O Governo diz que está por dias a assinatura do acordo final para o regresso voluntário dos moçambicanos, que se encontram refugiados no vizinho Malawi, desde os finais do ano passado.
De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, que falava, semana finda, à nossa reportagem, à margem do banquete oferecido pelo Presidente da República, Filipe Nyusi. “Neste momento, estão em curso os detalhes para operacionalizar o acordo, negociado entre os governos de Moçambique e Malawi, conjuntamente com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A negociação está praticamente concluída, agora é apenas uma questão de implementação”, disse Oldemiro Balói.
Segundo o chefe da diplomacia nacional, o acordo, em vista, é a materialização da vontade manifestada entre as três partes directamente envolvidas, nomeadamente os governos de Moçambique e Malawi e ACNUR, para assegurar o retorno dos refugiados ao país, onde acreditam que tem as melhores condições de vida, comparativamente com os centros de refugiados.
A tensão político-militar é a principal causa apontada para a actual vaga de refugiados e, apesar de prevalecer, o Governo acredita que não vai impedir o regresso dos refugiados a casa.
“A questão da tensão política tem um peso fundamental, mas, neste momento, acreditamos que, a par das negociações para o restabelecimento da paz, se as condições do país, a terra e os familiares estiverem disponíveis para receber quem está fora, eles até podem não voltar para as suas zonas de onde saíram, ou para os locais de risco, e irem para locais onde podem fazer a sua vida, até que a situação se normalize”, frisou Balói.
Deste modo, as autoridades nacionais já pensam na possibilidade de criação de condições e centros de reassentamento para os refugiados que regressarem para o país.
“Tal como fizemos em outros tempos, durante a guerra dos 16 anos, estamos a falar de reassentamentos em novas zonas” disse.
No início do ano, o número de refugiados moçambicanos no Malawi chegou a atingir cerca de seis mil, segundo dados de algumas agências humanitárias internacionais.
Actualmente, acredita-se que o número reduziu para mais de metade.
Famílias passaram o Natal em centros de acolhimento
Natal atípico para vítimas da tensão política
Natal atípico passaram cerca de 600 famílias que vivem nos centros de acomodação de vítimas da tensão político-militar, na província de Manica.
Homens, mulheres e crianças, que abandonaram suas zonas de origem, passaram o Dia da Família no meio do nada, diga-se, diante de imensas dificuldades, entre as quais refeições improvisadas.
Tito Albano Semente, 24 anos de idade, vive no centro de acomodação de Vandúzi. Na companhia da sua esposa, que a encontrámos a preparar a refeição: arroz que viria a ser servido com peixe, o jovem revela-nos que, se tivesse condições, o caril preferido seria frango, mas dificuldades financeiras o impediram de ter outra escolha.
“Essas festas vamos passar aqui, não temos sítio para ir passear. Daqui vamos almoçar e depois, um pequeno passeio pelo mercado”, relata Tito, que deixou de frequentar a décima classe na Escola Primária de Chuala.
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