Escrito por Emildo Sambo em 11 Agosto 2016 |
A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, enviou uma carta à Presidência da República a impor condições para o cessar-fogo. José Manteigas, chefe da delegação da Renamo na comissão mista, que junto dos mediadores internacionais prepara o (des)encontro entre Afonso Dhlakama e o Presidente da República, recusou revelar os detalhes do documento, alegando que não podia fazê-lo virtude do decurso das negociações em curso, mas adiantou que tudo depende da responda do Chefe de Estado, Filipe Nyusi.
Fora da comissão mista e do contacto com os mediadores internacionais, a “Perdiz” privilegia contactos paralelos com Filipe Nyusi, que, pese embora os discursos sobre a paz, não tem tido grandes avanços e resultados nesse sentido.
Sabe-se, porém, que uma das exigências do líder do maior partido da oposição ao Executivo é a retirada e/ou recuo das Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Gorongosa, onde se acredita que Afonso Dhlakama esteja, e a ser encurralado.
“O presidente Dhlakama mandou uma informação (à Presidência da República), que eu não devo aqui revelar (…). Neste momento estamos à espera da resposta do Presidente da República. Não quero entrar em detalhes porque estamos em negociações”, disse José Manteigas e deputado da Assembleia da República (AR) à saída da reunião que os mediadores estrangeiros mantiveram com esta formação política.
Na quarta-feira (10), os “forasteiros” ouviram o posicionamento da “Perdiz” em relação à exigência de governar as províncias de Manica, Sofala, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa, onde reclama vitória nas últimas eleições gerais.
Todavia, para o Governo as últimas eleições não visavam a escolha de governadores provinciais, mas, sim, do Chefe de Estado. Ainda segundo o Executivo, a pretensão da Renamo não tem enquadramento possível na Constituição da República nem em nenhuma outra lei.
Para além de não abandonar a ideia de governar as seis províncias, o que já foi rejeitado pela Frelimo no Parlamento, a “Perdiz” exige, também, a reintegração dos seus homens e das forças residuais nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), bem como a despartidarização do Aparelho do Estado.
Este partido, chegou a determinar que, apesar de o seu projecto tenha sido chumbado pela bancada maioritária na chamada “Casa do Povo”, iria governar à força a partir de 01 de Março passado, o que não se concretizou. Mas José Manteigas disse que os mediadores “estão a cozinhar as reflexões” avançadas pelas duas delegações, em separado, e o passo a seguir será um encontro com a comissão mista.
O partido liderado por Afonso Dhlakama exigiu a presença dos mediadores da União Europeia, da Igreja Católica e da África do Sul, e o Governo chamou o ex-Presidente do Botswana, Quett Masire, ina dicou Fundação Global Leadership (do ex-secretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos Chester Crocker), a Fundação Faith, liderada pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, e o antigo Presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete.
Entretanto, quando questionado, por um diário da praça, “o que é que os mediadores têm estado a dizer ao líder da Renamo”, Dhlakama desvalorizou o papel dos mesmos para o fim da actual crise política no país ao declarar que “os mediadores não são os donos do problema que o país atravessa (…)”.
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