O líder da RENAMO está certo que a sua morte está a ser planeada. E Afonso Dhlakama, ao contrário do Presidente de Moçambique, assume que o país está em guerra. Ele assume ainda as emboscadas na N1 como legítima defesa.
Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique
Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique
DW África: Nas últimas semanas têm surgido informações sobre a existência de valas comuns e corpos espalhados pelas matas da região centro de Moçambique. A RENAMO sabe a que estão relacionadas essas mortes?
Afonso Dhlakama (DA): Não, o que posso confirmar e que tenho conhecimento, é que houve raptos e pessoas sequestradas sobretudo entre fevereiro e abril, não só na região da Gorongosa, embora aqui tenha sido muito intenso, como uma forma da FRELIMO caçar ou desmoralizar a RENAMO. Perdemos muitos membros, simpatizantes, jovens da vila da Gorongosa. A vala comum referida ou descoberta há um mês foi aqui na Gorongosa, no posto administrativo de Ncanda, que faz fronteira com o distrito de Macosa, onde encontraram pessoas esquartejadas e metidas em sacos de plástico. Primeiro a FRELIMO desmentiu, como sempre, só depois quando os jornalistas se deslocaram e tiraram fotos, sem avisar o Governo, e terem publicado as imagens é quando o Governo começou a acreditar.
DW África: O senhor Afonso Dhlakama acredita que o Governo da FRELIMO esteja a preparar uma "solução Savimbi" para o seu caso?
AD: Sim, acredito. Não tenho dúvidas, mesmo. Só que é diferente, Savimbi nasceu em Angola, era angolano, aconteceu nas matas de Angola, Afonso Dhlakama é moçambicano, nasceu aqui e as coisas são totalmente diferentes. Mas que há planos, sim, há. Agora que estou a falar eles pensam que a morte do Dhlakama é o fim da democracia em Moçambique e que é o fim da RENAMO.
DW África: E para isso acha que o Governo da FRELIMO conta com o apoio do MPLA e com a participação de mercenários israelitas como alguns suspeitam?
AD: Seria uma afirmação falsa, mas eu não nosso posso [dizer]. Mas que o Governo da FRELIMO tenha um plano, até hoje que estamos a falar, para matar o Dhlakama, isso tem, como forma de acabar com toda a confusão. Agora, que tenham planos de pedir a especialistas do MPLA e israelitas isso não posso confirmar. Mas o plano está muito bem vivo, não está esquecido.
DW África: A imprensa moçambicana e algumas pessoas nas redes sociais têm noticiado ataques constantes contra veículos civis e autocarros e alguns têm acusado a RENAMO pelos atos. Confirma isso?
AD: Há um conflito militar aqui, por exemplo, eu estou aqui na região da Gorongosa, Moçambique é um país muito comprido. E a estratégia da FRELIMO é planificada em Maputo, [refiro-me] aos treinos, os comandos, mercenários, canhões, BTRs, etc. Ora, de Maputo para o Centro temos uma única estrada, conhecida como Estrada Nacional Número Um (N1). É por aí que transitam os contigentes militares para escravizar e esmagar as populações do Centro e Norte. Porque os militares esmagarem a RENAMO não é possível, já vimos isso no passado. Mas quem sofre com isso é a população dessas regiões acusadas de estarem a dar apoio a RENAMO. Então, temos uma defesa própria, temos direito a defesa, a resposta e a vida e, de facto, temos montado emboscadas nessas estradas para diminuir a logística do inimigo. Só que a FRELIMO, e toda a gente sabe, usa até viaturas [ civis para isso]. É difícil ver as FADEMOS, forças armadas, usarem carros militares, talvez a circularem na cidade de Maputo. [Mas] quando circulam nos distritos, de província em província, entram nos machimbombos para se misturarem com civis para nos fazerem pensar que estão a passar por passageiros e entram nos camiões de civis. Nós não somos estrangeiros, somos nacionais e sabemos que os machimbombos estão cheios de [gente] da FRELIMO e atacamos para não trazerem o inimigo para nos matar. Não estamos a atacar o machimbombo por ser um carro civil e não estamos a atacar nenhum carro civil.
DW África: Há pouco tempo, em Bruxelas, o Presidente Nyusi quando foi questionado sobre os confrontos militares em Moçambique ele preferiu qualificar isso de distúrbios. Vê a situação da mesma maneira?
AD: Não, eu penso que é uma guerra porque são militares do exército comandados pela FRELIMO, é uma guerra. Distúrbio é quando um bandido qualquer chega a uma aldeia e quer violar uma mulher ou um bêbado qualquer chega numa festa e disparou para o ar e é preso pela polícia. Esta é uma guerra porque a FRELIMO continua a receber armas dos países comunistas, inclusive muito desse dinheiro da dívida, chamada dívida externa, que não é dívida pública, é dívida dos elementos da FRELIMO e uma parte desse dinheiro [foi usada] para comprar canhões, alimentar militares, pagar mercenários para terem motivação para irem matar [os membros]. da RENAMO. Portanto, não é distúrbio é uma guerra declarada pela FRELIMO. Para nós RENAMO, como seres humanos, não podemos cruzar os braços porque queremos ser bons meninos, porque queremos que a Europa diga que o Dhlakama é o melhor líder, não. Eu tenho vida, família, crianças, tenho de me defender. Se alguém me vem atacar em casa e eu me defendo, não posso ser chamado de bandido e nem de belicista. Seria belicista se mandasse atacar lugares e pessoas. Todos os confrontos militares do nosso lado estão apenas em defesa dos ataques da FRELIMO. Por exemplo, agora, todo o mundo está a espera de um resultado dos contactos entre as duas equipas, mas estão a disparar aqui na Gorongosa, dizem que querem apanhar o Dhlakama e obrigá-lo a ir a Maputo.
Coluna de veículos na região centro do país, N1, onde têm acontecido os ataques
Coluna de veículos na região centro do país, N1, onde têm acontecido os ataques
DW África: A dívida pública é um assunto que está a agitar Moçambique. Qual a sua opinião sobre o endividamento e a maneira como está a ser gerido pelas autoridades?
AD: Não se trata de dívida pública, vamos corrigir. Porque se dissermos dívida pública queremos dizer que o Governo moçambicano foi a Asssembleia da República fazer o informe antes de contrair esta dívida. Queremos acreditar que as instituições de soberania têm conhecimento disso, mas não é um grupo da FRELIMO, juntamente com os seus amigos empresários, que foram pedir aos bancos europeus, e estes também sem verificar, entregaram milhões e milhões de dólares, e esse dinheiro não foi aplicado para o bem do povo de Moçambique. Eu, como líder [da RENAMO], não quero puxar a sardinha para a minha brasa. Sinto muito pelos cortes no apoio do Banco Mundial, americanos e União Europeia porque conheço a situação de Moçambique. Muitos funcionário públicos recebem os seus salários através do Orçamento de Estado reforçado por esse dinheiro que está sendo cortado. Mas é preciso, de facto, investigarmos e encontrarmos os responsáveis por essa dívida e que sejam responsabilizados, porque eu, como cidadão, e os meus filhos, a minha família e os meus vizinhos não podemos contribuir com taxas e impostos para pagar essa dívida, cujo valor não foi aplicado para o nosso bem estar. Foi [usado] para comprar coisas para a família de alguém. Portanto, a minha posição está tomada, e muitos estão a
atacar o Guebuza, mas não é só ele, o próprio Nyusi é culpado porque se ele tomou posse em 2015, já com ministros e gabinetes, tinha de verificar o que estva nos cofres e nos papéis, porque se tratava de um novo Executivo. Mas não disse nada, porque concordou com esses roubos. Fico a saber também, ou a acreditar, que a campanha eleitoral foi das mais caras dos líderes da FRELIMO. Milhões e milhões foram gastos, onde a FRELIMO apanhou esse dinheiro? Quero acreditar que o Nyusi também sabe, também foi ministro da Defesa. Se o dinheiro foi desviado para a compra de material, ele sabe muito bem. Sabemos que na quarta-feira (01.06.) o Governo vai explicar no Parlamento, e vai tentar enganar, porque a bancada do meu partido há bastante tempo que envia cartas ao Governo exigindo que viesse explicar a dívida externa, mas o Governo dizia que não queria porque tinha receio da RENAMO. Mas com a pressão da União Europeia, da comunidade internacional, nós também já sabemos que vai haver uma sessão extraordinária. O que me preocupa é como responsabilizar os culpados que usam a desculpa da compra dos barcos para a pesca do atum, não há nenhum atum. Foi [usado] para organizar a segurança. Então, essas empresas todas que dizem que foram financiadas não morreram, então que mostrem os papéis, e que fique escrito em ata que essas empresas moçambicanas juntamente com os dirigentes da FRELIMO assumam a divida como particular e não como pública, no reforço do Orçamento Geral do Estado (OGE). Moçambique é um Estado pobre, os impostos não são suficientes para constituir o OGE.
Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique
Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique
DW África: Nas últimas semanas têm surgido informações sobre a existência de valas comuns e corpos espalhados pelas matas da região centro de Moçambique. A RENAMO sabe a que estão relacionadas essas mortes?
Afonso Dhlakama (DA): Não, o que posso confirmar e que tenho conhecimento, é que houve raptos e pessoas sequestradas sobretudo entre fevereiro e abril, não só na região da Gorongosa, embora aqui tenha sido muito intenso, como uma forma da FRELIMO caçar ou desmoralizar a RENAMO. Perdemos muitos membros, simpatizantes, jovens da vila da Gorongosa. A vala comum referida ou descoberta há um mês foi aqui na Gorongosa, no posto administrativo de Ncanda, que faz fronteira com o distrito de Macosa, onde encontraram pessoas esquartejadas e metidas em sacos de plástico. Primeiro a FRELIMO desmentiu, como sempre, só depois quando os jornalistas se deslocaram e tiraram fotos, sem avisar o Governo, e terem publicado as imagens é quando o Governo começou a acreditar.
DW África: O senhor Afonso Dhlakama acredita que o Governo da FRELIMO esteja a preparar uma "solução Savimbi" para o seu caso?
AD: Sim, acredito. Não tenho dúvidas, mesmo. Só que é diferente, Savimbi nasceu em Angola, era angolano, aconteceu nas matas de Angola, Afonso Dhlakama é moçambicano, nasceu aqui e as coisas são totalmente diferentes. Mas que há planos, sim, há. Agora que estou a falar eles pensam que a morte do Dhlakama é o fim da democracia em Moçambique e que é o fim da RENAMO.
DW África: E para isso acha que o Governo da FRELIMO conta com o apoio do MPLA e com a participação de mercenários israelitas como alguns suspeitam?
AD: Seria uma afirmação falsa, mas eu não nosso posso [dizer]. Mas que o Governo da FRELIMO tenha um plano, até hoje que estamos a falar, para matar o Dhlakama, isso tem, como forma de acabar com toda a confusão. Agora, que tenham planos de pedir a especialistas do MPLA e israelitas isso não posso confirmar. Mas o plano está muito bem vivo, não está esquecido.
DW África: A imprensa moçambicana e algumas pessoas nas redes sociais têm noticiado ataques constantes contra veículos civis e autocarros e alguns têm acusado a RENAMO pelos atos. Confirma isso?
AD: Há um conflito militar aqui, por exemplo, eu estou aqui na região da Gorongosa, Moçambique é um país muito comprido. E a estratégia da FRELIMO é planificada em Maputo, [refiro-me] aos treinos, os comandos, mercenários, canhões, BTRs, etc. Ora, de Maputo para o Centro temos uma única estrada, conhecida como Estrada Nacional Número Um (N1). É por aí que transitam os contigentes militares para escravizar e esmagar as populações do Centro e Norte. Porque os militares esmagarem a RENAMO não é possível, já vimos isso no passado. Mas quem sofre com isso é a população dessas regiões acusadas de estarem a dar apoio a RENAMO. Então, temos uma defesa própria, temos direito a defesa, a resposta e a vida e, de facto, temos montado emboscadas nessas estradas para diminuir a logística do inimigo. Só que a FRELIMO, e toda a gente sabe, usa até viaturas [ civis para isso]. É difícil ver as FADEMOS, forças armadas, usarem carros militares, talvez a circularem na cidade de Maputo. [Mas] quando circulam nos distritos, de província em província, entram nos machimbombos para se misturarem com civis para nos fazerem pensar que estão a passar por passageiros e entram nos camiões de civis. Nós não somos estrangeiros, somos nacionais e sabemos que os machimbombos estão cheios de [gente] da FRELIMO e atacamos para não trazerem o inimigo para nos matar. Não estamos a atacar o machimbombo por ser um carro civil e não estamos a atacar nenhum carro civil.
DW África: Há pouco tempo, em Bruxelas, o Presidente Nyusi quando foi questionado sobre os confrontos militares em Moçambique ele preferiu qualificar isso de distúrbios. Vê a situação da mesma maneira?
AD: Não, eu penso que é uma guerra porque são militares do exército comandados pela FRELIMO, é uma guerra. Distúrbio é quando um bandido qualquer chega a uma aldeia e quer violar uma mulher ou um bêbado qualquer chega numa festa e disparou para o ar e é preso pela polícia. Esta é uma guerra porque a FRELIMO continua a receber armas dos países comunistas, inclusive muito desse dinheiro da dívida, chamada dívida externa, que não é dívida pública, é dívida dos elementos da FRELIMO e uma parte desse dinheiro [foi usada] para comprar canhões, alimentar militares, pagar mercenários para terem motivação para irem matar [os membros]. da RENAMO. Portanto, não é distúrbio é uma guerra declarada pela FRELIMO. Para nós RENAMO, como seres humanos, não podemos cruzar os braços porque queremos ser bons meninos, porque queremos que a Europa diga que o Dhlakama é o melhor líder, não. Eu tenho vida, família, crianças, tenho de me defender. Se alguém me vem atacar em casa e eu me defendo, não posso ser chamado de bandido e nem de belicista. Seria belicista se mandasse atacar lugares e pessoas. Todos os confrontos militares do nosso lado estão apenas em defesa dos ataques da FRELIMO. Por exemplo, agora, todo o mundo está a espera de um resultado dos contactos entre as duas equipas, mas estão a disparar aqui na Gorongosa, dizem que querem apanhar o Dhlakama e obrigá-lo a ir a Maputo.
Coluna de veículos na região centro do país, N1, onde têm acontecido os ataques
Coluna de veículos na região centro do país, N1, onde têm acontecido os ataques
DW África: A dívida pública é um assunto que está a agitar Moçambique. Qual a sua opinião sobre o endividamento e a maneira como está a ser gerido pelas autoridades?
AD: Não se trata de dívida pública, vamos corrigir. Porque se dissermos dívida pública queremos dizer que o Governo moçambicano foi a Asssembleia da República fazer o informe antes de contrair esta dívida. Queremos acreditar que as instituições de soberania têm conhecimento disso, mas não é um grupo da FRELIMO, juntamente com os seus amigos empresários, que foram pedir aos bancos europeus, e estes também sem verificar, entregaram milhões e milhões de dólares, e esse dinheiro não foi aplicado para o bem do povo de Moçambique. Eu, como líder [da RENAMO], não quero puxar a sardinha para a minha brasa. Sinto muito pelos cortes no apoio do Banco Mundial, americanos e União Europeia porque conheço a situação de Moçambique. Muitos funcionário públicos recebem os seus salários através do Orçamento de Estado reforçado por esse dinheiro que está sendo cortado. Mas é preciso, de facto, investigarmos e encontrarmos os responsáveis por essa dívida e que sejam responsabilizados, porque eu, como cidadão, e os meus filhos, a minha família e os meus vizinhos não podemos contribuir com taxas e impostos para pagar essa dívida, cujo valor não foi aplicado para o nosso bem estar. Foi [usado] para comprar coisas para a família de alguém. Portanto, a minha posição está tomada, e muitos estão a
atacar o Guebuza, mas não é só ele, o próprio Nyusi é culpado porque se ele tomou posse em 2015, já com ministros e gabinetes, tinha de verificar o que estva nos cofres e nos papéis, porque se tratava de um novo Executivo. Mas não disse nada, porque concordou com esses roubos. Fico a saber também, ou a acreditar, que a campanha eleitoral foi das mais caras dos líderes da FRELIMO. Milhões e milhões foram gastos, onde a FRELIMO apanhou esse dinheiro? Quero acreditar que o Nyusi também sabe, também foi ministro da Defesa. Se o dinheiro foi desviado para a compra de material, ele sabe muito bem. Sabemos que na quarta-feira (01.06.) o Governo vai explicar no Parlamento, e vai tentar enganar, porque a bancada do meu partido há bastante tempo que envia cartas ao Governo exigindo que viesse explicar a dívida externa, mas o Governo dizia que não queria porque tinha receio da RENAMO. Mas com a pressão da União Europeia, da comunidade internacional, nós também já sabemos que vai haver uma sessão extraordinária. O que me preocupa é como responsabilizar os culpados que usam a desculpa da compra dos barcos para a pesca do atum, não há nenhum atum. Foi [usado] para organizar a segurança. Então, essas empresas todas que dizem que foram financiadas não morreram, então que mostrem os papéis, e que fique escrito em ata que essas empresas moçambicanas juntamente com os dirigentes da FRELIMO assumam a divida como particular e não como pública, no reforço do Orçamento Geral do Estado (OGE). Moçambique é um Estado pobre, os impostos não são suficientes para constituir o OGE.
Irmaos da frelimo afundaram seu barco tambem!
Antes de terminar, "crise em Angola vai piorar"
Carlos Rosado de Carvalho considera que a dependência do petróleo é o grande obstáculo para resolver a crise económica e financeira em Angola. O economista foi orador num debate sobre os problemas da economia angolana.
Antes de terminar, "crise em Angola vai piorar"
Carlos Rosado de Carvalho considera que a dependência do petróleo é o grande obstáculo para resolver a crise económica e financeira em Angola. O economista foi orador num debate sobre os problemas da economia angolana.
Organizado pela Associação OMUNGA, o debate “Causas e Reflexos da Atual Crise Económica e Financeira de Angola” contou com a presença do professor e economista Carlos Rosado de Carvalho como principal orador.
Falando para uma plateia de mais de 100 convidados de diferentes áreas, o professor da Universidade Católica de Angola apontou a forte dependência do petróleo como a principal causa da vulnerabilidade da economia angolana. “O único produto que nós exportamos é o petróleo. Portanto, a única forma que existe de arranjar divisas é exportar produtos angolanos”, afirmou o Rosado de Carvalho.
"Não há milagres nessa altura na economia"
Para explicar o impacto desta dependência e da falta de diversidade da economia, o economista comparou a economia angolana a uma casa onde todos os membros da família trabalham na mesma empresa. “Se, numa casa, o homem e a mulher trabalham no mesmo sítio e depois os filhos vão também trabalhar para a mesma empresa, se ela fechar, fica tudo na miséria. É o nosso caso. Nós trabalhavamos no petróleo, o petróleo foi à falência e ficámos todos sem dinheiro”, exemplificou.
A crise do petróleo e a desvalorização do kwanza face ao dólar norte-americano, aliadas à forte dependência da importação de produtos básicos, como alimentos, criaram as condições necessárias para o empobrecimento dos angolanos e para o encarecimento dos produtos.
A falta de divisas levou à redução das importações e, por isso, vários produtos começaram a faltar no país. Os bancos nacionais entraram em 2016 praticamente sem injeção de divisas pelo Banco Nacional de Angola, uma situação que poderá inflacionar ainda mais o mercado de câmbio. “A única coisa que podemos fazer agora é rezar para que o petróleo suba. É a única coisa que nós podemos fazer. Não há milagres nesta altura na economia”, afirmou Rosado de Carvalho.
Crise económica irá piorar antes de melhorar
O economista prevê que a economia angolana ainda demore cerca de dois a três anos a recuperar do impacto negativo da queda do preço do petróleo. Problemas que, segundo Carlos Rosado de Carvalho, se podem acentuar com o aproximar das eleições de 2017.
“Antes de isto terminar vai piorar. Temos um problema que são as eleições de 2017, e ninguém seja aqui, seja noutra parte do mundo, gosta de perder eleições”, afirmou o professor. “Eu temo que, estando à beira do abismo, as eleições façam com que nós nos aproximemos mais dele, porque as medidas que são necessárias não são muito populares. Embora, sob esse ponto de vista, nada do que o Governo tem feito ultimamente é muito popular.”
A forte queda do preço do petróleo levou o Governo angolano a pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Este é o segundo programa de assistência financeira que o país pede num espaço de sete anos. O pedido oficial do resgate financeiro aconteceu em abril e espera-se que uma equipa do FMI chegue a Luanda a 1 de junho.
DW Africa
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ