Destaques - Nacional |
Escrito por Redação em 29 Dezembro 2016 |
À semelhança de outros meses, Março foi atípico, destacando-se o recrudescimento da onda de criminalidade, perante a inoperância das autoridades competentes. Os moçambicanos, por diversas vezes, foram brindados com diversas notícias tristes e revoltantes, tais como sequestros de empresários, assassinatos de albinos, cortes constantes no fornecimento de água e energia eléctrica, para além de grupo de populares que denunciaram o clima de terror que se viveu no centro de Moçambique, causado pelas Forças de Defesa e Segurança.
Portadora de albinismo raptada e assassinada
Uma menor de quatro anos de idade foi sequestrada e assassinada, no distrito de Muanza, na província de Sofala, simplesmente por ser portadora de albinismo. Os seus algozes pretendiam vender o seu corpinho a feiticeiros que os usam em rituais que alegadamente trazem sorte e riqueza. O @Verdade contabilizou, só baseado nos casos divulgados pela imprensa, nove cidadãos moçambicanos albinos que foram raptados e posteriormente assassinados nestes primeiros três meses de 2016.
A vítima terá sido aliciada pelo seu tio que a levou para um local ermo, durante o dia, onde foi sequestrada por um número não identificado de criminosos que a levaram, de bicicletas e motas, para uma mata onde foi assassinada com recurso a armas brancas. Quatro indivíduos, incluindo o tio da vítima, foram detidos pela Polícia da República de Moçambique (PRM) em Muanza, de acordo com o jornal Diário de Moçambique.
Não foi esclarecido o móbil do crime mas acredita-se que os criminosos pretendiam cortar partes do corpo da criança portadora de albinismo para venda a feiticeiros que realizam rituais com eles. “Tem sido largamente reportado e documentado que pessoas com albinismo são caçadas e atacadas fisicamente devido a prevalência de mitos como a crença de que partes do seu corpo, quando usadas em rituais de feitiçaria, poções ou amuletos irão proporcionar abundância, boa sorte a sucesso político. Outro mito preocupante, que estimula os ataques, está relacionado com as percepções sobre a sua aparência, a ideia errada de que pessoas com albinismo não são seres humanos mas fantasmas, a crença de que são sub-humanos e não morrem, mas apenas desaparecem”, refere o primeiro relatório da especialista independente sobre os direitos humanos das pessoas com albinismo, Ikponwosa Ero, que alerta sobre muitos ataques terem acontecido nas vésperas de períodos eleitorais no continente africano.
Ikponwosa Ero revelou que a maioria dos casos reportados desde que foi nomeada para o cargo, em Junho de 2015 pelo Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), aconteceram em sete países do continente africano, e Moçambique é um deles.
O relatório vem confirmar a existência de um mercado “lucrativo e macabro das partes do corpo de pessoas com albinismo” onde se paga entre 2 mil dólares norte-americanos (cerca de 100 mil meticais) por um membro ou 75 mil norte-americanos (aproximadamente 3,7 milhões de meticais) para um “conjunto completo”, mas não indica quem são ou onde operam esses compradores.
População civil denuncia clima de terror no centro de Moçambique
As forças de defesa e segurança moçambicanas cometerem vários crimes e violações de direitos humanos contra populações locais, na região central de Moçambique, ao longo do ano passado, revelam testemunhos recolhidos por um trabalho de investigação jornalística, iniciado em outubro de 2015, e que é financiado pelo Fundo Europeu para Jornalismo de Investigação (Journalismfund.eu).
O trabalho de investigação veio assim contrariar o discurso oficial do Governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, que tem vindo a responsabilizar, única e exclusivamente, os homens armados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido da oposição, pelos ataques praticados contra a população civil. Reforça ainda – através de depoimentos e evidências recolhidas no terreno – a suspeita de que forças governamentais tenham estado por detrás da última tentativa de assassinato do líder histórico da Renamo, Afonso Dhlakama, ocorrida em setembro de 2015, perto de Chimoio, província de Manica.
A situação em Moçambique é tensa. O país tem conhecido uma escalada de violência política entre as forças de segurança e defesa e os homens armados da Renamo, com relatos de confrontos militares e denúncias de raptos e homicídios de membros das duas partes.
A primeira parte desta investigação foi iniciada em outubro do ano passado, com o intuito de verificar a veracidade dos relatos que davam conta de graves crimes e violações de direitos humanos contra a população civil moçambicana, designadamente alegações de execuções sumárias, violações, tortura e outros abusos de poder.
Os jornalistas envolvidos neste trabalho visitaram alguns dos principais palcos de confronto entre as duas partes beligerantes, no centro de Moçambique, designadamente Zimpinga, Posto Administrativo de Sabe, Rapouso e Gorongoza, onde ouviram inúmeros relatos e procuram dar voz as populações afetadas.
Isto numa altura em que as tensões entre as duas partes beligerantes aumentavam diariamente e os confrontos armado, na região central de Moçambique, se intensificavam – e quando começaram também a circular suspeitas – nunca confirmadas - de que existiria um suposto plano secreto para matar Afonso Dhlakama, bem como uma ofensiva militar para desarmar os guerrilheiros da Renamo à força – acusações que a Frelimo, partido no poder, sempre desmentiu.
Falta de energia dita corte no fornecimento de água à capital de Moçambique
A capital de Moçambique esteve sem água potável durante 24 horas devido a mais um corte de energia eléctrica que afectou a Estação de Tratamento de Água(ETA) do Umbelúzi, que abastece a cidade e província de Maputo. "(...)Nos últimos dias a qualidade da energia fornecida à ETA Umbelúzi tem estado a degradar-se, o que aliado ao cortes sistemáticos de electricidade compromete o normal funcionamento do sistema no seu todo",explicou o porta-voz da empresa Águas da Região de Maputo.
Em finais de Janeiro o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, considerou inconcebível a dependência que o sistema de Águas da Região de Maputo tem da energia distribuída pela Electricidade de Moçambique(EDM) e sugeriu "investimentos paralelos".
José Ferrete, porta-voz da empresa privada que explora o sistema de abastecimento de água potável à cidade e província de Maputo (Sociedade Águas da Região de Maputo), explicou ao @Verdade que a falta de água não se trata de uma restrição programada, "mas é resultado de uma avaria na rede de fornecimento de electricidade à ETA Umbelúzi".
"A falta de água deveu-se ao facto da ETA Umbelúzi ter ficado sem energia desde as 14:35 horas até às 20:58 horas, o que significa cerca de 6 horas sem produzir água nenhuma. Esta manhã verificou-se também um corte de energia entre as 8:47 e as 9:12 horas. Deste modo, o arranque da distribuição de água a Maputo, Matola e Boane só aconteceu por volta das 9:00 horas da manhã de hoje(sexta-feira)", detalhou Ferrete por correio electrónico.
Os cortes no fornecimento de água potável à capital moçambicana têm sido uma constante desde 2015. No início do ano o primeiro-ministro disse, durante uma visita ao Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água(FIPAG), em Maputo, que os cortes de energia eléctrica não podiam determinar a interrupção de abastecimento de água.
|
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ