Franceses seguem para os quartos-de-final do “seu” Europeu com triunfo por 2-1 sobre a República da Irlanda.
Talvez seja exagerado dizer que a França tem sido uma desilusão no “seu” Euro 2016. Afinal, passou a fase de grupos e passou aos quartos-de-final, mas não a fazer justiça ao estatuto que tinha como um dos grandes favoritos à conquista do título continental. Em vez de ser uma equipa dominadora e organizada, a França gosta de ser masoquista. Deixa-se ficar para trás, entra em pânico e fica à espera que alguém resolva. Foi assim que os “bleus” eliminaram a República da Irlanda em Lyon, com um triunfo por 2-1, e seguiram para os “quartos”. E quem resolveu voltou a ser um pequeno avançado com sangue português chamado Antoine Griezmann.
Não foi a primeira, nem a segunda vez que a França se mostrou engasgada. Aconteceu em todos os jogos da primeira fase e as duas vitórias que conseguiu foram obtidas nos últimos minutos. Não foi o que aconteceu em Lyon, mas os sintomas foram semelhantes e ainda não foi desta que a equipa de Didier Deschamps ofereceu ao seu público uma demonstração convincente de força. A Irlanda, por seu lado, foi igual a si própria, não arriscando mais do que podia fazer, mas não se encolhendo perante um adversário superior a jogar perante o seu público. E com a motivação extra de querer dar o troco pela eliminação no apuramento para o Mundial 2016 pela infame mão na bola de Thierry Henry.
Bastou aos irlandeses um minuto de posse de bola e circulação para as coisas acontecerem. A bola chegou até Shane Long e o avançado do Southampton, sentindo o contacto de Paul Pogba, caiu. Penálti cavado, mas bem assinalado por Nicola Rizzoli, e, da marca dos 11 metros, Robbie Brady voltou a ser o herói, ele que já tinha marcado o golo que dera o apuramento irlandês frente à Itália. A bola ainda bateu no poste, mas o destino foi a baliza de Hugo Lloris.
A vantagem madrugadora da Irlanda era, de facto, surpreendente, mas não totalmente inesperada dada a grande sobranceria com que os “bleus” têm encarado cada jogo neste Europeu. E este não estava a fugir à regra. A Irlanda não se acomodava com a vantagem mínima e procurava aproveitar a confusão francesa, que tinha na falta de velocidade do central Rami e na inactividade de dois terços do seu meio-campo (Kanté e Matuidi) duas das explicações. Lloris ainda teve de se aplicar num remate de Murphy, aos 21’, para o escândalo não ser maior.
O domínio francês era inconsequente, sem efeitos durante a primeira parte, e os irlandeses estavam a 45 minutos de consumarem a vingança. Deschamps resolveu tirar um tarefeiro (Kanté) e dar alguma criatividade e velocidade ao ataque com Coman. O jovem avançado do Bayern inspirou os “bleus”, que aumentaram o sufoco dos irlandeses. Era preciso, pelo menos, um golo, que não tardou muito. Aos 57’, Bacary Sagna faz o cruzamento e Antoine Griezmann estabelece, de cabeça, o empate. Deschamps respirou de alívio e, quatro minutos depois, percebeu que a vitória dificilmente iria fugir. Bola longa para a cabeça de Giroud, o avançado do Arsenal faz o passe atrasado para Griezmann, que, em corrida, bate o guardião Randolph pela segunda vez.
A influência de Griezmann não se ficou por aqui. Aos 66’, o avançado do Atlético de Madrid protagonizou nova investida rumo à área irlandesa e Shane Duffy não conseguiu pará-lo de outra maneira que não fosse em falta. O central acabaria por ser expulso e isso retirou capacidade de reacção aos bravos irlandeses, que não desistiram, mas também não conseguiram fazer com que os seus espectaculares adeptos continuassem a dar bom ambiente aos estádios deste Europeu. Quanto à França, que terá pela frente o vencedor do Inglaterra-Islândia, é um candidato que continua sem convencer.
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