Polícia recusa falar de ato criminoso
O delegado distrital de Tambara do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que estava desaparecido desde 15 de janeiro, foi encontrado morto na província de Manica.
Após o MDM ter denunciado uma possível execução a tiro, na sua residência, o corpo de Mateus Filipe Chiranga foi descoberto, na segunda-feira (23.01), já em estado de decomposição, em Matsinho, em Manica, a quase 500 quilómetros do presumível local do assassínio.
Segundo Samuel Chiranga, irmão mais velho da vítima, foram os vizinhos que lhe comunicaram que o irmão teria sido morto. Samuel Chiranga estava de viagem.
"No dia seguinte recebi uma informação dizendo que o meu irmão foi morto e abandonado no muro de vedação da casa vizinha. Enquanto já regressava, quase ao alvorecer do dia, recebi mais outra informação dizendo que as pessoas voltaram e levaram consigo o corpo para algures”, afirma.
O chefe nacional do Departamento de Mobilização e Propaganda do partido, Geraldo Carvalho, reconheceu o corpo de Mateus Filipe Chiranga e diz que "não há dúvida de que se trata de um assassinato”.
"No local onde foi encontrado havia uma cova, e não sabemos quem abriu a tal cova”, afirma.
Caso ainda sob investigação
Depois das primeiras denúncias do Movimento Democrático de Moçambique, a porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique, em Manica, Elsidia Filipe, descartava a possibilidade do delegado distrital do partido em Tambara ter sido assassinado.
Agora, Elsidia Filipe considera que não se pode falar de ato criminoso. O caso está a ser investigado e é preciso, acrescenta, "esperar pelos resultados da investigação que está sendo feita pela PRM".
"Vamos aguardar que a denúncia canalizada pela família seja trabalhada” nota também a porta-voz da polícia.
"Vamos aguardar que a denúncia canalizada pela família seja trabalhada” nota também a porta-voz da polícia.
Segundo a Elsidia Filipe é preciso "aguardar o processo-crime desde a sua investigação até que haja o seu esclarecimento e culmine com o julgamento dos supostos autores do crime”.
Funeral sem data
O funeral ainda não tem data marcada, devido a procedimentos que têm sido desenvolvidos pela polícia e Procuradoria-geral da República.
Segundo informações veiculadas pela agência Lusa, as autoridades de Manica, impediram na segunda-feira (23.01) a realização do funeral da vítima, apesar da presença de familiares e amigos na morgue do hospital. As autoridades alegaram que o corpo tinha de ser autopsiado com vista ao esclarecimento do alegado homicídio.
Recorde-se que outros membros de partidos da oposição, tanto do MDM como da RENAMO, têm sido assassinados, em Manica e em outras províncias moçambicanas. Mas a polícia não tem mostrado esforços para esclarecer os casos.
O centro e norte de Moçambique estão a ser assolados há mais de um ano pela violência militar, na sequência da recusa da RENAMO em aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, exigindo governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
DW-25.01.2017
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