Luanda - Com 37 anos de idade, o camarada presidente assumiu a presidência de Angola, 37 anos depois de assumir o leme da nação e, com 74 anos de idade (37+37), continua presidente? É chegada a hora! Angola é uma República e merece ter uma sucessão à sua dimensão. Ao próximo líder do partido, saído da sucessão, deve-se lhe dar oportunidade de concorrer às eleições de 2017.
Fonte: Facebook
A SUCESSÃO PRESIDENCIAL E ARREDORES - CAMARADA PRESIDENTE ESTÁ NA HORA!
Camarada Presidente Obrigado pela recordação de se ter lembrado de mim e convidar-me ao VII Congresso ordinário do nosso partido.
Obrigado por ter ouvido alguns dos meus conselhos e, ter diligenciado a libertação os nossos filhos, os bravos Revús, ainda que com muito tempo de atraso.
Camarada Presidente estamos no mês de Agosto foi sempre celebrado como o mês do ditador, Imperador Romano, César Augusto assim quis, por isso dizem ser o mês de alguns ditadores! Agosto de triste memoria para uns e festejos para outros, é o nosso mês de aniversário, somos muitos, lembro-me do meu Pai, nacionalista de gema pela liberdade de Angola, faria 92 anos, tenho 4 irmãos nascidos em Agosto, Mário Coelho Pinto de Andrade, o nosso primeiro Presidente do MPLA que nasceu e partiu no nosso mês, o Velho Jonas Savimbi faria 83, O velho Holden Roberto partiu em Agosto de 2007. 2016 fica marcado como o último ano, em que o nosso mano Obama, comemorou anos de vida na casa Branca como inquilino principal.
Em Agosto faço uma vénia muito especial a dois ilustres filhos do nosso Partido, o MPLA, Matias Miguéis o nosso “Amadeu Bagoura”, eleito substituto de Agostinho Neto (1º Vice Presidente – Iª Conferencia Nacional em Dezembro de 1962), nasceu no dia em que lhe escrevo os meus conselhos (15 de Agosto de 1917), morto em Dolisie em 1965 muito jovem aos 48 anos, em circunstancias por esclarecer, pelo nosso partido...até hoje. Outro ilustro filho: Alberto Salomão Lobito de Carvalho vulgo “Memória de Angola” em 1968 liderava o Sector 4 da Zona C da 3ª Região Militar do MPLA na Frente Leste (Móxico), morto em Agosto de 1969, duas verdadeiras lendas do nacionalismo angolano assassinadas por camaradas nossos na refrega de lutas pelo poder.
Camarada Presidente em Agosto 2001 (dia 23) no discurso que proferiu na abertura da reunião do Comité Central dizia-nos o seguinte (também disponibilizo o áudio no meu mural do FB):
“O mais urgente é ir pensando nos nossos candidatos a essas eleições... é claro que esse candidato...não se chamará José Eduardo dos Santos”
"Fiz isto com espírito de missão e sem qualquer outra motivação, tal como em 1979, quando alguns membros do então comité central do Mpla convenceram-me a assumir o cargo de presidente do partido, após a morte inesperada do Dr. Agostinho Neto".
"Eu penso que cumpri o meu papel em nome dos quadros da minha geração que acreditaram nas virtudes do povo angolano, muitos dos quais já não estão entre nós"
Sim, em 1979 Eu já estava na Direcção Política Nacional das FAPLA, a chefiar um dos seus departamentos, presenciei o momento histórico de sucessão no mando de Angola. É bem verdade que “em 1979, quando alguns membros do então comité central do Mpla convenceram-me a assumir o cargo de presidente do partido”. Eu hoje revelo o nome de alguns destes Camaradas para repor a verdade histórica e, mostrar a necessidade de termos uma sucessão bem feita.
Em 1979, assim que a direcção do MPLA tomara conhecimento do falecimento prematuro de Agostinho Neto, Sebastião Salvador (Protocolo da Presidência) ficou com a incumbência de informar muitos dos dirigentes do partido. A casa número 75 (hoje 57) da Joaquim Kapango (ex-Brito Godins), a tal casa Cor de Rosa que Norton de Matos e, Outros, quiseram que fosse a residência oficial do Governador de Angola em Luanda, passou a ser o lugar de romaria de alguns dos mais altos dirigentes do MPLA, para escolher o nome daquele que viria suceder Agostinho Neto, na direcção do Partido e da jovem República Popular de Angola: Mendes de Carvalho e, Paiva Domingos da Silva lideraram todo processo, mais tarde o Camarada França “Ndalu” também jogou o seu papel merecedor de reconhecimento.
Eu, na altura, jovem Primeiro Tenente das FAPLA, recebia algumas orientações do Comandante Paiva para articular com as chefias militares em Luanda, até porque tinha o privilegio de fazer as refeições na mesma casa em que alguns destes dirigentes do MPLA se reuniam para escolher o Camarada José Eduardo dos Santos à sucessão de Neto, contra a vontade de muitos dos nossos camaradas da direcção, principalmente, por aqueles que consigo partilharam momentos no exílio (vulgo Maquis). O Comandante Paiva e outras camaradas estavam preocupados com a moral e, disposição das tropas nos quartéis, acima de tudo em Luanda, caso as coisas não corressem bem, como eles bem diziam “que não se repita o que aconteceu no 27 (tentativa de golpe estado no dia 27 de Maio de 1977)”, fiz a minha parte em ir convencendo alguns, que a escolha do camarada José Eduardo era a melhor. Contávamos as espingardas todos dias, a ODP (força paramilitar) liderada pelo comandante Paiva e Imperial Santana montou um discreto cordão de segurança à volta de Luanda, não havia muita confiança nalgumas das chefias militares.
A decisão final, fora marcada para Quinta-feira, 20 de Setembro, tudo seria decidido, na reunião em sessão extra-ordinária do Comité Central do MPLA, convocada inicialmente para às 9h00 na Sede do Partido mas, estrategicamente alterada para o Futungo de Belas (já em Maio de 1977 nos derradeiros momentos da intentona acontecera o mesmo exercício, a reunião marcada para o Museu de Historial Natural na zona do Kinaxixi mais tarde tivera sido alterada para o Futungo de Belas).
Na aludida reunião o Camarada Lúcio Lara fez as honras de presidir a reunião na qualidade de Presidente do partido em exercício (também era SG do CC para o DEPPI e DORGAN). Lúcio Lara sabia dos riscos e perigos em mãos, mantinha-se em contacto permanente com Mendes de Carvalho. A cúpula do partido estava toda presente (incluindo o Camada Bornito de Sousa, 1º Secretario Nacional da JMPLA) com excepção do Camarada Afonso Domingos Van-Dúnem (Mbinda) que se encontrava em missão de serviço no exterior. Num dia de sol Setembrino os ponteiros do relógio indicavam 10h45, Lúcio Lara fez um apelo a união do partido, tinha dados que muitos dos presentes preferiam qualquer opção desde que não fosse de origens Kimbundo.
Tenho nos meus registos, de acordo com o Comandante Paiva(registado em acta redigida por Maria Mambo Café), as seguintes notas proferidas pelo Camarada Lara: “Perdoem-me dizer que eu observo que durante estes encontros, notei que há inquietação, há agitação… Queremos encontrar a melhor solução... há preocupações dos camaradas presentes em relação ao Bureau Politico, teriam influído em alguns camaradas para dizerem que o Camarada Presidente duvidava do BP do CC”, seguiram-se as intervenções dos seguintes Camaradas:
o Agostinho André Mendes de Carvalho
o Comandante Paiva Domingos da Silva
o Lourenço Ferreira (Diandengue)
o Kundy Paihama
o Ten. Coronel Manuel Alexandre D. Rodrigues (Kito)
o Coronel Pedro Maria Tonha (Pedalé)
o Major Celestino Bernardo (Tchizainga)
o Comandante Henrique de Carvalho Santos (Onanbwe)
o Camarada Evaristo Domingos (Kimba)
o Outros
o Comandante Paiva Domingos da Silva
o Lourenço Ferreira (Diandengue)
o Kundy Paihama
o Ten. Coronel Manuel Alexandre D. Rodrigues (Kito)
o Coronel Pedro Maria Tonha (Pedalé)
o Major Celestino Bernardo (Tchizainga)
o Comandante Henrique de Carvalho Santos (Onanbwe)
o Camarada Evaristo Domingos (Kimba)
o Outros
Com todo cenário montado, conseguiu-se convencer a maior parte dos presentes que, José Eduardo dos Santos era a melhor opção na liderança do partido e da nação. Dias de depois, David António Moisés, o lendário “comandante Ndozi”, proferiu algumas advertências à Mendes de Carvalho, altura Comissário Provincial de Luanda, por este ter encabeçado o grupo que, indicara a escolha de JES com as seguintes palavras: “a história vos julgará pela escolha que fizeram”. Sendo que na reunião extraordinária do CC o “Comandante Ndozi” como bom militar enfatizou a sua discordância com as seguintes palavras: “Eu obedeço mas não concordo..” Poucos anos depois Ndozi foi implicado na cabala política do “Processo 105” (comercialização ilegal de diamantes em Angola). Maria Mambo Café, Pascoal Luvualu, o mais-velho e histórico Ambrósio Lukoki, o número 27, nunca se mostraram favoráveis com a escolha do novo líder.
Na altura havia um forte clima de tensão, para nós os militares até os movimentos dos insectos incomodavam-nos.
A crise de sucessão quase despoletou uma guerra fratricida. No seio do MPLA sempre tivemos contestações aos lideres desde a sua fundação, com os problemas com Viriato da Cruz (co-fundador e 1ª SG do MPLA), o afastamento do Mário Pinto de Andrade, passando pela revolta do Jibóia, revolta do Leste (liderada pelo Daniel Chipenda), activa até ao fraccionismo de 1977. Todos estes momentos negros na historia do MPLA teve que ver com problemas na top da pirâmide ou lutas pelo poder.
Se a sucessão do Presidente José Eduardo dos Santos não for bem gerida, com lisura e transparência, à historia vai se repetir com consequências desastrosas para todos. Tudo devemos fazer para se evitar outras roturas no seio do partido.
Sendo “o MPLA do Povo e o Povo do MPLA” a sucessão deverá ser com o Povo! Uma sucessão mal feita não vai ser bom para o Camarada Presidente, para sua família, para o partido e, claro, que será péssimo para democracia que se quer consolidar em Angola.
O “Embaixador sem medo”, o mais-velho Lukoki, o #27 fez-nos lembrar dos perigos de uma sucessão pessoalizada sem o envolvimento de todos. Tenho muito respeito pelo #27, não pelo mau agoiro histórico no MPLA, mas pelo sentido de historia.
Camarada Presidente quando nós entramos no MPLA o mais-velho Lukoki já lá estava a combater pelos ideais do povo angolano.
Apraz-me lembrar as palavras de um dos filho daqueles que também se bateu pelo MPLA, o Deputado, escritor e Marketeiro, João Melo, sobre a sucessão no partido em 2011:
“A sucessão do presidente José Eduardo dos Santos nas eleições gerais de 2012 é inevitável, politicamente acertada, necessária para permitir a continuidade e a renovação do regime e um passo determinante para a consolidação da jovem democracia angolana…” (QUEBRA-SE O TABU COM A SUCESSÃO DE JES, Agosto de 2011)
e disse mais:
“Ainda há quem, dentro do MPLA, esteja com medo dessa mudança “anunciada”. Trata-se, sobretudo, de dirigentes e militantes históricos, ligados à luta de libertação nacional, logo, “companheiros de estrada” do presidente”
“Na minha opinião, a candidatura de José Eduardo dos Santos... (mesmo, ou sobretudo, “sabendo-se” que dois anos mais tarde ele seria substituído) levanta, desde logo, um risco concreto: o desgaste da sua autoridade”
Não são muitas vezes que estou perfeitamente de acordo com o meu camarada João Melo. No entanto, sou um dos históricos vivos que não tem medo da mudança.
Camarada Presidente nós atrelamos Angola aos ditames do partido, sem estabilidade no MPLA, Angola corre riscos! Como bons patriotas temos que deixar bom legado para os nossos filhos. É a minha visão para Angola melhor, 2018 para sua retirada da “política activa” depois das eleições gerais de 2017 tem que ser melhor esmiuçado e esclarecido para o bem do camarada Presidente, da sua família e da nação angolana.
A data de 2018 conforme indicada pelo camarada presidente não é genuína, está despida de sentido patriótico, não ajudará o processo de estabilidade em curso. Como se diz no linguajar popular, “é para boi dormir” ou não como na lenda do reino animal: “certo dia o Rei Leão anunciou a sua retirada da vida activa e convidou os demais animais para reconciliação em casa do mesmo! Foi graças ao espertalhão do Macaco, apercebendo-se, que todos animais que entravam não retornavam e denunciou a trama para o resto da selva. O Rei Leão queria alimentar-se sem grande esforço”.
Camarada Presidente depois de nos alimentarmos do comandante Ndozi, Lúcio Lara, Dimbondwa, Dilolwa, Paiva Domingos da Silva, comandante Xyietu, Cassessa, Nito Alves, Mostro Imortal, os camaradas do processo 50, até Holden Roberto e Jonas Savimbi caíram no seu engodo. Marcolino Moco e Ambrósio Lukoki não se querem deixar ser devorados e têm denunciado os perigos de uma sucessão dinástica ou monárquica.
Com 37 anos de idade, o camarada presidente assumiu a presidência de Angola, 37 anos depois de assumir o leme da nação e, com 74 anos de idade (37+37), continua presidente? É chegada a hora! Angola é uma República e merece ter uma sucessão à sua dimensão. Ao próximo líder do partido, saído da sucessão, deve-se lhe dar oportunidade de concorrer às eleições de 2017.
Icolo e Bengo, Agosto de 2016
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