A polícia moçambicana acusou hoje a Renamo de uma nova emboscada contra um autocarro no centro do país e que deixou seis feridos, avançou a Rádio Moçambique.
Segundo o porta-voz da Polícia da República de Moçambique na província de Sofala, citado pela emissora pública, o ataque ocorreu de manhã entre Save e Muxúnguè, um dos dois troços da Nacional-1, a principal estrada do país, sujeitos a escoltas militares obrigatórias.
Apesar da disponibilidade manifestada pelo líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, para voltar ao diálogo de paz, a última semana foi marcada por um número anormal de ataques imputados pelas autoridades a homens armados da oposição no centro do país.
Segundo o jornal Notícias, seis pessoas ficaram feridas em três ataques contra três autocarros no sábado entre Zero e Posto campo, na província da Zambézia.
Só na semana passada, segundo o principal diário moçambicano, quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas com gravidade em emboscadas atribuídas à Renamo no centro de Moçambique.
A polícia responsabilizou também homens armados da oposição pelo assassínio de dois dirigentes da administração local em Samoa, na província de Tete, na semana passada.
O regresso dos ataques nas estradas do centro de Moçambique, depois de um período de acalmia, acontece em paralelo com o anúncio de Dhlakama da aceitação de reatar o diálogo de paz com o Governo, com vista a um encontro ao mais alto nível com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
Após as primeiras emboscadas no centro de Moçambique, no início do ano, as autoridades montaram um sistema de escoltas militares obrigatórias em dois troços da N1 na província de Sofala.
A Renamo justifica as investidas contra autocarros de transporte público com o argumento de que estão a ser usados para deslocar militares das Forças de Defesa e Segurança para atacar posições do braço armado da oposição.
As negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo estão paralisadas há vários meses, depois de o maior partido de oposição se ter retirado do processo, alegando falta de progressos e de seriedade por parte do executivo.
A suspensão do diálogo foi acompanhada por um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre a Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
O principal partido da oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
Como condição para voltar à mesa das conversações, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tem exigido o envolvimento da União Europeia, Igreja Católica e o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
O Presidente moçambicano convocou para quarta-feira a primeira reunião da comissão integrada por Governo e Renamo com vista ao reatamento do diálogo de paz em Moçambique.
Ao chegar da sua visita à China no domingo Nyusi considerou que o diálogo tem de ser acompanhado pelo fim de ações militares da Renamo.
"O importante primeiro é parar com as armas que matam moçambicanos", declarou.
HB // EL
Lusa – 23.05.2016
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