O porta-voz da Casa Branca desmentiu a sua própria declaração acerca da medida que serviria para pagar a construção do muro entre os EUA e o México.
A decisão de avançar com o reforço da fronteira entre os EUA e o México já está oficializada por Donald Trump, mas o financiamento da obra continua em discussão. Depois de o porta-voz da Casa Branca ter anunciado a intenção de aplicar um imposto de 20% sobre todas as importações do México, a nova Administração norte-americana recuou e fez saber que se tratava apenas de “uma ideia” no leque de opções em estudo.
Esta quinta-feira, o dia foi marcado pela tensão entre os dois países, depois de Trump insistir que serão os mexicanos a pagar a construção do muro e o reforço da fronteira. Em menos de 300 caracteres, o Presidente norte-americano foi claro: ou o México financia a construção do muro ou não há margem para uma reunião entre os dois governos. O líder mexicano não gostou e acabou por cancelar o encontro marcado para a próxima terça-feira.
Em conferência de imprensa, depois de o México ter informado a Casa Branca de que não iria a Washington, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, declarou que o novo imposto geraria cerca de 10 mil milhões de dólares (mais de nove mil milhões de euros) anuais para os cofres americanos, o que cobriria os custos da construção do muro fronteiriço avaliados em entre oito e 20 mil milhões de dólares (entre cerca de 7,4 mil milhões e cerca de 18,6 mil milhões de euros). No entanto, seria também Sean Spicer que, horas mais tarde, diria que não era o papel da Casa Branca anunciar impostos, segundo oWashington Post.
"Temos sido constantemente questionados: 'Como é que vão fazer isso [obrigar o México a pagar o muro]?' Aqui está uma maneira. Boom. Feito. Mas podemos avançar noutra direcção. Podemos falar de tarifas. Podemos falar de outros impostos. Existem centenas de outras coisas", argumentou o porta-voz, enquanto retirava o anúncio do imposto de 20%. Também Reince Priebus, chefe do gabinete de Donald Trump, reagiu ao anúncio inicial feito pela Casa Branca, dizendo que a Administração estava a considerar “um buffet de opções”.
Ainda antes de a Casa Branca recuar com as afirmações sobre o novo imposto e desmentir que se tratasse de uma decisão oficial, o ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano, Luis Videgaray, avisou os EUA que, com esta medida, seriam os consumidores norte-americanos a pagar esse aumento. “Impor um imposto norte-americano sobre as importações mexicanas não é uma maneira de fazer o México pagar o muro. Seriam os consumidores norte-americanos a pagar mais pelos abacates, máquinas de lavar e televisões”, notou Videgaray, cita o jornal mexicano El Universal.
O ministro mexicano reforçou que a discussão sobre o financiamento do muro “não é uma questão de estratégia de negociação”, mas sim “um tema de dignidade, que não está relacionado com a economia, mas com o coração e com o orgulho” mexicanos.
Menos tensa deverá ser a conversa entre Washington e Moscovo, marcada para este sábado. Para já, a conversa entre Donald Trump e Vladimir Putin irá acontecer apenas pelo telefone, informou o Kremlin esta sexta-feira. O porta-voz do Presidente russo, Dmitry Peskov, limitou-se a confirmar o agendamento do telefonema, sem detalhar os temas que estarão na agenda dos dois países, escreve a agência Reuters.
Durante a campanha eleitoral, Trump e Putin trocaram elogios e Moscovo fez questão de elogiar a vitória do candidato do Partido Republicano e anunciaram a intenção de aproximar as relações entre os dois países. A proximidade entre Trump e Putin suscitou polémica durante a campanha e levou as agências norte-americanas a emitirem um relatório que denunciava a intervenção da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016.
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