sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Aves de mau agoiro ou os habituais "spin doctors"?


Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Vivem-se dias de caça grossa, e o mercado está apetitoso
Desejar o sucesso dos outros não é comum entre humanos, embora a moral e os bons costumes assim o pro­movam. Cinicamente, pode-se ouvir dizer, mas todos sabemos que poucas vezes assim pretende,
E em política, habitualmente uma selva onde se batem todos contra todos, o que está acontecendo nes­tes últimos dias prova que existem muitos que não são bem-intencionados com as suas opiniões ou teses.
Os detentores do poder não dor­mem e, com os próximos pleitos avizinhando-se, recorrem a tudo o que seja artifício para fazer a ba­lança inclinar-se para o seu lado.
Há quem no passado se tenha especializado a ridicularizar os ou­tros em benefício de suas opções políticas, e isso é politicamente aceitável e perfeitamente normal.
O que espanta e deve ser motivo de alerta é que gente com cadastro sujo, criminalmente acusada, seja utilizada para branquear factos e de­fender o que é manifestamente um atentado contra a democracia polí­tica e económica em Moçambique.
Ou aprendemos a fazer política respeitando os preceitos democráticos, ou jamais sairemos do tipo de crise que agora afecta o país.
Contratar “spin doctors" para adul­terarem os factos e nos dizerem que fraudes de grande e grave magnitude são irregularidades que não afectam os resultados finais é um disco fura­do que já não toca música audível.
A avalanche notória de aquisição de meios de comunicação social presta-se a "arrancar vitórias" e não a vencer eleições de forma justa.
Existem condições para a correc­ção histórica de erros políticos co­metidos por pessoas concretas na sua corrida para a conquista do poder.
A insustentabilidade de um regi­me gerado através de fraudes está mais do que demonstrada. Não vale a pena "remar contra a maré*.
O que era apregoado como *imperativo nacional" descascou-se e enferrujou. Nao é pelo facto de se ter lutado pela independência nacional ou pela democracia que automaticamente se está qualifica­do para governar ou tacitamente se deve governar perpetuamente.
Outra coisa por demais evidente é que a governação ou a pertença ao Governo não outorga, por si, a pro­priedade do país e dos moçambica­nos. A cultura prevalecente de um afastamento imediato entre governantes e governados serve uma agen­da contrária aos interesses nacionais.
Terá havido êxito em criar um Estado, mas tem-se verificado que tal Estado tem visto a sua ac­ção alimentando continuamen­te redes clientelistas num siste­ma cada vez mais enraizado.
Corre-se o risco de entor­nar o caldo e todos ficarmos  sem sopa para o   almoço.
A arrogância e prepotência que tem sido como que 'marcas regis­tadas" de alguns dos nossos "polí­ticos de proa" são más conselhei­ras e conduzem à reprodução de modelos de governação ruinosos.
Quando se optou pela confian­ça politica como critério primor­dial para a escolha de dirigentes governamentais, montou-se um sistema de obediência primária, em que os escolhidos, mesmo que tecnicamente medíocres, se aper­feiçoaram em servir os seu3 men­tores e não trabalhar no sentido de 3ervir o Governo e os governados.
Agora temos o país doen­te com sistemas vitais corroí­dos, obsoletos e disfuncionais. Agua, energia eléctrica, sistemas de drenagem, escolas, centros de saúde, está tudo colapsando.
PRM e demai3 forças de defesa estão como todo o mundo vê. Se tivéssemos que combater um ad­versário externo vizinho, mesmo países como o Malawi, teríamos sérias dificuldades em defender a nossa soberania, porque a me­diocridade operacional estende--se a tudo o que os nossos su­cessivos Governos têm tocado.
Reformar, emendar a CRM de ma­neira significativa e não atenden­do a previsões de vitória eleitoral ou derrota vai aprimorar o quadro jurídico e ajudar de maneira pro­funda a que os próximos eleito­rais conheçam e tenham resulta­dos credíveis e consensualmente aceites sem crises pós-eleitorais.
Moçambique dispensa vigoro­samente mercenários políticos em qualquer forma que se apresentem. Fazedores de opinião, editores de comunicação social, sociólogos, historiadores e filósofos podem juntos a esclarecer, informar e edu­car o sofrido povo moçambicano.
Deixemo-nos de historietas e de posições completamente insus­tentáveis, como alguns pretendem apresentar, sob uma alegada su­perioridade e infalibilidade, pois isso não existe. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 23.02.2017

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