Milhares de iraquianos foram contratados para apoiar as tropas norte-americanas, sobretudo como tradutores. Ordem executiva de Trump põe em causa a sua segurança.
Foram servidores fiéis de uma potência estrangeira que lhes ocupava o país, por vezes arriscando a própria vida. Eram sobretudo tradutores, mas as suas funções incluíam uma assistência quase 24 horas aos oficiais do Exército norte-americano durante a invasão do Iraque. Hoje são perseguidos por grupos terroristas que os identificam com os EUA, mas não têm qualquer esperança em conseguir uma vida melhor longe dali.
Mais de sete mil iraquianos que trabalharam com o Exército foram relocalizados nos EUA ao abrigo de um programa especial de imigração em vigor desde 2008, enquanto 500 aguardam que o seu processo seja concluído, de acordo com o Departamento de Estado. Há ainda 58 mil que aguardam a notificação para uma entrevista para o programa Direct Acess.
A ordem executiva que proíbe a entrada de iraquianos nos EUA atira estes homens e mulheres para mais longe do seu objectivo. "O senhor Trump, o novo Presidente, matou o nosso sonho", diz à Reuters um habitante de Bagdad cuja mulher trabalhou para uma agência norte-americana.
"Muitos tradutores estão a tentar fugir porque têm a cabeça a prémio, por terem trabalho com as forças dos EUA. São vistos como colaboradores", explica o ex-capitão do Exército dos EUA Allen Vaught, que esteve no Iraque em 2003. Durante o tempo que esteve destacado, Vaught empregou cinco intérpretes que ganhavam cinco dólares por semana e viajavam com os soldados, por vezes sem qualquer arma ou protecção.
O militar já conseguiu levar dois para os EUA, mas outros dois foram assassinados por uma milícia armada - o último ainda aguarda por uma resposta. "Esta ordem executiva é motivada pelo medo e pela ignorância", lamenta.
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