terça-feira, 24 de maio de 2016

Sérgio Vieira defende aumento de horas de trabalho e redução de férias anuais de 30 para 15 dias

Coronel na reserva diz que só com trabalho o país pode sair da dependência
 
Na “Carta a muitos amigos” desta semana, publicada no jornal O País, Sérgio Vieira critica a dependência externa e lembra que durante a luta de liberação nacional nenhum estrangeiro combateu no lugar dos próprios moçambicanos.
“O Presidente Nyusi acaba de visitar a China. Excelente, a China sempre esteve connosco desde a primeira metade dos anos 60. Fala-se do FMI e do Banco Mundial, da União Europeia, dos vários doadores. Muito bem, as nossas preocupações e dívidas, a nossa produção e produtividade vão ver-se resolvidas por eles? Qual o nosso papel no meio disto tudo? Virão chineses, americanos, franceses, suecos, dinamarqueses arregaçarem as mangas em vez de nós?”
O veterano da luta de libertação nacional diz que é preciso coragem e medidas drásticas para os moçambicanos libertarem-se definitivamente de humilhações, dívidas ocultas e passarem a decidir sobre o seu destino. Sérgio Vieira lembra que no campo ninguém mete férias de 30 dias para abandonar a machamba e o gado ou pára de semear porque é feriado ou ponte. E como soluções propõe as seguintes medidas:
“Decidir sobre um horário que assegure o aumento para 44 horas semanais a jornada semanal de trabalho, acabar com pontes e pontecas, reduzir as férias para 15 dias anuais.”  
“Estabelecer os salários em função do trabalho feito efectivamente a horas e com qualidade. Premiar os que bem agiram.”
“Obrigar a Função Pública a trabalhar todo o sábado, passando o descanso para metade das segundas-feiras, assegurando assim que ninguém precise de se ausentar do seu serviço para tratar de um documento essencial para a sua vida, da sua família e filhos.”
“Com o mesmo objectivo a Função Pública deveria abrir as portas pelas 09h30 e encerrar pelas 18h00 para que os restantes trabalhadores possam não abandonar o serviço para resolver as suas questões. Em último caso criarem-se turnos na Função Pública.”
Numa altura em que a Função Pública é vista como um espaço onde menos se trabalha, medidas como estas podem não serem bem recebidas pelas pessoas afectadas, por isso Sérgio Vieira defende que a sua aplicação deve ser feita logo a seguir às eleições para evitar aproveitamento negativo.
E em jeito de fecho, volta a bater na mesma tecla sobre as dívidas ocultas: “Nada disto exclui que devolvam ao Estado o que se pilhou e perante a Justiça esta decida com base nos factos sobre as penas a aplicar, aos pequenos como aos grandes. O risco de não o fazer implica que o partido no poder (Frelimo) perca o seu lugar, a favor de incompetentes e terroristas, demagogos e aqueles que mais pilharão e afundarão a nossa Pátria Amada.”

1 comentário:

  1. Mal dito e não maldito. Só apoio aquilo que falou no fim. A devolução do dinheiro roubado, mas devia ser claro porque o Sr. Sérgio Viera conhece quem roubou! Quem roubou é a pessoa que outrora chamavam-lhe de génio, o sábio, o visionário, etc. mas agora que tenha coragem de dizer o nome da pessoa que nos afundou nesta divida se bem que querem que a Frelimo não afunde.
    Quando diz que quem substituirá a Frelimo será pior, qual a base desta afirmação. Quer dizer que reconhece que a Frelimo está a governar mal este país. Com aquilo que estou a assistir, prefiro ver outra coisa que continuar a ver a Frelimo a afundar o país.
    O medo que o Sr. Sérgio Viera tem, é de ser julgado pelos erros que cometeu quando era governante, por isso já chama nomes a quem vai substituir a Frelimo e prefere uma Frelimo falida, com dirigentes cínicos que ver a oposição no poder.
    Lamento bastante!

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