitos acreditam que o con-
flito político-militar está, praticamente,
em processo de morte natural, pois o
que está a acontecer é o início de uma
paz duradoura. Outros, entretanto,
cépticos, traumatizados pelas experi-
ências acumuladas a partir das sessões
do CCJC e de outros locais, preferem
esperar para ver.
O pressuposto de que em tempo de
tréguas militares se afinam as máquinas
de guerra para se voltar a muscular a
Tréguas: início da paz?
prontidão combativa das partes em conflito
bem como para olear a validade dos argumentos
defendidos, pode ter o seu mérito,
no entanto, uma vez tiradas as vantagens
pecuniárias do conflito, reduzem-se os motivos
que dariam provimento ao mesmo. É
claro que o dinheiro nunca chega, mas em
algum momento engasga. Estamos numa
paz bimensal. O ananás já anda nas ruas, os
carros já circulam nos sentidos desejados,
os blindados já não cospem fogo e devem
estar arrumados onde não deviam ter saí-
do, os jovens militares retomaram os seus
sonhos, os seus projectos de vida (familiar),
os adultos respiram de alívio e desejam
que a paz lhes dê paz, o turismo já renasce
da forte crença de que a paz já iniciou o
seu processo de ganho de consistência. As
tréguas desarmaram o forte desejo de eliminação
do “outro”. Esta comichão desapareceu
ou, na melhor das hipóteses, está
moribunda.
Percebe-se, assim, que há muito optimismo
entre os moçambicanos motivado pela
qualidade destas tréguas comparativamente
às anteriores, se tomarmos em conta o seu
cumprimento, pese embora algum oportunismo
desconcertante (nos primeiros
dias). Este pequeno dado permite augurar
que depois de 5 de Março manter-se-á o
ambiente de ausência de confrontação militar
entre as partes. É isto que esperamos
que seja mantido e respeitado. A cada dia
que passa, a construção da confiança ganha
cada vez mais espaço e consistência para
que se avance para um acordo definitivo
entre as partes em conflito.
De facto a paz depende muito das solu-
ções que forem encontradas à mesa de negociações.
Essas mesmas soluções devem
beneficiar aos moçambicanos no seu todo.
A tendência quase natural para que em
negociações (deste tipo) os contendores
fiquem com a “parte de leão” deve
ser ponderada para que não se criem e
nem se legitimem exclusões. Os que
“libertaram” o país em algum momento
perderam-se ao capturar o Estado em
seu benefício. Agora estamos numa situação
em que temos dois partidos, em
processo de reconciliação, com o poder
de “libertar” o país. Esta segunda “libertação”
deverá resultar na aceitação de um
Estado desacorrentado do poder (garras)
de qualquer que seja o partido político.
As desvantagens do acorrentamento do
Estado são por demais conhecidas, tanto
mais que somos um dos países mais
pobres do mundo cuja urgência em sair
dessa linha vermelha é partilhada “por
consenso e aclamação”. Que a paz seja
uma realidade no espaço e no tempo, assim
o desejamos!
Para quem usa os serviços da administração
da justiça é recorrente
o alvitre de que os meses de
Janeiro e Fevereiro são o período
das férias judiciais e por isso os tribunais
encerram o seu atendimento ao público.
Uma plêiade de analistas de ocasião tem-
-se insurgido vincadamente contra o instituto
das férias judiciais a quem apontam
responsabilidade na morosidade processual
e na violação de um princípio sacrossanto
do direito administrativo, que é o da
continuidade dos serviços públicos, embasado
na Lei n.° 7/12, de 8 de Novembro.
Celso Bastos escreve que “O serviço público
deve ser prestado de maneira contínua, o que
significa dizer que não é passível de interrupção.
Isto ocorre pela própria importância
de que o serviço público se reveste, implicando
dever ser sempre colocado à disposição do
utente com qualidade e regularidade, assim
como com eficiência e oportunidade…”
Em conformidade, é proibida a interrup-
ção total do desempenho de actividade do
serviço prestado à comunidade e aos seus
utentes. É assim com os serviços de tratamento
e abastecimento de água, produ-
ção e distribuição de energia, assistência
médica e hospitalar, bombeiros, polícia e
outros. Neste sentido, também, Léon Duguit.
Então, por que encerram os tribunais?
Na verdade não encerram.
O nome férias judiciais per se é enganador.
Faz sugerir a ideia de férias dos tribunais.
Faz parecer, à semelhança do que ocorre
com uma oficina de reparação de viaturas,
que há um período em que se interrompe
o atendimento público e o patrão coloca
uma placa a avisar que a casa estará fechada
para descanso colectivo por certo lapO
mito das férias judiciais
so de tempo. O cadeado na porta elucida
quem dúvidas tiver.
No caso dos tribunais, não é assim. Ao
contrário do que muitos pensam, os tribunais
nunca estão fechados.
Quem a eles se dirige vai verificar que é
precisamente no período das chamadas
férias judiciais onde a carga de trabalho é
maior para os juízes e oficiais de justiça.
Nesta altura, os juízes não só têm de responder
ao desempenho das suas secções,
mas também da dos colegas em acúmulo.
Nos tribunais criminais o ritmo é frenético.
Continuam a chegar e a ser tramitados
com urgência todos os processos com réus
presos, sejam referentes a casos de violência
doméstica, condução ilegal, raptos,
etc. sem descurar do aturado trabalho na
pronta resposta às solicitações de outros
organismos para validação e manutenção
de capturas, decisões sobre liberdade provisória,
decisões sobre buscas e apreensão
de objectos e instrumentos de crimes, a
admissão de assistente, etc. tudo num ritmo
alucinante.
Os tribunais de menores não ficam atrás.
Com as férias agudiza-se a discussão entre
os pais separados. Seja para se suprir a
falta de autorização do menor para viajar,
seja por qualquer outra razão no âmbito
da regulação das responsabilidades parentais
em que não se entendem. Estas
discussões inundam os tribunais e exigem
uma resposta rápida.
Os tribunais civis e de trabalho, igualmente,
respondem às providências cautelares e
aos processos urgentes. Há cada vez mais
processos de natureza urgente ou uso exagerado
das cautelares para antecipar decisões
de mérito (!)
Os procuradores e os advogados têm então
que se desdobrar entre os muitos tribunais
e garantir a sua participação nos
actos. Mais complicado para os advogados
que actuam a solo.
Pode assim se concluir, com espanto para
alguns, que, apesar dos muitos problemas
e dificuldades por que passa a Justiça mo-
çambicana, no geral a sua capacidade de
resposta face à demanda é globalmente
positiva. Dados do Tribunal Supremo,
apresentados na Sessão Solene de Abertura
do Ano Judicial de 2016, mostram que
os tribunais judiciais julgaram no ano anterior
um total de 123.246 contra 115.002
processos entrados. Ou seja, o número de
processos findos, inclusive no período das
férias judiciais, foi maior do que o dos entrados.
Percebe-se logo que não existem férias judiciais,
entendidas como férias dos tribunais.
O que há é um período estabelecido
na lei em que por razões organizativas de
toda a máquina judiciária ocorre suspensão
na contagem dos prazos processuais.
Esta medida não pode ser entendida
como um privilégio dos tribunais, mas,
antes, uma necessidade do Estado. É na
componente organizativa e na consequente
suspensão dos prazos judiciais que se
permite, no fundo, a conciliação do direito
ao descanso de todos que trabalham nos
e com os tribunais. Basta pensar nas di-
ficuldades ao nível das férias dos advogados
e outros actores que passariam a viver
na contingência de terem de regressar ao
escritório ou ao tribunal. Por tudo isso,
justifica-se fixar um período certo em que
os prazos judiciais são suspensos, com interesse
para todos.
É a idiossincrasia dos serviços da administração
da Justiça que as justificam, como,
de resto, acontece com as férias escolares
ou as plenárias da Assembleia da Repú-
blica.
As férias judiciais, segundo Pinto Ferreira,
são uma instituição antiga nascida no Império
Romano ao tempo de Marco Auré-
lio. Até aos dias de hoje, são uma realidade
presente em países como Portugal, Espanha,
Cabo Verde, Estados Unidos, Macau,
Guiné Bissau, Áustria, Irlanda, Angola,
Itália, Grécia, etc. variando de um, dois,
três a quatro períodos num ano.
Curiosamente, do ponto de vista de interesse
pessoal e familiar, os juízes sentem-
-se discriminados quando a Lei n° 7/2009,
de 11 de Março, impõe que só podem sair
de férias exclusivamente no período de
férias judiciais, não podendo reparti-las
ou gozá-las em qualquer outra altura do
ano, como acontece com a generalidade
dos funcionários públicos. Assim, o juiz
moçambicano não pode pretender sair de
férias em Julho ou Dezembro, por exemplo.
Por outro lado, diferentemente do que
ocorre em países como Brasil onde os dois
meses das férias judiciais correspondem
as férias dos juízes, em Moçambique, os
juízes, bem assim o corpo de funcionários
dos tribunais, gozam as suas férias como
quaisquer servidores públicos, com direito
a 30 dias por ano (artigo 63 do Estatuto
Geral dos Funcionários e Agentes do Estado).
O outro mês serve para revezamento
com o colega.
O problema, como disse alguém, é que o
terreno da discussão pública no nosso país
está há muito minado com meras opiniões
e achismos de pessoas sem nenhuma base
de fundamentação. A repetição à sociedade
de ideias sobre a lentidão, ineficácia
dos serviços da administração da justiça e
as malfadadas férias dos tribunais só vêm
piorar o quadro.
A verdade é que a Justiça não sai de férias.
Nem hoje, nem nunca!
Savana 24-02-2017 21 PUBLICIDADE
O Programa de Acções para uma Governação
Inclusiva e Responsável – AGIR, é uma iniciativa
de apoio e fortalecimento da Sociedade Civil
Moçambicana, cujo período de vigência vai de
2015 a 2020. O programa, que vai na sua segunGDIDVH
$*,5,, FRQWDFRPRDSRLRÀQDQFHLUR
das Embaixadas da Suécia, Dinamarca e Holanda
e vem sendo implementado por cerca de 70
organizações moçambicanas e coordenado por
04 organizações intermediárias, nomeadamente:
,%,6 6XESURJUDPDGH$FHVVRj,QIRUPDomR
e Cidadania)
',$.21,$ 6XESURJUDPDGH'LUHLWRVj,QFOXVmR
H (TXLGDGH 'LUHLWRV j 3DUWLFLSDomR
Política e Representação, Direito ao Acesso
a Serviços Públicos de Qualidade e Direito
ao Acesso de Serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva)
2;)$0 6XESURJUDPD GH 0RQLWRULD GH
6HUYLoRV 6RFLDLV %iVLFRV *pQHUR H 6D~GH H
Direitos Sexuais e Reprodutivos, Direitos
Humanos dos Grupos Marginalizados e Indústria
Extractiva);
:(())(&7 6XESURJUDPDGH5HFXUVRV1Dturais,
Agricultura, Ambiente e Mudanças
Climáticas)
O objectivo geral do programa AGIR II é o de
“contribuir para uma sociedade moçambicana
na qual os cidadãos, sobretudo os grupos marginalizados,
gozam plenamente dos seus direitos
de inclusão, de equidade no acesso aos benefí-
cios da riqueza gerada pelo património do País,
do direito aos serviços públicos acessíveis e de
qualidade, do gozo das liberdades civis básicas
e de representação e participação política, num
ambiente de paz e ecologicamente sustentável”.
1RkPELWRGR$*,5,, H[LVWHXPDMDQHODGH3HTXHQRV)LQDQFLDPHQWRV GHVWLQDGDDPRYLPHQtos,
organizações ou grupos de organizações ou
FLGDGmRVQDFLRQDLVTXHDFWXDOPHQWHQmREHQHÀ-
ciam dos fundos do programa AGIR II. Podem
estas/es ser organizações de carácter permaCONVITE
PARA SUBMISSÃO DE PROPOSTAS PARA FINANCIAMENTO
nente ou temporário, que pretendem implementar
um projecto de 1 ano de duração máxima e no
YDORUPi[LPRGH 07 7UrVPLOK}HV
TXLQKHQWRVHYLQWHHGRLVPLOPHWLFDLV 2VPRQtantes
e períodos de implementação para cada
SURMHFWRVHUmRPHOKRUGHÀQLGRVHPDFRUGRVHHP
função da disponibilidade e da avaliação especí-
ÀFDSRUSDUWHGDUHVSHFWLYDRUJDQL]DomRLQWHUPHdiária.
Em termos gerais as áreas elegíveis para a submissão
de propostas incluem:
0RQLWRULD GRV VHUYLoRV S~EOLFRV $FHVVR D
informação, Prestação de contas públicas,
Género, Saúde e direitos sexuais e reprodutivos,
Promoção da paz, Participação política
dos cidadãos, Indústria extractiva, Promoção
GRVGLUHLWRVKXPDQRVSDUDSHVVRDVHJUXSRV
PDUJLQDOL]DGRV PXOKHUHV FULDQoDV SRUWDGRUHVGHGHÀFLrQFLD SHVVRDVLGRVDV SHVVRDVYLvendo
com HIV e SIDA e minorias sexuais),
$SURYHLWDPHQWRGD7HUUD 0HLR$PELHQWHH
Mudanças Climáticas, Desenvolvimento de
capacidades das OSC e ou redes de OSC.
As organizações interessadas em concorrer poderão
obter os formulários de aplicação no website
do AGIR (www.agirmozambique.org/oportunidades)
ou solicitando-os pelo seguinte correio
electrónico: info@agirmozambique.org
As candidaturas deverão ser submetidas em forPDWR3')
DWUDYpVGRZHEVLWHQROLQN DFLPD HVFROKHQGR
FODUDPHQWH R FDPSR D TXH D SURSRVWD
corresponde ou ainda para o email:
info@agirmozambique.org
O prazo para submissão das propostas é 15 de
Março de 2017. Outras formas de submissão de
propostas não serão consideradas. Apenas as organizações
ou projectos seleccionados serão contactados
para seguimento.
0DSXWR GH)HYHUHLURGH
22 Savana 24-02-2017 DESPORTO
A
ssinalou-se, última segunda-feira,
20 de Fevereiro,
a passagem do primeiro
ano, após a queda da parede
frontal da Piscina Olímpica do
Zimpeto, que vitimou, mortalmente,
o então seleccionador nacional
de natação, Frederico dos Santos e
feriu, ligeiramente, mais sete pessoas
e, gravemente, o atleta Denílson
da Costa.
O fatídico incidente ocorreu numa
tarde-noite de sábado, após mais
uma jornada do campeonato de natação
da Cidade de Maputo e foi
provocado, segundo a Comissão de
Inquérito, pelo vento, que soprava
com uma velocidade média de 26
km/h com rajadas de 46 km/h, após
uma temperatura de 44,9º C, segundo
dados fornecidos pelo Instituto
Nacional de Meteorologia.
Entretanto, este facto não retirou as
responsabilidades do empreiteiro e
do fiscal. O empreiteiro, constituído
pelo consórcio português Mota-Engil
e Soares da Costa, foi responsabilizado
por “negligência ao não ter em
conta a alteração da solução inicial
da parede frontal do complexo das
piscinas, que carecia de uma reavaliação
da segurança estrutural”.
A fiscalização foi responsabilizada
“por não ter exigido a documentação
justificativa das alterações feitas pelo
empreiteiro” e por “ter sido omissa
na aprovação” das mesmas.
“Deixou marcas feias”, Carolina
Araújo
Por ocasião desta data, o SAVANA
procurou pelos fazedores da modalidade
“mais completa” para ouvir o
seu sentimento em relação ao dia
“mais negro” na história do desporto
moçambicano.
Atletas, treinadores e dirigentes recordam
aquele dia com muita tristeza
e revelam que foi com muita
dificuldade que regressaram àquele
local para retomarem a sua paixão:
a natação.
Carolina Araújo, Directora Técnica
do Golfinhos, sublinha que foi uma
tragédia que deixou “marcas feias” e
afirma que “não devia ter acontecido”.
Fernando Miguel, presidente da
Federação Moçambicana de Nata-
ção (FMN), considera que aquele
incidente provocou uma “desgraça”
na família da natação porque “perdemos
um técnico com garra, perfil,
entrega e carácter”, assim como “a
oportunidade de colocar um atleUm
ano após a queda do muro da Piscina do Zimpeto
As marcas que ficaram...
Por Abílio Maolela
ta nos Jogos Olímpicos por mérito
próprio”, referindo-se a Denílson da
Costa.
“Foi um momento de muita dor, um
período de muita dificuldade porque
ficamos sem treinador e com a famí-
lia da natação muito desolada e retraída”,
descreve, acrescentando que
foi necessário um trabalho psicoló-
gico com os atletas para regressarem
àquele empreendimento.
Aliás, sobre este aspecto, Carolina
Araújo esclarece que o seu clube
apostou em treinos colectivos para
fortalecer os atletas, pois, individualmente,
“encontravam-se abatidos”.
“No Zimpeto, lembro-me do
mister Fred”, Denílson da
Costa
Denílson da Costa, atleta do Tubarões
de Maputo, que à data dos factos
encontrava-se a 01:16 segundos
do torneio masculino de 50 metros
livres, do nível B, nos Jogos Olímpicos,
conta que não foi fácil regressar
às piscinas, em particular do Zimpeto.
“Houve um abalo psicológico muito
grande. Pensava que não podia fazer
o que sabia. Temia que qualquer
movimento pudesse agravar a minha
situação. Mas, ao longo do tempo vi
que podia fazer o que fazia antes”,
disse.
“O meu regresso ao Zimpeto foi
marcado por lembranças. Foi ali
onde tudo aconteceu. Foi ali onde
perdi o meu treinador e quase perdia
a vida, o meu irmão e meus amigos.
Sempre que estou no Zimpeto, a
primeira coisa que me vem à mente
é a imagem do meu treinador”, desabafa,
com lágrimas nos olhos, referindo
que “não me recordo do que
aconteceu naquele dia”.
Costa considera Frederico dos Santos
como seu pai, na natação, porque
foi com ele que iniciou a sua carreira.
“Foi ele que me deu os toques mágicos,
foi ele que me ensinou tudo que
sei na natação”, revela.
“Fred tinha grandes projectos”,
José Pene
José Pene, treinador do Ferroviário
da Beira, diz ter sido aluno do ex-
-seleccionador nacional de natação,
pelo que presenciou as suas acções.
“Tinha grandes projectos de forma-
ção. Estava a trabalhar na qualifica-
ção de Moçambique para os campeonatos
mundiais, com atletas que
evoluíam dentro do país”, sublinhou,
realçando a necessidade de se dar
continuidade no seu trabalho.
Para o treinador do Tubarões de
Maputo, Orlando Dingane, clube ao
qual Frederico dos Santos estava ligado,
o malogrado trouxe um “grande
vazio” na modalidade porque “era
uma pessoa trabalhadora e com muita
visão”.
“Sabia considerar o trabalho dos
outros. Era um membro activo da
Associação e da Federação e deixava
claro a sua opinião em relação à
modalidade”, disse Dingane, recordando
um dos momentos marcantes
da sua obra:
“Foi a primeira pessoa a trazer para
os clubes as cordas quebra-ondas”.
O acordo e sua
implementação
Quatro meses após a queda do muro
do Zimpeto, a FMN e o empreiteiro
chegaram a um acordo, em relação
ao pacote de compensações.
O acordo comportava a reposição de
bens perdidos, em particular viaturas;
a assistência psicológica, médica
e medicamentosa aos afectados; a
assistência educacional aos filhos de
Frederico dos Santos (deixou quatro
filhos, onde o mais velho tem 18
anos e o mais novo tem quatro anos
de idade), até que o mais novo conclua
o ensino superior ou complete
25 anos de idade; a conclusão da
casa do malogrado; e a organização
de competições patrocinadas pelo
consórcio.
O acordo foi cumprido pelo empreiteiro,
conforme confirmaram à
nossa reportagem o Presidente da
FMN e o pai de Denílson da Costa.
Aliás, em Janeiro deste ano, o consórcio
português procedeu à entrega
da casa à família de Frederico dos
Santos.
Um ano sem pronunciamento
da PGR
A Piscina do Zimpeto foi construí-
da no âmbito dos X Jogos Africanos,
realizados em 2011, porém, em cinco
anos, cedeu.
A “tragédia” levantou acesos debates
na opinião pública, com alguns sectores
a considerarem a obra fruto de
negociatas, que sempre caracterizaram
as empreitadas públicas.
Verdade ou não, o facto é que a Comissão
de Inquérito constatou várias
irregularidades, em particular, a falta
de documentos importantes que
detalham o processo de concepção e
construção do empreendimento.
Dos documentos em falta, destaca-
-se o caderno de encargos (com a
especificação do material utilizado;
o documento que detalha o tipo de
tecnologia de construção implementado
na execução da obra; o projecto
aprovado pelas entidades administrativas
(Ministério da Juventude e
Desporto e Conselho Municipal da
Cidade de Maputo); o plano de controlo
de qualidade; o livro de obra; o
manual de utilização e plano de manutenção
das instalações; o termo de
responsabilidade dos projectistas; e a
licença de construção.
O caso foi encaminhado à Procuradoria
Geral da República para a
responsabilização criminal, entretanto,
passado um ano, ainda não há
novidades.
Por várias vezes, a nossa reportagem
entrou em contacto com o Procurador-Geral
Adjunto, Taibo Mucobora,
mas este nunca se pronunciou.
A 01 de Fevereiro deste ano, submetemos
uma carta àquele órgão do
Ministério Público a pedir informa-
ções sobre o estágio do processo, à
luz da Lei nº 34/2014, de 31 de Dezembro
(Lei de Direito à Informa-
ção), mas até ao fecho desta edição
não havia resposta.
Reconstrução do Zimpeto
A Piscina Olímpica do Zimpeto
encontra-se operacional há mais de
seis meses, porém, a parede ainda
não reconstruída. No local são visí-
veis andaimes montados nas partes
frontal e lateral da infra-estrutura,
assim como barreiras na zona onde
desabou o muro.
O Director do Fundo de Promoção
Desportiva (FPD), Adamo Bacar,
diz que o processo levou todo este
tempo porque priorizou-se a questão
social (as compensações) e a piscina
foi relegada para última fase.
“Ficamos na indefinição do que íamos
fazer naquele local. Se colocá-
vamos uma nova parede ou a rede
como nas outras. Optamos pela segunda
opção”, revelou, garantindo
que o empreiteiro ainda está à espera
da rede, que ainda não chegou.
As fissuras ainda são visíveis nas
paredes, assim como a falta de enchimento
no apoio das vigas; e a
corrosão dos órgãos de drenagem e
dos elementos de fixação da viga de
cobertura, conforme avança o Relatório
de Inquérito.
Porém, Adamo Bacar minimiza o
assunto e diz que a infra-estrutura
está segura, pelo que está sendo utilizada.
Referir que a Piscina Olímpica do
Zimpeto custou cerca de 16 milhões
de euros, financiados pelos governos
português e moçambicano.
Passado um ano, a parede que deixou “marcas feias” na natação ainda não foi reconstruída
Fernando Miguel Denílson da Costa Orlando Dingane José Pene Adamo Bacar
Savana 24-02-2017 23 PUBLICIDADE DESPORTO
Aulas com métodos modernos (sempre que necessário)
Salas em perfeitas condições
Parque de estacionamento de viaturas,
amplo e com segurança
Professores com formação fora do país
Muita experiência no ensino a funcionários, estudantes universitários,
técnicos superiores
Excelente localização na cidade de Maputo
Serviços adicionais:
7UDGXo}HVRÀFLDLVGH,QJOrV 3RUWXJXrV )UDQFrVH
interpretações em conferências
Contacte-nos na Paróquia de Santa Ana da Munhuana
6LWDQD$Y 0DJXLJXDQD SRUGHWUiVGR+RVSLWDO6DQWD)LORPHna…em
direcção à Av. de Angola
Cell: 84 47 21 963
Flor English Training
CURSO COMPLETO DE INGLÊS
6HUYLoRVGHWUDGXo}HVRÀFLDLVH
interpretações de línguas
Curso de Inglês na STa. Ana da Munhuana
Aperfeiçoamento. Os candidatos devem
ter nível médio de escolaridade
O Conselho de Administração da mediacoop SA comunica, com pesar, o falecimento
de Venâncio Massingue D QD&LGDGHGR&DER FXMR
IXQHUDOVHUHDOL]RXHP&KLEXWR VXDWHUUDQDWDO $mediacoop SASUHVWDSXEOLFDPHQWHWULEXWRDRHQJHQKHLUR9HQkQFLR0DVVLQJXHSHORLQFDOFXOiYHODSRLR
TXHSUHVWRXjHPSUHVD FRPRWpFQLFRHUHVSRQViYHOSHOR&,8(0 &HQWURGH
,QIRUPiWLFDGD8QLYHUVLGDGH(GXDUGR0RQGODQH QRDGYHQWRGDLQWHUQHW
HGRXVRGRH PDLOHP0RoDPELTXH WHFQRORJLDVTXHIRUDPPXLWR~WHLVj
disseminação e expansão do mediaFAX DSULPHLUDSXEOLFDomRGDHPSUHVD
FULDGDHP0DLRGH 2HQJHQKHLUR0DVVLQJXHIRLXPHQWXVLDVWDGHVGH
DSULPHLUDKRUDGDLQLFLDWLYDGHVWHSXQKDGRGHMRUQDOLVWDV 2VHXDSRLRH
DVVROXo}HVTXHHQFRQWURXSDUDRVP~OWLSORVSUREOHPDVTXHVHFRORFDYDP
à altura, ultrapassaram largamente o plano institucional. Por isso, a nossa
GtYLGDGHJUDWLGmRpHWHUQD 1HVWDKRUDGHGRUHOXWRSRUWmRH[WHPSRUkQHD
partida, apresentamos as nossas sentidas condolências aos muitos amigos,
FRPSDQKHLURVGHWUDEDOKRHDRVVHXVHQWHVPDLVTXHULGRV
Venâncio Massingue
Necrologia Necrologia Necrologia Necrologia Necrologia
Beira e Dondo
&DURVDVVLQDQWHVGRMRUQDOSAVANA
Pede-se o favor de contactar os nossos escritórios
GDVHGH 0DSXWRSHORV1V
RX SHOR e-mail: admc@mediacoop.
co.mz para tratar de assuntos de vosso interesse.
A Direcção
24 Savana 24-02-2017 CULTURA
O
Barclays África, em parceria
com o SANAVA
(Associação Nacional Sul
Africana para as Artes
Visuais), lançou L´atelier, um concurso
que visa dar mais projecção e
espaço para o desenvolvimento artístico
aos jovens artistas por todo
o continente africano, tal como
promover uma nova geração de artistas
à escala global.
Pela primeira vez esta competição
procura distinguir também artistas
a residir em Moçambique, contando
com o apoio local da Fundação
Fernando Leite Couto. “Achamos
que estava na hora de dar oportunidade
aos artistas moçambicanos
de participar neste evento e vimos
que havia muitos artistas nacionais
com muita qualidade. O concurso
visa promover a arte de todo o
continente em todos os países onde
o Barclays actua e todas as obras
vão ser apresentadas na África do
Sul. Sabemos que há dificuldade de
Barclays lança concurso de artes plásticas
promover os artistas e seus trabalhos”,
reconhece Rui Barros, Administrador
Delegado do Barclays
África em Moçambique.
O registo dos dados e obras pode
ser efectuado online de 20 de Fevereiro
a 28 de Abril de 2017. Após o
registo, os artistas devem proceder
à entrega das suas obras na Funda-
ção Fernando Leite Couto, entre
24 e 28 de Abril de 2017. “Esta
função que o banco tem é preciosa.
Dizemos que vivemos num mundo
global, mas não é assim. Os artistas
nacionais precisam destas iniciativas
e o seu papel é importante para
as artes plásticas. É uma grande
facilidade para os artistas. A iniciativa
tem 32 anos e só agora chegou
a Moçambique, sendo que o nosso
país é o único falante da língua
portuguesa que participa nesta iniciativa.
É uma grande felicidade e
uma plataforma muito honrosa.
É uma viagem que vai ser longa e
enriquecedora”, enaltece o escritor
Mia Couto, em representação da
Fundação Fernando Leite Couto.
O L´Atelier é considerado uma
das mais prestigiadas competições
artísticas de África e tem como
principal objectivo estimular jovens
talentos nas artes visuais e
serve como plataforma para que
os jovens artistas emergentes se
afirmem na arena da arte africana
e mundial. Tem sido, ao longo dos
anos, um instrumento preponderante
no lançamento de muitas carreiras
no campo das artes visuais e,
a partir de 2017, pretende abranger
ainda mais países no continente,
incluindo Moçambique. “É uma
janela que se abre e Moçambique
é uma parte delas. É um concurso
que vai trazer uma mais-valia em
termos de mobilidade dos artistas
em África e no mundo e para os jovens
artistas moçambicanos é uma
grande oportunidade. Em termos
de circulação de arte em Moçambique
só temos dois ou três artistas
representados no mundo, entretanto,
é um país que tem potencialidades
artísticas. A África do Sul
é o país que tem mais visibilidade
no mundo por ter essa janela. Tem
sido um ponto catalisador para a
circulação das artes plásticas africanas,
principalmente para os jovens
artistas. Este projecto engradece o
nosso país e as nossas artes visuais.
É uma oportunidade de os artistas
estarem no circuito de arte na África
e para o mundo. A África do Sul
tem mais de 30 artistas no circuito
de arte no mundo. Sabemos que
um dos países do mundo que consome
as artes é a China. A riqueza
das obras quando é legitimada
por entidades credibilizadas torna
as peças mais ricas”, finaliza, Jorge
Dias, Director da Escola Nacional
de Artes visuais.
Para além da visibilidade, esta competição
terá ainda uma premiação,
que procura não somente distinguir
os melhores, mas permitir que continuem
a crescer neste meio, com
vários prémios que vão desde premiações
financeiras, como cursos
intensivos em Paris, na Cité Internacionale
Des Artes, exposições em
galerias de renome, com custos de
hospedagem e transporte incluídos,
para os diversos destinos previstos.
A.S
O
Centro Cultural Franc
o - M o ç a m b i c a n o
(CCFM) acolhe, no
palco da sala grande, a
banda Gran’Mah, nesta sexta-
-feira, 24 de Fevereiro de 2017,
às 20h30.
Gran’Mah é uma banda de fusão
de Dub/Reggae de Moçambique.
Deu início à sua aventura
numa garagem por volta de
2009. Hoje, a banda é formada
por cinco membros: Luís Silva
(guitarrista), Leo Fernandes
(viola baixo), Migz Wilson
(baterista), Regina dos Santos
(vocalista) e Miguel Marques
(teclista).
Bem conhecidos em todo o Mo-
çambique, gravaram um LP e
têm sido destacados em vários
programas de televisão e rádio.
Em 2012, foram vencedores de
um concurso público para abrir
a gala do Mozambique Music
Awards, com o seu primeiro single,
Starlight Stardust. O segundo
single da banda, que é o primeiro
vídeo oficial intitulado “I
Got To Move” foi destaque em
todos os canais de Tv nacionais e
internacionais tais como SABC,
Channel O, Trace TV e Trace
Toca. Este vídeo tem estado em
alta rotação um pouco por todo
o mundo.
Gran’Mah actua no CCFM
Além de tocar em vários locais
para música ao vivo em Moçambique,
a experiência local de festivais
dos Gran’Mah inclui o Festival
Azgo (1ª, 3ª e 6ª edições),
Festival de Kitesurf Downwind
(Vilanculos), Festa da Música
no Centro Cultural Franco-Mo-
çambicano (Maputo), Festival
da Terra em Inhambane (Tofo).
Também se aventuraram além
fronteiras representando Mo-
çambique em festivais internacionais
como o WeHeartDub em
Joanesburgo (África do Sul), Park
Acoustics em Pretória (África do
Sul), Route40Festival de música
em White River em Mpumalanga
(África do Sul), House on Fire
na Suazilândia, Kome Caves Beer
Festival no Lesoto e foram votadas
como uma das “três actuações
que surpreendeu nesta edição do
HIFA 2015” pelo site 3-mob.
com depois de uma performance
“mágica” no palco principal
Zol no Zimbabwe. Em 2014,
os Gran’Mah foram nomeados
para três categorias no Mozambique
Music Awards, incluindo
prémio revelação, melhor vídeo e
melhor canção alternativa, tendo
arrecadado o troféu para esta última.
GranMah lançaram o seu
primeiro albúm nos finais de Dezembro
de 2015. A.S
I
naugurou nesta quinta-feira, 23
de Fevereiro, na Galeria Kulungwana,
sita na Estação Central
dos CFM, a exposição de fotografia
“Espreitar a Alma”, de autoria
de Paulo Alexandre e Mauro Vombe.
Esta exposição, que abre a actividade
artística de 2017 da galeria,
prolonga-se até 23 de Março.
Os artistas Paulo Alexandre e Mauro
Vombe vão na esteira de muitos
outros fotógrafos que, através do
retrato, tentam desvendar para além
dos rostos, os elementos sociais e
psicológicos dos retratados, procurando
encontrar assim um nexo
de identificação social e da forma
como cada pessoa (persona/máscara)
se mostra ao mundo e como se
relaciona com os outros, procurando
adaptar-se ao meio em que vive.
Na história da fotografia, o retrato é
“Espreitar a Alma” no Kulungwana
o mais popular de todos os géneros.
Este foi explorado pelos seus inventores
e experimentado em todos os
processos e formatos, tendo celebrizado
alguns dos mais importantes
nomes desta arte. Neste percurso, o
rosto é apresentado “como local de
representação do tempo, dos sentimentos,
das máscaras e das ausências”,
exprimindo a comprovação
e a invenção, o aprisionamento e a
legitimação, o distanciamento e a
proximidade.
À sua maneira, é isso que cada um
dos artistas exprime. Mauro Vombe
pretende “lembrar que todos nós
somos máscaras, somos falsos e verdadeiros
através da nossa máscara”,
enquanto Paulo Alexandre quer “ser
capaz de agarrar a tua alma, a dele,
a dela”. Ainda assim, perante essa
impossibilidade quase absoluta, os
dois fotógrafos persistem em trazer-
-nos essas imagens, procurando
desvendar para além dos rostos, as
emoções de cada um destes homens
e mulheres no momento em que o
clic fotográfico os eternizou.
Paulo Alexandre e Mauro Vombe
pertencem a duas gerações distintas
de fotógrafos, com a curiosidade
de que ambos começaram a aparecer
ao público na década de 1980.
Enquanto o primeiro explora, neste
conjunto de imagens, o retrato
individual, Mauro Vombe mostra,
essencialmente, as grandes concentrações
humanas que são característica
da nossa vida social até hoje. E
de uma certa maneira, este contraste
é revelador da sensibilidade destes
dois fotógrafos.
A exposição “Espreitar a Alma”, de
Paulo Alexandre e Mauro Vombe,
teve a curadoria de João Costa
(Funcho). A.S
A
Editora Cavalo do Mar
lançou o livro de poesia
Ensaios Poéticos, de M.P
Bonde, nesta quinta-feira,
23 de Fevereiro, no Camões – Centro
Cultural Português em Maputo.
O livro foi apresentado pelo escritor
e professor universitário Antó-
nio Cabrita. M.P. Bonde faz parte
do colectivo Arrabenta Xitokozelo,
fundado em Agosto de 2005 e sediado
no Teatro Avenida, em Maputo.
O colectivo é constituído por
amantes e entusiastas da literatura,
motivados pelo estudo e pela investigação
estética da arte, no geral e
da literatura, em particular e na sua
infinita universalidade.
Ensaios Poéticos de Bonde
Como escreve Fernanda Angius, a
mensagem que nos chega, percorrendo
as páginas de Ensaios Poéticos,
é uma mensagem nostálgica da
infância perdida, “A mesma infância
com pirolitos escondidos nos bolsos
cansados da espera, e hematomas
cantando a marcha nupcial a cada
queda no arvoredo do quintal.” Ou
de um sonho adiado “Pode ser que
ao anoitecer as gaivotas se cansem
da faina e partam para a nossa Ítaca
do Indico e, como elas, seguirei o
rasto salgado do cardume aprisionado
no sonho”.
M.P. Bonde revela na sua escrita
a influência benéfica de muitas
leituras e dos grandes mestres da
arte literária, pois, ao lê-lo, várias
vozes bem conhecidas da literatura
moçambicana e universal, ressoam
aos nossos ouvidos e, assim, as
mensagens poéticas de M.P. Bonde
estabelecem o eterno diálogo intertextual
que distingue sempre a boa
literatura.
Estamos, pois, diante de um poeta
que se interroga e nos interroga, responsabilizando
o leitor pelo falhan-
ço do sonho ou pelo seu desinteresse
no processo do devir. Porém, Bonde
não segue o seu caminho, desalentado
e solitário; ele dirige um apelo
à sua geração para que os sonhos se
reacendam e o futuro possa acontecer.
A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1207 DE FEVEREIRO DE 2017
2 Savana 24-02-2017 SUPLEMENTO Savana 24-02-2017 3
Savana 24-02-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) O
julgamento que teve como queixosa a filha do primeiro Presidente
de Moçambique, Josina Machel, foi um dos assuntos que fez correr
muita tinta nos últimos tempos, nos órgãos de comunicação social.
O que nos chama atenção nisso tudo é que, nos últimos tempos, a violência
doméstica, que tem afectado as filhas dos principais dirigentes deste país, não
tem fronteiras. Estamos habituados a ouvir que casos de violência são protagonizados
por cidadãos pacatos. Mas a verdade é que a violência não tem
fronteiras, apenas não estávamos habituados a assistir a cenários de violência
no seio de famílias de figuras proeminentes da nossa sociedade. Associávamos
a violência nas famílias à pobreza. Entretanto, a violência transpôs os círculos
habituais. Ainda não ouvimos sociólogos, antropólogos e outras figuras com
crédito debaterem este assunto. Precisamos de saber o que está a acontecer na
nossa sociedade para que crimes desta natureza aumentem exponecialmente.
Os que têm alguma capacidade de comentar não aparecem em público e preferem
fazê-lo em conversas restritas. Será o que está a fazer o advogado de
Josina Machel, Abdul Carimo, com o general na reserva, António Hama Thai?
Outro assunto que ainda está longe do fim é a questão das dívidas públicas que
o Governo moçambicano contraiu. Muitos querem saber qual será o desfecho
deste caso. Numa situação destas, são os dirigentes que nos têm de dar mais
informações, mas continuam a fazê-lo em ambientes restritos.
Não é por acaso que o Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane,
desdobra-se em esforços para explicar o ponto de situação das dívidas públicas
e a situação económica do país ao Bastonário da Ordem dos Advogados,
Flávio Menete. Este até tentou cortar a intervenção de Adriano Maleiane
para mostrar o seu posicionamento sobre os assuntos de que falam. Pelo que
vimos foi em vão.
A forma como alguns dirigentes se comportam quando conversam sobre determinados
assuntos despoleta sorrisos nos outros. Até serve de motivo para
piadas. É o que estamos a ver na conversa entre o Ministro dos Negócios
Estrangeiros, Oldemiro Baloi, e o Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento
Rural, Celso Correia. Parece que Oldemiro Baloi contou uma piada
que fez Celso Correia soltar um sorriso.
O sorriso deste foi contagiante e chegou noutros ambientes de conversa. Não
estamos habituados a ver algumas figuras a rir, mas desta vez tivemos essa possibilidade.
Referimo-nos ao Ministro dos Transportes e Comunicação, Carlos
Mesquita e o Fernando Couto.
Depois de tantas hesitações ao longo dos anos passados, foi aberta uma nova
etapa na grelha de programas da Rádio SAVANA (100.02 FM). Trata-se da
estreia do programa “Os pontos de Fernando Lima” que vai ao ar às 19:00
horas, às sextas, e pode ser acompanhado em simultâneo no facebook, twitter
e youtube.
E porque os grandes momentos merecem uma celebração, cá está o comentador
principal do programa, Fernando Lima, brindando com Naita Ussene. O
moderador do programa, Francisco Carmona, estica a mão para selar o brinde,
enquanto isso, Armando Nenane acelera o passo para não perder um momento
histórico bem como refrescar a garganta.
Não são cenas para troçar
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF 'FWFSFJSP EF t "/0 99*7 t /o
1207 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA Foto: Naíta Ussene
Para a Amnistia Internacional
(AI), ninguém foi
santo nos confrontos entre
as Forças de Defesa e
Segurança moçambicanas (FSD)
e o braço armado da Renamo,
principal partido de oposição,
durante o ano passado. As duas
partes cometeram abusos contra
os direitos humanos, incluindo
assassínios e pilhagens, acusa a
organização no seu relatório anual,
divulgado esta semana.
De acordo com o documento, intiUVMBEP i0 &TUBEP EPT %JSFJUPT )VNBOPT
OP .VOEPw
BT '%4
CFN
DPNP NFNCSPT F TJNQBUJ[BOUFT EB
3FOBNP QBVUBSBN B TVB DPOEVUB
QPS QSÈUJDBT EF UPSUVSB F NBVT USBUPT DPOUSB QPQVMBÎÜFT DJWJT
i$POGSPOUPT WJPMFOUPT DPOUJOVBSBN
FOUSF P QBSUJEP OP QPEFS
'SFMJNP
F P QSJODJQBM QBSUJEP EB
PQPTJÎÍP
3FOBNP
OP DFOUSP EF
.PÎBNCJRVFw
BTTJOBMB B PSHBOJ[B-
ÎÍP EF EFGFTB EPT EJSFJUPT IVNBOPT
"P MPOHP EF
QSPTTFHVF P
SFMBUØSJP BOVBM EB "*
BT GPSÎBT BSNBEBT
B QPMÓDJB NPÎBNCJDBOB F
PT TFSWJÎPT TFDSFUPT BUBDBSBN QFTTPBT
TVTQFJUBT EF TFSFN NFNCSPT
EB 3FOBNP
TVKFJUBOEP BT WÓUJNBT
B FYFDVÎÜFT FYUSBKVEJDJBJT
UPSUVSB
NBVT USBUPT
EFUFOÎÜFT BSCJUSÈSJBT F
EFTUSVJÎÍP EF QSPQSJFEBEF
i7FSJmDPV TF VNB DPOUÓOVB JNQVOJEBEF
GBDF B UBJT DSJNFT
RVF
Direitos Humanos
FDS e Renamo cometeram abusos em 2016
EFWFN TFS QVOJEPT
BP BCSJHP EB
MFJ JOUFSOBDJPOBM
VNB WF[ RVF TÍP
DPOTJEFSBEPT WJPMBÎÜFT EPT EJSFJUPT
IVNBOPTw
MÐ TF OP UFYUP
&N +VOIP EP BOP QBTTBEP
DPOUJOVB
B "*
VN HSVQP EF DBNQPOFTFT
NPÎBNCJDBOPT SFGVHJBEPT OP
.BMBXJ SFMBUPV RVF B TVB BMEFJB
OB
QSPWÓODJB EF 5FUF
DFOUSP EF .P-
ÎBNCJRVF
GPJ JODFOEJBEB QPS DFSDB
EF QFTTPBT NVOJEBT EF BSNBT EF
GPHP F NBDIBEPT
F RVF TF BQSFTFOUBWBN
WFTUJEBT B DJWJM
DPN B BDVTBÎÍP EF RVF P MPDBM BMCFSHBWB VNB
CBTF EB 3FOBNP
0T DBNQPOFTFT BMFHBSBN RVF PT
BUBDBOUFT
RVF UBNCÏN JODFOEJBSBN DVMUVSBT BHSÓDPMBT
FSBN NFNCSPT EBT GPSÎBT BSNBEBT NPÎBNCJDBOBT
BDSFTDFOUB B "*
0 SFMBUØSJP UBNCÏN BDVTB B 3FOBNP
EF BCVTPT DPOUSB PT EJSFJUPT
IVNBOPT
JNQVUBOEP BP CSBÎP BSNBEP EP QSJODJQBM QBSUJEP EB PQPTJÎÍP EF UFS QJMIBEP QPTUPT EF TBÞEF
F QFSQFUSBEP BUBRVFT OBT FTUSBEBT F
DPOUSB FTRVBESBT EB QPMÓDJB
P RVF
SFTVMUPV FN WÓUJNBT FOUSF B QPQVMBÎÍP DJWJM F NFNCSPT EBT 'PSÎBT EF
%FGFTB F 4FHVSBOÎB
i0 (PWFSOP OÍP DPOTFHVJV JOWFTUJHBS F SFTQPOTBCJMJ[BS DSJNJOBMNFOUF
PT DSJNFT DPNFUJEPT DPOUSB B QPQVMBÎÍP QPS NFNCSPT F TJNQBUJ[BOUFT
EB 3FOBNPw
SFGFSF BJOEB B "*
" PSHBOJ[BÎÍP BTTJOBMB BJOEB P GBDUP EF BT BVUPSJEBEFT NPÎBNCJDBOBT
OÍP UFSFN DBCBMNFOUF FTDMBSFDJEP
BT BMFHBÎÜFT EF FYJTUÐODJB EF WBMBT
DPNVOT OP DFOUSP EP QBÓT GFJUBT QPS
ØSHÍPT EF DPNVOJDBÎÍP TPDJBM OBDJPOBJT F JOUFSOBDJPOBJT F TPDJFEBEF
DJWJM
" EF 0VUVCSP
OBSSB BJOEB B "*
+FSFNJBT 1POEFDB
VN NFNCSP TÏ-
OJPS F OFHPDJBEPS EB 3FOBNP OBT
OFHPDJBÎÜFT EF QB[ GPJ BTTBTTJOBEP
FN .BQVUP QPS EFTDPOIFDJEPT
RVF
TF BDSFEJUB TFSFN NFNCSPT EF VN
FTRVBESÍP EF NPSUF GPSNBEP QPS
BHFOUFT TFDSFUPT
" "* PCTFSWB BJOEB RVF BT BVUPSJEBEFT NPÎBNCJDBOBT SFDVTBSBN TF
B BTTVNJS B FYJTUÐODJB EF DFSDB EF
NJM SFGVHJBEPT EF HVFSSB NP-
ÎBNCJDBOPT PCSJHBEPT B QSPDVSBS
BCSJHP OP .BMBXJ
DPOTJEFSBOEP PT
FNJHSBOUFT FDPOØNJDPT
/P DBQÓUVMP TPCSF B MJCFSEBEF EF
FYQSFTTÍP
DPOUJOVB P SFMBUØSJP
SFHJTUBSBN TF B JOUJNJEBÎÍP F BUBRVFT
DPOUSB QFTTPBT RVF FYQSFTTBSBN PQJOJÜFT DSÓUJDBT PV EJGFSFOUFT
EB WJTÍP QSØ HPWFSOBNFOUBM
" "* BQPOUB DPNP FYFNQMP P CBMFBNFOUP OPT QÏT EP DPNFOUBEPS QPMÓUJDP F BDBEÏNJDP
+PTÏ +BJNF .BDVBOF
FN EF .BJP
QPS QFTTPBT
TVQPTUBNFOUF MJHBEBT BPT TFSWJÎP
EF TFHVSBOÎB
%FQPJT EF P BSSBTUBSFN QBSB GPSB
EB TVB WJBUVSB
QSPTTFHVF B "*
PT
BVUPSFT EP DSJNF EJTTFSBN OP RVF
UJOIBN PSEFOT QBSB P EFJYBS DPYP
t 0 RVF EFWFSJB TFS VN KVMHBNFOUP FYFNQMBS TPCSF B UFNÈUJDB EB WJPMÐODJB DPOUSB B NVMIFS
USBOTGPSNPV TF OVN EFCBUF TPCSF B RVBOUJB RVF B
KVÓ[B EFDJEJV BSCJUSBS B GBWPS EB WÓUJNB *OEFQFOEFOUFNFOUF EP RVF BT
JOTUÉODJBT TFHVJOUFT WÍP EFDJEJS TPCSF B KVTUF[B EB JOEFNOJ[BÎÍP
FTUÈ
B QFSEFS TF
EF GBDUP
VNB PQPSUVOJEBEF QBSB RVFTUJPOBS TFSJBNFOUF B
QSPCMFNÈUJDB EB WJPMÐODJB DPOUSB B NVMIFS 6NB MJÎÍP B SFDPMIFS UBNCÏN
QFMB GBNÓMJB .BDIFMy
t ®T WF[FT
P RVF QBSFDF OÍP Ï NFTNP 5È UPEP P NVOEP DPOWFODJEP RVF P
KPSOBMJTUB EB UFMFWJTÍP FTUBUBM "UBOÈTJP .BSDPT BOEB B GB[FS QSPQBHBOEB
OB #FJSB
BMJÈT
JNBHFOT CFN EJGVOEJEBT OBT SFEFT BGFDUBT BP QBSUJEÍP
4Ø P iDBOEJEBUPw OÍP WÐ P FRVÓWPDP F B GBMUB EF QSPCJEBEF &TGBSSBQBEBNFOUF
MÈ WBJ EJ[FOEP RVF UFN DPTUFMB EF mMBOUSPQP 4Ø RVF MIF mDBWB
NFMIPS RVF OBT IPSBT EF USBCBMIP FYFSÎB EF GBDUP B TVB QSPmTTÍP F OÍP B
UBM JOVTJUBEB DBNQBOIB QBSB P QBSUJEÍPy
t /P DBTP EPT NBDIJNCPNCPT Ï NFTNP WFSEBEF 'JOBMNFOUF PT TFSWJÎPT
WÍP TFS FOUSFHVFT ËT DBQJUBJT NVOJDJQBJT OP DFOUSP EP QBÓT 4Ø RVF
OP
DBTP EB #FJSB
USBUB TF EF VN QSFTFOUF FOWFOFOBEP /ÍP Ï QPTTÓWFM FOUSFHBS VNB FNQSFTB DPN USBCBMIBEPSFT F DPN NFJB EÞ[JB EF BVUPDBSSPT
B GVODJPOBS 0 RVF Ï NFJP DBNJOIP QBSB B DPOGVTÍP TF FTUBCFMFDFS OB
#FJSB
t 4FSÈ RVF TØ BHPSB B NJOJTUSB RVF UBNCÏN Ï FTQPTB EP IPNFN RVF QFEJV BSNBT BP 13 QBSB DPNCBUFS %)- DPOTFHVJV WFS DBQBDJEBEF QBSB P
NVOJDÓQJP EB #FJSB HFSJS B GBMJEB USBOTQPSUBEPSB QÞCMJDB F OÍP DPOTFHVJV
FOYFSHBS P NFTNP OB FEVDBÎÍP F TBÞEF 0V BHVBSEBN UBNCÏN QPS SFQFOUJOB DSJTF EFTUFT TJTUFNBT
t 0 PVUSP QSFTFOUF QBSB P QVUP %BWJ[ Ï B DBNQBOIB BOUFT EF UFNQP RVF FTUÈ
B GB[FS TF DPOUSB P .%. F DPN DIFJSP B FMFJÎÜFT QSØYJNBT "NBSVOF
BUJSPV BP DIÍP Ë BMCBSEB EPT BQPJPT QBSB PT NFNCSPT EP TFV QSØQSJP
QBSUJEP F PT TFVT DPSSFMJHJPOÈSJPT GPSNBJT QSPUFTUBN "mOBM QBSUJEP OÍP
Ï QBSB EJTUSJCVJS MFNCSBOÎBT F BQPJPT "UÏ B FTQBMIBGBUPTB BEFSJV Ë DBNQBOIB EP CPUB BCBJYP
t 5BNCÏN TF mDPV B TBCFS RVF BHPSB PT DBTJOPT TF QPEFN BDPUPWFMBS OBT
QSJODJQBJT DJEBEFT EP QBÓT 1BSB KÈ TF SFTPMWF P QSPCMFNB EPT RVF KÈ FYJTUF
F EFQPJT DPOTVMUB TF P WJEFOUF "mOBM OVODB DIFHBSFNPT B -BT 7FHBT
DBTJOP TJN
DBTJOP TJNy
t (SBOEF QSPCMFNB DPN P NBEFJSFJSP "NÏSJDP RVF EFTBQBSFDFV IÈ NFTFT
QFMBT UFSSBT EP DPOnJUP /JOHVÏN TBCF EP TFV QBSBEFJSP
NBT
Ë CPDB
QFRVFOB
EJ[ TF RVF P TFV EFTBQBSFDJNFOUP GPJ iPCSBw EBT GPSÎBT HPWFSOBNFOUBJT " KVMHBS QFMP EFTFOWPMWJNFOUP
P IPNFN QPEF UFS NFTNP TJEP
iEFTBQBSFDJEPw QFMPT GBNJHFSBEPT iFTRVBESBEPT EB NPSUFw RVF TFNFBSBN
P QÉOJDP FOUSF PT RVBESPT EPT QBSUJEPT EB PQPTJÎÍP OB [POB DFOUSP
t "QFTBS EP DPOnJUP FN .PÎBNCJRVF FTUBS FN CBOIP NBSJB
MÈ QBSB B
[POB EPT DPOnJUPT o B QSPWÓODJB EF 4PGBMB DMBSP o BSSBOKB TF TFNQSF VN
CPN DPOnJUP )È NBJT VNB PGFOTJWB HPWFSOBNFOUBM FN .VBO[B QBSB
UJSBS UFSSB BP QBSRVF EB (PSPOHPTB "UÏ USBDUPSFT RVFSFN QÙS B DPOWJWFS
DPN CÞGBMPT F FMFGBOUFT 1PS FTTBT F QPS PVUSBT Ï RVF P -JNQPQP OVODB
TFSÈ QBSRVF B TÏSJP DPN B QPQVMBÎÍP OP NFJP EP CSBWJP .BT IÈ VOT
FTQFSUPT OB #FJSB RVF QFOTBN QPTTÓWFM B DPFYJTUÐODJB
t 'BMBOEP EF FTQFSUPT
EJ[ P WPDÈCVMP QPQVMBS RVF B USJTUF[B EF BMHVOT Ï
SB[ÍP EF BMFHSJB QBSB PT PVUSPT &ORVBOUP BT DBMBNJEBEFT OBUVSBJT RVF
WÐN EFWBTUBOEP P QBÓT FTUÍP B DSJBS MVUP
EPS F EFTHSBÎB BPT OPTTPT DPNQBUSJPUBT
PVUSPT WÍP FODBJYBOEP NBJT VNB GSBDÎÍP OB TVB JNFOTVSÈWFM
GPSUVOB 6N NJOJTUSP FNQSFTÈSJP EB ÈSFB EF USBOTQPSUFT OP DIJWFWF
OVNB TFOUBEB
WBJ FODBJYBS NJMIÜFT EF NFUJDBJT TØ QBSB USBOTQPSUBS
BKVEB BPT OFDFTTJUBEPT $POnJUP EF JOUFSFTTFT F B MFJ EF QSPCJEBEF QÞCMJDB
RVF TF EBOFN
t &OUSF BT QPVDBT WJTJUBT PmDJBJT RVF BUFSSBN FN .BQVUP
BUFSSBSBN FN
CPN NPNFOUP PT iSFWPMVDJPOÈSJPT EP 4BIBSB
FMFT RVF WJSBN FN +BOFJSP
.BSSPDPT WPMUBS Ë 6" 1PS EFGFSÐODJB DPN PT DPOWJEBEPT
OP CBORVFUF
QBSB PT QPMJTÈSJPT CSJOEPV TF DPN i4QSJUFw 'FMJ[NFOUF
IBWJB NVMIFSFT
OBT EVBT EFMFHBÎÜFT "T NPÎBNCJDBOBT OÍP GPSBN PCSJHBEBT B VTBS WÏV
Em voz baixa
t 1BSB P KPWFN UJNPOFJSP NPÎBNCJDBOP WBJ TFS EJGÓDJM DVNQSJS P NBJT SFDFOUF DPOWJUF QBSB WJTJUBS P FYUFSJPS 0T TBSBPVJT RVFSFN RVF /ZVTJ PT WÈ
WJTJUBS
NBT P TFV UFSSJUØSJP FTUÈ PDVQBEP QFMPT NBSSPRVJOPT 0 RVF
OPT
QSØYJNPT UFNQPT
WBJ EBS FN OBEB
Por Ricardo Mudaukane
Savana 24-02-2016
EVENTOS
1
0DSXWR GH)HYHUHLURGH $12;;,91o 1207
EVENTOS
A
OLAM, uma multinacional
do agronegócio, que
opera no país há 18 anos,
reitera o seu compromisso
na produção, descaroçamento e
comercialização do algodão-caro-
ço, um dos produtos do seu maior
interesse, em Moçambique.
Este posicionamento, assumido
pela Gestora das Relações Públicas
da empresa, Cláudia Manjate, surge
na sequência do abandono, quase
em massa, desta cultura pelos agricultores,
que a preterem a favor do
gergelim e feijão-bóer, culturas de
maior rendimento, na actualidade.
Os dados partilhados pelo InstiOLAM
reitera interesse no algodão
tuto do Algodão de Moçambique
(IAM) referentes ao terceiro trimestre
da campanha 2015/2016
apontam o preço como principal
factor (14,5 MT/kg para algodão
de primeira e 10,5 MT/kg para o
da segunda qualidade. Gergelim
custa 50 MT/kg).
Cláudia Manjate reconhece a situa-
ção e revela ser preocupação da sua
empresa, pelo que tem envidado esforços
para que os produtores não
abandonem a cultura.
“Apoiamos a produção do algodão,
através da distribuição de sementes,
fertilizantes e com os meios de
produção. Trabalhamos em parceira
com os produtores porque processamos
o que vem das machambas”,
disse, sublinhando que, para além
desta ajuda, a sua empresa compra
o algodão a 16 MT/kg.
“Fomentamos a produção desta
cultura para estimularmos o agricultor
e, nesse processo, oferecemos
kits de suporte (sal e capulana, antes
da sementeira; e açúcar, sabão,
sal, após esta fase). Também disponibilizamos
uma linha de crédito
(pago na hora da compra) para
que comprem alguns produtos que
precisam para a sua sobrevivência”,
acrescentou.
Neste momento, a OLAM, que
também fomenta a produção do
gergelim e da castanha de caju, trabalha,
só em Ribáuè, província de
Nampula, com mais de 20 mil produtores
de algodão, que cultivam
mais de dois mil hectares, tendo
investido, em 2016, cerca de cinco
milhões de dólares.
Em todo o país, aquela multinacional
cultiva cerca de 34 mil
hectares desta cultura, investindo,
anualmente, USD 20 milhões, produzindo
cerca de 12 mil toneladas e
exportando cinco mil toneladas da
fibra do algodão.
Para manter cada vez mais vivo o
sector algodoeiro, a Gestora das
Relações Públicas daquela multinacional,
com sede em Singapura,
explica que estão em curso parcerias
com o Fórum dos Agricultores,
de modo a fazer trabalhos de sensibilização
junto dos agricultores.
Conforme avançamos, a OLAM
fomenta, para além do algodão, o
gergelim e a castanha de caju, assim
como importa o arroz dos países
asiáticos e possui duas refinarias de
óleo alimentar, uma na Beira (Sofala)
e outra na Matola (Maputo-
-Província).
Sobre a produção do caju, Manjate
não foi precisa nos dados, tendo
assegurado que este é o produto de
maior interesse da OLAM.
Moçambique é um dos maiores
produtores mundiais da castanha
de caju e mais de 40% da população
dedica-se ao cultivo desta cultura.
Abílio Maolela
Savana 24-02-2017 EVENTOS
2
A
Embaixada da Itá-
lia, a Organização
Reformar – Research
for Mozambique
e o pintor moçambicano Samuel
Djive entregaram, no
passado mês de Fevereiro, na
Cadeia Feminina de Ndlavela,
as obras realizadas por
algumas das suas reclusas
durante um workshop organizado
no âmbito da XVI
Semana da Língua Italiana
(17-23 de Outubro de 2016),
dedicada à criatividade.
A cerimónia teve lugar na
presença da Direcção da estrutura
prisional e das mulheres
envolvidas no projecto,
enquadrado no âmbito de
um percurso iniciado em 17
de Outubro, quando Samuel
Djive e a pintora italiana
Giovanna Calandra abriram
a mostra “Convívio”, expondo
as suas obras pictóricas no
Workshop de pintura no Centro
Penitenciário Feminino de Ndlavela
Spazio Italia.
Os dois artistas decidiram depois
pôr à disposição os seus conhecimentos
para uma actividade
criativa e social, num seminário
realizado a 19 de Outubro de
2016 na Cadeia de Ndlavela com
a participação de 12 reclusas. O
objectivo era de experimentar a
linguagem das cores com a qual
N
o âmbito da parceria entre
o Banco Comercial e
de Investimentos (BCI)
e a Universidade de Pedagógica
(UP), recentemente estabelecida,
o banco procedeu à
entrega formal dos equipamentos
desportivos para as equipas daquela
instituição de ensino sediadas na
província do Niassa. A cerimónia
contou com a participação do reitor
da UP, Jorge Ferrão, e do PCE
do BCI, Paulo Sousa.
Ferrão começou por agradecer o
gesto do banco e disse que Niassa
merece o apoio de todos nós e em
particular do BCI e da própria UP.
Acrescentou o reitor que, como
gesto de cidadania e de responsabilidade
social, nós também decidimos
dizer sim a este tipo de acções.
“O BCI e a UP estarão juntos para
dar a sua contribuição ao povo do
Niassa e assegurar que os seus jovens
possam evoluir o seu talento,
divulgá-los e atrair ainda mais
apoio e mais simpatia”, disse.
Por seu turno, Sousa salientou que
os desafios lançados ao Ensino
Superior são extraordinariamente
se pode comunicar desejos,
sensações e emoções.
Para a realização dos quadros
foram utilizadas tintas acrí-
licas num suporte de tela de
2X6 metros, na qual as mulheres
puderam trabalhar juntas,
mas de forma autónoma,
dispondo de espaços individuais
de 80X90 cm. A.S
BCI disponibiliza equipamentos
desportivos à UP de Niassa
complexos, exigem, por isso, uma
mobilização conjugada de esforços
por parte dos principais actores da
sociedade moçambicana. De acordo
com o PCE do segundo maior
banco a nível nacional, é neste prisma
que se enquadram as acções do
banco, particularmente no que diz
respeito às causas mais relevantes
do desenvolvimento económico e
social sustentado de Moçambique e
dos moçambicanos.
Sublinhou ainda que o apoio multifacetado
que a sua instituição
presta a instituições e organismos,
públicos e privados, nos mais diversos
sectores da vida do país, através
de protocolos com Universidades
moçambicanas, com Associações e
Confederações Profissionais e com
organismos da Cultura e do Desporto,
são disso alguns exemplos.
Aliás, destacou que o protocolo
rubricado com a UP insere-se exactamente
nessa linha, acabando por
incluir duas vertentes: a do ensino e
a do desporto, esta última materializada
no patrocínio às equipas de
alta competição da UP nas modalidades
de futebol, basquetebol, vólei
e atletismo”.
O
Ministério da Terra, Ambiente
e Desenvolvimento
Rural (MITADER)
e a Associação Libombos
de Conservação e Turismo
(Licoturismo) assinaram, nesta
quarta-feira, um memorando de
entendimento, no âmbito da gestão
e conservação da área transfronteiriça
do Grande Limpopo.
A parceria visa essencialmente a
incorporação oficial das oito fazendas
do bravio, que compõem o
Grande Limpopo Conservancies.
Trata-se de fazendas situadas entre
as barragens de Corrumana e
de Massingir nas regiões adjacentes
ao Parque Transfronteiriço do
Grande Limpopo.
A integração do Licoturismo resulta
do tratado internacional sobre
o Parque Transfronteiriço do
Grande Limpopo, assinado em
2002, entre Moçambique, África
do Sul e Zimbabwe, prevendo,
dentre várias questões, a criação da
Área de Conservação Transfronteiriça
do Grande Limpopo, que
integra as referidas fazendas.
De acordo com as duas entidades,
a celebração deste memorando
abre novas perspectivas para o desenvolvimento
de turismo e para
criação de postos de emprego para
as comunidades locais, reduzindo,
assim, o seu envolvimento em actividades
que possam contribuir
para a degradação da biodiversidade.
Espera-se também que a parceria
contribua no combate à caça
furtiva, do rinoceronte e do eleIncorporadas
oito fazendas
do bravio no grande Limpopo
fante em particular, na medida em
que os fazendeiros da Licoturismo
poderão colaborar directamente,
tanto com o Parque Nacional do
Limpopo, assim como com o Parque
Nacional do Kruger no combate
a este mal.
Segundo a Directora de Estudos
de Cooperação da Administração
Nacional das Áreas de Conserva-
ção, Felismina Langa, o memorando
assinado poderá promover
a cooperação entre o governo
moçambicano e a Licoturismo
nas áreas de conservação da biodiversidade,
fiscalização e desenvolvimento
sócio-económico como
parte da implementação da área de
conservação Transfronteiriça do
Grande Limpopo.
Por seu turno, o presidente da
Licoturismo, Eugénio Numaio,
defende que esta parceria é a concretização
de um importante acto
que representa os esforços e interesses
dos operadores na gestão e
exploração sustentável da área de
conservação da biodiversidade.
Refira-se que dados oficiais indicam
que o número de detenções de
furtivos do lado moçambicano, em
2016, subiu para 175% e o número
de armas apreendidas subiu em
250% comparativamente a 2015.
Esta tendência resulta dos esforços
que o Governo moçambicano tem
estado a empreender para o refor-
ço da gestão da biodiversidade ao
longo destas áreas, através de parcerias
sociais e económicas com o
sector privado, comunidades locais
e organizações não-governamentais.
:765;6:+,
7RGDVDVVH[WDV IHLUDV V KRUDV )UDQFLVFR&DUPRQDUHFHEH
HPHVWºGLR)HUQDQGR/LPDHDVVXDVRSLQLµHV
5( ''
Savana 24-02-2016
EVENTOS
3
PUBLICIDADE
Duas das 3 publicações abaixo são da autoria da AGECAP,
uma organização da sociedade civil moçambicana,
e se destinam aos membros dos Conselhos Consultivos
locais (CCL) e líderes das associações comunitárias para
efeitos de consulta no âmbito do processo da governa-
ção local participativa: i) O MANUAL DE ANÁLISE DE
VIABILIDADE DE PROJECTOS DE RENDIMENTOS
é para ser consultado pelos membros dos CCL sempre
que necessário e quando realizarem o seu trabalho de
selecção e aprovação dos projectos de rendimentos que
VROLFLWDP ÀQDQFLDPHQWR DR )XQGR 'LVWULWDO GH 'HVHQvolvimento;
ii) O MANUAL CARTÃO DE AVALIA-
ÇÃO PELA COMUNIDADE é para efeitos de consulta
pelos líderes e membros das associações comunitárias
PUBLICAÇÕES DA AGECAP
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A CIDADANIA E BOA GOVERNAÇÃO LOCAL
no âmbito de monitoria e avaliação dos serviços pú-
blicos que lhes são prestados e; iii) O GUIÃO SOBRE
$ 25*$1,=$d®2 ( )81&,21$0(172 '26
CONSELHOS LOCAIS é para ser consultado pelos
membros dos CCL para que no seu funcionamento
observem as regras prevista no Guião. Também
é para ser consultado pelos líderes e membros das
associações comunitárias para conhecerem as regras
da constituição destes órgãos e assim poderem participar
no processo eleitoral (candidatura e eleição)
com o conhecimento das regras do jogo.
As pessoas interessadas em aceder estas publicações
podem contactar a AGECAP através do telemóvel
842469450 ou e-mail: agecap.ong@gmail.com
Savana 24-02-2017 EVENTOS
4
A
cidade tanzaniana de
Swahili acolheu, na primeira
quinzena do corrente
mês, um dos eventos
mais celebrados ao nível da África
Austral. Trata-se do festival Sauti
za Busara, cuja essência resume-
-se na formação de novos públicos
e maior abrangência ao nível do
continente africano. Aliás, Sauti
za Busara é mais do que um festival
de música. É um evento cultural.
Este ano juntou, uma vez mais,
artistas provenientes de diferentes
países africanos e Moçambique esteve
representado ao mais alto ní-
vel pelo duo Simba e Milton Gulli.
A banda composta por Simba (voz),
Milton Gulli (Guitarra), Cremildo
Chitará (bateria) e Helder Gonzaga
(Baixo), teve a dura missão de
encerrar o festival no domingo, dia
12 de Fevereiro. Assim, no primeiArtistas
moçambicanos brilham
no festival Sauti za Busara
ro contacto, quando começaram a
sua actuação, os rapazes de Maputo
não ganharam de imediato a simpatia
do público. Em escassos minutos
de apresentação do primeiro
tema, o público foi concentrar-se
no recinto do festival para ouvir
Simba e Milton Gulli. Era o fogo
que tomava a aparelhagem e libertava
altas sonoridades aos quatro
ventos. Ninguém resistiu.
Interpretando obras do disco The
Heroes – Um Tributo a Tribe Colled
Quest, o que facilitou o diálogo
com a plateia, a banda conseguiu
animar e transportar os espectadores
aos primórdios da cultura
hip hop dos anos 80 e 90. Um dos
aspectos que contribuiu para o sucesso
desta vibrante actuação, na
óptica de alguns espectadores, foi
para além da alta qualidade de performance
dos músicos, a nova roupagem
que Simba e Milton Gulli
conseguiram oferecer às músicas
da Tribe Colled Quest, um dos
maiores colectivos de hip hop de
todos os tempos.
Para Simba Sitoi, líder da banda,
a actuação no festival Sauti za Busara
reforça os esforços visando a
internacionalização do seu trabalho.
Ainda este ano, Simba esteve
em Atlanta, nos Estados Unidos
da América, no festival R3C, que
reuniu verdadeiros monstros da
música rap de todo o mundo.
Assistiram à actuação de Simba e
Milton Gulli pouco mais de cinco
mil pessoas, neste festival que
evoluiu para um dos eventos mais
populares no continente africano,
oferecendo oportunidades de intercâmbio
para artistas africanos
e profissionais da música e, ao
mesmo tempo, atraindo milhares
de espectadores. Isabel Novella,
Cheny wa Gune, entre outros são
alguns artistas moçambicanos que
já actuaram no Festival Sauti za
Busara.
A
capital do país será
palco, nos dias 13 e
16 do próximo mês,
dum colóquio internacional
das ciências sociais
e humanas, subordinado ao
tema: Desporto, Comunica-
ção Social e Sociedade.
Trata-se de uma iniciativa
anual organizada em parceria
entre a Faculdade de Letras e
Ciências Sociais da Universidade
Eduardo Mondlane e
Instituto Camões, que conta
com o patrocínio exclusivo
das páginas Amarelas.
O grande objectivo deste
colóquio é confrontar as experiências
de análise e investigação
sobre o desporto em
Ciências Sociais e Humanas
desenvolvidas por investigadores
moçambicanos e portugueses.
Pretende-se igualMaputo
acolhe
a 13ª edição dos
Encontros com a
História
mente com o evento, que para
além de investigadores deverá
juntar jornalistas experientes
em assuntos desportivos, que
sirva de impulso à pesquisa
aplicada e fundamental em ci-
ências sociais sobre temáticas
relacionadas com o desporto
e a sua importância social e
política.
Encontros com a História têm
como finalidade: apresentar
resultados de projectos desenvolvidos
por docentes, investigadores
e especialistas sobre a
temática abordada; promover
a troca de ideias e o debate
científico entre especialistas e
professores moçambicanos e
portugueses; produzir textos
que possam ser incorporados
nos currículos e programas de
ensino e de apoio a estudantes
universitários.
A
Escola Técnica Padre
Prosperino Gallipoli
celebrou, sábado passado,
a passagem dos seus
25 anos de existência. Este estabelecimento
do ensino do nível
técnico-profissional foi fundado
em 1992 por Padre Prosperino
Gallipoli, com objectivo de melhorar
as condições das cooperativas
filiadas na União Geral das
Cooperativas (UGC), em maté-
rias de contabilidade e gestão.
Deste período a esta parte, a escola
já lançou para o mercado
do trabalho mais de 700 profissionais.
Actualmente, conta com
cerca de 70 professores e perto de
dois mil alunos.
Nas cerimónias do sábado passado,
foram promovidos diversos
programas de entretenimento,
25 anos de “Prosperino Gallipoli”
comemorados com pompa e circunstância
entre danças, jogos desportivos
e outros. Ainda nesse dia foram
graduados 125 alunos do total
250 que terminaram o curso no
ano passado.
“A escolha desta data para a graduação
dos finalistas tem a ver
com a homenagem que fazemos
ao fundador da escola, o padre
Prosperino Gallipoli que perdeu
a vida no dia 18 de Fevereiro de
2003. Então decidimos passar
as cerimônias de graduação dos
nossos alunos como forma de
eternizar os seus feitos”, explica
Adelino Mathe, director daquele
estabelecimento do ensino.
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados e Domingos, 18h30
“Pátria de Esperança”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música c/ Zé Barata ou Fernando Luís
Xima Bar
Todas Sextas e Sábados, 22h
Musica ao Vivo & Banda Xitende
Novo Cine/Beira
Esta Sexta, Sábado e Domingo, 18h30
Gungu Apresenta: “Mulheres de Fibra”
Agenda Cultural
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ